Bravura Indômita (2010). Eis que nasce uma estrela…

Cheguei a cogitar por esse subtítulo enquanto assistia “Bravura Indômita“: Estórias para boi dormir. Mas eis que nele nasce uma estrela…

Sei que estou remando contra a maré. Um filme tão aclamado, mas que para mim ficou um tédio na primeira metade do filme. Essa nova versão de “Bravura Indômita” pelos Irmãos Coen se fosse para um Livro teria sido perfeita. Mas como filme, só com uns 20 minutos a menos. Ai sim eu concordaria com os demais: críticos e público. Não vi, ou não me lembro de ter visto o original de 1969, com John Wayne. Dai nem posso comparar os dois. Até porque eu nem gosto de fazer isso. Cada Diretor, e Roteirista, segue por caminhos diferentes, mesmo se baseando numa estória única. Fui olhar no IMDb e o original é mais longo. Sinal que enxugaram o filme. Eu que amava esse Gênero – Western -, ainda não me empolguei tanto com os recentes.

Mas será que no original o personagem Rooster Cogburn também alugava os ouvidos da personagem Mattie Ross com suas estórias nada empolgantes? E olha que ela nem suspirava um: Fala, que eu te escuto. Para um Agente à caça de bandidos, ele falava demais nas tocaias.

Bravura Indômita teve um bom início. Uma menininha que veio fazer a diferença. Mattie, a personagem de Hailee Steinfeld. Que a princípio me fez pensar numa certa semelhança com a Vandinha, da Famíla Addams: trancinhas e vestido fechado… Detalhes para uma caracterização do personagem. Desde o início do filme, sua Mattie promete. Até em achar que de nerd passaria para uma Calamity Jane. Hailee quase que carrega o filme todo nas costas. Só não o fez talvez por se sentir intimidada com os demais atores, ou quem sabe por não querer fazer frente aos Irmãos Coen. O que me levou a pensar se com uma outra direção teriam soltado as rédeas dessa pequena grande atriz. Nasceu uma estrela! Vida longa a sua carreira, Hailee Steinfeld!

O filme só voltou a esquentar, quando enfim apareceu o assassino de seu pai: Tom Chaney (Josh Brolin). Esquentou em Ação, mas esfriou em estória. Porque dai em diante era um querer resolver todas as estórias paralelas e foi uma correria só. O personagem do Brolin foi mal aproveitado. Gastaram muito tempo contando as aventuras de Cogburn. Ok! Eu até concordo que a estória desse Filme gira em torno desse personagem. Mas trazendo uma personagem bem jovem – 14 anos de idade -, e muito inteligente, para contracenar com ele, para mim o filme renderia mais não deixando-a apenas de ouvinte. E sim interagindo com ele num aprendizado de caçar um bandido. Ai sim, os vôos seriam inesquecíveis.

Jeff Bridges encarnou muito bem um cara do Velho Oeste. Seu Rooster Cogburn estava bem caracterizado. Assim como Matt Damom com o seu quase empertigado caçador de recompensas LaBouef. Acontece que não deu química entre eles. Sendo salvos pela presença sutil e firma de Hailee. Com discrição e elegância ela foi a ponte entre eles.

Para encerrar, a Trilha Sonora também não me empolgou. Ficou muito distantes da dos Westerns de antigamente.

Nota: 8,5.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Bravura Indômita (True Grit. 2010)

Em termos técnicos, o novo “Bravura Indômita” (2010) é muito bom, e o elenco é excelente, mas como nunca assisti ao original de 1969, tenho como evitar comparações. Não me interpretem mal- existem aspectos positivos neste filme-, mas o mesmo não me tocou.

Pelo que li, Joel e Ethan Coen usaram a fonte original (o romance de Charles Portis), em vez de refazer o filme com John Wayne. Creio que a história seja relativamente igual: uma garota de 14 anos, Mattie Ross (Hailee Steinfeld) vem à cidade para recuperar o corpo de seu pai. Ela também busca justiça pelo assassinato, e quando as autoridades locais não a ajuda, Mattie resolve “empregar” o implacável Marshall Rooster Cogburn (Jeff Bridges) para ajudá-la. Usando persistência e determinação, Mattie acompanha Cogburn e  LaBoeuf (Matt Damon) em uma missão para trazer o assassino do pai à justiça. A história de vingança, valentões rápidos no gatilho e humor negro (não creio que haja na versão, de 1969) dão o tom ao filme.

