Anjos da Noite 3 – A Rebelião (Underworld 3: The Rise of the Lycans. 2009)

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Acabo de assistir esse filme. Refere-se à origem de tudo, como tudo começou entre Lycans e Vampiros, mas contado sob um enfoque dos Lobisomens dessa vez. Isso faz com que Anjos da Noite 3 tenha outra perspectiva: quem são os malvados, Vampiros ou Lobos?

Não tem muita novidade, pois em Anjos da Noite 3 muita coisa da história foi exposta, por exemplo, como Sonja (filha do Ancião Viktor) morreu e por que morreu, por que Lucian é líder dos Lycans etc. O filme só mostra a estrutura cronológica desse início, onde tudo começou.

Um filme essencialmente escuro, acho que abusaram desse item. Falar da noite e retratá-la não precisa ser tão dark, é possível dar uma dimensão de trevas sem forçar a barra. A própria figuração vampiresca já traz essa perspectiva sem necessariamente apelar para falta de luz.

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Gostei da atuação de Lucian mais uma vez interpretado por Michael Sheen, foi o único que teve falas pertinentes propondo pensarmos sobre a escravidão, vida animalesca. Pois o restante dos personagens, quando falavam, não foi possível retirar nada de interessante em suas linguagens.

Fui assistir a esse filme sabendo que mais veria sangue escorrendo, poucos diálogos e muita ação, não me surpreendi. É preciso ter isso em mente para ver um filme meia-tijela como esse.

Drácula ficaria chateado com esse filme rs.

Senti falta da Amélia, uma das anciãs, sua racionalidade por vezes é necessária. Já a Selene… não fez falta alguma.

Por: Vampira Olímpia.

Anjos da Noite 3 – (Underworld 3: The Rise of the Lycans)

Direção: Patrick Tatopoulous

Gênero: Guerra, Romance

EUA – 2009

Motivos pelos quais eu não gostei de Crepúsculo…

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Ficha técnica: Crepúsculo (Twilight, EUA, 2008
Gênero: Ação, Romance
Duração: 122 min.
Diretora: Catherine Hardwicke
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Billy Burke, Ashley Greene, Nikki Reed, Jackson Rathbone.

Resolvi escrever esse texto, mesmo sabendo que muita gente vai me caçar, e falar que eu não entendi o filme, que eu não sei apreciar as boas obras de arte, que o filme é ótimo, etc, etc… mas aqui vai.

Antes de começar, porém, eu gostaria de dizer que sempre fui grande fã de filmes e livros de Vampiros e histórias de terror. Li várias vezes o Drácula de Bram Stocker e perdi a conta das vezes de que vi “Entrevista com o Vampiro”. Já joguei (na mesa e no live-action) “Vampiro: A Máscara” (ok, concordo que não tenha sido um bom “Narrador”, mas fiz o que pude na época). Enfim… sou um apreciador dos sugadores de sangue… Uma última ressalva ainda, antes de começar: não duvido que o livro seja bom e bem escrito. Eu não li o livro e vi várias passagens em que pensei “nossa, isso no livro deve ser bem mais legal”, mas enfim… o que vi foi o filme e do que eu não gostei foi do filme.

Vamos aos fatos:

1. Simplismo

Ao tentar dar uma nova roupagem aos Vampiros, se esqueceu do mais importante em um livro de ficção: mais do que os personagens principais, os personagens secundários devem ser, no mínimo, factíveis e ter um pouco de novidade. Vamos à protagonista: menina adolescente que muda de cidade para passar um tempo com o pai que ela não conhece bem e não gosta muito. Para isso tem que mudar de escola e acaba não gostando de nada na cidade nova, apesar de todos gostarem dela. Ora senhores, se lembram da história do primeiro livro do Harry Potter? “menino mora com os tios, dos quais não gosta, e muda para uma escola nova onde não conhece ninguém e não gosta de muita gente, apesar dos amigos gostarem dele”. Não é uma fórmula meio batida? (a minha batida com vodka, por favor) O personagem do pai da protagonista é tão simples e previsível que a própria personagem reclama dele em passagens do filme como “ah, vc faz sempre as mesmas coisas, me leva pra almoçar sempre no mesmo lugar”. O coitado do ator olha para a câmera como quem diz “é uma pena, mas é o que me mandaram fazer”. O coitado do pai da menina é quase Quanto aos Vampiros: Um grupo de pessoas estranhas que provam não ser tão estranhas assim e serem até legais. Fórmula que já foi repetida mil vezes também. Mas eu vou deixar para comentar sobre eles mais tarde. Até os nomes são simplistas! Bella, Lambert… ah, façam me o favor. E cá entre nós, é lógico que ela vai ser transformada.

