HITCHCOCK (2012)

hitchcock_2012_cartazO filme “Hitchcook” de Sacha Gervasi tem acertadamente pouco do livro homônimo de Stepehen Rebello que deu origem a esta obra. Enquanto Stephen esmiúça detalhes técnicos e curiosos dos bastidores do filme “Psicose”, Sacha trabalha em cima de um roteiro deliciosamente cinematográfico sobre o mesmo tema.

Por exemplo, as cifras e contabilidades de uma produção tumultuada são substituídas por insinuações de traição de Alma, esposa do diretor e por perseguições delirantes do assassino em série Ed Gein, que inspirou Robert Bloch a escrever a novela de terror que arrebatou Hitch. Também dá ênfase à figura de Alma, transformando-a num personagem feminino fortíssimo, defendido com brilhantismo por Helen Mirren. As figuras de Leigh e Perkins, estrelas de “Psycho” estão perfeitas com as caracterizações de Scarlett Johansson e James D’Arcy respectivamente, dentro do visual agradável do final dos anos 50. A cena antológica do assassinato no chuveiro tem pouco destaque, o que não chega a frustrar, num filme rico em diálogos inteligentes e bons momentos para os fãs do diretor e de “Psicose”.

Se por conta de uma notória dessemelhança ou uma maquiagem ineficaz, o ator Anthony Hopkins não conseguiu a aparência ideal para o papel título, tudo é compensado com uma atuação impressionante e habilidosa onde ele atinge o tom debochado, divertido, inseguro e por vezes cruel do mestre do suspense, que não poderia mesmo ter sido uma pessoa ordinária.

Por Carlos Henry.

O Sol da Meia-Noite (White Nights. 1985)

Antes de falar do filme, quero contar sobre esse belíssimo e emocionante desenho. É do Saulo Goki. Ele o fez atentendo a um pedido meu, para assim também contar a história desse filme. Grata, Saulo! Ficou mais que perfeito para ‘O Sol da Meia-Noite‘! (Conheçam mais trabalhos desse artista, acessando sua homepage: Saulo Goki.) Agora, o filme.

Uau! Rever “O Sol da Meia-Noite” mesmo depois de tantos anos não deu para segurar as lágrimas no final. Se antes a torcida era para que um dos personagens seguisse por aquela corda rumo a liberdade – num dos grandes momento do filme -, dessa vez ela ficou contida. Melhor! Foi substituída por um “Bravo, Ray!” Por então já saber que ele fez o que fez para que os “três” tivessem mais chance de sair dali. Para quem ainda não viu esse filme, fica a sugestão. Está na programação do Canal TCM. Assista. E depois volte para seguir na leitura. É que mais adiante no texto, terá spoiler. Para quem já viu, venha comigo!

Qual o tamanho da liberdade que lhe é necessária? Não a utópica. Mas sim aquela que lhe daria a liberdade de seguir o seu norte. Em poder mostrar o seu talento. Para realizar aquilo que lhe dá prazer.

Conquistar o direito de ir e vir não parou no período pós Guerra Fria, nem com a materialização disso com a Queda do Muro de Berlim. Ainda hoje há muitas dessas cortinas de aço. Israel levantou uam há bem pouco tempo. Para cercear esse direito aos cidadãos da Palestina. Cito isso, caso alguns adolescentes que queiram assistir esse filme saibam que o tema principal desse filme não está apenas nos seus Livros de História. Assim, o filme se tornou também atemporal. Além de um Clássico na memória afetiva de alguns cinéfilos. Entre eles, eu! Traçando esse paralelo com a realidade atual, e de algumas nações, pode-se visualizar melhor o drama de alguém ir atrás não apenas do seu sonho, mas por sentir que terá a liberdade de escolha. Mais! Ao abraçar uma outra pátria, se sinta de fato um cidadão nela.

