Blade runner – o caçador de andróides

Passadas mais de 2 décadas, o filme é um cult-classico-fantástico que beira a ingenuidade ao discutir a tal humanidade e para quem realmente gosta de Ridley Scott .
Ouvir Vangelis enquanto assiste o futuro do mundo e alta tecnologia é uma coisa que dificilmente haverá outra geração de produtores no cinema porque apesar de tudo o resultado final parece um trabalho artesanal feito com o maior cuidado.
Tampouco nao saberia avaliar qual seria a reação do pessoal que assiste o mais recente sucesso de bilheteria em 3 D. Provavelmente achariam um quase tédio.

O filme é uma mistura de várias épocas para descrever o que seria o mundo no ano de 2019 quando provavelmente estaríamos vivendo também em outros planetas. Rick Deckard (Harrison Ford) é um elegante, duro e dedicado policial, saído do genero noir que missão de proteger a sociedade de andróides ou replicantes.

Os andróides são máquinas hibridas desenvolvidas em laboratórios, cabendo a eles o trabalho pesado para preparar o ambiente espacial – planetas para os homens habitarem. O problema é que envolve colonização: a útil servidão de qualquer um ate que ela se torne um problema social fora de controle que precisa ser eliminado.
Tyrell Corporation domina a industria dos andróides. Na ânsia de querer mais, cria os modelos Nexus 6, fisicamente idênticos aos humanos, porem são mais fortes e ágeis e pior alguns deles tem sentimento. São conhecidos por replicantes, já que um dia um grupo deles fez rebelião e foram expulsos da terra, sendo obrigados a morar em outro planeta.
São máquinas instáveis, com capacidade alta de agressividade que vive no máximo 4 anos e precisam ser combatidas por uma equipe especial de policiais: os blade runner.

Os replicantes são na verdade uma analogia ao “monstro” criado por Frankenstein (de Mary Shelly) – medonho, deformado, mas com incrível capacidade de amar, sentir, sofrer e que precisa de seu criador e pai para existir.

Um grupo de replicantes faz nova rebelião, retornam a terra em busca de seu criador para tentar aumentar seu período de vida e fugir da morte próxima.
A Tyrell Cop. convoca Rick Deckard – aposentado – para essa missão.
Cada andróide é caçado, mas parece que quanto mais passa o tempo nessa caça, mais humano e inteligente eles se tornam enquanto o homem se transforma num ser irracional. Inversão de valores inadmissíveis, mas possíveis.
Rola amor: Rick se apaixona pela sobrinha do big boss da Tyrell Corporatios – surpresa para ambos: ela é uma andróide, e como andróide tem curta duração de vida. Rick decide viver intensamente com ela enquanto ela durar (durar por que é uma maquina).

Sentimento e compreensão entre os andróides Roy Batty (Rutger Hauer) e Pris (Daryl Hanna) enquanto eles durarem.

Dos androides, Roy Battey inverte a situação torna se o caçador, enquanto Rick vira a caça e corre para qualquer lugar para tentar se manter vivo. Na fuga, Rick escorrega e fica suspenso no abismo se segurando em qualquer coisa, quando Roy aparece para ver a agonia:
– Quite an expirience living in fear isn´t? That is to be a slave ….

No final quando está para despencar no abismo, Rick é salvo por Roy – que continua o monólogo:
– i´ve seen things U people wouldn´t belive … attack ships on fire … .. all those moments will be lost in time like tears in rain …

Pode se pensar tudo o que talvez Rick tenha pensado e sentido nos poucos minutos que passa ao lado de Roy ate concluir que ele nao venceu a batalha por que Roy morre e leva com ele os poucos sentimentos que Rick descobre depois.


…time to die

O filme, rodado com cenário futurista, cores escuras num som mirabolante do Vangelis comove, dependendo da ocasião rola uma lagrima porque fala de sentimentos que não temos mais, de gestos que esquecemos de praticar. Esquecemos de nós.

Genero: ficção
Direção: Ridley Scott
Origem: EUA , colorido, 117 min
Elenco: Harrison Ford (Dick) , Rutger Hauer (Roy Batty), Sean Young (1 – Rachael)
Daryl Hanna (Pris)
Warner Home Video

Soundtrack:

1. Love Theme
2. Main Title
3. One More Kiss Dear
4. Memories Of Green
5. End Title
6. Blade Runner Blues
7. Farewell
8. End Title Reprise

Recomendadissimo. Se assistir uma vez, pode apenas ligar o cd com as musicas e viajar nas próximas.