Os pontos altos:

Não sei o quanto bom John Wayne está na versão que lhe valeu o Oscar de melhor ator, mas Jeff Bridges brilha no papel de Marshall Rooster Cogburn. Não consigo nem colocar em palavras a atuação dele neste filme. Bridges atinge outro nível, do que eu posso chamar de “impressionante.” Pena que ganhou um Oscar no ano passado, por uma atuação tão sem graça, em um filme tão sem alma como “Crazy Heart” (2009), e este ano, provavelmente, ficará de fora das indicações.

A fotografia de Roger Deakins é simplesmente de tirar o fôlego, se colocando no coração da ação e faz a platéia se sentir como se estivesse no deserto com os personagens. Da mesma forma, a música é forte, e muito bela!

Sou fã do Josh Brolin, e achei uma pena que a sua participação nesse filme seja tão pequena- mesmo assim, é marcante, assim como o desempenho de Barry Pepper. Se houvesse um Oscar para os dentes, Pepper iria competir nessa categoria com a magistral interpretação de Juliette Lewis em Convicção (2010). Há uma ótima cena, onde a câmera está olhando para cima em Pepper, enquanto ele está conversando com Bridges. Se pode ver claramente os seus dentes nojentos e a saliva voando para fora da boca. Apesar de sua parte seja pequena, mas é muito memorável.

Os Pontos fracos:

Sinceramente, gostei do tom cômico do filme- o humor negro típico dos Coens, mas há diversas cenas longas, onde os diálogos demoram a ir direto ao ponto. Por exemplo, enquanto a maioria dos personagens – principalmente Mattie -, falam “500” palavras por minuto, Marshall Rooster Cogburn é o unico que diz algo perfeito, no momento certo. E, isso, me fez perder conexão com a narrativa.

Pelo que li, os críticos apontam Steinfeld como a alma do filme.  Sim, ela está bem, e além disso, é uma criança encantadora, mas não senti que ela se transformou em Mattie Ross. Achei apenas uma presença bonita na tela: uma menina brincando de ser atriz, nada de tão especial para Oscar- principalmente ainda levando em consideração que ela não é coadjuvante, mas a personagem principal.

O novo “Bravura Indômita” é certamente uma grande produção, não sei se é um filme melhor do que o original, mas certamente, não é o tipo de filme que gosto de rever!

 

Lançamento no Brasil em 21/01/2011.

Bravura Indômita (True Grit. 2010). EUA. Direção e Roteiro: Ethan Coen e Joel Coen. Elenco: Matt Damon (LaBoeuf); Josh Brolin (Tom Chaney); Jeff Bridges (Rooster Cogburn); Hailee Steinfeld (Mattie Ross); Barry Pepper (Lucky Ned Pepper);  Dakin Matthews (Col. Stonehill); Jarlath Conroy (Undertaker); Paul Rae (Emmett Quincy). Gênero: Aventura, Drama, Western. Duração: 110 minutos. Baseado em livro de Charles Portis.

Dogma (1999)

dogma

O ano de 1999 entre outras coisas, foi caracterizado pelo caos instalado devido à uma profecia de Nostradamus sobre o fim do mundo.

Em 1999 e sete meses,do céu virá um grande rei do terror.
Ressuscitará o grande rei D’ANGOLMOIS.
Antes que Marte reine pela felicidade
”.

E claro, o cinema soube se aproveitar da situação. Filmes como Fim dos Dias, aquela comédia involuntária com ares sérios estrelado por Arnold Schwarzenegger, que se embasava na data citada por Nostradamus (09/09/99) para causar o fim dos tempos; e também aquele suspense amarradinho e bem feito, mas sem muitas pretensões, Stigmata, que tratava justamente do caos religioso com medo de seus próprios dogmas e milagres.

