Substitutos (Surrogates. 2009). Gostaria de ter um seu?

Substitutos_posterSó o fato de ter Bruce Willis no elenco já me leva a assistir um filme. Uma lida numa sinopse: me fez lembrar de outros. Mesmo assim assisti. E durante veio sim fragmentos de outros. Pois não é que o roteiro não seja original, mas sim porque a ideia central é algo desejado pela humanidade. Indo além, creio que todos em algum momento da vida sonhou em ter um substituto. Algo do tipo: enquanto ele encara um compromisso que não está muito afim de ir, você aproveita para fazer algo mais prazeroso.

Acontece que em ‘Substitutos‘ não é isso que acontece. Todos passam a viver trancados dentro dos quartos. Ora operando os seus substitutos, ora dormindo. Enquanto há uma vida fora dali para se viver, ficam controlando-os como um Joystick. Mais! Escolhem como querem ser vistos pelos outros. Mas uma parte da população não aceitou os robôs. Indo morar em áreas restritas.

Quem idealizou os substitutos foi um paraplégico. Seu sonho era de proporcionar aqueles que ficaram limitados fisicamente a se verem correndo, andando… pelo substituto. E é aqui que eu entro nessa análise. Por ser cadeirante, e recente, eu recusaria! Porque a minha primeira vez na cadeira de rodas transitando entre as pessoas, sentindo o sol sobre mim… Foi um renascer! Era, é isso que eu quero: em fazer parte da vida. Em viver, e não sobreviver. Dai, não vi sentido nessa “troca” em ‘Substitutos‘.

Então, por que aceitaram? Ou seria, para que aceitaram essa vida vegetativa? Se nem pela casa, pelo quintal, andavam… Que prazer era esse? Estariam sendo dopados a isso?

A lógica do terrorismo está em espalhar o medo. Os Estados Unidos, com o seu “Alerta Laranja” consegue manobrar uma massa considerável. No filme a propaganda é maciça. Camuflada, mas certeira. Com medo de se contaminarem, com medo de se acidentarem… eles estavam dominados. Agora, se a violência urbana diminuíra drasticamente, porque seria que continuavam enclausurados? Ou, quem os queriam assim?

680_VFX_00023Tudo seguia sua rotina… quando um substituto é morto na saída de uma boate. E com uma arma que matava também o seu operador. Ou seja: o humano que o controlava de dentro de um quarto. Dois agentes do FBI são convocados para resolverem esse crime: Greer (Bruce Willis) e Peters (Radha Mitchell). Com a ajuda de Bobby (Devin Ratray), um que não quis um substituto, mas que por ser um gênio da informática não fora extraditado para as zonas restritas. Bobby não apenas descobre quem foi o assassino, como também que há alguém do FBI o acobertando.

Greer sai à caça do atirador. Mas mais interessado naquela arma. Pelo o seu poder de alcance. Na investigação não encontra facilidades. Nem pela única indústria detentora da criação dos robôs, nem dos militares. Nem também por um outro pilar controlador de mentes: a religião. No filme na figura de O Profeta (Ving Rhames).

E aqui pausa para uma outra reflexão. Que quando uma descoberta é visando uma melhoria em alguma sequela das pessoas, o investimento não é tão maciço como seria se ela tivesse outra utilidade. Como uma arma de guerra, por exemplo. Mesmo na farmaco, os investimentos maiores são para as drogas que causam dependência. Um exemplo disso foi com o Botox, a pesquisa inicial foi atropelada pelo culto à beleza estética. Em ‘Substitutos’ há ambas. Como a mostrar que a tecnologia, o grande vilão dela não é algo como o Hal 9000, ela ganha formas até de tranquilizantes.

Quando o substituto de Greer é exterminado, e ele salvo por pouco… ele então decide agir. Sair da sua caverna… e lembrando um pouco do Mito da Caverna de Platão… Greer tentará mostrar o que realmente devem temer…

Mesmo sendo um filme de Ação, o início é modorrento numa de mostrar que aquele mundinho era algo mesmo sem graça, sem calor humano. Depois cresce, nas perseguições… O elenco está afiado. O clima de tensão prende a atenção até o final. E Bruce Willis consegue levar o seu personagem, sem nos fazer lembrar de outros seus. O filme é bom! Eu recomendo! Agora, revê-lo, só quando passar na tv.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Substitutos (Surrogates). 2009. EUA. Direção: Jonathan Mostow. Elenco: Bruce Willis (Tom Greer), Radha Mitchell (Peters), Rosamund Pike (Maggie), Boris Kodjoe (Stone), James Francis Ginty (Canter), James Cromwell (Older anter), Ving Rhames (The Prophet), +Cast. Gênero: Ação, Sci-Fi, Thriller. Duração: 88 minutos.

