Simplesmente Acontece (Love, Rosie. 2014)

simplesmente-acontece_2014Eu resolvi fugir do lugar comum, do meu é claro, e começar falando da Trilha Sonora de “Simplesmente Acontece“. Primeiro porque as músicas parece terem sido escolhidas a dedo tamanho é o casamento entre cada uma delas com a respectiva cena do filme. Depois mesmo sem ser um Musical, além de destacar também a passagem do tempo na história, de deixar uma sensação de “minha vida tem trilha sonora“, de quase como uma pausa para um café… É que para mim a Trilha Sonora veio como o diferenciador de ambas as mídias: o filme do livro o qual foi inspirado (“Where Rainbow’s End”, de Cecelia Ahern). Só por conta dela eu já daria os parabéns ao Diretor Christian Ditter! Agora, pelo filme por um todo,  seguem também os votos de uma carreira longa!

A nossa vida é feita de tempo. Nossos dias são mesurados pelas horas… Agarramos uns minutinhos do nosso dia sempre ocupado… bem lá no fundo você se pergunta se… foram gasto da melhor maneira possível.”

simplesmente-acontece_2014_00Em “Simplesmente Acontece” temos sim todos os clichês de uma Comédia Romântica: o “casal” que até levam um tempo para admitirem que estão apaixonados um pelo o outro… o “causador” de um afastamento entre eles… Por aí! Assim, é um filme para os que também amam esse gênero. Que mesmo assistindo sem barreiras, fica um querer que ele traga um diferencial ao mostrar sua história nos levando a se encantar! E nesse tem um sim! Que é o tempo que se vive durante essa tal “separação”. Que diferente da “Cinderela” que dormiu por décadas… A protagonista aqui encarou de frente a virada do destino…

Acho que a vida gosta de fazer isso com a gente de vez em quando; te joga num mergulho em alto-mar e, quando parece que você não vai suportar, ela te traz pra terra firme de novo.”

simplesmente-acontece_2014_02Aliás, há uma tirada ótima sobre as protagonistas dos Contos de Fadas com a realidade das mulheres. Num mundo ainda machista, até em se farrear – beber, transar… – ainda na adolescência pode não ser encarado como uma “despedida” antes de encarar as responsabilidades da fase adulta da vida. Ponto para o suporte que vem por pelo menos um dos próprios pais. Que nessa história vem da relação dela com o pai. Pode até ser um clichê… Mas que não deixa de ser um porto seguro importante na vida de um ser que ainda tem muito a aprender. Destaque também para a atuação de Lorcan Cranitch!

Como a vida é engraçada, né? Bem na hora que você pensa que está tudo resolvido, bem na hora em que você finalmente começa a planejar alguma coisa de verdade, se empolga e se sente como se soubesse a direção em que está seguindo, o caminho muda, a sinalização muda, o vento sopra na direção contrária, o norte de repente vira sul, o leste virá oeste, e você fica perdido. Como é fácil perder o rumo, a direção…

simplesmente-acontece_2014_01Muito embora não se tratando de um Suspense, muito embora tenha ficado com vontade de esmiuçar a vida principalmente dos dois protagonistas, Rosie (Lily Collins) e Alex (Sam Claflin), optei em não trazer spoiler. Até porque o filme também mostra que no mundo de hoje muito do que fica exposto pela internet não é a visão real de cada pessoa: seu dia a dia, seus dramas, seus choros, nem seus momentos felizes. E nem se trata de mentir, muitas das vezes trata-se de omitir. Tal qual Rosie fez em não contar a Alex ao ganhar uma bolsa de estudos e indo então morar nos Estados Unidos. Para Alex nem seria ir atrás do american dream… nem meio que para fugir do cotidiano bucólico de onde cresceram… a questão que ficando ali seria como caminhar pelos pés do próprio pai… Ele queria mesmo ser protagonista da própria história. Ele até tentou colocar Rosie nesse contexto, mas…

Você deveria sair e se divertir, parar de carregar o peso do mundo sobre as suas costas. E parar de esperar por ele.”

