Trem Noturno para Lisboa (Night Train to Lisbon. 2013)

trem-noturno-para-lisboa_2013trem-noturno-para-lisboa_2013_04Pensamento e ação unos. Assim eram os antigos romanos…

Sou apenas uma admiradora do legado de Jung. Com isso, é muito mais uma visão leiga do pensamento junguiano. Digo isso porque creio que esse filme é um belo exemplo de um de seus estudos. Já que ele traz uma sucessão de eventos cujo final trouxera significado para alguém. Eventos esses que de repente levou um certo professor a sair de sua rotina… Que levaria o nome de sincronicidade. Parece até que o primeiro sinal viera com a caixa de chá vazia. Um simples esquecimento bem casual a muitos, fez com que ele buscasse por uma solução bem fora do comum. O alerta mesmo que diminuto, já deixara o cérebro processando…

trem-noturno-para-lisboa_2013_01O verdadeiro cenógrafo da vida é o acaso, um cenógrafo repleto de crueldade, de compaixão, de fascinante encanto“.

Mas teria sido o acaso que levou aquele professor a passar naquela ponte justo a tempo de salvar aquela jovem de tentar se jogar lá do alto? Mais! Teria sido levado apenas por um impulso que o levou a fazer tudo mais a partir desse episódio? Fora de fato um sinal do destino? Essas são só algumas das reflexões que deixa desde o início e até mesmo pela conclusão de “Trem Noturno para Lisboa“.

As horas decisivas da vida, quando a direção dela muda para sempre, nem sempre são marcados por dramatismos ruidosos. Aliás, os momentos dramáticos das experiências que a alteram são frequentemente muitíssimo discretos. Quando exibem os seus efeitos revolucionários e se certificam que a vida é mostrada a uma nova luz, e fazem silenciosamente. E é nesse maravilhoso silêncio que está sua especial nobreza“.

trem-noturno-para-lisboa_2013_06Uma chuva… um pequeno atraso… eis que avista a jovem já de pé na amurada… corre… a pasta se abre espalhando os trabalhos de seus alunos… o guarda-chuva sai voando até o rio… mas ele então consegue salvá-la a tempo! A jovem em choque, talvez nem acreditando que tomara tal decisão, encontra nele um amparo imediato. Uma segurança para que pudesse concatenar seus próprios pensamentos. Daí segue-o até a sala de aula. Lá, até causa espanto aos alunos vê-lo com a jovem. Tentando não perder o foco, ele dá início a aula.

Deixamos algo de nós para trás ao deixar um lugar. Permanecemos lá, apesar de termos partido. E há coisas em nós que só reencontraremos ao voltar. Viajamos ao nosso encontro quando vamos a um lugar onde vivemos parte de nossa vida por mais breve que tenha sido.”

trem-noturno-para-lisboa_2013_03Passado um tempo, talvez já refeita do susto, ou nem tanto assim já que ao ir embora, a jovem esquece o casaco. Ele ainda tenta alcançá-la, mas ela se foi. Então, vasculhando os bolsos do mesmo, encontra um livro com o carimbo de uma livraria conhecida. Segue para lá, deixando seus alunos sozinhos. Causando espanto até no Diretor do Colégio… Bem, se aquele dia já o fizera sair de sua rotina… Era então seguir pela noite adentro. Que foi o que fez! Pois encontrando uma passagem de trem para Lisboa, e na tentativa de encontrar a tal jovem na estação… ela não estando lá… ele então embarca… E de Berna, Suíça, até Lisboa ele aproveita para ler o tal livro, cujo titulo era “Um Ourives das Palavras“. Apontamentos num diário de um jovem médico em constante ebulição com tudo que o cercava.

trem-noturno-para-lisboa_2013_07Quando a ditadura é um fato, a revolução é um dever“.

Para alguém já acostumado a dormir pouco, passar uma noite lendo seria tranquilo. Talvez até pegasse o trem de volta… Mas a história do livro lhe tocou tão profundamente que resolveu ficar em Lisboa e tentar conhecer os personagens daquele livro de memórias. Pelo menos parte deles que pelo contexto vivenciaram uma parte importante da história daquele país e culminando com a Revolução dos Cravos…

Se descer sobre nós a certeza de que essa plenitude nunca será concretizada, subitamente deixamos de saber viver o tempo que já não pode fazer parte da nossa vida“.

