Eu até que deveria começar com os pontos positivos, mas sendo um evento com um anfitrião no comando, partirei dele. É que eu não gostei da performance de Neil Patrick Harris no geral. Ele até canta bonitinho, mas aí quando entrou o Jack Black no show musical, esse roubou o espetáculo. Harris não tem o carisma de Hugh Jackman, por exemplo, que deu um verdadeiro show quando foi ele o apresentador do Oscar. Eu não sei porque a Academia não retorna com o Jackman. Enfim, saindo da área musical, Harris ao tentar fazer piadas acabou que as deixou sem graça, para não dizer quando nem seria algo cômico. Mesmo que não tivesse sido escrito por ele, faltou-lhe bom senso em vetar certos comentários. Ou, por ser ele realmente sem graça. Um dos episódios onde o que poderia ter sido uma crítica pelos atores do filme “Selma” que não foram indicados, não ficou de bom tom: “Hoje celebramos os mais brancos, ops, os mais brilhantes“, mas se redimiu no decorrer do programa ao dizer: “Agora vocês gostam dele…” pelos aplausos a premiação de Melhor Canção para esse mesmo filme. Mas foi deselegante ao criticar o vestido de uma das premiadas. É! No geral, no mínimo faltou-lhe bom senso. E que para mim não seria mais convocado.
Como citei número musical… Além desse no início homenageando filmes premiados – Neil Patrick Harris, Anna Kendrick e Jack Black -, além dos com as concorrentes ao Oscar de Melhor Canção, outros dois se destacaram. Um pelos 50 Anos do filme “A Noviça Rebelde“. Muito bom que Lady Gaga não tenha mudado os arranjos! Uau! Ela conseguiu atingir a nota em “The hills are alive” como a de Julie Andrews no filme. Um outro foi com a Jennifer Hudson cantando “I can’t let go“, após uma apresentação com atores e pessoas ligadas ao mundo do cinema que faleceram em 2014. Muito bom!
A 87ª cerimônia da Academy Awards foi marcada com discursos em protestos a causas dos direitos civis, aos direitos humanos, a causas feministas… Outro ponto alto do Oscar 2015. Bem melhor do que recusar o prêmio, estaria em ao recebê-lo aproveitar que é ao vivo e de alcance mundial, e protestar. Se houver retaliação da Academia será num depois.
Por conta do vazamento de emails entre executivos da Sony dizendo que atrizes ganhavam menos que atores num mesmo filme mesmo elas sendo mais famosas que seus colegas… Levou a premiada da noite – Melhor Atriz Coadjuvante – Patricia Arquette então clamar “Essa é a hora de ter salários e direitos igualitários para todas as mulheres dos Estados Unidos”, sendo ovacionada pelo público, em destaque pelas câmeras do programa: Meryl Streep e Jennifer Lopez. No geral, as mulheres premiadas aproveitaram também para a importância dos personagens femininos. Abraçando também a causa por equiparação em todos os setores num mundo dominado por machos. Destaque ainda pela reclamação de que no Tapete Vermelho só perguntam às atrizes pelos modelitos e para os atores é sobre o trabalho deles. Boa!
Um outro discurso que merece destaque veio do premiado Documentário, CitizenFour. Por conta de retratar a trajetória de Edward Snowden, eles saudaram a atitude e coragem desse, concluindo: “Sem liberdade não há democracia“. Outro foi com os autores da Canção premiada “Glory“, do filme “Selma“: “É dever de um artista refletir os tempos em que vivemos. Nós escrevemos essa canção para um filme baseado em eventos de 50 anos atrás, mas nós afirmamos que ‘Selma’ ainda existe porque a luta por justiça ainda continua. Vivemos no país mais encarcerados no mundo. Há mais homens negros sob controle correcional hoje do que estavam sob a escravidão , em 1850“. Esse filme além de não ter nenhum de seus atores indicados, também deixou de fora a Diretora Ava DuVernay. Pelo jeito parte significativa dos “eleitores” da Academia devem ser os mesmos que deixaram o Congresso dos Estados Unidos mais “elitizado”. E mesmo tendo votado em um “mexicano” creio que para eles o que contou no filme foi por mostrar carreiras artísticas. Sendo que para mim, Alejandro Iñárritu mereceu os de Melhor Direção e Melhor Filme por ter revolucionado com “Birdman“.
