Há tempos queria assistir esse filme, mas sempre algo me tirava desse destino. As coisas não são por acaso, é preciso um olhar mais calmo com esse filme de David Lynch, o mais “normal” até então, em minha opinião. Também não daria pro Lynch chafurdar o bizarro, pois o ‘O Homem-Elefante‘ já é por demais estranho e o Homem-normal, mais ainda.
O ser humano, pra mais uma vez comprovar que não respeita as diferenças, faz de uma deformidade física, uma doença rara, uma atração circense. À margem da sociedade até que um médico (Anthony Hopkins, super novo) volta seu olhar pra ele. Interesse? Status? Descoberta Científica?
Fato é que de um suposto bronco em nome de seu aspecto físico deplorável, temos uma bela criatura em seu interior dócil, inteligente e gentil. A Bela e a Fera morando na mesma casa, no mesmo corpo. As atitudes pacíficas de Merrick (John Hurt: Homem-Elefante) tornam-se cada vez mais tocantes quando postas frente-a-frente à arrogância de um homem saudável; homem que colonializa, que é mais predador do que qualquer outro animal no Planeta.
Lynch não poupa esforços pra ilustrar essa crítica. Ele me tirou o fôlego em três cenas:
1. Quando seus companheiros de circo e feira (corcundas, anões, gigantes e outros seres dotados de deformidades) se unem e o conduzem para a liberdade;
2. Na Estação Ferroviária onde as pessoas o cercam como se ele fosse um bruto, uma besta, e ele se defende afirmando sua humanidade (bem mais humano que muitos “humanos”);
3. Quando ele serve de atração para bêbados e prostitutas.
Nunca, nunca!
Nada morrerá.
O rio corre,
o vento sopra,
as nuvens movem-se rapidamente,
o coração bate.
Nada morrerá.
Um dos melhores trabalhos de Lynch, sem dúvidas. E pros que dizem que a Trilha Sonora não se diferencia, essa é bem diferente. Conta com “Adagio for Strings (Tiësto)” de Samuel Barber, uma música triste que a Rede Globo usou muito em suas novelas da década de 80…
O Homem Elefante – The Elephant Man
Direção: David Lynch
Gênero: Biografia, Drama
EUA – 1980
**Baseado em fatos reais.
Curiosidades:
– O diretor Mel Brooks foi um dos produtores executivos de “O Homem Elefante”, tendo sido o responsável pela contratação de David Lynch e pela decisão em filmar em preto e branco. Entretanto, para evitar que o público considerasse que o filme fosse um sátira pela simples presença de seu nome, Brooks pediu que não estivesse presente nos créditos do filme.
– O diretor David Lynch chegou a tentar ele mesmo fazer a maquiagem de “O Homem Elefante”, mas desistiu após concluir que não conseguiria fazê-la de forma satisfatória.
– A maquiagem de “O Homem Elefante” levava 12 horas para ser feita a cada vez que era aplicada em John Hurt.
– O orçamento de “O Homem Elefante” foi de US$5 milhões.
Por: Deusa Circe.