O Divisor de Água de Cada um desses Personagens do Cinema!

ratatouilleAo longo da nossa trajetória nos deparamos com ocasiões que ficarão como um divisor de água. Pois de alguma forma trará uma mudança. Ele pode resultar de algo trágico ou não, de vacilos ou não. Como também pode vir de outra pessoa, quer ela saiba ou não. Às vezes um simples toque já é o bastante. É como um ‘Acorda!’ Ou como uma parada para uma revisão do carro para então seguir em frente. O bom é quando nos faz retirar algumas tralhas que só ocupavam lugar em nossas mentes, em nossas vidas. E é por ai nosso papo de hoje. Vem comigo!

Fiquei pensando em qual filme eu traria primeiro. Escolhi então ‘Ratatouille“. Para Remy mais que um ídolo aquele o Chef de Cozinha que assistia pela televisão era seu herói. Tinham algo em comum. Algo que lhes era nato. Dai um acidente de percurso o faz sair da mesmice. Dando-lhe coragem para fazer algo diferente. Muito melhor que ficar se lamentando.

Esses acidentes que o destino nos impõe por vezes é algo duro demais. No filme “O Escafandro e a Borboleta” o personagem ficou só podendo movimentar o olho esquerdo. O filme é um belíssimo exemplo de vida! De alguém que apesar dos pesares ainda pulsava em si a vontade de querer viver. Da tragédia ele fez um livro. Do livro nos presentearam com esse filme. Deixo uma dica: esse é um filme para assistir com tempo e calma.

_dumboSe esses acidentes do destino acontecem ainda na infância se não houver a sapiência de um adulto por perto o trauma será muito pior. Culpas poderão ficar retidas. Se foi por um descuido, por um erro, por algo interpretado errado, cabe a um adulto dar uma mão amiga e guiá-lo no caminho certo. Até para que consiga digerir bem pelo o que passou. Pois se nós adultos somos falíveis, o que dirá uma criança. Na falta de um adulto por perto feliz de quem encontra um amiguinho com mais discernimento. Alguém como o Grilo Falante, em “Pinóquio“. Ou como o ratinho Timóteo em “Dumbo” ajudando-o a superar a separação da mãe. Outros Clássicos da Disney que também trazem esse divisor de água podemos destacar ainda: “Bambi“, “Mogli“, “O Rei Leão“. Saindo do gênero Animação temos “Heidi” e “O Jardim Secreto“, onde ambas as menininhas mesmo se sentindo abandonadas fizeram a diferença na vida das pessoas a sua volta. Lembrando também da “Lassie“, um anjo da guarda canino.

No filme “O Caçador de Pipas” um pai muito exigente não consegue valorizar a veia romântica do próprio filho, por exigir uma postura forte. O menino por sua vez carrega o peso de uma culpa que não tinha, mas que o pai nada fazia para mudar. Sua mãe morrera no parto. Na vida do pai a perda da esposa fora um divisor de água. Mas ele não soube trabalhar o sentimento que ficou. Não tirou lições dai.

um-sonho-de-liberdadeA vida é uma escola! Com os erros precisamos extrair um aprendizado maior. Às vezes a pena a ser paga torna-se maior por conta de ter outras pessoas que continuam errando e levando outras pessoas nisso. Onde em muita das vezes a saída é fingir que aderiu ao sistema. Para então galgar enfim, por fim, a sua tão sonhada libertação. É! Me deu até vontade de rever “Um Sonho de Liberdade” por conta disso. Um outro que também fiquei com vontade de rever é “O Sol da Meia-noite“, onde uma mão amiga num ‘Vem comigo!‘ deixa a escolha de se quer sair dali ou não. Mas em ambos, saindo encontrará esse grande amigo.

