Jorge Mautner – O Filho do Holocausto (2012)

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pedro-bialPedro Bial já havia provado sua inclinação e talento para o cinema no subestimado “Outras Estórias” (1999) onde ousou adaptar João Guimarães Rosa com bastante competência.

Desiludido com o prejuízo causado pelo seu primeiro projeto, Bial esqueceu a sétima arte e sua figura ficou indubitavelmente relacionada a um insuportável programa de televisão, um execrável reality show que nunca termina devido a uma audiência, que sem qualquer razão aparente, pouco declina. Isso não impede que ele tenha seus méritos.

Felizmente na era digital, os orçamentos tornaram-se razoáveis e Bial uniu-se a Heitor D’alincourt para homenagear um artista importantíssimo no cenário da música popular brasileira. Baseado num livro autobiográfico homônimo, com um título que remete ao período e situação de nascimento do autor, os diretores traçam com maestria um panorama completo, curioso e sobretudo divertido sobre o cantor, escritor e compositor Jorge Mautner.

jorge-mautner_nelson-jacobinaFilho de pais europeus refugiados da guerra, Mautner nasce no Brasil em 1941 e revive estórias curiosas quando é apresentado ao candomblé pela babá, nas ocasiões em que nutre um sentimento divergente pelo padrasto que apesar de ser amoroso, era nazista ou ao criar a ideologia do “Kaos”. Por conta de um comportamento considerado subversivo e provocador, é preso, exilado, e nos anos 70 se aproxima de Caetano Veloso, Gilberto Gil, iniciando parceria com o músico Nelson Jacobina. Este encontro de amigos famosos, intimista e informal é recriado em estúdio e é um dos momentos mais saborosos do filme. Tudo entremeado por números musicais vigorosos e cheios de humor do artista em várias ocasiões como “Maracatu atômico”, “Vampiro”, “Encantador de Serpentes” e “Guzzi Muzzy” dentre muitas.

jorge-mautner_e-a-filha-amoraSomente a sua conversa com a filha Amora Mautner, hoje diretora da Rede Globo (e do megassucesso, a novela “Avenida Brasil”) já valeria o ingresso. Amora contesta o belo nome, baseado em amor e não na fruta; o hábito do pai de andar nu ou buscá-la numa escola tradicional de sunga (embora ressalte que era um corpo atlético) ou dos prêmios em pecúnia por cada livro lido (uma excelente dica aos pais) além da psicanálise precoce ainda criança. A entrevista é fluente e dinâmica com um sentimento verdadeiro cheio de gratidão entre pai e filha que salta da tela.

O filme é assim: Pura música e emoção.
Carlos Henry

A Vida de Brian (Life of Brian. 1979)

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de …………… Monty Python
Aplausos! Bis!
Escrito, atuado, dirigido e editado pelo famoso grupo ingles Monty Python na mais brilhante e hilaria reinterpetração de um dos pontos mais importantes do cristianismo que é a vida de Cristo – ou como seria ele aos 33 anos.
Grupo ingles, considerado os Beatles do humor e ironia inteligente. Não sei se é exagero. Mas concordo com a comparação.
Todos os membros do grupo tiveram no passado, convivencia e experiencias com a religião – catolica, anglicana, outras assemelhadas que permitiu ao grupo ousar nessa visão. O grupo tambem é famoso por nao ter mulheres na tropa. Sempre um deles faz papel feminino. Porem aqui, para benefico de Brian, deixaram uma mocinha participar do filme.

Começa que, na Judéia de 33 DC, a sociedade vive em eterna ebulição por conta dos diversos grupos de seguidores do messias, e cabe aos soldados romanos manterem a ordem social. Briam cresce nesse mundo, criado por uma super mae judia a “senhora Mary Cohen” (interpretado por Terry Jones) , preocupada com a moral e bons costumes na sociedade judia. Na realidade ela esta mais preocupada em esconder o passado vadio.
Mas Brian, um jovem normal, so quer saber de transar – ele ainda é virgem por conta da mãe – e tanto faz se a moça é judia ou nao. Por culpa dessa e mais outras ele acaba se envolvendo em tudo que é problema de desordem social.
Neste filme, Monty Phyton inverte o impeto romano da guerra e no analfabetismo: os soldados romanos sao educados, pacificadores e cultos. As mulheres velhas continuam um bofe qualquer : podem passar por homem ou mulher. Prova é a cena do apedrejamento. Imperdível.
Pode ser que alguns detestem o filme ja que ele é cruelmente ironico nas abordagens dos costumes sociais regidos pelas normas religiosas.

Mas ele é verdadeiro. Por isso incomoda.

É um classico do cinema, com presença obrigatoria nas devetecas domesticas.

Direção: Terry Jones, genero: comédia
Roteiro: Graham Chapman, John Cleese
Origem: Reino Unido; duração: 94 minutos, colorido.

Cris Barros

Pinta-me da Cor do Açafrão (Rang De Basanti. 2006)

Às vezes uma pessoa pode ser empurrada tão longe que alcança um ponto além do medo, um lugar onde encontra uma estranha paz, onde se é livre para fazer a coisa certa, porque isso pode ser a coisa mais difícil de se fazer.