Em “O Sol da Meia-Noite” será a Dança e a Música que contarão uma emocionante história. Como pano de fundo a época da Guerra Fria entre duas potências: Estados Unidos versus União Soviética. Na personificação de dois personagens que antes nativos de cada uma delas, agora pertencentes ao outro lado. Que traz também uma outra realidade, e que tem a ver com preconceito racial: de um lado um “louro nórdico”, e do outro um “afro-americano”. Ambos Bailarinos. Um, por se sentir podado numa gaiola dourada, ousou fugir dela. Já o outro que a princípio foi ciente de que viveria numa, o seu grande motivador fora por não querer abraçar uma Guerra: a com o Vietnã. Desertara dela. E quem seria esses dois?

O ballet clássico é para jovens. O que mais me fascina na dança contemporânea é a possibilidade de interpretar a nossa própria idade“. (Mikhail Baryshnikov)

Mikhail Baryshnikov interpreta um deles. Como também algo que vivenciou na vida real: o abraçar outra pátria. No filme ele faz o Nikolai. Um bailarino que pedira asilo polítio aos Estados Unidos. Queria poder dançar o que quisesse, e não o que lhe era imposto. Amava a dança para ficar somente preso aos Clássicos. Queria também vivenciar o Balé Moderno. Acontece que por um acidente do destino, o avião onde viajava, já como integrante de uma Companhia americana, fora obrigado a fazer um pouso de emergência em solo soviético. De volta a toca dos leões!

O outro quem o faz é o ator Gregory Hines. Ele é o Raymond, o Ray. Cansado de ser mais um negro Sapateador nos Estados Unidos, sonhou em ter um reconhecimento profissional na Rússia. Mas muito mais por conta da sua ex-nacionalidade do que pelo seu talento é que lhe deram um palco. Que para ele era bem mais do que conseguiria no Harlem, Nova Iorque. E em solo soviético conhece Darya, personagem de Isabella Rossellini. Se apaixonam e se casam.

Tudo seguia rotineiro para esse casal. Até que o destino traça um outro rumo: Ray será usado para tentar convencer Nikolai a primeiramente voltar a treinar, depois voltar a se apresentar no grande Teatro Kolya. Ray mesmo sendo obrigado, acredita que com isso irá se apresentar em teatros mais importantes na Rússia. Para um público mais seleto.

Quem faz essa intermediação é o Ministro da Cultura, Coronel Chaiko, personagem de Jerzy Skolimowski. Excelente performance! Mas revendo agora esse filme, não lembro se na primeira vez que vi se esse personagem me impactou tanto quanto o Coronel Landa, de Christoph Waltz, em ‘Bastardos Inglórios‘. Pelo perfil do personagem, me peguei a pensar se de certa forma Quentin Tarantino se inspirou no Chaiko para construir o seu Landa. Não gosto de fazer esse tipo de comparação. Acho injusto. Mas o Coronel Landa de Christoph Waltz veio para pontuar os Vilões da História do Cinema. De qualquer maneira, Jerzy Skolimowski merece aplausos. E seu Chaiko fez uma ácida ponte para os personagens principais se confrontarem.

Não tento dançar melhor do que ninguém. Tento apenas dançar melhor do que eu mesmo.” (Mikhail Baryshnikov)

Então, nesse embate temos, de um lado um negro nascido nos Estados Unidos tentando ter um palco importante em solo soviético, e do outro lado, um branco que abraçou o país do outro porque lá poderia dançar o que quisesse, e sem importar em que palco. Será um belo duelo! De ideais também. Algo bem planejado pelo Cel. Chaiko. E aos que ainda não conhecem esse filme, quando eu friso a negritude do personagem é porque o preconceito racial está na trama do filme. Mais! Será usada como arma pelos dois lados.