Só que nenhum desses filmes, com o objetivo de tornar o “fim dos tempos” algo comercial, conseguiu um efeito tão brilhante como Dogma. Escrito e dirigido pelo inteligente e ousado Kevin Smith, o que temos aqui não é só uma comédia parodiando o que seria o fim dos tempos, mas também, um enredo que nos instiga a pensar em temas polêmicos e sérios como a fé, a credibilidade da igreja e da bíblia e sobre os dogmas que tem embasado a fé cristã por tanto tempo.

É uma obra realmente atemporal e hilária, lançado justamente num ano onde os sentimentos que o filme brinca ficaram tão evidentes. E nada de vinda do anticristo ou beuzebus ou coisa do tipo.O que causaria o fim da existência seria a tentativa de dois anjos rebeldes de voltarem para o céu. Loki (Matt Damon) e Bartleby (Bem Affleck) foram expulsos do céu, mas encontraram uma brecha nos dogmas religiosos onde poderiam voltar sem problema pra casa. E é onde as piadas começam.

A brecha que encontraram foi na divulgação de um padre, que dizia que todo homem que atravessasse as portas da igreja seria perdoado de todos os seus pecados. Os anjos para se tornarem humanos, precisam tirar suas asas fora. O fato é que, esse lance de atravessar as portas e ser perdoado foi assinado pelo papa, e se o papa assinou, Deus concorda. Dessa forma, se os anjos atravessarem e o mundo acabar, a culpa serão dos seres humanos. Nisso o diretor tira graça de quão estúpidas as pessoas fanáticas religiosamente são.

Seguindo uma conduta cegamente, deixando de lado seu senso crítico ou o mínimo de inteligência, pura e simplesmente para seguir uma religião embasada em fatos descritos por humanos e não por divindades, essas pessoas são o principal alvo das piadas desse filme. Mas que fique claro, o filme não é ofensivo e muito menos pejorativo, apenas lança questionamentos sobre o que esses fanáticos julgam ser a verdade absoluta.

É aí que entra Bethany (Linda Fiorentino). Ela não tem nenhum motivo pra acreditar na fé, pois perdeu a capacidade de ser mãe, perdeu o marido, e dirige uma clínica de aborto, vítima de protestos incessantes de cristãos fanáticos. Ela, a pessoa mais improvável do mundo, é escolhida por Metraton, a voz de Deus (Alan Rickman) para ir até a igreja das portas santas, junto com dois profetas – os personagens mais incríveis de Kevin Smith Jay (Jason Mewes) e Bob Calado (o próprio Kevin Smith) – o 13° apóstolo (Chris Rock) e a Musa Inspiradora (Salma Hayek).

Essas personagens são responsáveis pelos melhores momentos do filme. Uma mulher sem fé e dois drogados escolhidos para salvar a humanidade vão contra aquele pensamento de um ser santo fazer tal tarefa. O 13° apóstolo negro, nos fazendo refletir sobre o fato de o mundo ter a visão de que todos os personagens da bíblia são brancos, mesmo vivendo nos desertos, e sobre a forma masculina de se enxergar Deus. Porque ele não pode ser uma mulher? Porque ele não pode ser Alanis Morisette, como o filme bem brinca.

As ricas personagens de Kevin Smith são encaixadas com perfeição dentro do filme. Cada fala e cada situação na qual são inseridos funciona como crítica ou piada ou discurso. E sendo um filme de comédia, a princípio é complicado de se ver esses temas tão polêmicos e absurdos serem tratados com seriedade. Mas no fim das contas, ele alcança o sucesso. Diferente de tantos outros filmes sérios sobre religião e fé, Dogma com toda a sua cara de pau e ironia, consegue se sobressair com mais eficiência, pois não fica naquilo que já estamos carecas de saber e de ver.

Dogma vai mais além, oferecendo ao espectador uma visão crítica e bem humorada daquilo que acredita-se ser a verdade. E em nenhum momento o diretor de induz a se rebelar contra a igreja e partir pra cima de seus princípios. Ele respeita muito isso, mas também deixa claro que o fanatismo cego a isso não é bom. Cenas onde ele diz que as pessoas não mais vão à igreja por fé, mas sim, por obrigação, ou o anjo Loki rindo das pessoas que ele conseguiu fazer com que virasse ateu (mostrando a facilidade de se moldar a mente por meio de uma bela retórica, bem como padres e pastores o fazem) são bastante eficiente dentro dessa proposta.