A culpa guardada termina gerando um peso maior: o de se sentir tão responsável levando a fazer qualquer loucura. Tal qual como raiva esse sentimento também cega a pessoa. Foi por aí que a personagem de “Dançando no Escuro” seguiu. Ela sabia de que imporia a um filho o mesmo destino que o seu: a perda progressiva da visão. Mesmo assim ela o trouxe a vida. Por querer ser mãe. Mais tarde ao ficar sabendo que num outro país haveria uma chance de pelo menos parar a eminente cegueira do filho, mudou-se para lá. Trabalhando com afinco para conseguir o dinheiro da cirurgia. Mas encontrou pela frente o que já citei acima: uma pessoa que não aprendeu com os próprios erros, e o que é pior, carrega um inocente para o lodaçal em que vive. Assim para essa mãe o sistema fora cruel demais.

Se o inesperado nos leva a parar de repente, que seja pelo menos para uma mudança do carro. Ou quando já não terá mais como mudá-lo, que seja para uma reforma geral. Seguindo por essa analogia o carro seria o nosso próprio corpo; o motorista somos nós como todo; o ritmo ou a velocidade desse carro seria a nossa mente; e digamos que a bagagem, os acessórios que carregamos são as nossas emoções. Então tal e qual uma engrenagem tudo deveria estar em harmonia. Mesmo que alguns componentes fiquem na sombra (Jung…), além de tomarmos consciência que tudo é parte de nós, devemos canalizar aquilo que nos feriu tanto para uma outra finalidade. Pois nossos sentimentos não são de todos descartáveis. São eles que muita das vezes nos levam a ousar, a fazer algo que até então não acreditávamos que faríamos.

crashSe tais acontecimentos veem como um tapa na testa nos alertar de que havia peça podre, great! Um ótimo filme que mostra um alerta desse tipo, até em várias pessoas é o “Crash – Limite“. Eu confesso que chorei muito vendo esse filme. Principalmente na cena do carro incendiando com a jovem lá dentro. Por me fazer lembrar de algo parecido. Onde segundos depois de retirarem alguém que me é muito querido, o carro explodiu. É! Foi punk! A ficcão não é algo tão irreal assim. De repente uma vida pode se perder para sempre.

Mas há quem só a partir dai – de momentos trágicos -, perceba que em trechos de sua trajetória não deu a devida consideração, ou até carinho a quem dele sentiu falta. Então se somente a partir dai irá tentar recuperar esse tempo perdido, terá que aceitar que para o outro podde ainda não ser o divisor de águas dele. Mas como é bom quando combina de o ser para ambos, não é mesmo?! Pois como falei, será um peso a menos a se carregar pelo futuro. Nesse tocante deixo algumas sugestões desses outros filmes. Em “Invasões Bárbaras” e “As Leis de Família” há o reencontro de Pai e Filho, mesmo que para um deles já não há tanto tempo para aproveitar o voltar a ser uma família de fato e de direito. Já em “Magnólia” há muito mais que o pedir perdão. Em “Amores Brutos” e “21 Gramas” também há até o que a falta de diálogos pode acarretar uma sucessão de erros.

Um tema onde há muitos filmes a serem indicados. Quem sabe se voltarei a ele noutra ocasião. Por hora fico por aqui.
See you!

Por: Valéria Miguez (LELLA) (Em 25/07/08).

À Espera de Um Milagre (The Green Mile. 1999)

the-green-mile_posterAs Leis foram criadas para realmente manter uma certa ordem na sociedade, ou para privilegiar certas classes sociais? Se atualmente a Justiça ainda é parcial que dirá nos idos de 1935 para um negro ao sul dos Estados Unidos.

Esse filme, ‘À Espera de Um Milagre‘, também traz o embate entre o Bem e o Mal, mas fora das esferas das Leis dos Homens, do campo Cívil, como dos dogmas religiosos. Já que é fato que as Escrituras foram escritas por homens. Mais que um confronto, é saber que há em cada um de nós, esses dois opostos: o bem e o mal. Onde a questão é saber qual deles é o verdadeiro senhor de si próprio. Qual é a essência da pessoa.