Nikolai sabe que tem pouco tempo. Precisando do fato que sua Agente (Personagem de Geraldine Page) ainda está fazendo tudo o que pode para trazê-lo para dentro da Embaixada Americana. O único jeito dele se ver livre novamente. Se antes o destino cochilou com o tal pouso do avião… Depois mostrou a ele um jeito de fugir daquele prédio. É quando o Cel. Chaiko traz a antiga namorada, como mais uma arma de persuasão. Ela é a bailarina Galina Ivanova, personagem da Helen Mirren. Galina está na direção da Escola de Balé. Um alto cargo. Para o Coronel, ela não porá tudo a perder. Mas seu tiro sai pela culatra! Já que Galina consegue um jeito de ser uma ponte entre Nikolai e a Embaixada. Também terá umas ajudas invisíveis para essa fuga. Uma, de um subalterno do Coronel. Numa de – “Beba do seu próprio veneno!” -, acaba dando segundos preciosos a mais para a fuga. A outra ajuda vem de uma zeladora da Academia. Mesmo para alguém acostumada em viver como numa casta, se sente bem quando alguém de uma superior lhe trata como um igual. Demonstrando que conhece um pouco da sua vida pessoal.

Se separarmos o contexto histórico – Guerra Fria -, o filme traz mais um tema. Mais que mostrar os Estados Unidos como a Terra Prometida, é o de querer ter o livre arbítrio em traçar seu próprio destino. Mas ambas as nações tolhiam esse desejo. Uma muito mais abertamente do que a outra. O que me fez lembrar agora, revendo esse filme, de um outro, o “O Declínio do Império Americano”, por levantar essa questão, em especial, com essa frase síntese:

A História não é uma ciência moral. A legalidade, a compaixão, a justiça são estranhas à História. Isso significa, por exemplo, que os negros da África do Sul estão destinados a vencer um dia, enquanto os negros americanos, provavelmente, nunca o conseguirão.“

Para Ray, um fator novo irá pesar na sua decisão final. Que o fará recusar aquela mão amiga a lhe chamar para a liberdade. Agora tinha um filho a caminho. Que ali não teria mais o “peso” do pai. Ray era como um troféu de guerra para os russos. Já seu filho, nascendo ali, não seria. Então Ray deixa que esse futuro filho tenha oportunidade de traçar seu próprio destino. Decide ficar para dar mais tempo à fuga dos três: Nikolai e Darya grávida.

O título do filme participa como um fato que mesmo que habitual na vida dos habitantes, ainda desnorteia um pouco a rotina diária. Do tipo: “Apesar de estar claro como o dia, ainda é noite.” Com isso há o de se esperar pelo funcionamento de tudo, quando de fato é de dia. O que pode ajudar, como também dificultar a fuga. O título também evoca algo romântico: uma luz a brilhar, a guiar, na escuridão. Como também há uma simbologia no campo psíquico. Se o sol do meio do dia seria o momento onde a sombra (conceito junguiano) se faz totalmente ausente, com o da meia-noite seria ter a visão por completo dela: conhecer a fundo os seus medos. E sendo o filme made in usa, uma outra simbologia: o sol representaria os Estados Unidos, e as trevas a cortina de aço.

Agora, o filme também traz um tema importante: o valor de uma verdadeira amizade. Mostrando que ela pode nascer mesmo sobre um forte antagonismo. Se fortalecer mesmo que num curto período. E o quanto um simples gesto pode deixar raízes profundas. Algo que marcará tanto, que virá a ser um divisor de água pelo menos na vida de um deles. Uma amizade que, se não durar para sempre, por certo fará parte da memória afetiva dos envolvidos.

Finalizando! Eu amei muito de rever esse filme! Só potencializou esse gostar. Confirmando que continuará na minha memória afetiva. E ao som de “Say You, Say Me”, na voz de Lionel Richie. Assistam!

Nota 10.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

O Sol da Meia-Noite (White Nights. 1985). EUA. Direção: Taylor Hackford. Gênero: Drama. Classificação etária: Livre. Tempo de Duração: 136 minutos.