Uma jovem inglesa, Sue (Alice Patten), se encanta com um Diário de seu avó, Mr. McKinley (Steven Mackintosh)… Ele era um militar a serviço da Coroa Britânica na Índia; início do século XX. Em seu relato está a história de um grupo de revolucionários cuja têmpera ele nunca tinha visto antes. Eles lutaram com hombridade pela libertação da Índia. …Ela então quer fazer um filme com essa história, mas tem seu projeto negado com a desculpa que eles são heróis anônimos para o mundo. Logo não teriam retorno em bilheteria. Que eles não foram um Ghandi.

Decidida, parte assim mesmo para a Índia. Com a cara e a coragem. Por lá chegando, ganha o apoio e incentivo da jovem Sonia (Soha Ali Khan). Que já sabia que o projeto fora vetado. A produtora de Londres mesmo dispensara os seus serviços. Ela acomoda Sue na Universidade de Nova Dheli. Depois a leva para conhecer seus amigos: DJ (Aamir Khan), Sukh (Sharman Joshi)i, Karan (Siddharth) e Aslam (Kunal Kapoor). Sue após vários testes frustrantes com candidatos aos papéis principais, vê nesses quatro a encarnação dos heróis que seu avó, apesar de tudo, os admirou:

Sempre acreditei que haviam dois tipos de homens neste mundo. Os que vão ao encontro da morte gritando. E os que vão a seu encontro em silêncio. Mas encontrei um terceiro tipo. Os que caminham a longos passos, de forma decidida, com os olhos brilhantes e sem vacilar nunca.

A princípio, os quatro não entram no clima dos personagens. Por achar utópicos demais. O Campus, já fazem deles alguém admirados. Principalmente o DJ. Esse faz muito sucesso com as jovens. Acontece que o tempo ali dentro já está terminando. Eles terão que enfrentar o mundo fora daquelas cercanias, e no campo profissional. Aslam vem de família muçulmana, mas para os outros não vêem o menor problema.

Eles começam os ensaios. Mas faltava ainda o quinto herói. Quando esse, Laxman (Atul Kulkami), se apresenta a Sue, minhas lágrimas desceram. A cena arrepia! Uma outra com ele e um político próxima dessa, é chocante! Nos faz um convite a refletir com as campanhas políticas em todo o mundo.

O título do filme nos é mostrado mais adiante no filme. Onde o grupo participa de uma festividade. É contado em forma de canção. Um trechinho onde se ouve o ‘Rang De Basanti‘:

Pegue alguma terra de meu país, o perfume deste ar… Some o alento de meu ser, a palpitação de meu coração… E o ardor que corre por meu sangue. Pegue tudo isto e misture. Então olhe a cor que aparece…

Trocando em miúdos, eu diria que é vestir de fato as cores do país. Onde o engajamento está acima de credos, de partidos políticos, de ter ou não nascido nessas terras. É por toda a coletividade. A Índia é rica em cores… Em temperos… E o açafrão da Índia traz esse amarelo forte em sua raiz. É um condimento para pratos doces e salgados. Toda a história contada pelo Diário do avô, é tingida nesse tom amarelo.

Voltando… Tudo parecia ter entrado nos trilhos… Mas Laxman se revolta por Aslam está defendendo as cores da pátria. Brigam feio. O que leva a Sue desistir do filme. Pois é, nem tendo uma inglesinha querendo tornar público a história daqueles cinco heróis: Azad, Bhagat, Khan, Rajguru e Bismil. Nem assim, entre eles, ainda perdura a intolerância ao credo, ou a ascendência de outra pessoa. Mas DJ, com seu espírito brincalhão, consegue que ela, eles, voltem às filmagens. O avô de Sue também entra em choque, mas esse com a sua própria religião. Por fechar os olhos diante das injustiças.

Com o filme pronto… Uma tragédia abate sobre eles. E por ela vem a público uma corrupção no alto escalão do governo. Logo com o Ministro da Defesa. Mas em vez de puni-lo… Usam a principal vítima dessa tragédia, alguém que fora um herói… Fazem dele um irresponsável. E durante uma manifestação pacifista, num enterro simbólico em frente ao Monumento dos Heróis… O governo responde com violência. Com isso, os jovens, que até então só tomavam conhecimento da corrupção em breves momentos diante da tv, resolvem agir. Vestem as cores da pátria:

Estes políticos corruptos são um reflexo de nossa sociedade. Nós os escolhemos. Mudemos a nós mesmos para que se produza uma mudança.

A Índia nesse filme é por demais sedutora. As paisagens, tanto diurna, como noturna é de nos deixar em êxtase! De um colorido deslumbrante! De querer viajar para lá. A trilha sonora é outro ponto positivo. A atuação dos atores também. Enfim, um filmaço! De ver com brilhos nos olhos! Onde em certas cenas, minhas lágrimas jorraram. E eu deixo um convite a Todos: ASSISTAM!

Por: Valéria Miguez (LELLA)

Pinta-me da Cor do Açafrão (Rang De Basanti). 2006. Índia. Direção e Roteiro: Rakesh Omprakash Mehra. Elenco: Aamir Khan, Siddharth, Sharman Joshi, Kunal Kapoor, Atul Kulkarni, Alice Patten, Soha Ali Khan, Steven Mackintosh, R. Madhavan, Waheeda Rehman, Kiron Kher, Om Puri, Lekh Tandon, Cyrus Sahukar. Gênero: Comédia, Drama, Histórico, Romance. Duração: 157 minutos.