O caminho de auto descobertas de Bethany é deveras importante ser lembrado também. Uma vez que Jesus teve 21 anos para assimilar sua missão na terra, ela tem apenas poucos dias. Certamente, a princípio não entende e não quer tal missão, mas só descobrir que ela é uma das herdeiras de Jesus e a coisa toda muda de figura. Ainda mais quando uma mulher, que foi culpada e por tanto tempo hostilizada pela bíblia e ainda como ser inferior em culturas mais ortodoxas do cristianismo, recebe a missão de salvar a humanidade e a existência.

A inteligência de Kevin Smith e a ousadia em subverter personagens bíblicos, fazendo piadas sobre eles e teorizando sobre suas existências no mundo são excelentes. O roteiro, também assinado por ele, é só a prova de seu talento. Ele consegue amarrar direitinho seu filme mesclando o fantástico com o real, as ironias com idéias realmente interessantes e tudo isso, se embasando na bíblia. Sua direção é bastante simplista, mas que preza pelo detalhismo nas gags que causam muitas boas risadas durante o filme.

E se ao termino do filme você se sentiu incomodado com as idéias apresentadas, não esqueça que Deus também tem bom gosto, e a prova disso são os ornitorrincos. Dogma é um excelente filme, e se encarado com a mente aberta e o devido bom humor, há de se entender as piadas e o sarcasmo sem soar pejorativo do diretor. Sou católico, fui criado com educação baseada no catolicismo, creio em Deus, e achei o filme válido, interessante, inteligente e em nenhum momento me senti ofendido.

Recomendadíssimo.

Nota: 9,0
Cotação: *****.

Dogma, EUA (1999)

Direção: Kevin Smith.
Atores: Linda Fiorentino , Ben Affleck , Matt Damon , Salma Hayek , Jason Lee.
Duração: 124 minutos.

Zona Verde (Green Zone. 2010)

O título do filme “Green Zone” é o nome dado a zona internacional do Iraque – uma zona que cobre 10 quilômetros quadrado no centro de Bagdá, e que era o centro da Autoridade Provisória da Coligação e continua a ser o centro da presença internacional na cidade.

O filme de Peter Greengras, Zona Verde é “inspirado” no livro “Imperial Life in the Emerald City: Inside Iraq’s Green Zone”. Embora comercializado como um filme de ação em alguns trailers, é mais um thriller de guerra. Greengrass não tem medo de descer o discurso político, mas dizer que o filme é muito político seria um eufemismo. Pode ser um dos melhores filmes que retratam a era George W. Bush e a questionável invasão, em relação a guerra do Iraque que já vi.

Na verdade, Greengrass narra o filme numa tonelada de câmeras trêmulas e seqüências de ação intensa. Saí da sala de cinema com minha cabeça doendo devido ao uso excessivo!. Além disso, foi duro manter os olhos abertos durante toda a projeção- a tensão foi tanta que me deixou a impressão que se eu piscasse muito, perderia importantes detalhes do filme. Tive a mesma sensação quando assisti o brilhante e tenso “United 93”. Pessoalmente, acho difícil se concentrar nesse tipo de narrativa. Em Zona Verde, o método apura um realismo de estar em uma zona de guerra – e, isso se deve ao naturalismo, e o estilo neo-realista do fotografo Barry Ackroyd -, que deveria ter ganho o Oscar deste ano pelo maravilhoso drama “The Hurt Locker”.

Matt Damon é o subtenente Roy Miller. Sua equipe está no Iraque, na tentativa de encontrar armas de destruição em massa. Apesar das informações de seus superiores sobre uma fonte confiável, Miller começa a questionar a confiabilidade das informações, e começa uma busca para descobrir o que está acontecendo, de verdade. Damon é eficaz, mas o seu Miller é uma versão de Jason Bourne, mas sem crise de identidade e memória. O personagem vai contra o governo para completar a sua missão, e fica a impressão que a escolha do ator para esse papel não foi uma das melhores- pelo menos, no meu simples ponto de vista!.