A Última Estação (The Last Station. 2009)


Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo.” (Tolstoi)

Se não fosse pelos personagens retratados aqui, eu poderia dizer que num resumo o filme ‘A Última Estação‘ aborda: partilha de bens. Onde de um lado se encontra a Família, tendo a frente, a esposa. E do outro, o Secretário-mor do Movimento de Resistência Passiva. No centro disso tudo, alguém em idade bem avançada querendo morrer em paz com a sua consciência. Devoto ao amor que nutre pela esposa, mas também às suas ideias lançadas, fica difícil tomar uma decisão final: quem ficará com a posse de seus bens: uma mansão, o título de nobreza – Conde -, e os direitos autorais de seus Livros. Sem esquecer que essa história se passa em 1910, numa Rússia dos Czares. Que faz parte da História Universal.

E quem seria essa figura histórica?

Em ‘A Última Estação‘ temos os últimos meses de vida, ou melhor, da vida do notável escritor russo: Leon Tolstoi. Numa grande interpretação de Christopher Plummer. Muito embora enquanto eu assistia pensasse que esse seria um papel para Anthony Quinn. Para logo em seguida me trazer de volta a atuação de Plummer. Que com certeza será um divisor de águas em sua carreira. Seu Leon fez brotar lágrimas em sua despedida a Yasnaya Polyana. Meus aplausos ao Plummer!

Sua esposa, a Condessa Sofya, é interpretada pela brilhante Helen Mirren. Antes de falar dessa atriz e da sua atuação quero falar da Língua do Filme: a Inglesa. Uma história pode ser contada em diversas formas: escrita, falada, por sinais, por um desenho… Um jeito de se perpetuar. Como também em usar uma outra língua para se contar a história de um outro povo. Até ai, eu assino embaixo. Acontece que em algumas cenas, a Condessa Sofya da Mirren me fazia lembrar da sua Rainha Elizabeth. O que me fez querer, e muito, que o filme usasse a Língua Russa. Teria adorado ouvir os embates do Leon e da Sofya em russo. Mesmo tendo que ler as legendas, essa história merecia ter sido contada na língua natal dos personagens. Não que a Mirren não tivesse atuado bem. Pelo contrário! Ela me levou às lágrimas, no finalzinho do filme.

Lá no início, citei o secretário-mor. Ele é Vladimir Chertkov. Quem o interpreta é Paul Giamatti. Sempre que penso em Giamatti, de pronto lembro de sua brilhante atuação em Sideways. Seu Chertkov conseguiu se desvincular dessa sua outra atuação. Mas… Posso não saber diferenciar um russo, ou até ter uma visão estereotipada desse povo já que nunca conheci um russo, agora, para mim o Chertkov do Giamatti parecia americano demais. Sobre o personagem em si, Chertkov tinha uma alma política. Para o Movimento Tolstoiano ser levado adiante precisava alguém com essa visão, já que o próprio Tolstoi era um romântico por natureza.

Enquanto Tolstoi vivia em sua imensa propriedade – Yasnaya Polyana -, Chertkov preferia mesmo ficar no escritório. Longe da Comunidade criada pelo Movimento – Telyatinki. Um local onde todos trabalhavam igualmente, sem distinção de Classes Sociais. Nela vivia Masha (Kerry Condon), uma personagem que fará uma revolução na vida de um outro personagem. Revolução essa, que no fundo segue a filosofia maior do criador do movimento: o amor.

Chertkov, impedido por lei de se afastar do escritório, resolve contratar um dos Tolstoianos letrados para ser o secretário particular de Tolstoi. Quem passa no teste é o jovem Valentin Bulgakov. Interpretado por James McAvoy. Que por sinal, atuou muito bem. Um jovem que seguia à risca os ensinamentos do Movimento. Até o Celibato. Algo meio desvirtuado por Vladimir. Se Tolstoi pregava o amor, a castidade não era bem-vinda. Mas por timidez, Valentin fazia dela a sua armadura. Masha o trará de volta a uma vida fora dos livros, mais real. Mas será o amor de Leon por Sofia que o conduzirá ao caminho.

