Ratatouille (2007)

ratatouilleNão sei cozinhar. Nem ovo frito. Mas sei comer. Comer bem. De tudo. E sei também apreciar a comida do rei e a do campesino. E concluo que ambas são feitas do mesmo tempero: o amor e a devoção. Comer é um dos mais básicos instintos. Deve ser respeitado. Um rato rouba, rói, range os dentes, mas tem um coração. Remy é assim. Um roedor que sonha com os aromas e com a boa mesa. Mora no interior, cercado por uma família honesta, mas obtusa. E vê na TV um grande chefe dizer que qualquer um pode cozinhar. E daí em diante começa a experimentar receitas e ervas. Abra os pimentões em dois retire as sementes e a parte branca e depois corte em tiras… Pique as beringelas e as abobrinhas em rodelas de não mais do que 1 centímetro de espessura, sem pelar.

Depois de uma caçada inclemente, ele chega são e salvo em Paris. A primeira noite em Paris é sempre insone. Cidade de luzes. O filme mostra em uma cena somente todos os arquétipos do francês: a bicicleta, o rádio, a cozinha e o vinho. Fora as Romisetas, os baguetes, os bigodinhos, os chapéus… São tantas e sutis as referências que quase arrisco a dizer que devo assistir novamente. Dentro do restaurante, o templo adorado do chefe Gusteau – reparem bem nos nomes de cada personagem, que lhes confere uma singularidade física ou intelectual- ele se depara com um desastrado ajudante de limpeza estragando uma sopa. Ele – o rato- não resiste e age. Descasque os tomates e pique em quartos, e tire suas sementes, raspando. Descasque as cebolas e faça fatias bem finas, descasque os dentes de alho e pique bem.

Seu prato feito na hora, com criatividade e carinho, assim como toda paixão deve ser, é aprovado de maneira inconteste. É descoberto pelo chefe, um sujeito baixinho, o Skinner (em homenagem a um estudioso de ratos) que é a inveja e afetação em pessoa. E capturado pelo Linguini, o serviçal da limpeza. Mas esse não consegue matá-lo. Forma-se então uma associação curiosa. O humano trapalhão e o animal talentoso. O bicho guia o homem. Pelos cabelos. Faça retornar com 6 colheradas de sopa de óleo de oliva as beringelas dentro de uma caçarola de ferro (eu prefiro de cobre, igual ao filme…) . Ajunte a ela os pimentões e deixe-os desfazerem-se uns minutos.

O sucesso vem aos atropelos. Junto com ele a rivalidade, os repórteres, a pressão dos familiares e tudo mais que atinge alguém que faz algo diferente e bom. Quando não se é ninguém, não incomoda nada. E até uma cisão ocorre entre a tão boa dupla. Além do amor atingir em cheio o marionete culinário, Linguini. Junte finalmente as abobrinhas e o alho junto com o bouquet garni. Sal e pimenta a gosto.

Momento de decisão. Quem é você? O que deseja? Vai recomeçar toda uma vida? Enfrentará as hordas de censura? E o grande crítico de culinária, será ela a sua própria consciência? Algumas coisas demoram e outras não. O segredo é saber exatamente o exato instante. Geralmente a escolha já foi feita à tempos. Cozinhe sobre fogo brando, durante 30 minutos. Regue um pouco com o resto do óleo. Prolongue a cocção por alguns minutinhos.

O final é muito lindo e poético. A fala do crítico é uma coisa à parte, de tão coerente e sincera. Não deixando de lado o humor e muito menos o amor. A cozinha se soma ao encanto e deixa um aroma de paixão embevecido à todos que assistiram o filme. Retire o bouquet garni* e o excesso de óleo, se necessário. Arrume tudo de maneira artística em um prato quente e sirva imediatamente.

O que há de bom: a vida de um cozinheiro e a mensagem subliminar de que as pessoas especiais assim o são independentes de como os outros as vêem
O que há de ruim: o filme foi feito em inglês e não em francês; ainda bem que a dublagem para o português está excelente
O que prestar atenção: a motinha da Colette é da marca Calahan, que desconheço, deve ser uma homenagem à diretora de fotografia do filme, a Sharon…
A cena do filme: quando os alimentos são combinados, a arte harmonização, principalmente pratos e vinhos é como o namoro, renovada a cada dia…

Cotação: filme excelente (@@@@@)

Dedico essa resenha aos três melhores cozinheiros que conheci: minha mãe, meu irmão e Renata.

Já você, mulher; pode deixar que passaremos nossa lua-de-mel em Paris…

Obs: o bouquet garni* é feito assim: coloque 10 ramos de salsinha, 8 grãos de pimenta-do-reino, 1/2 colher (chá) de tomilho, 1/2 colher (chá) de erva-doce e 1 folha de louro sobre um pedaço de pano fino e amarre, formando um saquinho ou trouxinha. (o pano fino deve ser de algodão tipo fralda ou amorim).

ratatouille-dishRatatouille

Ingredients:
Pour 6 personnes
Préparation : 40 mn.
Cuisson : 50 mn à 1 h.

500 g de poivrons verts
500 g d’aubergines
500 g de courgettes
750 g de tomates
500 g d’oignons
5 gousses d’ail
8 cuillerées à soupe d’huile d’olive
1 bouquet garni
sel fin, poivre blanc du moulin

Préparation :

0uvrez les poivrons en deux, retirez-en les graines et la partie blanche, puis taillez-les en lanières. Coupez les aubergines et les courgettes en rondelles d’environ 1 cm d’épaisseur (sans les peler).
Pelez les tomates, coupez-les en quartiers et épépinez-les. Pelez les oignons et émincez-les finement. Pelez les gousses d’ail et hachez-les.
Faites revenir les aubergines dans 6 cuillerées à soupe d’huile d’olive, dans une cocotte. Ajoutez-y les poivrons et laissez-les fondre quelques minutes.
Ajoutez ensuite les tomates et les oignons. Laissez cuire quelques minutes. Ajoutez enfin les courgettes et l’ail, avec le bouquet garni. Salez et poivrez.
Faites cuire, sur feu doux, pendant 30 minutes. Arrosez avec le reste d’huile. Prolongez la cuisson pendant quelques minutes.
Retirez le bouquet garni et l’excès d’huile, si nécessaire. Dressez la préparation dans un plat chaud. Servez aussitôt.

Por: COBRA.

 

 

 

Ratatouille (2007). Com um Tempero para a Vida…

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Oh céus! Ratos numa cozinha, nem pensar!  Só mesmo em filme E nesse, é até divertido de ver o ratinho. Ele, o Remy, é muito fofo!

Remy difere dos seus por gostar de culinária. Tem como ídolo um grande Chef francês. Acompanha pela televisão suas aulas. E tem um dom maior: um olfato apurado.

Por conta de um acidente de percurso vai parar no centro de Paris, e próximo ao restaurante do então falecido ídolo. E lá conhece o aprendiz de cozinha Linguini. Esse por sua vez não tem nenhuma vocação para Chef de Cozinha. Juntos terão pela frente o Chef que pretende ficar com o restaurante. E também um temido crítico culinário: Anton Ego. Que já tirou uma das estrelas do restaurante por conta de sua crítica.

Além do valor da amizade, o filme aborda o sair da mesmice. De ousar. De romper os limites. De fugir dos padrões. Fugir da rotina. Parodiando uma frase do filme: “Que se diga sempre para a vida: Me surpreenda!” É o tempero certo para o dia-a-dia!

Nota: 10.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Ratatouille. 2007. EUA. Direção e Roteiro: Brad Bird. Gênero: Animação. Duração: 110 minutos. (Oscar de Animação).