O Informante (The Insider. 1999)

_Imprensa livre!? A imprensa é livre para os seus donos. Você ouve ‘razoável’ e ‘interferência ilícita’. Eu ouço ‘propensa a processos’. Ouço: ‘Parem o segmento. Dispensem o cara. Obedeçam ordens e fodam-se!’ . Ele é testemunha-chave no maior caso de reforma da saúde pública, talvez o maior, mais caro caso de conduta ilegal corporativa na história dos EUA. É ele quem está em apuros. E nós não vamos levá-lo ao ar porque ele está dizendo a verdade!?

O que é ético? Manter um acordo de confidencialidade com uma Empresa por algo nada ético que ela faz? O qual fora demitido por não concordar com tal coisa? Qual decisão tomar? Se também ao revelar poderá por em risco sua própria família porque irão jogar pesado. E o jornalista que lhe dá a chance de revelar no programa jornalístico de maior audiência e credibilidade, está apenas pensando no furo de reportagem? Mais, e quando vê que seus superiores recuaram, pressionados, como fica a sua palavra? Essas são só algumas das reflexões levantadas ao longo do filme. Desse sensacional filme!

Ano 1994. País EUA. No banco dos réus uma das indústrias que mata milhares de pessoas por ano – a Indústria do Tabaco. Mas não será tarefa fácil para dois grandes heróis nessa história real. É, “O Informante” é baseado numa história real, mas precisamente tirando-a de um artigo publicado. Talvez até para dar asas a imaginação em trechos que não tem como provar. Vendo o filme verão o quão influente é esse grupo conhecido como ‘Os Sete Anões‘.

Um desses heróis, é Jeffrey Wigand (Russell Crowe), um cientista conceituado na terceira maior empresa de tabaco dos Estados Unidos. Aliás era, pois fora demitido por não concordar com algo sujo, criminoso, com o uso de uma substância carcinógena no cigarro. Se antes, ao ser contratado, até numa posição de Vice-Presidente, seu currículo profissional fora o fator preponderante, ao tê-lo como possível delator, até seus pequenos deslizes na adolescência receberão uma carga maior numa campanha de difamação, de desmoralização, orquestrada pela Brown & Williamson. E como se isso não bastasse, pelo poder de influência que esse Grupo detém – até porque o vazamento atingirá todos – aplicam-lhe a Lei da Mordaça.

– É para isso servem os cigarros? Um dispositivo para entrega de nicotina. Coloque na boca, acenda e receba sua dose. Manipulam e ajustam a dose de nicotina, não adicionando nicotina artificialmente, mas aumentando o efeito da nicotina com o uso de elementos químicos como amoníaco?
–  O processo é conhecido como reforço do impacto. Mesmo sem aumentar a nicotina, obviamente a manipulam. Esta tecnologia é bastante usada, ciência do amoníaco. Permite que a nicotina seja absorvida mais rapidamente no pulmão, afetando assim o cérebro e o sistema nervoso central.

O outro herói dessa história é Lowell Bergman (Al Pacino), produtor do programa jornalístico “60 Minutos“, da rede americana CBS. Um jornalista que difere dos demais por manter uma postura ética com quem ele coloca na poltrona para ser entrevistado pelo Mike Wallace (Christopher Plummer). Ciente também do vespeiro que iriam cutucar, ele se faz de advogado do diabo com Jeffrey por quase todo o tempo. Ora irônico, ora muito irritado, Lowell quer ganhar essa parada. Agora, o que leva seguir adiante? Sucesso na carreira? A luta será grande. Até Mike desistiu.

Então, você foi trabalhar no ramo do tabaco. Vindo de empresas onde a pesquisa e pensamento criativo são valores essenciais. Vai trabalhar com tabaco, que é uma cultura de vendas: comercializar e vender em grandes quantidades.