Ele mostra que há também uma força em nosso interior: a de sermos justo mesmo tentando fazer justiça. Mas como se somos regidos por códigos de ética? Alguns tende a pesar as consequências. Por se verem impotentes para quebrá-los. Ou mesmo não tendo tempo hábil para reverter a pena. Quando, ou como quebrar o código já estabelecido? Vai depender da ética que cada um traz em si. E então aplicá-la numa situação onde não se tem muito tempo para pensar.

Agora, como no exemplo do filme, além da cena em si, havia na época toda uma carga discriminatória para um negro. Nem lhe deram chance de se defender. O quadro que os ‘brancos’ presenciaram… não lhes deixaram dúvidas. A sentença se deu ali. O julgamento num Tribunal fora apenas para cumprir formalidades.

Por que há quem simplesmente aceitam suas sentenças mesmo sendo inocentes? Saindo um pouco do contexto do filme, até por conta de toda a carga de preconceito da época, essa aceitação quando ocorre não pode ser vista apenas como um ato cultural. Há de se ter uma outra explicação. Seria pela falta de uma mão amiga em ajudá-lo? Mas então não entraríamos num ciclo em contar com um julgamento ou mesmo uma avaliação de uma outra pessoa? Para o bem ou para o mal, o homem como vive numa sociedade não é tão livre assim, mesmo mantendo uma conduta ética é constantemente avaliado. Inclusive por si próprio.

Voltando ao filme… É meio por ai que surgiu um forte laço entre dois homens. Entre ambos havia a grade de uma prisão. Pior! Pois ela ficava no corredor da morte. Onde não havia mais volta para os condenados. Era só um seguir a fila de espera. Esperando a sua vez de sentar na cadeira elétrica.

De um lado, Paul (Tom Hanks), que era o Chefe da guarda. Alguém que se purificava daquela sua rotina, ouvindo os Clássicos. Por que escolhera aquele serviço, se na essência era um cara bom? Com o desenrolar da história, nota-se que fora uma escolha acertada. Nele, e em alguns outros dos guardas, havia o respeito, e não o sadismo.

Do outro, havia o John Coffey (Michael Duncan). Acusado de violentar e assassinar duas meninas. Apesar de ter um físico enorme, era como uma criança assustada, e dócil. Trazia um mistério consigo. Um poder que não se sentia capaz de tê-lo. E que foi a sua perdição. É preciso de um certo tino para que um dom não vire uma maldição.

Paul foi o primeiro a perceber que havia algo errado ali. Pelo temperamento de John. Não condizia com o que estava escrito nos autos. John por sua vez sentiu que enfim ganhara o amigo que sempre quis ter. Mas que já era tarde demais. Mesmo assim, quis dar a esse amigo a prova da sua inocência. Acontece que isso teria um preço para Paul. Se fora para lhe tirar qualquer dúvida que ainda existia, ou não, o certo que Paul decidiu aceitar. Então… Paul decide com isso dar um outro rumo em sua vida. Atuando nas escolas reformatórias. Não mais no final de linha.

O filme é um tanto claustrofóbico. Por se passar em grande parte dentro da penitenciária. Ele também é mais um a mostrar que a pena de morte precisa de uma Justiça totalmente imparcial, e sobretudo que seja justa. Não sou favorável a ela. Muito embora não creio na correção de um psicopata. Enfim, é um filme que vale muito a pena ver, e rever. Nota 10.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

À Espera de Um Milagre (The Green Mile). 1999. EUA. Direção e Roteiro:  Frank Darabont. Elenco: Tom Hanks (Paul Edgecomb), James Cromwell (Warden Hal Moores), Michael Duncan (John Coffey), Bonnie Hunt (Jan Edgecomb), David Morse (Brutus “Brutal” Howell), Michael Jeter (Eduard Delacroix), Graham Greene (Arlen Bitterbuck), Doug Hutchison (Percy Wetmore), Sam Rockwell (William “Wild Bill” Wharton), Barry Pepper (Dean Stanton), Gary Sinise (Burt Hammersmith), Jeffrey DeMunn (Harry Terwilliger), Harry Dean Stanton (Toot-Toot), William Sadler (Klaus Detterick), Patricia Clarkson (Melinda Moores). Gênero: Crime, Drama, Fantasia. Duração: 188 minutos. Baseado num livro de Stephen King.