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Embarquemos junto com Jeremy Irons nessa comovente viagem com o seu Professor Raimund Gregorius. Que quase vira um menino levado até pela curiosidade, mas muito mais com o coração aberto que acaba descobrindo também mais de si próprio. Nem precisa dizer que ele está esplêndido! Aliás, o filme também conta com um time de primeira: Mélanie Laurent, Bruno Ganz, Lena Olin, Christopher Lee, Charlotte Rampling… Mesmo tendo como pano de fundo uma História real de Portugal – Ditadura de Salazar -, o Diretor Bille August deixa tudo fluir com um timing preciso entre passado e presente. Como nos versos do tal livro. Deixando até a vontade de ler o livro de Pascal Mercier o qual o filme foi inspirado. Filme para ver e rever! Cujo único senão foi que também deveria ter falas em português. Mesmo assim… Nota 10!

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Trem Noturno para Lisboa (Night Train to Lisbon. 2013).
Ficha Técnica: na página no IMDb.

O Homem Duplicado (Enemy. 2013)

o-homem-duplicado_posterPor Marcos Vieira.
O caos é ordem ainda indecifrada.” É com essa frase que tem início o quebra-cabeça narrativo de O Homem Duplicado. Nele, o professor de história Adam (Jake Gyllenhaal), que vive em um instável relacionamento com sua namorada Mary (Mélanie Laurent), descobre que existe um homem idêntico à ele. Esse duplo é o aspirante à ator Anthony (Jake Gyllenhaal, é claro), que tem seus próprios problemas com sua grávida e desconfiada esposa Helen (Sarah Gordon). O filme trata então dos conflitos que surgem quando Adam descobre a existência de Anthony e quando os dois homens se encontram. Enquanto Adam é tímido e retraído, Anthony é impulsivo e agressivo, e o filme se desenrola a partir do efeito que a revelação da existência do outro tem sobre cada um deles.

o-homem-duplicado_01Mais do que um simples suceder de acontecimentos, a narrativa é montada de forma a colocar o espectador dentro do pesadelo que essas personagens estão vivendo, incluindo aí a namorada e a esposa. Mesmo em cenas que poderiam ser simples, como quando Adam pesquisa sobre a vida de seu duplo na Internet, uma iluminação sombria e uma trilha sonora tensa e impactante constroem um clima de suspense psicológico angustiante. Cortes bruscos e intensos nos momentos de maior desespero das personagens contribuem para esse clima. Além disso, todo o filme é permeado de uma simbologia a priori indecifrável, sendo a principal delas a presença de uma enorme tarântula em alguns momentos. É a presença dessa aranha e de algumas cenas desconexas envolvendo ela e/ou algumas das personagens que dá o tom extremamente surreal da coisa toda. “O Homem Duplicado” é daqueles filmes que deixa o espectador em suspense em relação não apenas ao que vai acontecer, mas também ao que está acontecendo.

o-homem-duplicado_02E o que está acontecendo é o maior enigma desse filme. Você pode acompanhar perfeitamente a sequência de acontecimentos, mas o segredo está em saber o que eles significam. A situação dos dois homens é absurda e nenhuma explicação lógica é oferecida pela história. Em determinado momento, o filme simplesmente acaba, e fica para o espectador a tarefa de tentar prover uma explicação lógica para o que ele acabou de ver. Isso deixa espaço para as mais loucas teorias e infinitas discussões, a exemplo do cult Donnie Darko, também estrelado por Jake Gyllenhaal (coincidência?).

Esse é um filme que vai te deixar com vontade de discutir as possibilidades e ler várias teorias na Internet. Não é por acidente que só estou escrevendo sobre ele uma semana depois de assistí-lo. É isso o que acontece quando um roteiro livremente baseado em uma obra homônima de Jose Saramago. E O Homem Duplicado é dirigido pelo já genial Denis Villeneuve, de Incêndios.

