Não li a trilogia “The Hunger Games” de Suzanne Collins, e nunca me interessei com a estória que envolve uma batalha até a morte entre crianças. Porém, fiquei curioso de ver o filme por causa de seu tema frio, escuro e triste e como seria transposto esse sentimento dentro um filme para adolescentes.
Para quem não conhece a estória de “The Hunger Games,” eu entendi que tudo se passa nas ruínas da América do Norte chamada de “Capitol.” Uma sociedade futuristica, onde os ricos e privilegiados, se vestem como se estivessem revivendo os anos 80, e olham com desdém para os 12 distritos numerados abaixo deles. Estes distritos representam níveis variados de pobreza e de habilidades, incluindo mineiros, agricultores, metalúrgicos e outros. Numa tradição anual chamada de “The Hunger Games”, em que um adolescente e uma menina de cada distrito são selecionados como “tributos” para lutar em uma batalha até a morte como um lembrete do poder do “Capitol.”
Nos jogos mais recentes, Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence, graciosa, e repetindo a mesma determinação de sua Ree em “Inverno da Alma”, 2010), uma residente do mais pobre de todos os distritos, Distrito 12, onde ela caça esquilos apenas para ter algo para trocar no mercado para manter o bem estar de sua mãe e irmã. Seu melhor amigo é Gale (Liam Hemsworth, cujo papel é extremamente limitado). Katniss se voluntaria para lutar após o nome de sua irmã foi selecionado para participar do “The Hunger Games.” O filho do padreiro, Peeta Melark (Josh Hutcherson, o filho das lésbicas em “Minhas Mães e Meu Pai”, 2010) é o representante masculino. De acordo com as regras, apenas um ou nenhum desses dois combatentes vai retornar ao Distrito 12 vivo.
O filme tem cara de video game, e também muito me fez lembrar de “The Truman Show” (1998)– os jogos são televisionados para todos os 12 Distritos, onde as pessoas assistem como seus filhos são assassinados para a satisfação do governo opressor. Duas vezes no filme um gesto de mão é feita em três dedos, que é mantido como uma forma de solidariedade– a platéia pareceu ser SUPER fã do livro, pois levantaram as mãos, repetindo o mesmo jesto!.
Fiquei realmente dividido se gostei tanto do filme ou não. No início, onde somos apresentados a esse mundo moderno — e ao mesmo tempo cafona–, emoldurado na fotografia pálida assinada pelo fotografo de Clint Eastwood, Tom Stern, me entediadou em alguns momentos!. Stern pinta o filme com tons cinzas, e depois faz um contraste bem brilhantes de cores (na “The Capitol”) e os verdes da arena do “jogos da fome.” Tudo alinhado nos inumeros cortes das cenas editadas por Juliette Welfling (The Diving Bell and the Butterfly, 2007), e Stephen Mirrione (Traffic, 2000).
Honestamente, achei que o filme tem muitas cenas bobas, e que me deixaram com aquela vontade sair da sala de cinema, porém a estória do filme em si me envolveu e eleveu os meus animos por explorar temas como “reality shows”, controle da mídia e dessensibilização da sociedade para a violência.Infelizmente, o roteiro se arrasta demais em coisas irrelevantes, e não desenvolve plenamente esses temas. Por exemplo, Katniss é aconselhada por seu mentor Haymitch (o sempre talentoso Woody Harrelson) para se “engraçar” para os espetadores, na esperança que os patrocinadores lhe enviará auxílio – alimentação, água, remédios – enquanto ela está presa dentro da arena.
Infelizmente, o filme nunca explora esse engraçamento da personagem com o expectador, apenas se limita em mostrar um romance entre ela e Peeta. E, com exceção de Katniss e Peeta, nenhuma das crianças (personagens) na “arena” são adequadamente desenvolvidas. Não tive idéia quem são ou o que eles são capazes de fazer, e não existe nenhuma conexão emocional com Katniss. Entre as crianças, há um rosto conhecido, o de Isabelle Fuhrman (“Orphan”, 2009, que é talentosa e não merecia ganhar um papel quase sem falas!).
Quando o abate começa, senti o impacto. E, achei excelente a direção de Gary Ross, que não mantem a câmera com firmeza – filma numa forma irregular girando ao redor, de um modo a distorcer o que realmente está acontecendo. E, pelo que vi, ele foi capaz de levar as coisas muito longe em termos de violência. Me perguentei se o material teria ganho algumas restrições em termos de avaliação se Ross e os outros roteiristas Suzanne Collins (a autora do livro!) e Billy Ray tivessem desenvolvido e nos dessem a oportunidade de nos envolvermos um pouco com crianças que estavam sendo mortas.
O elenco de apoio é bom, Elizabeth Banks mesmo nauseante como a emissária, não compromete; Lenny Kravitz — que deveria fazer mais filmes–, tem alguns momentos de ternura, como o estilista encarregado de fazer Katniss apresentável. O melhor de todos é Stanley Tucci, fazendo uma combinação perfeita de extrovertido e assustador como o apresentador de talk-show.
Não existe efeitos visuais de cair o queixo neste filme, e dá para justificar a razão, pois os efeitos não são tão importantes quanto a estória, e se alguma coisa em “The Hunger Games” prova é que ninguém precisa gastar 300 milhões dólares em efeitos especiais, desde que você tenha uma boa estória.
Honestamente, para quem leu livro comprende melhor as lacunas nos personagem por trás da estória—isso é preenchido, onde o filme está faltando. E, creio que assim faz o filme parecer melhor do que ele realmente é.
Certamente, “The Hunger Games” possue um enredo muito interessante, e também é um filme de ação bem melhor do que muitos que vi nos ultimos anos!. Não que ele seja uma obra-prima, mas vale ser visto…principalmente, quem está com uma grana extra!. E, o que achei perfeito “The Hunger Games” foi a linda trilha sonora escrita por James Newton Howard!.
Nota 7.0
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