Conversas com Meu Jardineiro (Dialogue avec Mon Jardinier. 2007)

Suave como a brisa do amanhecer. É para mim a tradução da sensação ao ver esse filme. Da emoção ao ver o encontro desses dois personagens. Até por ela anunciar um novo dia. Um misto de um arrepio com a surpresa do que estar por vir.

Não, não foi um reencontro improvável entre essas duas pessoas: um pintor e um jardineiro. Por o primeiro ter voltado à casa onde passou a infância. Um lugar onde ambos frequentaram a mesma escola.

Naquele tempo a diferença de classe social não trouxera nenhum empecilho. Ali eram todos alunos. O pintor continuou os seus estudos. O mesmo não ocorreu com o jardineiro. Pois após concluir o básico, parou. Por ter que trabalhar. Algo que ainda ocorre nos dias atuais, e no mundo real. No presente o constrangimento inicial por ocuparem posições diferentes, vai aos poucos sendo quebrado. E através do jeito simples de ser do jardineiro.

Com o falecimento da mãe já há algum tempo a casa ficara abandonada. Por querer um lugar para novas inspirações, assim como por ainda não ter digerido sua separação, mesmo já estando com namorada nova, ele decide passar um tempo por lá. E para não perder tempo com a reforma na casa começa a contratar vários profissionais. Sem esquecer de um para o jardim que era o xodó de sua mãe. Quem se apresenta para essa função é então seu antigo amiguinho de escola.

Eu fiz uma descoberta estranha. Toda vez que converso com um sábio tenho a certeza de que a felicidade não é possível. Já quando converso com o meu jardineiro fico convencido do contrário“. (Bertrand Russell)

O encontro, mais que um reencontro, desses dois já homens feitos nos levará a uma belíssima história de amizade. Entre duas pessoas tão diferentes, mas com algo em comum – sensibilidade e talento naquilo que sabem fazer. E sobretudo respeito a aquilo que não sabem.

Um é muito bom com os pincéis e o outro com as plantas. Eles até decidem se chamarem por: DoPincel (Daniel Auteuil) e DoJardim (Jean-Pierre Darroussin). Esses dois fizeram uma dobradinha ótima. Mérito também de quem os escolheu.

É uma história que daria para discorrer bastante. Pois a cada descoberta de um na vida do outro somos levados a refletir. Principalmente no tempo que damos ao tempo que ainda temos em vida. Como também em não acumular tralhas. Em ter em mãos aquilo que leva ao prazer e não ao desconforto. Ou, por não ter coisa apenas para se exibir. Vale lembrar que ambos já estão numa meia-idade. Que não são mais dois garotinhos.

O DoJardim tem um jeito prático de ser que é admirável. Levando sem querer o DoPincel a saber priorizar a sua vida também. E ele então usa seu dinheiro e prestígio para umas boas causas. Uma delas em arrumar um emprego para um genro do outro. Uma outra… Bem essa deixo para que vejam.

Em suas vidas de casados… DoJardim ainda está no primeiro casamento. Ama e respeita sua esposa. Além de ter uma relação divertida com os genros. Já DoPincel não aceitou ao basta que levou da mulher; agora ‘ex’. E gostou menos ainda de saber que a filha quem deu força e apoio a mãe nessa separação.

Bem, melhor parar para não correr o risco de lhes tirar a surpresa. Embora o filme é de querer rever outras vezes. Além de acompanhar com os olhos brilhando. Há momentos engraçadíssimos. Como também outros onde será difícil segurar as lágrimas. As minhas desceram livres. Filmaço! Nota máxima geral.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Conversas com Meu Jardineiro (Dialogue avec Mon Jardinier). 2007. França. Direção e Roteiro: Jean Becker. Elenco: Daniel Auteuil, Jean-Pierre Darroussin. Gênero: Comédia. Duração: 109 minutos.

E Se Fosse Verdade (Just Like Heaven. 2005)

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Uma idéia que leva a outra e mais outra...

Creio que alguns roteiros começam assim. Nesse, um roteiro nada original, parecendo recortes de vários filmes. Muito embora é baseado no Livro “If Only It Were True” (Se apenas isso fosse verdade…), de Marc Levy. E nem me refiro aos explicitamente lembrados no início. Como também temas como mediunidade. Em alguém vendo espíritos é bem explorado em Hollywood. A ponto até de plagiar histórias de autores brasileiros; vide “Dona Flor e seus dois Maridos”, de Jorge Amado.

Em “E se Fosse Verdade” é mostrado o espírito de alguém que ainda não morreu. Me adiantei. Melhor contar um pouco da história do filme.

A jovem Elizabeth (Reese Witherspoon) prestes a sair da condição de estagiária do Hospital onde trabalha sofre um acidente entrando num coma profundo. É! Lembra a história da “A Bela Adormecida” (Sleeping Beauty). E onde entraria o príncipe que iria acordá-la? Ele é David Abott (Mark Ruffalo), um jovem arquiteto que aluga o apartamento dela. Os dois acabam se encontrando. Mas…

Após se darem conta de que ela é um espírito meio desmoriado ele tenta ajudá-la a ir embora de vez. Até que ela recupera a memória bem próximo de desligarem de vez os aparelhos onde seu corpo está. Então eles terão que impedir. E a única pessoa que legalmente pode fazer isso é a irmã. Sendo que essa não acredita nem pouco no que David lhe conta.

Enfim, tem um início bonzinho, mas depois entedia um pouco depois. É que a cada virada de cena parece que irá aparecer a cena original de onde veio a “idéia”. Para mim ficou um mediano sessão-da-tarde. Bom mesmo foi ouvir The Cure cantando “Just like Heavem”. Nota: 06.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

E Se Fosse Verdade (Just Like Heaven). 2005. EUA. Direção: Mark Waters. Elenco: Reese Witherspoon, Mark Ruffalo, Rosalind Chao, Donal Logue, Dina Spybey, Ben Shenkman, Jon Heder, Ivana Milicevic. Gênero: Comédia, Romance. Duração: 95 minutos.