É no coração do homem que reside o princípio e o fim de todas as coisas.” (Tolstoi)

Leon meio que adota Valentin. Vendo nele alguém de ideias e ideais nobres, e até próprio. A princípio, Sofya vê em Valentin uma ponte para saber se Leon faria um novo Testamento, mas depois também se encanta com a ternura e a inteligência dele. Se ele tivesse entrado na vida de Tolstoi a mais tempo, poderia ter sido um aliado para uma volta de Tolstoi as suas estórias ficcionais. Por seu cavalheirismo, pelo amor fraternal aos dois – Leon e Sofya -, Valentin só desprende desses laços, nessa última estação. Testamento esse que para Vladimir seria necessário para continuar com o Movimento. Dai também querer ter Valentin como uma ponte, mas para ficar a par da influência da Condessa ao marido.

Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira.” (Tolstoi)

O título dessa estória – a última estação – é belíssimo! Faz parte do contexto. Mas também nos leva a viajar com ela, até a essa estação final… Até as locações, são puro romantismo. Lindas! Me fez querer ler o Livro, de Jay Parini, o qual o filme foi baseado. O filme é longo. Merece ser visto sem pressa. Ele até entrou para a minha lista de voltar a ver de novo mais tarde. Não recomendo aos que gostam dos bem comerciais. Recomendo sim, aos que gostam não apenas do escritor, Tolstoi, mas também aos que gostam da matéria História. Será mais um incentivo aos adolescentes a gostarem de leituras. Tomara que Professores levem ‘A Última Estação‘ para a Sala de Aula. É um ótimo filme.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

A Última Estação (The Last Station). 2009. Alemanha / Inglaterra. Direção e Roteiro: Michael Hoffman. Elenco: Helen Mirren (Sofya Tolstoy), Christopher Plummer (Leo Tolstoy), Paul Giamatti (Vladimir Chertkov), James McAvoy (Valentin Bulgakov), Kerry Condon (Masha), Anne-Marie Duff (Sasha Tolstoy). Gênero: Drama. Duração: 112 minutos. Baseado em livro de Jay Parini.

RED – Aposentados e Perigosos (2010)

Amei! Sorrisão estampado ao término do filme. E com gosto de quero mais! Quer saber o porque? Então continue a ler. Tentarei não deixar spoiler. Ah sim! Aos jovenzinhos preconceituosos com a turma-da-melhor-idade melhor assistirem outro filme.

O antes! Só em ter Bruce Willis no elenco já é um convite para ver o filme. Acontece que em ‘RED – Aposentados e Perigosos‘ o brinde é maior por trazer também: Morgan Freeman, Helen Mirren e John Malkovich. E uma participação para lá de especial de Ernest Borgnine. Pronto! Estava então carimbado o meu passaporte para acompanhá-los nessa bela, eletrizante e divertida viagem.

O subtítulo dado no Brasil trata-se de uma tradução da sigla RED: Retired Extremely Dangerous. Dai não está entregando o filme. Eles são de fato a fina flor dos Agentes Secretos da CIA. A idade chegou dando a eles a chance de aproveitarem uma vida normal. Virando pacatos cidadãos. Será que conseguiram se adequar a nova realidade?

Essa Tropa de Elite é composta por: Frank Moses (Bruce Willis), Joe Matheson (Morgan Freeman), Marvin Boggs (John Malkovich) e Victoria (Helen Mirren). Eles foram obrigados a retornarem pois do contrário seriam eliminados. Por conta disso os convido a não focarem apenas em quem estaria por trás dessa ordem. Até porque toda a trama nos leva a algumas reflexões.

Uma dessas reflexões seria como um mergulho numa aula de Geo-política, cujo teor seria as incursões dos Estados Unidos nos Países Latinos. Sob a égide de combater o inimigo – seja ele o narco-tráfico, os terroristas… -, há o sentimento exacerbado de donos do mundo de protetor-dos-fracos-e-oprimidos. Fachada! Porque por trás do belo gesto há o interesse real: o proveito maior é para eles e não para o país onde se instalaram. Mais! Onde o tempo de permanência nesse território equivale ao que lucrarão ou usarão dali.

