O Homem Elefante (The Elephant Man. 1980)

o-homem-elefante_1980_capaHá tempos queria assistir esse filme, mas sempre algo me tirava desse destino. As coisas não são por acaso, é preciso um olhar mais calmo com esse filme de David Lynch, o mais “normal” até então, em minha opinião. Também não daria pro Lynch chafurdar o bizarro, pois o ‘O Homem-Elefante‘ já é por demais estranho e o Homem-normal, mais ainda.

o-homem-elefanteO ser humano, pra mais uma vez comprovar que não respeita as diferenças, faz de uma deformidade física, uma doença rara,  uma atração circense. À margem da sociedade até que um médico (Anthony Hopkins, super novo) volta seu olhar pra ele. Interesse? Status? Descoberta Científica?

Fato é que de um suposto bronco em nome de seu aspecto físico deplorável, temos uma bela criatura em seu interior dócil, inteligente e gentil. A Bela e a Fera morando na mesma casa, no mesmo corpo. As atitudes pacíficas de Merrick (John Hurt: Homem-Elefante) tornam-se cada vez mais tocantes quando postas frente-a-frente à arrogância de um homem saudável; homem que colonializa, que é mais predador do que qualquer outro animal no Planeta.

Lynch não poupa esforços pra ilustrar essa crítica. Ele me tirou o fôlego em três cenas:

1. Quando seus companheiros de circo e feira (corcundas, anões, gigantes e outros seres dotados de deformidades) se unem e o conduzem para a liberdade;

2. Na Estação Ferroviária onde as pessoas o cercam como se ele fosse um bruto, uma besta, e ele se defende afirmando sua humanidade (bem mais humano que muitos “humanos”);

3. Quando ele serve de atração para bêbados e prostitutas.

Nunca, nunca!
Nada morrerá.
O rio corre,
o vento sopra,
as nuvens movem-se rapidamente,
o coração bate.
Nada morrerá.

Um dos melhores trabalhos de Lynch, sem dúvidas. E pros que dizem que a Trilha Sonora não se diferencia, essa é bem diferente. Conta com “Adagio for Strings (Tiësto)” de Samuel Barber, uma música triste que a Rede Globo usou muito em suas novelas da década de 80…

O Homem Elefante – The Elephant Man

Direção: David Lynch

Gênero: Biografia, Drama

EUA – 1980

**Baseado em fatos reais.

Curiosidades:

– O diretor Mel Brooks foi um dos produtores executivos de “O Homem Elefante”, tendo sido o responsável pela contratação de David Lynch e pela decisão em filmar em preto e branco. Entretanto, para evitar que o público considerasse que o filme fosse um sátira pela simples presença de seu nome, Brooks pediu que não estivesse presente nos créditos do filme.

– O diretor David Lynch chegou a tentar ele mesmo fazer a maquiagem de “O Homem Elefante”, mas desistiu após concluir que não conseguiria fazê-la de forma satisfatória.

– A maquiagem de “O Homem Elefante” levava 12 horas para ser feita a cada vez que era aplicada em John Hurt.

– O orçamento de “O Homem Elefante” foi de US$5 milhões.

Por: Deusa Circe.

Veludo Azul (Blue Velvet. 1986)

blues

Uma orelha amputada jogada no mato é o motivo para desenrolar uma trama que serial banal sobre droga, chantagens e prostituição se nao fosse a genialidade underground, pesada de David Linch. No comando do roteiro e direção e o mais cruel de todos: na época era marido de Isabela Rosseline que atuava no papel da sofrida, chantageada, cantora de um repertorio só, Doroty Vallens.

Dizem que o homem foi impiedoso nessa produção não poupando nem a bela Rosseline.

De volta a cidade, o estudante Jeffrey (Kyle Maclachlan) caminha pelos campos e jardim, quando tropeça numa orelha. Assustado, leva o objeto para a policia para investigação.
Mas a policia é lenta, desinteressada. Jeffery se junta a namorada Sandy (Laura Dern) que é filha de um investigador de policia. Um dia ela ouve o pai dizer alguma coisa sobre uma tal de Doroty Vallens, cantora local, cujo marido havia sido sequestrado.
Sandy se afasta da situação, mas Jefferey começa a investigar Dororty , os dois se conhecem e o envolvimento entre eles torna – se mais profundo. Fica a duvida se Doroty amou o rapaz, se ela tem necessidade de estar cercada por homens errados. Jefferey descobre que o marido dela fora sequestrado por uma bandidão traficante, o asmático Frank Both (Dennis Hoper, melhor papel ate hoje) e com isso ela é chantageada de todas as formas pelo cara.

