Lugar nenhum na África (Nirgendwo in Afrika. 2001)

lugarnenhumnaafrica.jpgQuando lhe tiram o chão… O que fazer?

Esse filme é merecedor de um texto. Muito embora gostaria de revê-lo para aguçar melhor naqueles que ainda não viram um interesse maior para “Lugar Nenhum na África“. Assim mesmo deixo aqui o que ficou retido em minha memória.

O filme foca um período triste da História: a perseguição nazista aos judeus. Mas mais precisamente sobre uma família. Que se por um lado lhes tiram o seu chão… Por outro os levam a um “ponto” numa África imensa e desconhecida.

Primeiro, vai o marido/pai/homem… E se ver numa aventura que talvez nunca sonhara… Tão indefeso naquele lugar… Seu corpo também sente pelo aventureiro que foi obrigado a ser… Praticamente começa do zero. Jogado nesse mundo novo (Seria a terra prometida?) busca em si o ferramental… Nessa hora há uma cena emocionante e é com a sua beca. É! Até ela ganha uma outraa dimensão nessa vastidão de terra. Mais até com essa beca ou por ela, ele ganha uma amizade que independe de falarem a mesma língua porque ela fala na linguagem do coração… Nossa! Até aí há a grandeza de que o ser humano é um ponto sim nesse mundo, mas que faz parte dele, da sua engrenagem… Por mais inóspita que aquele lugar mostrou ser diante dos seus olhos, ele quis com ela apreender…

Com rumo do nazismo… Partem para lá a mulher e a filha… Em cartas ele pedira a esposa que vendesse tudo e que procura-se levar alguns itens que seriam essenciais: um deles, uma geladeira. Mas…

Para essa mulher que fora educada para ser uma boa dona-de-casa, esposa, mãe… Os itens essenciais eram outros… E levou alguns deles para aquele ponto na África… E por essa bagagem somos brindados com cenas divertidas… Ela e as pessoas dali… Os valores de um e de outro tornam-se um elo: os símbolos… Falam por e com linguagem de símbolos… Do significado deles ali… Que em vez de cair em algo fútil, um vestido de festa vai a uma festa e levada pelas mãos da própria filha… Ou teria sido levada pelo coração dessa filha? Lindo, lindo, lindo!

Deixei pra falar da menininha por último. E por que? Se é ela quem nos conta toda a história. Mas até nisso esse filme me encantou. Há muito mais filme visto pelo olhar masculino. Poucos nos brindam por um clique feminino e saindo dos esteriótipos. E é essa menina que narra o que foi para ela esse momento da História. Onde as idéias de um homem dizimou, desestruturou tantas famílias…

Ela chega ainda menina. Talvez aí sentiu com mais naturalidade todo o calor dessa terra… A pulsão dentro de si… Aos poucos entende que a sua mãe ainda não sentia aquele chão… Sendo assim compartilha suas descobertas com as pessoas dali. (Quando eu rever esse filme vou tirar uma dúvida sobre ela ficar às vezes em cima do telhado da casa…). Ela vivencia esse mundo novo com tudo que a infância nos leva a fazer… Para ela o que havia ficado para trás eram pessoas da família, as brincadeiras na neve… Mas até nesse novo lar a passagem para a adolescência lhe traz uma luz mais intensa… É pura emoção! Sem esquecer também da cena dela com o Diretor do Colégio… Linda! E que me levou a um flashback; me soou tão familiar…

Reviravoltas… O filme nos mostra que a bagagem que importa é a que levamos internamente. É essa que conta. É essa que em momentos cruciais será o nosso suporte. Nosso ferramental. Como diz a canção: “mas eis que chega a roda viva e carrega o destino prá lá“… E é isso: como cada um fará a seguir após essas reviravoltas. Alguns saem matando, já outros aprende a se adequar a essa mudanças radicais…

Com tantos símbolos presentes nesse filme. Com o diferencial que cada um dos personagens trabalha, assimila cada um deles… E por ter me encantado tanto essa menina. Recomendo esse filme! Um filme que brinda a nossa sensibilidade! Nota 10!

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Lugar nenhum na África (Nirgendwo in Afrika). Alemanha. 2001. Direção e Roteiro: Caroline Link. Elenco. Gênero: Biografia, Drama. Duração: 141 minutos.

7 comentários em “Lugar nenhum na África (Nirgendwo in Afrika. 2001)

  1. Assisti este filme, Val, mas acho que não passa de bom. O argumento é excelente, mas se perde em um roteiro fraco que trata os conflitos de forma superficial. Não sei se vendo novamente teria uma melhor impressão. Veremos…

    Beijo!

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  2. Dan,

    quem está contando a história é a menina. Ou melhor, a menina que ficou retida na então adulta-em-off. São as memórias dela. E ela não se defrontou com o nazismo, de fato para ir fundo nisso. Para ela, fora algo que a fez ir parar num ponto qualquer da África.

    Beijo grande!

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  3. Pingback: Porque filmes sobre a África sempre fazem sucesso « Vida Casmurra

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