simplesmente-acontece_2014_04Rosie e Alex se tornaram amigos ainda no Jardim de Infância. Meio que subvertendo a ordem das coisas onde nessa fase já começam se separar meninas de meninos, a amizade deles os levaram até a trocarem os assuntos mais íntimos. Com isso, até o fato dele ir morar em outro continente ajudou nessa sua tomada de decisão… Seria então algo importante demais em sua vida que não iria compartilhar com Alex. Tudo mais continuaram a compartilhar muito mais via internet… Para Rosie deixá-lo ir era que pelo menos um deles pudesse ir atrás do próprio sonho… Onde o dela seria em ter seu próprio hotel, mesmo que um dos pequenos… Sonho esse que seu pai a incentivava, e que nem seria para não mais trabalhar em abrir portas para os hóspedes do hotel de luxo, mas sim em se livrar do gerente que vivia controlando os horários de todos… Mas…

Às vezes você não percebe que as melhores coisas que irão lhe acontecer estão bem do seu lado…”

simplesmente-acontece_2014_03Bem, se o destino pregou uma peça em Rosie, algumas até bem tristes… Ele também foi generoso… Lei da compensação? Talvez por um olhar a vida por um outro ângulo… E quem sabe assim descobrir certos “presentes” advindos desses dramas que o destino nos impõe… Alguns deles, seriam tremendos spoilers… Assim, até seguindo pelo pano de fundo em “Simplesmente Acontece” que é o tempo… Rosie ganhou uma grande amiga, Ruby (Jaime Winstone). Uma amizade que veio para ficar! Ah! O tempo também mostrou a Alex o significado dos seus “sonhos estranhos“…

Estou tentando encontrar sentido na frase ‘tudo tem uma razão para acontecer’, e acho que descobri essa razão: para me irritar.”

Em “Simplesmente Acontece” tudo está em uníssono! Além da Direção de Christian Ditter e da Trilha Sonora já citados no início… Atuações, com total química entre eles! Um Roteiro afinado, e assinado por Juliette Towhidi; que talvez até por ser de uma mulher conseguiu não deixar cair nos esteriótipos principalmente os personagens femininos. Não tem como não se encantar em especial por Rosie! Um filme que além de me deixou vontade de rever, também me fez querer ler o livro. Nota 10!

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Simplesmente Acontece (Love, Rosie. 2014)
Ficha Técnica: na página no IMDb.

Curiodades:
– O livro do qual o filme foi baseado é o “Where Rainbow’s End”, de Cecelia Ahern, e de 2004. Foi publicado no Brasil em 2006 como “Onde Terminam os Arco-Íris”… Mas com o filme, o livro volta com nova roupagem: título igual “Simplesmente Acontece” e com os personagens do filme na capa. E Cecelia Ahern também é autora do livro que inspirou o filme homônimo “P.S. Eu Te Amo”, de 2007″. 
– As frases do filme que permeiam esse meu texto eu as trouxe daqui:
http://www.mensagenscomamor.com/livros/frases_simplesmente_acontece.htm

Trailer Dublado

Caramelo (Sukkar Banat. 2007)

nadine-labakiPor Roberto Vonnegut.
Mesmo tendo visto o trailer, eu fui ver o filme libanês Caramelo (سكر بنات) crente que seria um filme sobre delícias da cozinha. Foi só com as primeiras cenas que percebi que o caramelo tinha outro contexto, talvez feminino demais para que me tivesse passado pela cabeça.

A diretora Nadine Labaki conta a estória de cinco mulheres de Beirute e alguns de seus amores. Mulheres de raças, credos e amores diferentes, em estórias que mal se entrelaçam: Nisrine, muçulmana light, tem um noivo de família ortodoxa; Jamale, recém-divorciada, tenta ser jovem e amar quem vê no espelho; Layale, cristã, tem um amor complicado; Tante Rose descobre que o amor pode ter calças curtas. Mas o ponto alto do filme é Rima, personagem que a diretora disfarça de coadjuvante para contar, de forma velada mas sem rodeios, uma linda história de amor possível.

Sem os plot turns das produções modernosas, Caramelo oscila entre as cinco estórias num ritmo desigual, mas que é amplamente compensado pela sensibilidade da diretora.