Frases antologicas durante as vezes em Frank que estupra Doroty sempre precedido de uma bombada spray (por causa da asma):
– I fuck anything that moves”, “Heineken? Fuck that shit!”, “I can’t stand warm beer; it makes me fucking puke” , “Now, it’s dark
Dean Stockwell participa no filme, como cantor dublando Roy Orbison.que em minha opinião é a cena mais bonita do filme, pois todo o cenário é rosa. Me arrepiou.

Kyle Maclachlan, atuou no seriado Twin Peaks e atualmente está em Sex & City. Laura Dern continua fazendo papeis secundários. O mais conhecido deles em Jurassic Parker.

She wore blue velvet
Bluer than velvet was the night
Softer than satin was the light
From the stars
She wore blue velvet
Bluer than velvet were her eyes
Warmer than May her tender sighs
Love was ours
Ours a love I held tightly
Feeling the rapture grow
Like a flame burning brightly
But when she left, gone was the glow of
Blue velvet
But in my heart there’ll always be
Precious and warm, a memory
Through the years
And I still can see blue velvet
Through my tears…..

Direção e Roteiro: David Lynch
Genero: suspense, erotico
Elenco: Isabela Rosselini, Dennis Hoper, Kyle MacLachlan, Dean Stocwell
Duração: 115 min, colorido, EUA

Madrugada. De madrugada é o melhor horário para assistir esse filme.

Cris Barros

Curta: Darkened Room (2002)

darkened-room_2002O real se presentifica, sempre. Nós burlamos seus efeitos sempre quando a realidade se apresenta insuportável. Mas e quando somos encurralados pelo real?

Encaixotados, encurralados, presos no real: Dor, desamparo, se fazem presentes imediatamente.

Importa o fato? Importa o acontecido?

O que fazemos com isso passa a ser mais importante, não?

Em minha visão, esse curta de Lynch diz exatamente isso: Não importa o que fizeram com você, importa o que você vai fazer com que fizeram contigo…

Tenso, mas REAL.

Muito bom, 8 minutos de duração. Curto, mas longo pra se pensar…

Por: Deusa Circe.

Darkened Room

Direção: David Lynch

Gênero: Existencialismo, Drama, Pânico

EUA -2002

Coração Selvagem (Wild At Heart. 1990)

coracao-selvagemFabuloso!!! “O Mundo tem um coração selvagem e ele é tão estranho” – Fala de Lula Fortune (Laura Dern). Concordo com ela… Aliás, Lula, quem não gostaria de ouvir do amado uma música do Elvis? rsrsrs Estou contigo nessa, também gostaria que cantassem pra mim “Love me tender“… 🙂

Em entrevista, David Lynch costuma dizer que é seu filme favorito. Ainda não tive o prazer de ver todos os filmes desse diretor, mas sem dúvida alguma esse dominou, até então, meu coração (selvagem?).

Um filme com imagens arrebatadoras, uma trilha sonora excelente, um roteiro que dá margem à várias interpretações e ainda, trata-se de um conto de fadas moderno, contemporâneo, sensual e muito engraçado,  como não conquistar os corações?

Lula (Laura Dern) e Sailor (Nicolas Cage) são apaixonados um pelo outro e vivem essa paixão de maneira muito intensa. A mãe de Lula, completamente neurótica, tenta de tudo para atrapalhar esse romance. Bem da verdade, a neurose dela tem nome: paixão. Paixão por Sailor, namorado da filha.

Apaixonada também pela filha, dessas mães possessivas que não permitem os cordões umbilicais rompidos, segue à caça do casal apaixonado que vive seus momentos exóticos e eróticos na estrada.

Pra onde vão? Nem eles ao certo sabem. Seguem seus corações… Combinemos! É um mapa e tanto, não?

Achei curioso a presença de tantas loiras no filme. Mais curioso ainda é a forma como foi costurado aquilo que faz parte do real e da fantasia dos personagens.

Muito bom o filme.

Por Deusa Circe.

Coração Selvagem – Wild At Heart

Direção: David Lynch

Gênero: Aventura, Drama

EUA – 1990

Curiosidades:

– Durante as filmagens, Laura Dern desmaiou depois que Lynch pediu para ela fumar quatro cigarros ao mesmo tempo em uma só tragada.
– A voz das canções que o Sailor canta é do próprio Nicolas Cage.
– O casaco de pele de cobra que Cage usa no filme é do próprio ator.
– Cage deu o casaco a Laura Dern no fim das filmagens.

Por: Deusa Circe.