Ficha técnica: Crepúsculo (Twilight, EUA, 2008
Gênero: Ação, Romance
Duração: 122 min.
Diretora: Catherine Hardwicke
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Billy Burke, Ashley Greene, Nikki Reed, Jackson Rathbone.
Resolvi escrever esse texto, mesmo sabendo que muita gente vai me caçar, e falar que eu não entendi o filme, que eu não sei apreciar as boas obras de arte, que o filme é ótimo, etc, etc… mas aqui vai.
Antes de começar, porém, eu gostaria de dizer que sempre fui grande fã de filmes e livros de Vampiros e histórias de terror. Li várias vezes o Drácula de Bram Stocker e perdi a conta das vezes de que vi “Entrevista com o Vampiro”. Já joguei (na mesa e no live-action) “Vampiro: A Máscara” (ok, concordo que não tenha sido um bom “Narrador”, mas fiz o que pude na época). Enfim… sou um apreciador dos sugadores de sangue… Uma última ressalva ainda, antes de começar: não duvido que o livro seja bom e bem escrito. Eu não li o livro e vi várias passagens em que pensei “nossa, isso no livro deve ser bem mais legal”, mas enfim… o que vi foi o filme e do que eu não gostei foi do filme.
Vamos aos fatos:
1. Simplismo
Ao tentar dar uma nova roupagem aos Vampiros, se esqueceu do mais importante em um livro de ficção: mais do que os personagens principais, os personagens secundários devem ser, no mínimo, factíveis e ter um pouco de novidade. Vamos à protagonista: menina adolescente que muda de cidade para passar um tempo com o pai que ela não conhece bem e não gosta muito. Para isso tem que mudar de escola e acaba não gostando de nada na cidade nova, apesar de todos gostarem dela. Ora senhores, se lembram da história do primeiro livro do Harry Potter? “menino mora com os tios, dos quais não gosta, e muda para uma escola nova onde não conhece ninguém e não gosta de muita gente, apesar dos amigos gostarem dele”. Não é uma fórmula meio batida? (a minha batida com vodka, por favor) O personagem do pai da protagonista é tão simples e previsível que a própria personagem reclama dele em passagens do filme como “ah, vc faz sempre as mesmas coisas, me leva pra almoçar sempre no mesmo lugar”. O coitado do ator olha para a câmera como quem diz “é uma pena, mas é o que me mandaram fazer”. O coitado do pai da menina é quase Quanto aos Vampiros: Um grupo de pessoas estranhas que provam não ser tão estranhas assim e serem até legais. Fórmula que já foi repetida mil vezes também. Mas eu vou deixar para comentar sobre eles mais tarde. Até os nomes são simplistas! Bella, Lambert… ah, façam me o favor. E cá entre nós, é lógico que ela vai ser transformada.
2. Depressão da Protagonista
A protagonista é uma menina linda, da qual todos na escola nova gostam, a mãe gosta, o pai gosta, e até mesmo os menos simpáticos da escola (que são os vampiros) gostam dela. E mesmo assim, mesmo tendo ganho um carro de presente do pai no primeiro dia de aula, mesmo com tudo, ela é depressiva. Ela é branca como uma vela de sete dias (porque não sai de casa, já que morava em um local ensolarado antes de mudar para o meio da montanha com o pai), não fala com ninguém (apesar de todo mundo falar com ela, pq ela é linda e popular sem precisar fazer nada para isso), e não se interessa em fazer amigos, nem em manter os que tem (já que quando se envolve com o vampiro, os amigos antigos são literalmente descartados). A impressão que dá é que ela encontra exatamente o que procura: alguém que a proteja. E o vampiro, encontra um novo brinquedo, quase como um cachorrinho com o qual irá brincar durante vai… uns 50 anos e depois vai morrer. Convenhamos, isso pra quem é imortal é quase como a relação que eu tenho com meu hamster. Mais do que deprimida, ela é deprimente.
3. “Ficou fácil ser vampiro!”
Ok, todo mundo concorda que ser vampiro é legal. Já era legal poder ter poderes aguçados como o de animais (como força, audição e velocidades acima do normal), ter aquele charme todo especial de alguém que vive muito mais do que “o resto”.
Agora… o que o filme nos traz? Vampiros que vivem bem, em lugares onde não tem tanta luz (mas tem luz solar). Ah, os vampiros do filme: podem sair no sol (apesar de brilharem como diamantes), não tem medo de crucifixos, não precisam beber sangue com tanta frequência, não precisam dormir (o que torna a vida bem mais interessante, diga-se de passagem), e não tem nenhum ponto fraco (tanto que na luta para matar um deles, estaca no coração é coisa do passado, o negócio é queimá-lo vivo). São praticamente um bando de super-heróis. Ah, assim ficou fácil ser vampiro! Sem a parte ruim da coisa! Sem a maldição…
Isso também, para mim, é um problema. Ora, vampiro assim eu também quero ser. Aliás, convenhamos, os vampiros mostrados no filme são quase uma evolução do ser humano. E claro, um personagem principal vampiro (que já é o charme em pessoa), bonito, misterioso, inteligente, corajoso, e todas mais as qualidades que se pede de um “apaixonável” ajuda e muito o sucesso do filme (e arrisco dizer, do livro também).
Bem resumidamente esses são alguns motivos pelos quais eu não gostei desse filme, que para mim, vai para a prateleira dos filmes tão ruins quanto “p.s.: eu te amo” (o qual não teve nem a decência de ter em sua trilha a música dos beatles que dá nome ao filme).
Ass.: Alexandre Thomaz – http://alexthomaz.wordpress.com