Brendan Gleeson faz um membro da CIA que quer descobrir as armas de destruição maciça; Greg Kinnear (nada inspirado!) desempenha um consultor do Pentágono, que parece um pouco obscuro; Khalid Abdalla vive um tradutor iraquiano que deseja ajudar seu país. O conflito moral que ele imprime é parte de destaque no filme. E, quase todos no elenco de apoio é crível!

Particularmente, os diálogos entre os personagens soam artificiais, principalmente entre Roy Miller e a jornalista do Wall Street Journal (interpretada por Amy Ryan). Tudo é forçado. Ela está lá para tentar quebrar notícias sobre o envolvimento militar e encontrar as armas de destruição maciça, mas tudo o que ela diz para Miller, parece ter saido de qualquer filme. É meio difícil de explicar por escrito, mas quando eu estava assistindo o filme, pensava no roteiro mais próximo da linha da história, e não senti que a personagem de Ryan fizesse parte da trama. Uma personagem deslocada, que me pareceu saída direto do hospital psiquiátrico de “Changeling” (2008)- na qual, Ryan faz o papel de uma mulher presa e se torna amiga da personagem da Angelina julie.

As cenas de ação são muito boas de assistir e os últimos vinte minutos do filme, temos uma seqüência de perseguição muito interessante, mas o caos é muito alto, de tiros esporádicos, vários veículos e, especialmente, do povo. A agressão sonora, de certa forma, compromete Zona Verde em muitos momentos e sinceramente, posso garantir: não tem ouvido que aguente!.

Devido à natureza do filme, aqueles com fortes opiniões políticas podem não gostar, é tanto que o filme de Greengrass não recebeu atenção do publico norte americano.

INVICTUS (2009). Assim Ele Conquistou o Inimigo…

Uma história de vida que lava a nossa alma!

Nelson Mandela nos leva a ainda ter orgulho da raça humana. Pois ainda há muitas pessoas na face da terra que nos deixa até enojados. Aos mais novos, que mal conhece quem é esse grande homem, terão aqui nesse site uma breve biografia de Nelson Mandela. Os convido-os a ler na íntegra. Aos que conhecem, mas não gostam de Filmes Biográficos, os convido a assistirem ‘Invictus‘. Um filme que me levou às lágrimas, encantada ao longo de todo ele, e que ela rolaram livres ao final. Bravo Mandela! Grata, por ser o que é!

Clint Eastwood estava inspirado ao levar às telas essa versão do livro de John Carlin – ‘Playing the Enemy’ (Conquistando o Inimigo). O título do filme foca no jogo. Por ter sido por ele que Mandela conquistou o seu inimigo mais iminente: os que ainda queriam o Apartheid na África do Sul. Muito embora eu prefira um outro, anterior: O Fator Humano. Por ter sido algo que Mandela disse no filme. Para ele que na prisão quebrou tantas pedras… sabia que tinha diante de si algo muito mais difícil de quebrar: ideias.

Invictus‘ não me deixou focar apenas no filme. Então seguirei assim, ora no filme, ora na História ainda sendo feita. De Mandela, e a nossa. Que ansiamos pelo fim das segregações raciais, culturais… no mundo. E a África de hoje, é onde há muito disso.

Li que o próprio Mandela disse numa entrevista que gostaria de ter fazendo o seu personagem o ator Morgan Freeman. Excelente escolha! Pois Freeman me fez pensar todo o tempo em Mandela. Bravo, Freeman! Sua performance foi magistral! Te parabenizo também por algo que li. Onde sua preocupação com esse papel era mais em cima do que Mandela não pode fazer estando Presidente. Talvez ai lhe veio a inspiração para ter interpretado brilhantemente.

