Erros e Acertos na Entrega do Oscar 2013.

oscar-2013Com toda a certeza eu não daria um para o anfitrião da 85ª edição do Oscar, o Seth MacFarlane. Chegou a me dar sono num momento, que me fez ir até a cozinha e pegar um café. Se a Academia quis nesse evento homenagear os grandes Musicais, sem dúvida poderiam ter escolhido Hugh Jackman, pois esse canta, dança e encanta! Ainda no campo das homenagens, lembrar os 50 anos de James Bond 007 nas telas, foi merecida. Mas eu tenho que concordar com Rubens Edwald Filho (Acompanhei a cerimônia pelo canal TNT.), que faltou estar ali ao vivo os atores que deram vida a esse personagem. Outro ponto desfavorável aos organizadores dessa grande celebração do Cinema.

De cá, eu aplaudi de fato o Oscar para Quentin Tarantino, por Melhor Roteiro Original. Pelo menos esse teriam que dar a ele. Até porque o pelo Filme, já era carta marcada. Já falo sobre isso. Ainda  com “Django Livre“, é um primor de Filme, onde a escolha do ator Jamie Foxx deixou um pouco a desejar. É que em algumas cenas eu cheguei a pensar se algum novato teria totalizado o personagem, ou até um outro já conhecido, onde nessa hora me vinha à mente Ice Clube. Já a performance de Christoph Waltz foi visceral, o que o levou ao merecidíssimo Oscar de Ator Coadjuvante. Para Quentin Tarantino eu o faria dividir um de Direção com Ben Affleck.

Falando em Ben Affleck… não houve demérito em “Argo” levar o de Melhor Filme. Mesmo parecendo uma premiação de cartas marcadas, como a elevar a moral da tropa, ou mesmo da população estadunidense. O filme é de fato muito bom! Ben Affleck fez um excelente trabalho na direção. Mesmo se conhecendo o final da história, nossa atenção e tensão foi mantida até o final. E se alguém creditar o mérito nos atores, eu citaria um exemplo, e de um filme de um dos produtores de “Argo”, George Clooney, onde esse ele quem dirigiu. Foi em “Tudo Pelo Poder“. George Clooney teve tudo nas mãos para realizar um grande filme, mas faltou a ele o que esbanjou em Ben Affleck: talento na Direção.

Ainda não vi “As Aventuras de Pi“, e mesmo também ainda não tendo visto “Lincoln“, quem levaria o de direção seria Steven Spielberg. Quando eu assistir o primeiro verei se de fato foi merecido o Oscar de Melhor Diretor para Ang Lee. E como a Academia já estava ciente que Spielberg não levaria, poderiam dar a ele um prêmio que faltou esse ano, o pelo conjunto da obra. Que não seria nem uma premiação de consolação, pois se o tema do evento eram Temas Musicais muitos da Filmografia de Spielberg permanecem até hoje na nossa memória cinéfila. Como: “Tubarão”, “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”, “E.T. – O Extraterrestre”, “Indiana Jones””… Bem, se é lenda urbana ou não, vendo Spielberg posicionado bem atrás, nas poltronas, já se visualizava que ele não levaria mesmo esse Oscar.

Spielberg leva então o mérito de ter insistido para que Daniel Day Lewis aceitasse fazer o personagem título do filme “Lincoln“. Com sua performance ele conquista também o Oscar de Melhor Ator. Ainda não vi nenhum dos filmes indicados para essa categoria, mas se Daniel Day Lewis já conquistara outras premiações com esse papel, parece justo então completar a sua coleção com esse Oscar.

Merecido o Filme de Michael Haneke, “Amor“, ganhar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Mesmo só tendo visto esse, o filme além de enfocar a velhice deixa no ar um tema que volta e meia aparece nas manchetes jornalísticas. Trata-se de um spoiler: a eutanásia. Haneke tem esse poder de ser imparcial ao mostrar uma realidade, deixando para nós a reflexão ou até um julgamento do fato.

Tirando Seth MacFarlane, a noite da premiação penderia para o lado masculino, não pela falta de surpresa nas escolhas, mas mais pela satisfação na confirmação do prêmio. Pois uma coisa é sonhar, outra é enfim ver o sonho realizado.

Então, o que dizer da presença feminina no Oscar 2013?

Claro que havendo prêmios distintos para Ator e Atriz as mulheres marcam presenças não apenas pelos modelitos. O Tapete Vermelho da Academia vira um Desfile de Grifes famosas do mundo da Moda. Não sei como se dá a escolha entre Atrizes e Estilistas, mas por conta de alguns vestidos bem que poderiam dar uma aula de como se caminhar com ele. Um exemplo foi quando numa entrevista ver que ao fundo aparecia uma delas andando com o vestido vermelho todo levantado aparecendo até as coxas. Sem contar, é claro, com o tombo da atriz Jennifer Lawrence subindo as escadas do palco. Uma “gata borralheira” dos tempos modernos. Com panos demais, noutros de menos, os Estilistas também deveriam conhecer todo o percurso que as atrizes terão que fazer.

De qualquer forma, além das atrizes que fizeram parte dos shows musicais – em destaque a coreografia da Charlize Theron que deu um show dançando -, a bela voz de Adele cantando “Skyfall” foi o maior destaque no Oscar 2013 pelo lado feminino. Levando o Oscar de Melhor Canção Original para o filme “007 – Operação Skyfall“.

