Sudoeste. (2011)

Cuidado! Definitivamente, “Sudoeste” de Eduardo Nunes não é para qualquer plateia acostumada aos produtos de fácil digestão ou sequências vertiginosas e barulhentas que infestam as telas. No entanto, está longe de ser pretensioso ou chato se houver disposição para encarar uma experiência nova, intimista e silenciosa. Portanto é necessário esquecer COMPLETAMENTE os celulares (Por que parece tão difícil e doloroso nos dias de hoje?), os cochichos e pensamentos evasivos. Relaxe, respire fundo e tente imergir no estranho e fascinante clima ambientado numa vila pacata, carente e supersticiosa perto do mar.

Magnificamente fotografado em preto e branco num ousado e raro formato panorâmico muito mais estreito do que o usual 2:35.1, valorizando os horizontes das paisagens à larga, as imagens deslumbrantes começam a surgir para contar sem nenhuma pressa a saga de Clarice, uma menina cuja mãe faleceu no parto e foi resgatada em segredo por Dona Iraci (Léa Garcia). A velha é conhecida como bruxa pelo povo da região e atiça a curiosidade das crianças que se aproximam de sua palafita no meio da água para descobrir seus segredos e supostas forças ocultas. Logo, Clarice decide explorar a vila à procura dos meninos e encontra personagens e situações que parece ter vivenciado em algum outro momento.  A partir deste momento, é exigida do espectador uma boa dose de sensibilidade para perceber que não se trata de uma estória ordinária e linear. Clarice, já crescida (A ótima Simone Spoladore) oscila intemporalmente seus momentos de criança e adulta onde encontra personagens que se confundem e convergem com habilidade para um momento chave: Uma situação de violência sexual que irá marcar a vida de Clarice em toda a sua existência. João que é seu novo amigo poderá ter sido seu irmão e algoz num outro momento, bem como seu próprio pai pode ser um estranho ou inimigo disfarçado por uma máscara bizarra de folia folclórica. Os papéis secundários como o da amante vivida por Dira Paes são perturbados pelos acontecimentos aparentemente sobrenaturais, tanto quanto a audiência menos experiente que corre o risco de estranhar este intrincado jogo de cena.

A obra deve ser encarada como um experimento belo, original, onírico, singular e poético sobre um ciclo de pessoas que chegam e partem como o vento do título (Que permeia todo o filme como outros sons da natureza). Definitivamente ou não.

Por: Carlos Henry.

Sudoeste. 2011. Brasil. Diretor: Eduardo Nunes. Roteiro: Guilherme Sarmiento, Eduardo Nunes. Elenco: Simone Spoladore, Raquel Bonfante, Julio Adrião, Dira Paes, Mariana Lima, Everaldo Pontes, Victor Navega Motta, Regina Bastos, Léa Garcia. Gênero: Drama. Duração: 129 minutos. Classificação: 12 anos.

E Se Fosse Verdade (Just Like Heaven. 2005)

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Uma idéia que leva a outra e mais outra...

Creio que alguns roteiros começam assim. Nesse, um roteiro nada original, parecendo recortes de vários filmes. Muito embora é baseado no Livro “If Only It Were True” (Se apenas isso fosse verdade…), de Marc Levy. E nem me refiro aos explicitamente lembrados no início. Como também temas como mediunidade. Em alguém vendo espíritos é bem explorado em Hollywood. A ponto até de plagiar histórias de autores brasileiros; vide “Dona Flor e seus dois Maridos”, de Jorge Amado.

Em “E se Fosse Verdade” é mostrado o espírito de alguém que ainda não morreu. Me adiantei. Melhor contar um pouco da história do filme.

A jovem Elizabeth (Reese Witherspoon) prestes a sair da condição de estagiária do Hospital onde trabalha sofre um acidente entrando num coma profundo. É! Lembra a história da “A Bela Adormecida” (Sleeping Beauty). E onde entraria o príncipe que iria acordá-la? Ele é David Abott (Mark Ruffalo), um jovem arquiteto que aluga o apartamento dela. Os dois acabam se encontrando. Mas…

Após se darem conta de que ela é um espírito meio desmoriado ele tenta ajudá-la a ir embora de vez. Até que ela recupera a memória bem próximo de desligarem de vez os aparelhos onde seu corpo está. Então eles terão que impedir. E a única pessoa que legalmente pode fazer isso é a irmã. Sendo que essa não acredita nem pouco no que David lhe conta.

Enfim, tem um início bonzinho, mas depois entedia um pouco depois. É que a cada virada de cena parece que irá aparecer a cena original de onde veio a “idéia”. Para mim ficou um mediano sessão-da-tarde. Bom mesmo foi ouvir The Cure cantando “Just like Heavem”. Nota: 06.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

E Se Fosse Verdade (Just Like Heaven). 2005. EUA. Direção: Mark Waters. Elenco: Reese Witherspoon, Mark Ruffalo, Rosalind Chao, Donal Logue, Dina Spybey, Ben Shenkman, Jon Heder, Ivana Milicevic. Gênero: Comédia, Romance. Duração: 95 minutos.