O Diabo Veste Prada (2006). Ou: A Arte de Engolir Sapos

Quando criança somos levados a engolir o choro. Numa de frear mais que nossos impulsos, a nossa espontaneidade. Ali meio que sem saber discernir direito somos levados a saber que no mundo dos adultos há normas demais tolhendo em ser uma pessoa única. Tem mais! Já na fase adulta, e no tocante ao lado profissional da mulher. As cobranças são superiores as impostas aos homens. A nós, um pequeno vacilo toma proporções gigantescas. Não se constrói uma carreira sólida, e de respeitarem seu nome, tão fácil. E para se chegar lá, uma das coisas a se aprender é: de engolir sapos.

Assim, Miranda Priestly (Meryl Streep) não chegou ao topo fazendo concessões, relevando erros de membro da equipe, enfim não sendo “boazinha”. E por que? Era o seu nome que estaria na guilhotina. Seu nome, carreira, reputação e emprego. Se ela cobrava de si mesma total dedicação, também tinha o direito de cobrar também da sua equipe. Principalmente para o posto alcançado. Já que a Moda é algo que muda muito rápido. Com isso, seu cargo estava sempre em risco. Pois os acionistas da Runaway Magazine, como todos em geral, só visavam o lucro. A eles não interessavam toda a trajetória dela. Aliás, os estadunidenses possuem essa cultura do Mercado de Ações.

Miranda meio que se visualizou em início de carreira ao contratar a jovem Andrea “Andy” Sachs (Anne Hathaway). Mas mais pela autencidade da jovem. Em não ser mais uma mera cópia. Até porque para chegar onde chegou, Miranda tinha um talento nato. Andy que até então desconhecia esse mundo da Miranda termina se deixando seduzir. Perdendo até o que lhe era mais caro: namorado e amigos. E principalmente, o seu verdadeiro talento: o de escrever. Era o seu sonho: seguir a carreira de jornalista. Mas não de Moda, nem da Alta Costura. Mas sim das mazelas do dia a dia.

Até que descobre que esse não era o mundo que queria. Se teria que engolir sapos, que fosse no que queria seguir. Pois é algo que não escapamos. Sempre terá alguém que nos leve a engolir. Mas sem sombra de dúvida, nenhum com o charme de Meryl “Miranda” Streep. Ela é ótima! E Andy sabe que valeu a pena esse aprendizado. Ah! O personagem de Stanley Tucci, Nigel, também teve que engoli um dos grandes. Ele também é ótimo!

Um bom filme, até para rever. E a trilha sonora é ótima!

Por: Valéria Miguez (LELLA).

O Diabo Veste Prada (The Devil Wears Prada). 2006. EUA. Direção: David Frankel. Elenco: Meryl Streep (Miranda Priestly), Anne Hathaway (Andrea “Andy” Sachs), Emily Blunt (Emily), Stanley Tucci (Nigel), Adrian Grenier (Nate), Tracie Thoms (Lilly), Rich Sommer (Doug), Gisele Bundchen (Serena), Heidi Klum (Heidi Klum), Valentino Garavani (Valentino Garavani). Gênero: Comédia, Drama, Romance. Duração: 109 minutos. Baseado em livro de Lauren Weisberger.

Marley e Eu (Marley & Me. 2008)

marley-and-me

Assim como eu sugeri sobre o filme “O Caçador de Pipas“, quem ainda não leu o livro, veja o filme “Marley e Eu”, primeiro. Pois pode correr o risco de se desencantar como eu. Confesso que fui assistir, esperando muito mais. Mas já de início, uma decepção. Ele diz que nunca tiveram um cachorro na infância, nem ele, nem a sua esposa. E não sei se por conta dessa mudança, uma outra também me desagradou. A de que a sugestão de terem um cachorro, veio do amigo, e não da própria mulher. No livro esse trecho é tão cativante. Não entendi porque optaram por isso.

kathleen-turner-in-marley-and-me

Passando para os atores… Não sei se por conta da Jennifer Aniston, mas sentia falta do David Schwimmer, o Ross de “Friends”. Owen Wilson não deu química, nem com ela, nem com Marley. Com o cachorro então, parecia até que nunca teve um, ou que nunca gostou de fato de um. Pena! Um outro ator, teria feito muito melhor o personagem. Quem mais se identificou com o Marley foi quem fez o filho mais velho, Nathan Gamble. Esse tem futuro até para fazer uma série de tv, ou com o Marley, ou em remake da Lassie. A que fez a babá do Marley, também não me cativou. Klathleen Turner, que faz a instrutora de cachorros… Não sei se a convidaram por sua atuação em “Mamãe é de Morte”. Mas também foi fraco sua atuação. E confesso que na hora pensei no Damon Wayans, no filme “Pelotão em Apuros”, no que ele fez ao cão-guia de um dos internos. Alguém, nesse estilo teria sido mais engraçado. Afinal, mudaram trechos interessantes do livro.

Assim, quem leva o filme nas costas, é mesmo o Marley! Quem já teve, ou tem cachorro em casa, e mais, que os ama de verdade, em pelo menos algumas das artes, ou seduções do Marley, vai rir ou se emocionar com ele. Agora, quem detesta cachorros… terá um prato feito para continuar não gostando. Eu, que sempre gostei mais das raças caninas de porte médio para cima, me apaixonei por Marley! A ele, dou 10 com louvor. Ao filme como um todo, dou 7,5.

marley-eu-livro

Ah sim! Não deixem de ler o livro. Esse sim vale muito a pena ler!

“Os cães são o nosso elo com o paraíso. Eles não conhecem a maldade, a inveja ou o descontentamento. Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz.” (Milan Kundera)

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Marley e Eu (Marley & Me). 2008. EUA. Direção: David Frankel. Elenco: Owen Wilson (John Grogan), Jennifer Aniston (Jennifer Grogan), Eric Dane (Sebastian), Kathleen Turner (Ms. Kornblut), Alan Arkin (Arnie Klein), Nathan Gamble (Patrick -Age 10), Haley Bennett (Lisa), Finley Jacobsen (Conor – Age 8), Lucy Merriam (Colleen – Age 5). Gênero: Comédia, Drama, Família, Romance. Duração: 123 minutos. Baseado no best-seller homônimo escrito por John Grogan.