O Som do Coração (August Rush. 2007)

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Pode alguém separar uma mãe de seu filho achando que ele impediria a carreira dela? Ainda mais sendo o avô dessa criança? Por conta de ainda não ter nascido, nem um pouco de amor existe para o seu neto? Pois é o que temos aqui, nesse filme. E é essa criança que nos conta essa história.

Às vésperas de completar 12 anos de idade, ainda num orfanato, o pequeno Evan (Freddie Highmore) acredita que seus pais estão vivos. Que a música o levará até eles. E por que a música, se ali no orfanato são impedidos de ouvir? Porque o dom em ouvir a música, ou a musicalidade que há nos movimentos tanto da natureza, como do que foi construído pelo homem, esse dom ele recebeu dos pais. Como ele mesmo diz: “A música está em tudo, basta saber ouvir.” E mais, acredita também que fora concebido ao som, pelo som de uma linda música. E estava certo.

Por conta de uma nova faixa etária, ao ser entrevistado por um do Conselho Tutelar, em lágrimas, pede que gostaria de permanecer ali. Por receio de dificultar os pais de chegarem até ele. E ao ficar encantado com o assobio do cara, que diz que apenas segue o ritmo da música que sai no balanço dos sinos de vento… Ele marca a diferença para o Jeffries (Terrence Howard), que lhe dá um cartão para que ligue para ele sempre que precisar.

Ao voltar ao quarto, em conversa com um amigo, resolve ir ao encontro dos pais. Como um ponto por onde começar, segue para Nova Iorque, a procura de Jeffries. E assim começa a sua longa jornada. De cá, acompanhamos essa trajetória ora com alegria, ora com aflição, mas sem perder o encanto. Quem assistiu “Em Busca da Terra do Nunca” (Finding neverland) irá sorrir com um pensamento do Evan após um pesadelo.

Sempre seguindo a música, ele termina por conhecer o Mago (Robin Williams). Esse reúne crianças de ruas com dons artísticos num prédio abandonado. Mas não é um mecenas. Pelo contrário, é um explorador do talento daquelas crianças. E que o olho cresce diante do potencial talento nato de Evan. Ele quem escolhe um novo nome para ele: August Rush.

Paralelo a isso, sua mãe (Keri Russell) toma conhecimento de que seu filho não morrera no acidente de carro. E se dispõe a procurá-lo. Nessa busca, o destino conspirando a favor, a faz encontrar Jeffries…

August Rush, percebe que com o Mago não irá muito longe. Como se ficando com ele, o som do dinheiro o fará não ouvir o som do seu coração. E esse, quer ouvir o som que o levará até seus pais.

Continuando na busca… ele ouve “Raise it up” e conhece Hope (Jamila Simone Nash). Que nome significativo para que o ajude a seguir em frente!

A cena onde pai (Jonathan Rhys Meyers) e filho se encontram, arrepia! Não apenas por não saberem quem são, mas também pelo talento musical dos dois. Os dois, sentados na praça dão um show para duas pessoas: eles mesmo.

Se alguém já detona um filme por ele ter um final previsível, é melhor assistir outro filme. Agora, irá perder um lindo final! Algo que nossos corações aceleram nos quinze minutos finais.

Dizer que a trilha musical é linda, creio que possa parecer redundante.

Nota: 10.

Por: Valéria Miguez.

O Som do Coração (August Rush). 2007. EUA. Direção: Kirsten Sheridan. Elenco: Freddie Highmore, Keri Russell, Jonathan Rhys Meyers, Terrence Howard, Robin Williams, William Sadler, Marian Seldes, Jamia Simone Nash, Leon Thomas III. Gênero: Drama. Duração: 100 minutos.