Pinta-me da Cor do Açafrão (Rang De Basanti. 2006)

Às vezes uma pessoa pode ser empurrada tão longe que alcança um ponto além do medo, um lugar onde encontra uma estranha paz, onde se é livre para fazer a coisa certa, porque isso pode ser a coisa mais difícil de se fazer.

Uma jovem inglesa, Sue (Alice Patten), se encanta com um Diário de seu avó, Mr. McKinley (Steven Mackintosh)… Ele era um militar a serviço da Coroa Britânica na Índia; início do século XX. Em seu relato está a história de um grupo de revolucionários cuja têmpera ele nunca tinha visto antes. Eles lutaram com hombridade pela libertação da Índia. …Ela então quer fazer um filme com essa história, mas tem seu projeto negado com a desculpa que eles são heróis anônimos para o mundo. Logo não teriam retorno em bilheteria. Que eles não foram um Ghandi.

Decidida, parte assim mesmo para a Índia. Com a cara e a coragem. Por lá chegando, ganha o apoio e incentivo da jovem Sonia (Soha Ali Khan). Que já sabia que o projeto fora vetado. A produtora de Londres mesmo dispensara os seus serviços. Ela acomoda Sue na Universidade de Nova Dheli. Depois a leva para conhecer seus amigos: DJ (Aamir Khan), Sukh (Sharman Joshi)i, Karan (Siddharth) e Aslam (Kunal Kapoor). Sue após vários testes frustrantes com candidatos aos papéis principais, vê nesses quatro a encarnação dos heróis que seu avó, apesar de tudo, os admirou:

Sempre acreditei que haviam dois tipos de homens neste mundo. Os que vão ao encontro da morte gritando. E os que vão a seu encontro em silêncio. Mas encontrei um terceiro tipo. Os que caminham a longos passos, de forma decidida, com os olhos brilhantes e sem vacilar nunca.

A princípio, os quatro não entram no clima dos personagens. Por achar utópicos demais. O Campus, já fazem deles alguém admirados. Principalmente o DJ. Esse faz muito sucesso com as jovens. Acontece que o tempo ali dentro já está terminando. Eles terão que enfrentar o mundo fora daquelas cercanias, e no campo profissional. Aslam vem de família muçulmana, mas para os outros não vêem o menor problema.

Eles começam os ensaios. Mas faltava ainda o quinto herói. Quando esse, Laxman (Atul Kulkami), se apresenta a Sue, minhas lágrimas desceram. A cena arrepia! Uma outra com ele e um político próxima dessa, é chocante! Nos faz um convite a refletir com as campanhas políticas em todo o mundo.

O título do filme nos é mostrado mais adiante no filme. Onde o grupo participa de uma festividade. É contado em forma de canção. Um trechinho onde se ouve o ‘Rang De Basanti‘:

Pegue alguma terra de meu país, o perfume deste ar… Some o alento de meu ser, a palpitação de meu coração… E o ardor que corre por meu sangue. Pegue tudo isto e misture. Então olhe a cor que aparece…

Trocando em miúdos, eu diria que é vestir de fato as cores do país. Onde o engajamento está acima de credos, de partidos políticos, de ter ou não nascido nessas terras. É por toda a coletividade. A Índia é rica em cores… Em temperos… E o açafrão da Índia traz esse amarelo forte em sua raiz. É um condimento para pratos doces e salgados. Toda a história contada pelo Diário do avô, é tingida nesse tom amarelo.

Voltando… Tudo parecia ter entrado nos trilhos… Mas Laxman se revolta por Aslam está defendendo as cores da pátria. Brigam feio. O que leva a Sue desistir do filme. Pois é, nem tendo uma inglesinha querendo tornar público a história daqueles cinco heróis: Azad, Bhagat, Khan, Rajguru e Bismil. Nem assim, entre eles, ainda perdura a intolerância ao credo, ou a ascendência de outra pessoa. Mas DJ, com seu espírito brincalhão, consegue que ela, eles, voltem às filmagens. O avô de Sue também entra em choque, mas esse com a sua própria religião. Por fechar os olhos diante das injustiças.

Com o filme pronto… Uma tragédia abate sobre eles. E por ela vem a público uma corrupção no alto escalão do governo. Logo com o Ministro da Defesa. Mas em vez de puni-lo… Usam a principal vítima dessa tragédia, alguém que fora um herói… Fazem dele um irresponsável. E durante uma manifestação pacifista, num enterro simbólico em frente ao Monumento dos Heróis… O governo responde com violência. Com isso, os jovens, que até então só tomavam conhecimento da corrupção em breves momentos diante da tv, resolvem agir. Vestem as cores da pátria:

Estes políticos corruptos são um reflexo de nossa sociedade. Nós os escolhemos. Mudemos a nós mesmos para que se produza uma mudança.

A Índia nesse filme é por demais sedutora. As paisagens, tanto diurna, como noturna é de nos deixar em êxtase! De um colorido deslumbrante! De querer viajar para lá. A trilha sonora é outro ponto positivo. A atuação dos atores também. Enfim, um filmaço! De ver com brilhos nos olhos! Onde em certas cenas, minhas lágrimas jorraram. E eu deixo um convite a Todos: ASSISTAM!

