Ambrósio foi abandonado ainda bebê nas escadarias de um monastério no século XVII. Doutrinado com severidade pelos outros monges, cresceu unicamente para servir à religião fazendo com que todos esquecessem a marca que trazia de nascença, uma estranha mancha que poderia ser confundida com a garra do demônio. Exorcizava os terrores íntimos com pregações fervorosas que contagiavam a todos. Valério, um menino desfigurado usando uma máscara de cera, entrará para o convento trazendo inquietação, mistérios e magia colocando a fé inabalável de Ambrósio à prova.
O Monge é uma adaptação do romance gótico de Mattew Lewis dirigido por Dominik Mol e estrelado por Vincent Cassel, perfeito para viver o conflituoso papel título numa performance intensa que norteia uma trama soturna que esbarra nos limites do horror delirante em situações aparentemente cotidianas de ciúme, paixão e desprezo.
Ainda que falte alguma ousadia no que tange às cenas de terror e erotismo contido, estes são justamente os melhores momentos do filme que conduzem o espectador a uma reflexão involuntária sobre como lidar com a fé e o pecado, temas sempre tão controversos para definir em relação aos extremos que podem atingir. Neste caso, confinados num claustro em Madri naquela época, um simples sentimento vira um fardo pesado, um veneno onde o amor nunca deveria existir. No meio de tantas guerras interiores, surgem os demônios, metáforas materializadas nos horrores surrealistas do monge. Citando uma outra frase chave do filme: é bem verdade que o diabo só tem o poder que lhe atribuímos.
O Monge. (Le Moine. 2011). França. Direção e Roteiro: Dominik Moll. Elenco: Vincent Cassel, Déborah François, Sergi López, Geraldine Chaplin, +Cast. Gênero: Drama, Mistério, Thriller. Duração: 101 minutos. Baseado em livro de Mattew Lewis.