O filme tem ainda um detalhe sedutor. O Líbano, sabemos todos, era a pérola francesa do Oriente Médio. Há muitos anos. O filme mostra uma Beirute sem o menor caráter bleublancrouge, mas a herança francesa fica clara no falar das pessoas: expressões francesas fazem parte da comunicação e se misturam à língua local, dando um colorido interessante ao filme.

De resto, impressiona a capacidade de Nadine de captar a beleza de forma sutil em um ambiente bruto. Desde sua própria beleza (ela é a Layale que domina algumas cenas com seus olhares e decotes) e a das companheiras, até a irresistível e quase irreal beleza de Fatmeh Safa, que faz o papel de uma das clientes do salão de beleza de Layale.

Vá ver. É daqueles filmes que te deixam bem no final.

A Origem (Inception. 2010)

Edgar Allan Poe uma vez disse: “Tudo o que vemos ou que parece que vemos é mais do que um sonho dentro de um sonho.” Talvez essa foi a idéia de Chris Nolan quando escreveu o seu mais recente filme. Mas “Inception” é cerebral? Sim. É cerebral demais para o público em massa? Eu diria que não é o caso. “Inception”, nos coloca dentro de um filme de ação / de aventura, que o torno aberto para “todos”, apesar dos seus 148 minutos – um pouco longo demais para algo tão simplista. Aqueles dispostos a pensar no “quebra-cabeças”, não encontrarão tantas reviravoltas da narrativa como o filme parece sugerir inicialmente.

Estava de férias, e fui ao cinema por causa de Leonardo DiCaprio, pois não sou fã do Chris Nolan. “Memento” foi um grande filme, mas não assistiria outra vez. O remake do filme norueguês “ Insomnia” foi tedioso. Não achei “The Prestige” um bom filme, e “The Dark Knight” (é chato, e longo!), mas achei o “Batman Begins” interessante. “Inception” lida com um tema rico: os sonhos. E, creio eu que a relação entre o cinema e os sonhos sempre foi – para usar uma expressão da psicanálise – sobre determinado. Freud que trabalhou com a ” Interpretação dos Sonhos”, parecia replicar o mistério, e o cinema trouxe a imagem de tomada do poder da mente, bem como ainda a fotografia tinha nas décadas anteriores. Mas “Inception” é uma obra prima? Diria que há muitas razões para se gostar do filme, mas há razões que leva ao cinema ao que chamaria de: tédio.

Por muitos momentos, “Inception” é uma obra confusa, mas isso pode ser um indicativo para pessoas irem ao cinema (roteiros que apresentam ambiguidade e enredos que percorrem por trilhas que exigem que o expectador pense e se envolva, sempre encontra fãs). “Borrando” as linhas entre realidade e fantasia, o roteirista / diretor Chris Nolan foi meticulosamente criativo. Faz o impossível, o impensável, o estupendo: ele prega uma versão espelho de Paris de volta sobre si mesmo; encena uma seqüência de luta em um quarto de hotel (gravidade zero); envia um trem de lavoura por meio de uma rua movimentada da cidade. Tudo o que você pode sonhar, Nolan faz em “Inception”. Faz dos pequenos sonhos em sonhos ainda maiores, e os maiores sonhos em sonhos gigantescos. Me pareceu que o principal objetivo de Nolan – pelo menos até o final do filme- não é enroscar com a percepção do espectador, mas proporcionar clareza suficiente para que nós sabemos onde estamos e o que estamos vendo.