Se não fiz uma análise mais profunda da história nos parágrafos anteriores, foi para evitar a revelação de detalhes que podem estragar um pouco a experiência de quem ainda não assistiu. Porém, não posso deixar de compartilhar com vocês algumas das explicações nas quais pensei. E é por isso que…

Os parágrafos a seguir contém SPOILERS:

É possível estabelecer com razoável certeza que os dois homens são…[Continua aqui.] Voltando

Essas são apenas algumas das explicações possíveis e não é possível afirmar que nenhuma delas é a correta sem sombra de dúvidas, e essa é a beleza da coisa. Antes de escrever esse texto, eu acreditava que essa última hipótese era a mais aceitável, mas durante a escrita da primeira hipótese que apresentei aqui, passei a crer que ela é a que deixa menos pontas soltas. Quantas vezes ainda iremos mudar de versão?

Toda Forma de Amor (Beginners, 2010)

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“Beginners” é um belo filme sobre amor, perda, vida, família, amizades e um cachorro falante (com uso de legendas). O roteirista e diretor Mike Mills me surpreendeu, fazendo um filme que tem um pouco de Woody Allen, com estrutura de filmes como “(500) Days of Summer” (2009), e, gastando apenas 3,5 milhões de dolares.

O filme começa com uma montagem de imagens narrado por Oliver (o sempre talentoso Ewan McGregor), um artista comercial que acaba de perder seu pai (Christopher Plummer). Com fotos diante dos nossos olhos, indo e voltando entre 1955 e 2003, a narrativa cresce e encanta, pois em poucos minuto, eu senti que conhecia Oliver e seus pais por anos.

Para quem é? 

ImagemPara quem gosta de um filme leve, e bem humano, “Beginners” é um aqueles filmes que encantam, e  não apenas por seu teor gay – o pai de Oliver sai do armário, quatro anos antes de sua morte. A mudança no estilo de vida do seu pai veio como um choque, mas sentimentos também a honestidade da relação entre Oliver e o seu pai.

Atores:

Provavelmente, Plummer vai levar o Oscar de melhor coadjuvante, e ele merece, mas seu personagem teria metade da humanidade que tem se ele não tivesse um parceiro de cena tão maravilhoso quanto McGregor. Achei que o filme é “quase” todo astro de “Moulin Rouge!” (2001).

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Na fase depressiva da sua personagem, Oliver conhece uma jovem atriz vivida por linda Melanie Laurent. Há uma atração instantânea entre eles, mas na cabeça de Oliver – por causa de sua melancolia – a relação parece encontrar barreiras. Entre as cenas de monólogo interior, Mike Mills brilha num truque narrativo, acrescando legendas entre o dialogo entre Oliver e o seu cachorro. Essa ferramenta apenas aumenta a forca dramatica de McGregor, que nos dar ainda mais introspecção no processo de pensamento de Oliver e suas decisões privadas.

Bem, o filme ilustra que a vida move rapidamente, e que cada um de nós temos que nos certificar que tevemos viver a vida ao máximo e nos cercarmos de pessoas que que nos ama, e amá-las de volta. E nos faz lembrar que a cada dia é um novo dia, e uma nova vida- sendo assim, posso dizer que somos todos iniciantes, certo?

Nota 9,0

Era uma vez… os Bastardos Inglórios! (2009)

Inglourious Basterds_posterQuando se acha que não tem mais como contar sobre o tema 2ª Grande Guerra, eis que o Diretor Quentin Tarantino vem com algo diferente. Faz um mix de filmes com temas do Velho Oeste, de Baseball, de Gângsters… e o resultado são os ‘Bastardos Inglórios‘. Great!

O filme nos é apresentado em capítulos. E quem nos conta essa história é Samuel L. Jackson. Narrando em off.

Inglourious Basterds_Christoph Waltz Logo no primeiro, ficamos conhecendo aquele que virá a ser a pedra no meio do caminho desses bastardos e dos demais. É o Coronel Hans Landa (Christoph Waltz). Um personagem que quase rouba todas as cenas. Quase, porque tem domínio de cena sabendo dividir bem com o outro ator. Vida longa a sua carreira cinéfila! Eu não o conhecia. Tarantino faz dele um vilão para ficar na história do Cinema.