Recentemente levei para um Fórum (Orkut) a temática de uma campanha publicitária de uma cerveja: um incentivo a ser um guerreiro. Mas que pelas cenas era como uma preparação para uma luta campal. E ela foi ao ar pouco tempo após um episódio violento entre torcedores. Claro que esse tipo de violência não fora a primeira. Como também quem já nasce com esse espírito violento não precisa de nenhum incentivo para libertar o lado irracional que traz dentro de si. A mim fica uma preocupação: com as cabecinhas ainda em desenvolvimento. Crianças e adolescentes num ciclo vicioso de perpetuarem a violência. Ai quando a educação de dentro de casa e até mesmo dentro de sala de aula falha, o poder público precisa agir. Como aconteceu há bem pouco tempo nas Casas Noturnas do Rio de Janeiro. Uma rigorosa fiscalização. Inclusive com os nomes dos pit-boys afixados nas portas dos estabelecimentos. Parece que deu resultado. E ao ver um programa sobre as Torcidas Organizadas… o choque foi grande.

Mas por outro lado transcrevendo algo dito por uma amiga nesse mesmo fórum – “Uma canalização lúdica da testosterona para um lado menos mortal ou mais saudável ou lúdico mesmo“… É! Ela está certa. Se conseguirem extravasar numa torcida amigável, vai corroborar em algo que já até escrevi em outros textos. De que o mundo já está armado demais. Há arenas demais. Precisamos urgentemente de um desarme-se! E foi o que Mandela fez: desarmou uma Nação através de um esporte. Mais que uma briga entre torcedores, havia uma Guerra Civil no país. Bravo!

Mandela fez esse desarme pegando o esporte “dos brancos” como o seu instrumental. Deixando perplexos a Todos os sul africanos. Um esporte de Elite até então, o Rugby, foi o fio condutor. E mais do que isso, que trazia a lembrança viva do apartheid. Mas ele queria canalizar toda a fúria querendo vingança, para vibrarem para uma Seleção do país. Foi emocionante acompanhar pelo filme o desenrolar dessa história. Embora o título já entregue o ‘escore’ final… Precisam ver cena por cena desse Campeonato Mundial.

O filme tem início no dia da Libertação de Mandela. Indo numa passagem rápida até a sua eleição. Depois segue como o Presidente da África do Sul até a final da Copa de Rugby. Praticamente um ano da vida desse grande homem. Ano: 1995.

Afinal, se não posso mudar quando as circunstâncias o exigem, como posso esperar que os outros o façam?

Com um pouco mais do filme me veio à mente essa máxima: ‘Não se apanha mosca com vinagre‘. O que seria mais fácil conter: um povo oprimido por longo anos, ou um outro que ainda se sentia encastelado? Mandela precisava chegar a esse lado do povo extremamente arrogante. Tinha então um caminho, mas a mudança deveria partir deles.

Sua ponte veio com o capitão da equipe, Francois Pienaar (Matt Damon). Pausa para falar desse ator. Confesso que não esperava tanto dele. Ainda mais para um esporte tão violento. Até então ele tinha uma carinha de um menino… digamos tranquilo. Mas ele mostrou ser um bravo guerreiro em campo. François tinha um bom caráter, mas com certeza amadureceu muito bem com a pouca convivência com Mandela. Chegou a ir até a cela onde ele fora confinado. E nela, ouvimos o poema que fora a Luz que não deixou que quebrantassem o espírito desse homem por longos anos encarcerado. Ei-lo:

Fora da noite que me encobre,
Negro como o poço de polo a polo,
Agradeço ao que os deuses possam ser.
Pela minha alma inconquistável.
Nas garras das circunstâncias.
Eu não recuei e nem gritei.
Sob os golpes do acaso.
Minha cabeça está sangrando, mas não abaixada.
Além deste lugar de ira e lágrimas.
Só surge o horror da sombra,
E ainda a ameaça dos anos.
Encontra e me encontrará… sem medo.
Não importa quão estreito seja o portão,
Como é cobrada a punição do que está escrito
Eu sou o mestre do meu destino:
Eu sou o capitão da minha alma
.”

O time de rugby tinha um jogador negro. Mandela até faz uma piadinha referente a isso. Ele foi a ponte para levar esse esporte bretão ao povão. Começando com as crianças. E logo chegou aos corações dos adultos. Até então o esporte preferido era o Futebol. Com a final da Copa de Rugby, o país inteiro era uma torcida só.

A África sempre nos faz pensar em excelente Trilha Sonora. E ‘Invictus’ não faz por menos. Aqui, no site oficial, poderão ouvir as músicas na íntegra.