Mas a genialidade de Nolan confunde  muitas vezes. O filme começa com Cobb (DiCaprio) numa praia e depois, ele é levado para um lugar – misteriosamente, há duas criancinhas loiras ao redor, embora não possamos ver seus rostos. Depois, alguns soldados japoneses arrastam DiCaprio. Ele se senta em uma mesa, em frente a um velho misterioso, e começa a comer mingau. No momento seguinte, aprendemos que o Cobb é um “extrator“- um artesão que pode entrar nos sonhos dos outros para extrair informações valiosas. Na verdade ele tem a capacidade de inserir os sonhos dos outros, construindo os sonhos com a ajuda de Arthur (Joseph Gordon-Levitt), e de um arquiteto que no início do filme é interpretado muito brevemente por Lukas Haas. Depois Cobb encontra um novo arquiteto: uma jovem estudante chamada Ariadne (Ellen Page). Achei que foi mal escalada para o papel. Page parece muito infantil, além dos diálogos que saem da bola dela soam superficiais!. Ariadne sente que Cobb tem um doloroso segredo enterrado no porão de seu subconsciente. Mais tarde Nolan vai nos mostrar um elevador real caindo para reforçar a metáfora. O segredo de Cobb é relacionada as duas crianças loiras que continuamos  a ver em seu subconsciente e de sua esposa Mal (Marion Cotillard, linda, mas agraciada com um presente de grego dado por Nolan). Mal literalmente é um papel pequeno e mal desenvolvido. Nolan recorre aos diálogos alheios para nos ajudar a entender o personagem: Cobb diz:  “Eu espero que você não esteja muito chocada ao saber que ela (Mal) tinha sido tratada por três psicólogos diferentes.” Mal é uma projeção do subconsciente dele e esse aspecto me fez lembrar do marido atormentado e tão brilhantemente interpretado por DiCaprio no excelente “Shutter Island.”

Mantendo as coisas na maior parte linear, Nolan não permite a possibilidade do roteiro se transformar em algo obvio, embora seja fácil encontrar em “Inception” influências que incluem, obviamente, “Dark City” e “The Matrix.” Há também um sentimento de parentesco com o recente filme de Martin Scorsese, “Shutter Island”, não só porque esse filme é também estrelado por DiCaprio, mas porque ambas as produções brincam com a perspectiva de narrador e da intersecção de ilusão com realidade. Mas a segunda metade do filme é de uma seqüência de massa, cuidadosamente coreografada, e de suspense crescente que as circunstâncias perigosas se desdobram em três níveis de sonho.

Mas as cenas dos sonhos dentro dos sonhos são difíceis de seguir porque achei que não temos a idéia onde se inicia um e termina o outro. Sim, os efeitos especiais em “Inception” servem aos sonhos, mas para quê? Achei que os efeitos dão ênfase aos telespectadores como diversão visual assim como Peter Jackson usou os efeitos em “The lovely bones” e Vincent Ward ilustrou o belo “What dream may come.” Não que o enredo ficou em segundo plano nesses filmes, mas os efeitos foram tão grandiosos que roubaram a atenção do que foi proposto.  “Inception” fica mais proximo desses filmes que mencionei do que filmes como TRÊS MULHERES  de Altman, ou MULHOLLAND DRIVE de Lynch – para citar apenas dois como filmes que são mais lembrados como se fossem sonhos. Ah, 2001: Uma Odisséia no Espaço consegue isso também, mas de forma inesperada. Em “Inception”, o sonho é compartilhado pelos personagens, uns com os outros e com nós. Os fantasmas que eles oferecem estão lá para suspender a nossa incredulidade, mas também temos que manter o equilíbrio – a ser (na tradição de mistério e suspense), não tanto como sonhadores analistas.

Se falar do elenco, posso dizer que apesar de bom ator que é, DiCaprio, não passa a confiança com a mesma força do que ele fez no recente “Shutter Island” (em que ele também desempenhou um viúvo à mercê de visões escuras). Gordon-Levitt aparece como uma figura vistosa, mas o seu papel não exige tanto do talento do ator. Ellen Page foi um furo, e Cotillard foi uma invenção da minha imaginação, assim como o filme. Ken Watanabe é um maravilhoso ator, mas achei dificil de entender o personagem dele, Cillian Murphy, fantastico ator, mas numa papel pequeno, Michael Caine, apenas aparece em 4 cenas.