Por: Valéria Miguez (LELLA)

Pinta-me da Cor do Açafrão (Rang De Basanti). 2006. Índia. Direção e Roteiro: Rakesh Omprakash Mehra. Elenco: Aamir Khan, Siddharth, Sharman Joshi, Kunal Kapoor, Atul Kulkarni, Alice Patten, Soha Ali Khan, Steven Mackintosh, R. Madhavan, Waheeda Rehman, Kiron Kher, Om Puri, Lekh Tandon, Cyrus Sahukar. Gênero: Comédia, Drama, Histórico, Romance. Duração: 157 minutos.

Dias Incríveis (Old School. 2003)

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Como eu gostaria de iniciar o comentário sobre esse filme com essa frase: “Meninas, esse é um filme para meninos!”, mas iria parecer uma discriminação; ou até que fosse um aviso para não assistir. Na verdade é um desabafo. Para quem já leu meus textos, pode ver que cito que há muito mais filmes mostrando o universo masculino (E esse, é mais um.). Antes que alguém diga que é óbvio, estou sim registrando o meu queixume: que os roteiristas também poderiam olhar um pouco mais para o nosso lado. Pois também temos (Aqui sendo sobre universo feminino.) histórias interessantes; que não somos apenas objeto sexual… (ou peitos & bundas).

Focando nesse filme…
Há nos Estados Unidos uma forte ligação (Fugiu um outro termo.) com as Fraternidades Estudantis. Como também, muito mais filmes focando os rapazes nessas irmandades; centralizando neles as histórias. E, esse é mais um deles. Daí, me desliguei e comecei a assisti-lo como um sessão-da-tarde. Fiquei surpresa! Embora com um tema tão comum, ele nos leva a uma divertida distração.

Ele traça um curto período onde três amigos (Desde o colegial) se reúnem para uma “despedida”. Um revival: lembranças de quando curtiam a vida adoidado. Pois é! Nesse embalo meio que alucinante, revivendo, ou melhor, vivenciando os prazeres de outrora, acabam por fazerem um balanço na vida atual, e com isso decidirem com qual “bagagem” seguirão adiante com eles. Aqui, eles estão com 30 anos. Como também há por lá, nos Estados Unidos, pesar a chegada dos 40 anos para o homem, pode ser que venham com uma continuação. Ou não, caso a “crise” tenha baixado mesmo para os 30.

Ah, abrindo um parêntese. Em “Beleza Americana” (American Beauty), temos um belo filme retratando essa fase. E se quiserem rir, assistam “Amigos, Sempre Amigos” (City Slickers, 1991), com Billy Crystal. (Não torçam o nariz para esse ator; não nesse filme. Ele faz um cara de “39 anos” – hilário!)

Dias Incríveis“ nos leva a outros filmes, sim. Em algumas cenas, isso é bem explícito. Uma delas, com uma cena de “A Primeira Noite de um Homem” (The Graduate) – muito bom! Diferente do que eu citei ao falar de “Duplex“, quando cenas que nos remete a outros filmes incomodava, aqui não. E por conta dos atores. Houve uma química entre eles. Embora cada um com uma personalidade distinta, há um entrosamento.

O filme começa com o que seria (Ou é!) o mais “certinho” dos três: Mitch (Luke Wilson). Ele com pressa de chegar em casa para encontrar-se com sua jovem e amada esposa (Uma Juliette Lewis, loira!?), até leva um ursinho de pelúcia, ao chegar em casa é pego numa surpresa que o leva inclusive a repensar em seu comportamento até então.

Durante o percurso até a sua casa duas cenas nos mostra a sua preocupação com a segurança: a própria e a alheia. Claro que com estereótipos. Uma, para quem já se viu barrado num detector de metais, ou até já presenciou quem foi, vai rir com o exagero (Sei de um casal, onde o cara passou tranqüilo, mesmo tendo uma torneira de metal dentro da mochila. E a mulher, se viu barrada por causa de um chaveirinho.). A outra, que quando reivindicamos algo sério e elementar, somos taxados pejorativamente. Na cena em questão, com um taxista. Eu, que já sofri num acidente de carro, e por conta de um taxista ter avançado o semáforo, gostei do exacerbo dessa cena. Não sou uma sem noção quando é a minha saúde e vida que estão em jogo.

Então ele sai de casa e aluga uma casa no… Esperem! Voltando um pouquinho para a entrada maior dos dois amigos, e que acontece no casamento de um deles: Frank (Will Ferrel) e Beanie (Vince Vaughn). Até esse casamento confesso que não prestei atenção ao fundo musical. Logo só posso garantir que a partir daí os temas musicais participam do filme. E que foram muito bem escolhidas.

E onde estaria, ou entraria a tal fraternidade estudantil, não é mesmo? É que ele, o Mitch, aluga uma casa no Campus. E para os outros dois aquilo caiu do céu! Onde resolvem curtir esse revival…

Mas… Tem sempre um mas! Farras dentro do campo universitário há que pintar um Reitor. E esse também foi um ex-colega de colégio dos três. Agora, era aquele que sofria com a zoa dos demais. Vai daí, que vê a sua chance de dar o troco.

Bem, já falei demais. Vou deixar que descubram além desses dois mais o Reitor os que irão compor essa irmandade. Porque eles fundam uma nova Fraternidade.

Em tempo! Gostaria de destacar uma canção nesse filme: “Dust in the wind”. Ela é linda!
Não se agarre, nada dura para sempre…
Tudo o que somos, poeira ao vento.”

Enfim, peguem a pipoca e boa diversão! Nota: 09.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Dias Incríveis (Old School). 2003. EUA. Direção: Todd Phillips Com: Luke Wilson, Will Ferrell, Vince Vaughn, Julliete Lewis. Gênero: Comédia. Duração: 91 minutos.