Destaque maior teria sido se em vez de Jennifer Lawrence levar o de Melhor Atriz, tivessem premiado Emanuelle Riva. Não que eu esteja desmerecendo a atuação da outra, até porque eu ainda não vi o filme “O Lado Bom da Vida“, mas a performance da Emanuelle foi um primor. Talvez porque muito pouco dos que votam viram “Amor”. Um outro fator surpresa nessa premiação teria sido o prêmio ir para Quvenzhané Wallis. Mas assim como já era esperado a premiação ir para Jennifer Lawrence, também o era para o de Melhor Atriz Coadjuvante para Anne Hathaway.

Sendo então a premiação para jovens atrizes, já que a encantadora menina Quvenzhané Wallis de “Indomável Sonhadora” não levou, temos uma outra destemida levando o prêmio de Melhor Animação para “Valente“, a jovem Merida. Sendo que essa ganhou vida pela computação gráfica. E um Oscar merecido!

A surpresa mesmo ficou para o final, em quem Jack Nicholson chamou pelo telão. Com isso encerrando as participações femininas nessa 85ª edição do Oscar quem disse o “…and the Oscar go to…” final, no caso para o de Melhor Filme, foi a Primeira Dama: Michelle Obama. Mais indicativo que seria “Argo“, só mesmo se fosse anunciado pelo próprio presidente. Em seu pequeno discurso, Michelle disse:

Bem-vindos à Casa Branca. Sinto-me honrada em apresentar o Melhor Filme deste ano. …filmes que elevaram nossos espíritos, ampliaram nossas mentes. …quero parabenizar todos os indicados pelo seu tremendo trabalho. …os filmes levam as pessoas a voltarem no tempo e viajar ao redor do mundo. lições para os jovens. Todos os dias, por meio de seu envolvimento com as artes, nossas crianças aprendem a abrir a imaginação e a sonhar mais alto”.

Em resumo, o filme que mais prêmios levou foi “As Aventuras de Pi”: Melhor Direção, Melhor Direção de Fotografia, Melhores Efeitos Visuais e Melhor Trilha Sonora. “Argo” levou 3 estatuetas: Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Montagem. E “Lincoln“ que liderava em número de indicações, levou: Melhor Design de Produção e Melhor Ator. Um link com a listagem com todos os indicados e premiados com o Oscar 2013. [em construção ainda; depois serão todos linkados aqui.]

Então é isso! Entre erros e acertos, eu digo que valeu ter visto o Oscar 2013!

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Oscar 2009 – Um toque de calor humano

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Previsibilidade nos vencedores, momentos sentimentais e uma postura cada vez mais politicamente correta ao abraçar minorias ou abrir o leque das nacionalidades. Isso significa que a 81a. Cerimônia do Oscar foi uma mesmice? Não, pelo contrário. Se o conteúdo permaneceu inalterado em relação aos anos anteriores, o formato ganhou originalidade e dinamismo.

A duração próxima das três horas já serviu de alento. Em anos recentes tivemos festas com mais de quatro horas de duração, um absurdo completo. A redução foi obtida com um mesmo astro anunciando vários prêmios técnicos (Will Smith, por exemplo, foi responsável por quatro deles) e dedicando menos tempo à performance das canções originais, resultando num grande aumento da audiência.

Hugh Jackman, como o principal mestre de cerimônias da noite, foi outra grata surpresa. Utilizando seus dotes de cantor e dançarino, não perdeu minutos preciosos com aquela enxurrada de piadas duvidosas, preferindo reciclar a tradição criada por Billy Cristal de anunciar os concorrentes a Melhor Filme através de paródias musicais.

Outra inovação eficaz aconteceu na apresentação dos prêmios de interpretação. Colegas famosos dos indicados, vencedores da categoria no passado, apresentavam cada um deles tecendo comentários sobre seu desempenho, carreira e estilo de representar. Tudo isso reforçou um certo intimismo, conferiu um toque de calor humano e simpatia ao evento.

Por outro lado, a polêmica dessa vez passou longe do Teatro Kodak e de Los Angeles. Não houve surpresas nos vencedores, sequer se pode dizer que alguém tenha sido injustiçado. Toda alegação nesse sentido acabará apenas esbarrando na subjetiva questão do gosto pessoal. Sean Penn ou Mickey Rourke? Kate Winslet ou Anne Hathaway? O Curioso Caso de Benjamin Button merecia algumas das estatuetas destinadas a Quem Quer Ser Um Milionário? Em termos de Oscars essas são discussões eternas, nunca haverá consenso ou bom senso. Nenhuma premiação é criada para estabelecer verdades absolutas, sendo que a Academia nunca se esquivou de equilibrar arte, comercialismo e emoção nas suas láureas.

Assim, Heath Ledger talvez tenha sido, nesse sentido, a maior síntese da requintada noite de domingo. Seu prêmio foi artisticamente merecido (olha a subjetividade de novo), garante um retorno financeiro adicional e marejou o olhar de muitas celebridades ou anônimos. Os direitos civis felizmente continuam em alta ganhando mais um reforço ao consagrar o talentoso Sean Penn, no papel do ativista gay Henry Milk. A cultura indiana (a Globo agradece) abriu às portas de Hollywood à Bollywood, conferindo oito prêmios ao citado Quem Quer Ser um Milionário, demonstrando que etnias antes segregadas cada vez são mais bem vindas.

Haverá atualmente maior demonstração acintosa dos efeitos da globalização, que esta vinda da capital do cinema em sua festa máxima?

Por: Roberto Souza.  Blog: Cal&idoscópio.