Filmado em quatro continentes, Wally Pfister faz um belo trabalho de fotografia, ajudado pelo trabalho de direcão de arte. E, Hans Zimmer adciona uma interessante trilha sonora. Ah, a cancao de Edith Piaf “Non, rien regrette je rien” é usada como ponto da narrativa( configura como uma brincadeira agradável, ja que Cotillard viveu a cantora no cinema). Mesmo com tantas qualidades, não achei “Inception” um filme digno de ser revisto para se poder compreender a proposta de Nolan.

Caramelo (Sukkar Banat. 2007)

caramelo_posterSerá que não temos mesmo como mudar o rumo do destino? Tem um momento certo para mudar de todo? Será que somente com uma dor profunda que há um acordar para a vida que até então levava? Mudar ou deixar como estar?

Essas e outras reflexões vieram com o filme ‘Caramelo‘. Um filme para um público específico. Que tenha a sensibilidade de ouvir histórias comuns. De mulheres de classe média. Com medos, anseios, expectativas, frustrações, sonhos… Mulheres que vão levando a vida. Que vão sobrevivendo. Um dia após o outro.

Caramelo‘ é ambientado num bairro simples em Beirute. (Fui ler um pouco sobre o Líbano. Para quem quiser, aqui. Ou aqui.). Nota-se de que há uma certa acomodação das pessoas refletindo no lugar. A trama maior se passa num Salão de Beleza. Cujo uma letra do letreiro está lá, caída, sem ninguém se tocar e consertá-la.

caramelo_filmeNesse Salão, o destaque fica com uma depilação com caramelo. Dai o título do filme, mas que na tradução do original – Sukkar banat -, seria como o açúcar das mulheres.

Nele trabalham:
– A dona, Layale (Nadine Labaki). Que mantém um relacionamento com um homem casado. Na esperança de que ele abandone a esposa e fique com ela.
– Nisrine, que esconde do noivo que não é mais virgem. Pesando também ai a religião: muçulmana.
– E Rima, que reprime a sua homossexualidade. Talvez pela cultura, talvez pela mentalidade das pessoas. O que vemos, é que sente como um dar vazão a isso, ao lavar os cabelos das clientes. É onde pode acariciar uma mulher sem que ninguém perceba, ou que a condene. Aliás, uma em especial sentiu, a ponto de fazer uma grande mudança.

A cliente mais assídua é Jamale. Uma atriz que não quer envelhecer. Obcecada em manter uma aparência jovem, por vezes termina fazendo um triste papel.

Fora do Salão:
– Há Rose. Uma costureira que abdicou de ter uma vida própria para cuidar da irmã mais velha. Essa, o destino a fez enlouquecer. Mansa, fica a pegar certos papéis pela rua. Que para ela são cartas de amor. De um amor do passado. Com ela, em destaque duas cenas. Uma com um grande espelho, que nos leva a rir com a sua mente não tão demente assim. E a outra cena, ao ver a irmã se arrumando para um encontro. Essa cena, emociona!
– Há também, um tímido admirador de Layale. Ele é um guarda de trânsito.

Assim, acompanhamos essas mulheres irem aos poucos mostrando seus interiores. O filme é muito bom! Mas pena que não cairá no gosto de todos. E justamente por mostrar histórias nada irreal. Que é real em muitas nacionalidades. Não apenas com as mulheres libanesas. Só não dou um 10, porque não gostei da primeira música. Dou então nota 9,9.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Caramelo (Sukkar banat). 2007. Líbano. Diretora: Nadine Labaki. Elenco. Gênero: Comédia, Drama, Romance. Duração: 95 minutos.

Quando Nietzsche Chorou (When Nietzsche Wept)

Baseado no romance de estréia de Irvin Yalom, o filme com mesmo título, conta a história de um encontro fictício entre o filósofo alemão Friedrich Nietzsche e o Médico Josef Breuer, professor de Sigmund Freud.

Esse encontro se dá graças à insistência perssuasiva de Lou Salomé (Katheryn Winnick) que foi a grande paixão e obsessão de Nietzsche (Armand Assante). Ela pede que o Dr. Breuer (Ben Cross) o trate com a controversa técnica da “terapia através da fala”.