Dessa reflexão pulamos para uma outra. A qual me fez lembrar do que escrevi para o ‘No Vale das Sombras‘. Já que nessas incursões levam jovens programados para matar. Onde o botãozinho ‘Stop’ que os levariam a questionamentos internos dependerá mesmo da essência de cada um. E que no Treinamento não há o de desprogramar.

Na trama temos a de Guatemala em 1961. Foram em socorro de um governo de terror, mas… Vindo para um episódio mais recente, e bem real, hão de se lembrar do que militares americanos fizeram a presos lá no Iraque. Por conta do ego inflamado eles próprios filmaram e então vieram a público. Mas o desfecho desse ato foi desaparecendo da mídia porque não há interesse por parte deles em propagandear tais abusos feito eles mesmo. Pela própria cultura de que são os melhores, pela farda, pelo treinamento… após o momento escória-da-raça-humana… haveria as consequências dos atos. O que farão depois disso? Como sairão de tudo o que passaram e fizeram? O que farão desse passado nebuloso?

Na trama o primeiro dos RED a ser procurado é Moses. Levava uma vidinha insossa, mas que não perdeu a agilidade dos velhos tempo conseguindo se livrar de um grupo de assassinos. Mesmo tendo dado um banho nesse pelotão, e até pela desconfiança de quem seriam eles, Moses queria saber o porque. É quando procura por Joe. Esse vivia num asilo, aderindo assim a essa nova missão. Também por descobrir que assim como Moses: está nessa queima de arquivo.

Paralelo a isso, Moses entende que a mocinha também corre perigo. Que pode vir a ser uma isca a quem o quer ver morto. Ela é Sarah (Mary-Louise Parker). Atendente do Serviço de Pensões do Governo. Ninguém achava que onde há Herói não haveria uma Mocinha, não é mesmo? Dai nem venham com crítica de que é clichê pois faz parte do Mito do Herói. Sonhadora, leitora contumaz desse tipo de aventura, aquilo veio como um presente dos deuses para sair da sua vidinha sem sal.

Se com Joe, Moses descobre quem são esses que estão a frente para eliminá-los, precisava saber o elo que os ligavam, e há uma lista maior já quase concluída. Vai estar com Marvin. Esse é um sobrevivente, com sequelas, de um experimento do governo: controle da mente. É onde se vê que o combate às drogas pelo TIO SAM tem duas faces. Um outro filme onde também se constata isso, é ‘Perigo Real e Imediato‘. John Malkovich faz um Marvin tão louco, tão genial, que me deixou querendo por uma continuação e tendo ele a frente. O seu Marvin é divertidíssimo!

Moses precisa entrar no QG da CIA. Para não apenas juntar as peças, mas também ter em mãos um trunfo. A lista com os nomes dos eliminados, existia. As mortes, acontecendo; e sem deixar evidências. Só para os do RED é que não se importavam com os rastros.

Se há essência no interior de cada um da velha guarda, também há um acordo de cavalheiro entre eles. Mesmo tendo estados em campos opostos. O que leva Moses procurar por Ivan (Brian Cox). E dentro da Embaixada Russa, Moses vai pedir por Credenciais para ele e Sarah entrarem na CIA. Assim como Moses, no íntimo Ivan também é um romântico. Um cavalheiro à moda antiga.

Quem cuida desse Arquivo Morto da CIA, é Henry, personagem de Ernest Borgnine. Participação elogiável para ambos: ele e quem o escalou. Não importa o tamanho do papel, se o ator é bom, o deixará memorável. Além do que é sempre bom ainda ver a velha guarda atuando.

Já cientes do tamanho da encrenca, e precisando entrarem num outro QG, eles vão procurar pela Lady da turma, Victoria. Por ser uma exímia atiradora ela será a retaguarda que os três precisam para encontrarem com Alexander Downing (Richard Dreyfuss). Uma das peças chaves desse jogo. Também caberá a ela um certo tiro… Para uma saída de cena honrosa. Que me levou a pensar na Maude de ‘Ensina-me a Viver‘.