Criz Barros

Batman Begins (2005)

batman-begins_cartazBatman Begins é o 1º filme a mostrar como ocorreu o assassinato dos pais de Bruce Wayne como é realmente nos quadrinhos. A situação também foi mostrada em Batman (1989), mas com o personagem Coringa como autor do crime, o que não ocorre nas HQs.

BATMAN BEGINS (Batman, o início ou, literalmente, Batman começa) deixa a desejar. Tem muita ação para pouco conteúdo. Nada resta da psique atormentada que Tim Burton atribuíra ao personagem em Batman I. O Batman de Christopher Nolan é, nesse sentido, uma planície sem profundidades. Pior porque de Nolan – que dirigiu o excelente Amnésia – sempre faz o espectador esperar mais. Mas o que oferece é um pastiche.

A história tenta inovar: Bruce Wayne (Christian Bale) vê os pais serem assassinados e, cheio de fúria, resolve estudar a mente criminosa para fazer justiça e punir os criminosos. Antes de virar o homem-morcego, vai a um mosteiro oriental de uma seita de fanáticos autoproclamados justiceiros, a Liga das Sombras, de onde sai perito em técnicas de combate, em artes ninja etc., ensinado por seu orientador interpretado por Lian Neeson. O espectador medianamente conhecedor de cinema logo reconhece o tema do homem que vai a um mosteiro zen e volta de lá conhecedor de habilidades combativas e com certos poderes psíquicos: citação descarada a O Sombra (The Shadow).

batman-beginsA partir daí Bruce, sempre acompanhado pelo mordomo Alfred (Michel Caine, soberbo como sempre), transforma-se em Batman, personalidade tirada de seu medo por morcegos. Outro que o ajuda é um inventor ou sujeito a cargo de inventos militares, interpretado por Morgan Freeman, aliás em personagem que nos faz lembrar logo de Q., inventor das engenhocas de James Bond. Por fim, há o sargento O’Hara (antes de subir de patente), encarnado pelo camaleão Gary Oldman. E lá vai Batman combatendo o crime organizado. Propositadamente o clima é “sombrio”, mas eu diria que é mais “escuro” – Nolan não soube traduzir em imagens a “sombriedade” de Batman, ao contrário de Burton, que faz de Gothan City uma representação exterior da alma sinistra de Batman (um velho truque do expressionismo alemão). Não só Gothan era o espelho de Batman, também o Asilo Arkhan (nome de uma cidade amedrontada por feiticeiros num filme de Roger Corman) reproduzia a loucura sem disfarces que poderia ser a alma de Bruce Wayne, não fosse sua sublimação – em Arkhan estão aqueles que afundaram no inferno de Tanatos e a ele sucumbiram. Mas aqui Gothan é só uma cidade corrupta e futurista. Ponto pra Burton. No meio da história surge o Espantalho causando medo com uma substância criadora de pânico.

O próprio Batman é uma figura decepcionante nas mãos de Nolan. Primeiro porque Christian Bale lembra George Clooney, que encarnou o neo-vampiro sob o feérico Joel Schumacher – e afundou Batman, numa concepção bem emo. Além do mais Bale está péssimo sob a máscara do morcego. Em close mostra uma cara gorda. Batman merecia mais respeito, sobretudo porque a idéia era partir da HQ de Frank Miller “O cavaleiro das trevas”, que ressuscitou Batman.

batman-begins_01A psicanálise nem tem nada a fazer aqui. O Batman de Nolan não tem profundidade que sirva a uma análise, no máximo daria para uma “interpretose”. Burton faz o espectador entender que Batman é tão cruel quanto os psicopatas que combate, porém se redime porque sua agressividade, sua pulsão de morte, está a serviço da justiça, logo da pulsão de Eros e da vida. O Batman de Nolan age por raiva inexplicada, já que ninguém vira vingador porque viu os pais serem assassinados. Pode virar policial, advogado ou criminoso, sabe-se lá. Mas o motivo é muito fraco, isso desde que Bob Kane criou o personagem e teve problemas com a censura americana por causa da violência do morcegão. Parece que só Miller – e Burton – sacaram que Batman encontra na morte dos pais o significado (da qual o Batman é o significante) para soltar as feras.

Batman Begins termina prometendo a aparição do Joker ou Coringa. E ele aparece em Cavaleiros das Trevas…

Saudações Vampirescas.

Por: Vampira Olímpia.