Fica assim a sugestão para conhecerem um pouco de Nelson Mandela. Por esse excelente filme!

Por: Valéria Miguez (LELLA)

Invictus. 2009. EUA. Direção: Clint Eastwood. Roteiro: Anthony Peckham. Elenco: Morgan Freeman (Nelson Mandela), Matt Damon (Francois Pienaar), Tony Kgoroge (Jason Tshabalala), Patrick Mofokeng (Linda Moonsamy), Matt Stern (Hendrick Booyens), Julian Lewis Jones (Etienne Feyder), Adjoa Andoh (Brenda Mazibuko), Marguerite Wheatley (Nerine), Leleti Khumalo (Mary), Patrick Lyster (Sr. Pienaar), Penny Downie (Sra. Pienaar), Sibongile Nojila (Eunice), +Cast. Gênero: Biografia, Drama, Esporte, História. Duração: 134 minutos. Baseado livro de John Carlin: ‘Playing the Enemy’.

Os Infiltrados (The Departed)

Quem estaria enganando quem?

Uma guerrilha entre policiais e traficantes, mas a selva aqui é na cidade de Boston. Como vale tudo nesse tipo de guerra, cada lado escolhe um para se infiltrar no campo do opositor. Além de lhes cobrar relátórios do adversário, lhes deixam pouca retaguarda. Os escolhidos, são Billy Costigan (Leonardo DiCaprio) e Colin Sullivan (Matt Damon). Com a responsabilidades pesando em seus ombros, ciente que estão sozinhos nessa, com o risco de serem descobertos, da morte está sempre por perto, ambos fazem um pequeno balanço de suas vidas.

O DiCaprio cresce nesse filme. Teria sido lapidado pos Scorsese? Ele, ator, está mais seguro, logo o personagem flui melhor. Gostei muito! Agora, quanto ao Matt Damon, achei atuação mediana, mas com alguns picos.

Na quadrilha de traficantes há um único Chefão, Frank Costello (Jack Nicholson). É muito bom vê-lo descaracterizado do “Curingão”, com esse vilão. Pois há personagem que marcam um ator. Esse, para mim, pertence a Jack Nicholson. Agora, estou curiosa para ver o “Curinga” pelo ator Heath Ledger.

No lado dos Tiras… destacam-se: Martin Sheen – Queenan (Bom vê-lo num filme desse naipe. Brilhante, em “Apocalypse Now”!). Alec Baldwin – Ellerby (Atentem para uma cena dele com o Matt Damon, onde dá uns “conselhos” e sendo oposto ao que numa outra o Nicholson diz. Nos leva rir. E pela fala do vilão. Sobre as ex-mulheres. Até lembrei que as “ex” aqui no Brasil, “falam”. (Ex: a ex do Pitta.).

E Mark Wahlberg – Dignam, foi brilhante! Agora, achei que o roteiro forçou um pouco a barra naquele “sumiço” dele. Sem tirar a surpresa para quem ainda não assistiu o filme, e falando para quem assistiu: Fizeram dele um policial “desnorteado”??? Ah! Estou só divagando. Gostei também daqueles sapatinhos branco que o Mark Wahlberg usou naquela cena. Tinha um quê de um ato cirúrgico. Porém lembrando que trata-se de uma refilmagem de “Conflitos Internos” (Infernal Affairs), cujo cenário era a cidade de Hong Kong, ficou um bela homenagem.

Enfim, “os que partiram” contaram, e bem, a história. Ótimo filme! Nota: 10.

Por: Valéria Miguez.

Os Infiltrados (The Departed). 2006. EUA. Direção: Martin Scorsese. Elenco: Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Jack Nicholson, Mark Wahlberg, Martin Sheen, Ray Winstone, Vera Farmiga, Anthony Anderson, Alec Baldwin, Kevin Corrigan, James Badge Dale, David O’Hara, Mark Rolston, Robert Wahlberg, Kristen Dalton. Gênero: Ação, Policial. Duração: 152 minutos. Oscar 2007 de Melhor Filme. Scorsese, enfim levou o seu Oscar de Melhor Diretor.