E na cola dos REDs está o jovem agente William Cooper (Karl Urban). Um chefe de família zeloso. Que aspira por cargos mais alto. Que se verá em xeque.

Quem estaria de fato por trás de tudo? Por que? Vidas, Cargos, Prestígio Social, Política, Executivos, Cidadãos Comuns, tudo, todos serão cartas fora do baralho nas mãos de quem aspira por um poder maior. E como falei, será a essência de cada um deles que estará em xeque. Se haverá cheque que os tirem do caminho que escolheram.

Antes de finalizar, deixo mais uma das reflexões que o filme traz: que é em relação ao Sistema Político e Mundial. Ele está podre, mas não dá para implodir e começar do zero. Porque por trás dele há uma teia muito forte. Se em ‘Tropa de Elite 2‘ se tem uma visão do que está acontecendo no Brasil, em ‘RED – Aposentados e Perigosos’ a amostragem é com um país de primeiro mundo. Então, por mais que a esperança se esvai a cada Eleição ainda fica um querer de que um dia todos dessa teia trabalhem de fato pelo bem coletivo. Até porque é o povo que elege parte dela: os políticos. Caberia então a esses guiar o entrelaçamento dela.

Por fim, tirando a atuação de Rebecca Pidgeon que não marcou presença, os demais estão ótimos e em sintonia. A Fotografia é deslumbrante. A Trilha Sonora veio como um coadjuvante. O final não ficou em aberto, mas me deixou querendo por uma continuação. E é isso! Peguem a pipoca porque o filme é muito bom!

Por: Valéria Miguez (LELLA).

RED Aposentados e Perigosos (RED). 2010. Canadá / EUA. Direção: Robert Schwentke. Gênero: Ação, Comédia, Crime. Duração: 111 minutos. Roteiro: Erich Hoeber & Jon Hoeber. Baseado nos quadrinhos de Warren Ellis e Cully Hamner.

Intrigas de Estado (State of Play)

state-of-play_posterOs fins justificando os meios? Ou, qual é a linha que separa a Ética pessoal da profissional? O poder cega? O que o dinheiro não compra? O ‘Parem as prensas!’ serão na espera de um grande furo, ou engavetar reportagem? Essas, são apenas algumas das indagações nesse sensacional filme. Agora, aos fãs de blockbuster, melhor assistirem outro filme. Pois ‘Intrigas de Estado‘ é um longo e detalhado filme sobre os bastidores da notícia. Num influente jornal.

Investigação, e de jornalismo ainda por cima, já é um grande motivo para mim assistir um filme. Ainda mais quando traz um fato da história que ainda não acabou de tudo. Lembram da Invasão do Iraque? Se na época todas as argumentações já eram despropositadas, em ‘Intrigas de Estado‘ terão um panorama das reais intenções em porque levar as últimas consequências. Mas que sentar base por lá, infundir o terror na população estadunidense, era o grande alvo.

O Alerta Laranja era o carro chefe da propaganda das grandes corporações que lucrariam com isso. Para quem viu o ‘Duro de Matar 4‘, teve uma prévia. Ok! De um jeito bem descompromissado. Mas estava lá numa fala entre os dois personagens principais. Em se tratando de propaganda muito bem feita para conseguirem seus intento – grana alta -, em ‘Sicko – $O$ Saúde‘ poderão ver uma monumental lavagem cerebral.

russel-crowe_in_state-of-playEm se tratando de tentar calar alguém, com uma campanha de difamação, terão uma importante mostra, em ‘O Informante‘. Lá, era o personagem de Russell Crowe quem sofria as agruras. Nesse, ele é o repórter investigativo que tenta conciliar seu lado ético na profissão, com a defesa de seu amigo Deputado, o personagem de Ben Affleck. Esse me surpreendeu nesse papel. Confesso que fiquei reticente no início. O achando com uma carinha jovem para o personagem. Mas ele saiu-se muito bem. Do Crowe, nem precisava dizer. Ele é muito bom! Mas não posso deixar de registrar que adorei a cabeleira dele.