Batman Begins
Direção: Christopher Nolan

Gênero: Aventura, História em Quadrinhos, Ação, Suspense
EUA – 2005

Blade Runner – O Caçador de Andróides (1982)

Em 84 meu melhor amigo comprou um vídeo K7, chamou-me para escolher uma fita. Pedi Blade Runner. Mas que filme é esse? Assista e verá. Primeiro porque é inclassificável. Drama? Suspense? Science Fiction? Ação? Noir? É tudo e ao mesmo tempo nada. Sacou?

Estamos em uma soturna Los Angeles de 2019, megacidade. Dominada pelos orientais na linguagem e tecnologia, os estratos sociais estão amontoados, de baixo para cima. Chove. Estamos à procura dos replicantes. Andróides rebeldes, criados para missões especiais em colônias interplanetárias. Baseado no “Andróides sonham com carneiros elétricos?” do mesmo autor de “Minority Report” que o Spielberg estragou e o Tom Cruise só maquiou.

Feito um questionário para identificar esses seres superiores no físico e no intelecto humanos. Eles são desprovidos de emoção. Avaliam as reações da pupila com as perguntas. Que habitualmente são coloquiais e depois é inserido um fator diferente. Deckart é o melhor caçador. Homem desiludido. Tem que encontrar 06. Três casais.

Daí em diante o roteiro é incrível. Cada personagem é mais fascinante do que o outro. As mulheres simbolizam arquétipos femininos. A boneca, a lutadora e a dona-de-casa. Daryl Hannah em breve aparição está linda fazendo “palhacinho”, aquele salto para trás da capoeira. A mulher fatal carrega uma cobra no pescoço, quer algo mais fálico? E Sean Young simplesmente maravilhosa com o penteado do século XIX, idêntico a minha bisavó Otávia… Sua interpretação é poética. Ela não sabe que é uma máquina e a cada momento torna-se mais humana… Teria ela prazo de validade, como todos nós?

Adoro a cena da esper-machine. Artefato que decompõe uma foto ao comando vocal. Gira os ângulos, aumenta diminui, foca e imprime. Enorme surpresa quando identifico dois quadros de pintores, Vermeer e Van Eyck. Que show! O caçador, vivido pelo homem-bilheteria Harrison Ford (dos dez filmes mais vistos ele está em seis…) vai matando, eliminando, ou melhor; aposentando um-a-um. Fuzila a esvoaçante dançarina, é ajudado por Rachel –a parceira- em detonar o brutal e vê de encontro com o mais perfeito deles.

Antes de avaliar o desfecho deslumbrante, seria Deckart o último replicante? Seriam suas memórias falsas, implantes daquele policial mexicano, com cara de chinês e olhos verdes? Exemplo mais multirracial que esse, impossível! Os origamis –dobraduras de papel- representariam a vida real, no chão, depois o homem e a missão e por último o sonho? Respectivamente a galinha, o macaco e o unicórnio.

Ouvindo uma trilha sonora de arrepiar e emocionar o mais duro dos homens, Rutger Hauer persegue uivando Deckart. Ele sabe que é o seu canto de cisne. Enquanto o policial tropeça, machuca e se borra todo, o loirão é soberbo. Seu salto é olímpico. E o gesto de salvação e a pomba voando é como lágrima na chuva. Mistura de emoções. Vangelis, o músico grego, ao fundo. Sugiro fazer amor , ouvindo o CD inteiro, com chuva lá fora e vinho dentro.

Quem somos além de nossas memórias e vivências? Humanos, falhos e maravilhosos.

O que há de bom: enredo profundo e atores perfeitos nos papéis, difícil escolher a melhor atuação.
O que há de ruim: existem duas versões, a de 82 do público e a de 90 do diretor, para DVD, são diferentes no final, obrigatório assistir ambas.
O que prestar atenção: se você se encontrasse com o seu criador, o que faria?
A cena do filme: existe algo mais nobre e humano do que salvar a vida do inimigo?
Cotação: filme excelente (@@@@@) imperdível.

Por: COBRA.  Do Blog  ‘C.O.B.R.A.

Blade Runner – O Caçador de Andróides (Blade Runner). 1982. EUA. Direção: Ridley Scott. Elenco: Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young, Daryl Hannah, Edward James Olmos, Joel Turkel, M. Emmet Walsh, William Sanderson, Kevin Thompson, Brion James, Joanna Cassady, James Hong. Gênero: Ação, Drama, Romance, Sci-Fi, Thriller.  Duração: 118 minutos. Baseado no livro “Do androids dream of eletric sheep?” de Philip K. Dirk.