A Menina que Roubava Livros (The Book Thief. 2013)

a-menina-que-roubava-livros_2013Por Humberto Favaro.
Leve, sensível e extremamente emocionante, a adaptação aos cinemas do livro A Menina que Roubava Livros, do escritor Markus Zusak, nos mostra a história da jovem Liesel Meminger, num trabalho magnífico realizado pela atriz Sophie Nélisse (O Que Traz Boas Novas).

a-menina-que-roubava-livros_2013_01Durante a Segunda Guerra Mundial, por não ter escolha devido ao regime nazista, a mãe de Liesel, que é comunista, é forçada a entregar a menina e seu irmão para outra família, porém, antes de serem entregues, o garoto morre no trajeto e é enterrado num lugar próximo. No processo de enterrar o menino, um dos coveiros deixa um livro cair no chão e Liesel imediatamente rouba o seu primeiro livro, mesmo sendo analfabeta. É aí que a Morte se interessa pela menina e começa a narrar os acontecimentos do longa.

a-menina-que-roubava-livros_2013_02Depois do ocorrido, Liesel é entregue a sua nova família, um casal sem filhos, interpretados por Geoffrey Rush (O Discurso do Rei) e Emily Watson (Anna Karenina). De início, a jovem não se acostuma com o novo lar, mas aos poucos é conquistada de forma sutil e engraçada por Hans, seu pai adotivo, e é com quem começa ter uma relação tão amorosa que chega a ser emocionante em alguns momentos do longa. Já a mãe adotiva, Rosa, é mais “sangue frio” e trata a menina de forma mais séria, o que proporciona alguns risos.

a-menina-que-roubava-livros_2013_03Na nova vizinhança, Liesel começa novas amizades, mas logo é obrigada a ter Rudy (Nico Liersch) como seu melhor amigo, já que o menino implora a atenção dela o tempo inteiro. Apesar de terem a mesma idade (?), é perceptível a diferença de pensamentos de Rudy e Liesel. O menino é muito mais influenciado pelo nazismo do que ela. Certos momentos do longa, Liesel parece não concordar com alguns atos do regime, enquanto Rudy o segue como um carneirinho. Porém, mais tarde, Liesel consegue influenciar Rudy e fazê-lo pensar sobre quem é Hitler e o menino acaba chamando o führer de “bundão” num momento de euforia.

a-menina-que-roubava-livros_2013_04Outro personagem importante da trama é Max (Ben Schnetzer), um judeu que se refugia na nova casa de Liesel, e que é impedido de sair de lá por motivos óbvios. Com o mesmo amor que sente por seu pai, Liesel se apega a Max, que se torna de suma importância na vida da menina e é quem a incentiva a ler e a escrever. Uma das frases mais marcantes do longa é dita por ele: “Se seus olhos falassem, o que diriam?” Então a garota narra como está o tempo e, chorando Max agradece, já que a menina detalha tanto que ele consegue enxergar e fica feliz, porque está no porão e não vê a luz do sol há muito tempo.

a-menina-que-roubava-livros_a-morteA Menina que Roubava Livros conta com uma fotografia fantástica e com um figurino que não deixa a desejar. Grande parte das cenas do filme podemos ver a presença do vermelho, que reforça a presença do nazismo em todas as situações da trama. Outro fator que ajuda a dar ainda mais emoção ao filme é a trilha sonora de John Williams, indicado na categoria Melhor Trilha Sonora no Oscar 2015.
Avaliação: 6.0.

A Menina que Roubava Livros (The Book Thief. 2013)
Ficha Técnica: na página no IMDb.

4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (4 Luni, 3 Saptamani si 2 zile. 2007)

four-months-three-weeks-and-two-days.jpgAinda numa Romênia comunista, duas estudantes diante de uma decisão: fazer um aborto. Apenas uma delas é que está com essa gravidez indesejada. Cabendo a outra, mais do que a companhia, ser cúmplice nesse ato. Onde entre mentiras e omissões o preço a ser pago será muito maior a essa amiga. E por que? Amizade acima do limite? Sendo isso que a mim chamou mais atenção nesse filme: o valor de uma amizade. Otilia foi amiga a toda prova. Um dia pesado na vida de ambas é o que temos nesse filme.

Ao longo do filme somos levados a sentir todo o seu drama. E em certos momentos – quase sem respirar -, acompanhamos a sua longa jornada noite adentro. Sem julgá-la, apenas querendo entendê-la. Querendo também lhe ser solidária. Aquele preço. O porque de ter aceito… Méritos da jovem atriz: foi grandiosa a sua atuação!

Gabitza é a jovem que precisa fazer o aborto. E por que? Ou por que chegou até aí? Aqui eu convidaria também os homens para assistirem esse filme. Se esse aborda um universo feminino, a concepção é algo que partiu dos dois sexos. Se cabe à mulher o direito de fazer o aborto, é preciso que o homem veja todo o drama que uma transa sem sem pesar as conseqüências acarretará para a mulher. Até porque para o homem após o prazer do gozo pode partir livre para outra transa. Agora, se nessa transa geraram um novo ser, caberá a mulher o peso maior. Sendo assim deveria lhe ser de direito o abortar a gestaçã0. Mas há penas a serem pagas.

O filme traz à mesa de discussões o aborto. Legítimo até pelo fato que atualmente ainda há muitas gravidez precoces. Cada vez mais, mais jovens se engravidam por não se precaverem. Sendo assim manter ou trazer o tema do aborto já merece meus aplausos. Nunca fiz, nem faria um aborto. Não julgo quem o faça; muito menos sem antes saber dos reais motivos. Agora que venham mais filmes levantando esse tema. Ainda mais com um Papa tão reacionário, fechando a questão e ponto final. É um tema que não pode morrer até para que mais e mais pessoas não cheguem a ter esse fato como opção de escolha.

Agora como falei no início o calvário maior foi para a amiga. Que após uma noite tenebrosa, vejam a “preocupação” da Gabitza no final. Caramba!

Aqueles que não gostam de filmes lentos não irão apreciar esse. Mas perderão mais um belo filme. Pois esse traz cenas onde as horas parecem passar lentamente para a Otília, e de cá pelas angústias da Otília fica em nós um querer que passem logo.

Eu gostei desse filme! Nota: 09.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (4 luni, 3 saptamani si 2 zile). 2007. Romênia. Direção: Cristian Mungiu. RoteiroCristian Mungiu e Razvan Radulescu.  Com: Anamaria Marinca (Otilia), Laura Vasilu (Gabita). Gênero: Drama. Duração: 113 minutos.