Inglourious Basterds_Mélanie LaurentNesse mesmo capítulo também conhecemos uma jovem judia que vê toda a sua família ser executada por ordens de Landa. E consegue fugir. Ela é Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent). Mais tarde já com outra identidade – Emmanuelle Mimieux -, terá um importante papel na luta em matar os nazis. E justamente por ter um Cinema.

Esqueçam o politicamente correto para curtir esse filme. Há cenas que mesmo sanguinárias, fica irresistível não rir. Fica difícil não torcer por esse grupo de homens liderados pelo Tenente Aldo Raine (Brad Pitt). Juntos, ele e seus homens formarão uma Tropa muito especial: Os Bastardos. Ou, algo como os Sacanas Sem Lei. Porque trabalharão na clandestinidade. Para essa missão um fator era essencial: de serem judeus. Pois a missão era matar os alemães nazistas sem dó, nem piedade. E fariam isso em solo francês.

Aldo por descender de apaches vai mais longe nessas execuções. Exige de seu grupo o escalpo de todo nazista que matarem. Cada um já terá como tributo: 100 escalpos. Assim eles partem. Espalhando seus modus operandi entre os nazistas. E para aquele que deixam sair vivos, justamente para espalhar o que fazem, deixam algo de lembrança.

Ao ficarem sabendo que um oficial alemão fora preso por matar treze oficiais da Gestapo, vão resgatá-lo. Ele é o Sargento Hugo Stiglitz (Til Schweiger). Ficando mais um nesse inusitado grupo. Se o Sargento Stiglitz gosta de degolar, o Sgt. Donny Donowitz “O Urso Judeu” (Eli Roth) – usa um bastão de baseball como arma para trucidar os nazis.

Michael FassbenderParalelo a isso, da Inglaterra, partiria a Operação Kino. À frente dela, estaria o Tenente Archie Hicox (Michael Fassbender). Winston Churchill (Rod Taylor) está presente nessa convocação. O objetivo dessa missão seria explodir um cinema onde estaria toda a cúpula do III Reich. Seria a pré estréia do filme do Goebbels (Sylvester Groth): ‘Orgulho da Nação’. Sobre um feito do jovem Fredrick Zoller (Daniel Brühl).

Inglourious Basterds_Daniel BrühlZoller ao se encantar por Emmanuelle, tenta convencer Goebbels a transferir a sessão para o cinema dela. Dando a ela a chance de eliminar a todos de uma vez: colocando fogo em seu próprio cinema. Sendo o seu cinema bem menor, facilitaria aos planos da Operação Kino. Acontece que ela não sabia que teria essa ajuda em seu plano. Essas coincidências do destino. Ou seriam viradas do destino!? Enfim, parecia que viria a calhar. Mas…

Inglourious Basterds_Diane KrugerHicox a princípio teria a colaboração direta da agente dupla Bridget von Hammersmark (Diane Kruger), e também da equipe de Aldo. Ela é uma notória atriz alemã. Ciente da avant première, foi quem passou a idéia para a Operação Kino.

Bridget e Emmanuelle também vestem a camisa dos Bastardos: de querer exterminar com os maiorais nazistas. E são ótimas as suas atuações. Destaque para as cenas que ficam cara a cara com o Coronel Landa. Bem, ainda acho que Tarantino deve a nós, mais filmes com mulheres como mostrou nesse. Elas foram brilhantes!

Assim, com o supra sumo de matar toda a nata da ‘raça pura’, incluindo o Hitler, Tarantino consegue nos manter atentos até o final. Filmaço! De querer rever esse longo e sensacional filme! A trilha sonora é espetacular! Uma palinha:

Valeu Tarantino! Que venha logo o próximo!

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds). 2009. EUA. Direção e Roteiro: Quentin Tarantino. +Cast. Gênero: Drama, Guerra. Duração: 153 minutos.