Falando em Iñárritu, houve uma certa troca meio pesada entre Sean Penn e ele. É que Penn ao anunciar “Birdman” como o vencedor, falou: “Quem deu o green card para esse cara?“, indo logo em seguida ao encontro do outro para abraçá-lo, e que foi retribuído. Iñárritu então já no microfone entra na brincadeira dizendo: “Talvez no próximo ano o Governo imponha alguma regra de imigração à Academia… Dois mexicanos em anos seguidos… Suponho que possa parecer suspeito.” (É que Alfonso Cuarón ganhou o de Direção em 2014.). Em entrevista após a premiação Iñárritu falou que há liberdade para isso na amizade entre eles. De qualquer forma, Iñárritu deixou claro num pequeno discurso de que os Estados Unidos é uma nação de imigrantes. Boa!
Um outro destaque vai para o discurso de Graham Moore, premiado em Roteiro Adaptado por o “O Jogo da Imitação” e que vale trazê-lo na íntegra: “Quando eu tinha 16 anos, eu tentei me matar porque eu me sentia esquisito, diferente. É como se eu não me encaixasse. E agora eu estou aqui. Eu queria que esse momento fosse dedicado à criança que está lá fora e que se sente estranha, e diferente, e que sente que não se encaixa em lugar nenhum. Sim, você se encaixa. Continue esquisita e continue diferente. Então, quando for a sua vez e você estiver em pé neste palco, por favor, passe a mesma mensagem“. Bravo!
J.K Simmons, premiado com o de Ator Coadjuvante também fez um discurso emocionante, algo que muitos também gostariam desse tipo de lembrança: “Ligue para sua mãe, ligue para seu pai. Se você tiver a sorte de ter um deles ou os dois vivos neste planeta, fale com eles. Não mande mensagem. Não envie e-mail. Fale com eles por telefone. Diga a eles que você os ama, agradeça”. O mundo está carecendo disso! Bravo!
And the Oscar goes to… “Birdman” levou 4: Melhor Filme, Melhor Diretor (Alejandro Gonzáles Iñárritu), Melhor Roteiro Original (Alejandro G. Iñárritu…), Melhor Fotografia. Pode até acharem que Michael Keaton merecia ganhar até pela idade… Mas Eddie Redmayne, por “A Teoria de Tudo” mereceu o de Melhor Ator. Não tenho muito o que falar para o de Ator Coadjuvante para J.K. Simmons por “Whiplash” é que eu ainda não vi o filme, mas pelos comentários de antes: era vitória certa. Assim como também o era para o de Melhor Atriz para Julianne Moore por “Para sempre Alice” – ela levou o filme nas costas. Também era esperada a vitória em Melhor Atriz Coadjuvante para Patricia Arquette por “Boyhood“, outro que eu ainda não vi. Um filme cativante que até poderia ganhar nas categorias principais caso não existisse “Birdman” no páreo é “O Grande Hotel Budapeste” que eu amei e fico satisfeita que pelo menos saiu com um bom número das estatuetas douradas: Melhor Figurino, Melhor Maquiagem e Cabelo, Melhor Design de Produção, Melhor Trilha Sonora. E que até colocaria o ator Tony Revolori que fez o Zero como indicado ao de coadjuvante por ele ter um que de Chaplin. E para constar, os demais premiados… “Whiplash” além do de Ator Coadjuvante levou também o de Melhor Edição/Montagem, Melhor Mixagem de Som. “O jogo da imitação” o e Melhor Roteiro Adaptado. “Interestelar” o de Melhores Efeitos Visuais. “Selma” o de Melhor Canção, “Glory”. “Sniper americano” o de Melhor Edição de Som. “Operação Big Hero” o de Melhor Animação. “Ida” de Melhor Filme em Língua Estrangeira. “CitizenFour” o de Melhor Documentário. “The phone call” o de Melhor Curta-Metragem. “Feast” o de Melhor Animação em Curta-metragem. “Crisis Hotline: Veterans Press 1” de Melhor Documentário em Curta-metragem.
Então é isso! O erro foi escalarem Neil Patrick Harris. Mas por todos os posicionamentos e pela maioria em causas sérias o saldo foi muito positivo. Até porque nas edições anteriores quando havia algum discurso era quase de uma única pessoa. E quem tiver curiosidade em saber o perfil dos “eleitores” da Academia, segue o link.