Quando o Médico se vê diante do filósofo, percebe a inteligência e brilhantismo de seu suposto paciente, e impressionado resolve então propor um tratamento de duas vias. Ele trata Nietzsche enquanto este trata dele mesmo, pois o próprio médico também está sofrendo pela paixão por sua paciente chamada Anna O. (O Caso de Histeria). O Dr. Breuer tem ainda o auxílio do seu pupilo Dr. Freud (Jamie Elman).

O resultado é um filme maravilhoso, que mistura filosofia e psicologia, obsessões, medos, e sonhos. De quebra ainda temos a trilha sonora com muita música clássica, com Wagner, Tchaikovsky, Bizet.

A cena inesquecível é quando Nietzsche rege, já delirante, uma Orquestra que toca As Valquírias, de seu não mais amigo, Richard Wagner.

Não li o livro mas os comentários dizem ser um romance excelente. Taí uma boa pedida: o filme, o livro ou ambos. A única opção ruim seria não mergulhar nesse romance inteligente.

Por: Thaís Gischkow.

Quando Nietzsche Chorou (When Nietzsche Wept). 2006. EUA. Direção e Roteiro: Pinchas Perry. Elenco: Armand Assante, Katheryn Winnick, Ben Cross, Jamie Elman, Andreas Beckett (Zarathustra), Ayana Haviv (Singer – ‘Hymnus an den leben’), Rachel O’Meara (Frau Becker), Joanna Pacula (Mathilda), Michal Yannai (Bertha). Gênero: Drama, Romance. Duração: 105 minutos.

O Cheiro do Ralo

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Essa é a história de um homem só e sem história.

Estaria aqui um ponto de partida para esse filme. Que como num quebra-cabeça vai nos mostrando alguém que em meio há tantos trechos de histórias alheias, busca uma para si próprio. Uma que lhe mostre o seu passado, pois houve um, fora dali, algum dia.

O personagem de Selton Mello não é um mecenas, nem tão pouco alguém que realiza sonhos das pessoas. Figura num patamar acima de um sucateiro, por não comprar objetos danificados, nem tampouco de ir à caça deles. Por já estar estabelecido, por ter um local, por ter o seu galpão onde compra objetos usados.

São as pessoas que o procuram, numa de mendigar pelo seu dinheiro. Por muitos se sentirem humilhados… E ele se vê uma fortaleza… Mas que fede…

Numa das peças desse quebra-cabeça traçando o perfil desse homem…

O local me chamou a atenção – uma área industrial. De fachadas quase estéreis. Não há placas indicativas. Mas todos sabem o caminho de lá. Apesar da claridade exterior… ao penetrarem naquele portão… sentem o peso da alma… mas precisam do dinheiro… e lhes restam quase nada para uma troca.

Uma outra, é o seu fascínio por dois objetos em especial.

Dois objetos que o levam a inspirar uma história para o seu pai. Ou seria uma para si mesmo, lhe dando um consolo. Mas por que aqueles dois objetos? E para onde teria ido o seu pai? Por que não ficou olhando o filho? Lhe fazendo sentir-se amado… estimado… A figura paterna lhe consome…

O cheiro que vem do ralo… que ao mesmo tempo que o faz mostrar àquelas pessoas que se há algo sujo ali não parte dele, mas do ralo. Vai criando nele um escudo para aquilo que exerce. Se veria como a flor de lótus?

Sua relação com mulheres lhe é angustiante… Querendo-as apenas como um depositário de seu gozo? A faxineira é a única que tem um acesso a ele.

Um filme que nos leva a montar esse quebra-cabeça peça por peça. Sem pressa.

O personagem é instigante. Selton Mello dá um show! Os outros também estão incríveis; com cenas que ficarão na memória.

E que, como o personagem principal tem dificuldade em guardar nomes… em meio a tantas histórias anônimas… enfim, ele terá a sua história

Eu gostei! Nota: 10.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

O Cheiro do Ralo. Brasil. 2007. Direção e Roteiro: Heitor Dhala. Com: Selton Mello, Paula Braun, Lourenço Mutarelli, Flávio Bauraqui, Sílvia Lourenço, Susana Alves. Gênero: Comédia, Drama. Duração: 100 minutos. Classificação: 14 anos.