Por falar em jornalismo… Abrindo um parêntese para um registro atual, e nosso. O de não ser exigido mais diploma em nível universitário para essa profissão. Se alguém quiser ler se isso foi um avanço, ou um retrocesso, convido-os para lerem esse artigo: JORNALISTAS, O JORNALISMO E A DIFERENÇA QUE UM DIPLOMA FAZ.

De início, o personagem do Russell Crowe, mostrou-se contrário ao avanço que é de um jornalista blogueiro. Puro Preconceito. Por conta da velocidade da informação no ar, achava que não havia uma longa investigação na apuração do fato. Mas a personagem da Raquel McAdams mostrou a ele que fazia sim. Que não fazia uma investigação de campo como ele, mas do seu jeito, ia atrás dos dados. E mostrou-se aberta aos seus métodos. Com sustos em situações de perigo, ela foi aprendendo ao longo do caminho.

helen-mirren_in_state-of-playTodos os personagens, com longas ou curtas aparições, estão muito bem. Destacando a Chefe da Redação, personagem da Helen Mirren, que lhe caiu bem. Num belo conjunto de beleza elegante e de inteligência impessoal. Alguém que será pressionada a parar as prensas…

Mais do que descobrir quem matou aquelas pessoas, por trás de tudo está o controle na privatização da Segurança do Estado (nação). Bilhões de dólares anuais que estão em jogo. É, não deixa de ser um aterrador joystick.

O filme é meio claustrofóbico por ter muita investigação noturna. Também senti a falta de um gravadorzinho de mão neles. Mas que nada compromete a trama. Filmaço. De querer rever. Eu recomendo. É excelente. Arrepiando nos créditos finais.

Por: Valéria Miguêz (LELLA)

Intrigas de Estado (State of Play). 2009. Inglaterra. Direção: Kevin Macdonald. Elenco: Russell Crowe, Ben Affleck, Rachel McAdams, Helen Mirren, Robin Wright Penn, Jeff Daniels, mais. Gênero: Crime, Drama, Suspense. Duração: 127 minutos.

A Rainha (The Queen. 2006)

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O filme aborda o período entre um pouco antes da morte da Princesa Diana até logo após o seu funeral. E como bem diz no título o enfoque é na instituição – a Rainha da Inglaterra. Claro que por detrás disso há a mulher/esposa/mãe/avó/filha – Elizabeth. É! Alguém cuja profissão é ser uma Rainha. E sem esquecer que foi sogra da Princesa Diana.

Talvez a escolha em retratar, em se deter a esse período, deve-se ao fato de que a Princesa Diana rebelou-se a toda essa tradição. Diana e Elizabeth – duas mulheres em choque constante. Ou seria dois mitos em xeque? Porque por mais que a Rainha Elizabeth (Helen Mirren) quisesse esquecer de sua convivência com a nora, até a morte prematura de Diana ainda abala os alicerces do Palácio de Buckingham.

Num momento de solidão há uma cena linda dela, Elizabeth, com um alce! Outra, com uma meninha com um ramo de flores, onde nessa mesmo em meio a multidão ela sentia o peso de estar só. Fiquei com lágrimas nos olhos.

Agora, o Príncipe Phillips é de fato aquilo que foi mostrado? E gostei muito de ver um Primeiro Ministro lavando as louças do jantar! Um ótimo exemplo a ser seguido.

Ah! Não consegui segurar as lágrimas no discurso do irmão da Princesa Diana. Mas senti falta da música “Candle in the wind” do Elton John como fundo musical.

É história. É tradição. São ritos preservados. E é a história de um mito dos tempos modernos.

Atuação, ótima! Fotografia, excelente! Mas não é um filme que entrou para minha lista de rever.Um bom filme para uma sessão da tarde! Nota: 7,5.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

A Rainha (The Queen). 2006. Inglaterra. Direção: Stephen Frears. Com: Helen Mirren, Michael Sheen, James Cromwell. Gênero: Biografia, Drama. Duração: 97 minutos.