Um Crime de Mestre (Fracture. 2007)

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Quem ama mata? Mas mata o que? A perda desse amor para outra pessoa? Por saber que não tem mais um lugar de destaque na mente da pessoa amada? Essas, e até outras questões mais que me vieram à mente não são o tema principal nesse filme. Mas sim de um homem já idoso ao descobrir a traição da jovem esposa resolve matá-la. Friamente. E de um jeito que sairá impune. É, ele planeja um crime de mestre. Ele é Ted (Anthony Hopkins), um engenheiro. Alguém muito meticuloso. Que não foi capaz de dar a liberdade a mulher amada. Que usou até o amante nesse seu plano.

Dois fatores me motivaram a ver esse filme. Um, foi o Anthony Hopkins. O outro, o título nacional. Ambos, por uma lida numa sinopse, me fizeram pensar se o convite a ele fora um pouco pelo o seu Hannibal. Claro que com as devidas proporções entre os dois personagens, mas uma frieza elegante na execução, como também no desenrolar da trama, sem dúvida, os créditos, os aplausos são ao ator. Hopkins transmite nos filmes que gosta de dividir a bola para o outro personagem, principalmente sendo alguém muito mais jovem. Antes, quero ressaltar a presença de David Strathairn. Até pelo pano de fundo do filme: um amor desmesurado. Não sei se o convite a esse ator veio por conta da sua brilhante participação em ‘Um Beijo Roubado‘. Se sim, parabéns ao Diretor! Soube escolher bem os atores. Strathairn é Lobruto, o Chefe do jovem. Ambos, pelos seus propósitos, farão o jovem ver além do seu umbigo.

Quem seria esse jovem nesse filme? Ele é Willy (Ryan Gosling), um jovem por demais ambicioso. O estar na Promotoria Pública é apenas um caminho para chegar as grandes firmas de advocacia. Ao topo em matéria de status. Para isso, muito sagaz, escolhe a dedo os casos em que ganhará fácil. E conseguiu, pois tem uma média de 97% de condenações. Acontece que, já com um pé na firma tão ardorasamente desejada, tendo ainda que cumprir uns dias na Promotoria Pública, vê o caso Crawford como fácil demais para condenar Ted, aceitando-o então como sua despedida na Defesa do Povo.

Comete um erro primário: o de não dar atenção ao caso. Com isso Ted é solto, e mais completamente inocente. E Willy decepciona a todos. Inclusive a ele mesmo. Ai junta-se, orgulho ferido… uma boa dose em se ver como incompetente… um desejo de vingar aquela mulher ainda mantida viva por aparelhos… a paixão pelo que ainda acredita que sabe fazer… Willy pede a Lobruto para voltar ao caso, mesmo ciente que poderá perder até esse cargo. Pois o outro, já fora para o espaço.

O filme prende muito mais pelo jogo de cena, pela caça ao rato. Pois logo no início, já dá para fazer uma idéia do que o Ted arquitetou. E claro, fica uma torcida para que o Willy encontre a chave do mistério. Para que possa condenar de vez o Ted. Numa de mostrar que o crime não compensa. Que não há crime perfeito. Que numa Promotoria Pública há bons funcionários defendendo o povo.

Gostei! E deixo um convite aos que estudam advocacia para que não deixem de ver. Também aos que, assim como eu, gostam de filmes, livros, com os bastidores de um Tribunal. Nota 10.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Um Crime de Mestre (Fracture). 2007. EUA. Direção: Gregory Hoblit. Elenco: Anthony Hopkins (Ted Crawford), Ryan Gosling (Willy Beachum), David Strathairn (Joe Lobruto), Rosamund Pike (Nikki Gardner), Embeth Davidtz (Jennifer Crawford), Billy Burke (Rob Nunally), Cliff Curtis (Detective Flores), Fiona Shaw (Judge Robinson), Bob Gunton (Judge Gardner), Josh Stamberg (Norman Foster), Xander Berkeley (Judge Moran). Gênero: Crime, Drama, Suspense. Duração: 120 minutos.

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