Só o fato de ter Bruce Willis no elenco já me leva a assistir um filme. Uma lida numa sinopse: me fez lembrar de outros. Mesmo assim assisti. E durante veio sim fragmentos de outros. Pois não é que o roteiro não seja original, mas sim porque a ideia central é algo desejado pela humanidade. Indo além, creio que todos em algum momento da vida sonhou em ter um substituto. Algo do tipo: enquanto ele encara um compromisso que não está muito afim de ir, você aproveita para fazer algo mais prazeroso.
Acontece que em ‘Substitutos‘ não é isso que acontece. Todos passam a viver trancados dentro dos quartos. Ora operando os seus substitutos, ora dormindo. Enquanto há uma vida fora dali para se viver, ficam controlando-os como um Joystick. Mais! Escolhem como querem ser vistos pelos outros. Mas uma parte da população não aceitou os robôs. Indo morar em áreas restritas.
Quem idealizou os substitutos foi um paraplégico. Seu sonho era de proporcionar aqueles que ficaram limitados fisicamente a se verem correndo, andando… pelo substituto. E é aqui que eu entro nessa análise. Por ser cadeirante, e recente, eu recusaria! Porque a minha primeira vez na cadeira de rodas transitando entre as pessoas, sentindo o sol sobre mim… Foi um renascer! Era, é isso que eu quero: em fazer parte da vida. Em viver, e não sobreviver. Dai, não vi sentido nessa “troca” em ‘Substitutos‘.
Então, por que aceitaram? Ou seria, para que aceitaram essa vida vegetativa? Se nem pela casa, pelo quintal, andavam… Que prazer era esse? Estariam sendo dopados a isso?
A lógica do terrorismo está em espalhar o medo. Os Estados Unidos, com o seu “Alerta Laranja” consegue manobrar uma massa considerável. No filme a propaganda é maciça. Camuflada, mas certeira. Com medo de se contaminarem, com medo de se acidentarem… eles estavam dominados. Agora, se a violência urbana diminuíra drasticamente, porque seria que continuavam enclausurados? Ou, quem os queriam assim?
Tudo seguia sua rotina… quando um substituto é morto na saída de uma boate. E com uma arma que matava também o seu operador. Ou seja: o humano que o controlava de dentro de um quarto. Dois agentes do FBI são convocados para resolverem esse crime: Greer (Bruce Willis) e Peters (Radha Mitchell). Com a ajuda de Bobby (Devin Ratray), um que não quis um substituto, mas que por ser um gênio da informática não fora extraditado para as zonas restritas. Bobby não apenas descobre quem foi o assassino, como também que há alguém do FBI o acobertando.
Greer sai à caça do atirador. Mas mais interessado naquela arma. Pelo o seu poder de alcance. Na investigação não encontra facilidades. Nem pela única indústria detentora da criação dos robôs, nem dos militares. Nem também por um outro pilar controlador de mentes: a religião. No filme na figura de O Profeta (Ving Rhames).
E aqui pausa para uma outra reflexão. Que quando uma descoberta é visando uma melhoria em alguma sequela das pessoas, o investimento não é tão maciço como seria se ela tivesse outra utilidade. Como uma arma de guerra, por exemplo. Mesmo na farmaco, os investimentos maiores são para as drogas que causam dependência. Um exemplo disso foi com o Botox, a pesquisa inicial foi atropelada pelo culto à beleza estética. Em ‘Substitutos’ há ambas. Como a mostrar que a tecnologia, o grande vilão dela não é algo como o Hal 9000, ela ganha formas até de tranquilizantes.
Quando o substituto de Greer é exterminado, e ele salvo por pouco… ele então decide agir. Sair da sua caverna… e lembrando um pouco do Mito da Caverna de Platão… Greer tentará mostrar o que realmente devem temer…
Mesmo sendo um filme de Ação, o início é modorrento numa de mostrar que aquele mundinho era algo mesmo sem graça, sem calor humano. Depois cresce, nas perseguições… O elenco está afiado. O clima de tensão prende a atenção até o final. E Bruce Willis consegue levar o seu personagem, sem nos fazer lembrar de outros seus. O filme é bom! Eu recomendo! Agora, revê-lo, só quando passar na tv.
Por: Valéria Miguez (LELLA).
Substitutos (Surrogates). 2009. EUA. Direção: Jonathan Mostow. Elenco: Bruce Willis (Tom Greer), Radha Mitchell (Peters), Rosamund Pike (Maggie), Boris Kodjoe (Stone), James Francis Ginty (Canter), James Cromwell (Older anter), Ving Rhames (The Prophet), +Cast. Gênero: Ação, Sci-Fi, Thriller. Duração: 88 minutos.