PARIS, de Cédric Klapisch

PARIS_Cédric KlapischParis” é uma colcha de retalhos. Mas não é que no final, o caldeirão heterogêneo de personagens e situações que não tem muito a ver entre si até que quase dá certo!

paris_juliette-binocheJuliette Binoche é a estrela principal e faz a irmã de um rapaz que está prestes a morrer. Há um historiador insatisfeito com a vida que inveja o irmão que julga perfeito, um imigrante ilegal de Camarões, um feirante apaixonado e mais um punhado de pessoas que praticamente só tem em comum o fato de estarem na cidade luz, fotogênica como sempre.

Embora falte foco e tema, a direção de Cédric Klapisch esbanja charme, humor cáustico além de contar com ótimos atores e diálogos inteligentes em situações originais. Relaxe na poltrona e sinta-se como na cidade preferida de Europa, cheia de neve, amores desencontrados, neuroses, risos, lágrimas e gente bonita.

Por: Carlos Henry.

PARIS. 2008. França. Direção e Roteiro: Cédric Klapisch. Elenco: Juliette Binoche (Élise), Romain Duris (Pierre), Fabrice Luchini (Roland Verneuil), Albert Dupontel (Jean), Mélanie Laurent (Laetitia), +Cast. Gênero: Comédia, Drama, Romance. Duração: 130 minutos.

Não Se Preocupe, Estou Bem (Je Vais Bien, Ne T’en Fais Pas. 2006)

nao-se-preocupe-estou-bem_posterUm filme que a vontade é já ir analisando-o. Mas por ser recente, e ainda por cima foge dos mais comerciais, creio que muitos ainda não assistiram. Eu o recomendo para um público mais seleto. Conto o porque mais adiante. E que tentarei não trazer spoilers.

Se eu fosse o definir em uma única palavra, ela seria: mentira.

nao-se-preocupe-estou-bemPor mais bem intencionado, por achar que será uma mentira caridosa, não demorará muito para se ver falando outras, e mais outras, para sustentar aquela primeira. A que disse na intenção de poupar alguém, num dado momento. Talvez, esperando o tempo certo para contar. Ou até que o tempo fizesse esquecer. Sendo que esse, não caberia nessa história.Quando eu falei que o recomendo para um público específico, é que o filme traz a relação Pais & Filhos. Numa família de classe média. Onde não há muito diálogo. Até há, mas são conversas superficiais. Como também há cobranças; e nos dois sentidos.

Parece que alguns pais, meio que super protegem aqueles que não têm muita resistência mentalmente para os percalços da vida. E terminam não conhecendo o filho mais forte mais intimamente. E é por aí que fica a recomendação. Se gostar de histórias assim, o ‘Não Se Preocupe, Estou Bem’, é um bom filme.

nao-se-preocupe-estou-bem_02O filme nos mostra até onde pode levar uma simples mentira. O porque dela ficamos sabendo no desenrolar da trama. Quando bate uma dúvida se teríamos feito o mesmo. Mesmo que não, dá para entender porque fizeram isso. São pais. A questão maior, não é se erraram nisso. Mas sim para uma reflexão sobre essa relação. É preciso dialogar sempre. Como também respeitar que cada um dos filhos, não é, não tem que ser cópia.

Sobretudo, como em qualquer relação, ela é construída no dia a dia. Se adequando as novas realidades. E sempre cada um terá que ceder um pouco para uma convivência salutar. Sem conflitos sérios entre gerações. Para que todos se sintam bem naquele lar. Para que quando chegue a hora de ter sua própria casa, a saída seja pacífica.

Não contei da história do filme. Um resumo: Uma jovem, Elise (Mélanie Laurent), ao voltar para casa, após um período de férias na Espanha, recebe a notícia que seu irmão gêmeo, saiu de casa. Após uma violenta discussão com o pai. Ela se desespera… até que chega a primeira carta dele. Onde entre outras coisas, diz a mensagem do título: Não se preocupe, estou bem.

Os atores estão bem. O cenário é lindo. E a música, Lili, que o irmão compôs para ela, é de querer ouvir várias vezes.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Não Se Preocupe, Estou Bem (Je Vais Bien, Ne T’en Fais Pas). 2006. França. Direção e Roteiro: Philippe Lioret. Elenco. Gênero: Drama. Duração: 100 minutos. Baseado em livro de Olivier Adam.