O filme é longo, mas prende a atenção o tempo todo. De eu já quase no final querer que não terminasse. Esse com certeza vou querer ver mais vezes.

O elenco está afinadíssimo! A trilha musical dá o tom certo!

Umas considerações finais eu o faço, e apenas baseado no filme, é sobre a atitude da esposa de Jeffrey (Diane Venora). Se ainda fosse pela integridade física das filhas, eu até entenderia. Mas a mim, pareceu que ela queria manter o mesmo padrão de vida.

Filmaço! Não deixem de ver!

Por: Valéria Miguez (LELLA).

O Informante (The Insider). 1999. EUA. Direção e Roteiro: Michael Mann. Elenco: Al Pacino, Russell Crowe, Christopher Plummer, Colm Feore, Diane Venora, Bruce McGill. Gênero: Biografia, Drama, Thriller. Duração: 160 minutos. Baseado numa história real.

Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream. 2000)

requiem-for-a-dreamCreditar às drogas saídas para as suas frustrações. Tem quem acredite nisso.

Me senti mal após o filme. Custei mesmo a dormir. Não lembro no momento de um outro final de filme que me deixou assim tão “pesada”. (Não encontro outra palavra para traduzir essa sensação.) Para quem não conhece, ele aborda as drogas. Mas de um jeito tão real, que choca. E sem desmerecer em nenhum momento a inteligência de quem assiste. Porque não há pieguices, nem quer passar um aviso àqueles que entram nessa viagem de: “olha, é isso aí!”. Todos sabem. Confesso, que nunca entendi quem embarca nesse sonho. Poderia até por esse motivo ter ficado indiferente, mas não fiquei.

Entre os personagens principais, temos uma relação conflitante entre mãe e filho. Sara (Ellen Burstyn) parece que perdeu o bonde da história, ao ficar viúva. Não consegue impor limites ao seu filho (Jared Leto). Deixou-o ao léu. Enquanto passa a vida defronte a tv, sonhando com um dia de lá estar para mostrar a todos a sua fantasia: de que tem uma família feliz. É, de ilusão também se vive. Ou seria, de ilusão se sobrevive? Bem, se fosse apenas isso, de se projetar na tela da tv. Mas tem outros devaneios mais perigosos.

Harry, por sua vez, também sonha com o sucesso. Mas além de o querer rápido demais, o quer de maneira ilícita. Não estuda, nem trabalha e é viciado. Junto com o amigo Tyrone (Marlon Wayans) acreditam que podem ganhar muito dinheiro com as drogas? Mas como, se são grandes consumidores?

Uma quarta personagem nos faz lembrar de que de vez em quando em vez de serem notícias em colunas sociais, jovens de classe rica terminam por fazer parte das páginas policiais por se envolverem com marginais. O que será que vêem neles?

A dessa história ainda nos deixa mais incrédulos. Porque tem talento. Diferente do seu namorado que só sabe vampirizar os outros. Marion (Jenniffer Connelly) poderia ter seguido uma outra trilha. Ressentida por não receber o carinho, a atenção dos pais, procura por um outro colo, o de Harry. E por ele, conhece o inferno.

Todos parecem estar anestesiados para a vida. Vivendo fora do mundo real. E nem ao menos procuram fugir disso. Investem fundo nesse mundo ilusório. E pior, têm pressa.

A trilha musical é primorosa – dá o tom (tensão) perfeito nessa viagem. Essa tensão também é passada com os efeitos parecidos como videoclipe.

Sem esquecer que também o filme mostra as tais drogas lícitas. Com elas, o sonho de obter algo rapidamente. De se encaixar nos padrões estéticos. De acreditar e creditar nessas drogas suas angústias. As cenas com os médicos me deixaram pasma. Revoltou-me a desfaçatez com que prescrevem, como vendem uma ilusão da uma beleza estética num curto espaço de tempo.

No dicionário, requiem, latim, também significa repouso. Para quem assistir esse filme, está aí algo que não encontrará. Claro que, para quem embarca nessa viagem e no mundo real só o terá como num filme – numa ilusão; e sem limite de idade. Nota: 10.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream). 2000. EUA. Direção: Darren Aronofsky. Elenco: Ellen Burstyn, Jared Leto, Jennifer Connelly, Marlon Wayans. Gênero: Crime, Drama. Duração: 102 minutos.