2. Depressão da Protagonista

A protagonista é uma menina linda, da qual todos na escola nova gostam, a mãe gosta, o pai gosta, e até mesmo os menos simpáticos da escola (que são os vampiros) gostam dela. E mesmo assim, mesmo tendo ganho um carro de presente do pai no primeiro dia de aula, mesmo com tudo, ela é depressiva. Ela é branca como uma vela de sete dias (porque não sai de casa, já que morava em um local ensolarado antes de mudar para o meio da montanha com o pai), não fala com ninguém (apesar de todo mundo falar com ela, pq ela é linda e popular sem precisar fazer nada para isso), e não se interessa em fazer amigos, nem em manter os que tem (já que quando se envolve com o vampiro, os amigos antigos são literalmente descartados). A impressão que dá é que ela encontra exatamente o que procura: alguém que a proteja. E o vampiro, encontra um novo brinquedo, quase como um cachorrinho com o qual irá brincar durante vai… uns 50 anos e depois vai morrer. Convenhamos, isso pra quem é imortal é quase como a relação que eu tenho com meu hamster. Mais do que deprimida, ela é deprimente.

3. “Ficou fácil ser vampiro!”

Ok, todo mundo concorda que ser vampiro é legal. Já era legal poder ter poderes aguçados como o de animais (como força, audição e velocidades acima do normal), ter aquele charme todo especial de alguém que vive muito mais do que “o resto”.

Agora… o que o filme nos traz? Vampiros que vivem bem, em lugares onde não tem tanta luz (mas tem luz solar). Ah, os vampiros do filme: podem sair no sol (apesar de brilharem como diamantes), não tem medo de crucifixos, não precisam beber sangue com tanta frequência, não precisam dormir (o que torna a vida bem mais interessante, diga-se de passagem), e não tem nenhum ponto fraco (tanto que na luta para matar um deles, estaca no coração é coisa do passado, o negócio é queimá-lo vivo). São praticamente um bando de super-heróis. Ah, assim ficou fácil ser vampiro! Sem a parte ruim da coisa! Sem a maldição…

Isso também, para mim, é um problema. Ora, vampiro assim eu também quero ser. Aliás, convenhamos, os vampiros mostrados no filme são quase uma evolução do ser humano. E claro, um personagem principal vampiro (que já é o charme em pessoa), bonito, misterioso, inteligente, corajoso, e todas mais as qualidades que se pede de um “apaixonável” ajuda e muito o sucesso do filme (e arrisco dizer, do livro também).

Bem resumidamente esses são alguns motivos pelos quais eu não gostei desse filme, que para mim, vai para a prateleira dos filmes tão ruins quanto “p.s.: eu te amo” (o qual não teve nem a decência de ter em sua trilha a música dos beatles que dá nome ao filme).

Ass.: Alexandre Thomaz – http://alexthomaz.wordpress.com

Freud, Klein e os Vampiros

Por: Eduardo S. de Carvalho.
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Você já reparou como as pessoas se identificam com personagens de filmes de terror? Normalmente, espera-se que o espectador vibre com as peripécias do herói, mas essa é uma visão superficial do tema. Os vilões, em geral, aparecem como mais fascinantes. E esse fascínio inexplicado vem de longa data. Ainda antes de Freddy Krueger e Jason, uma figura legendária vinda da literatura do século XIX foi quase unanimidade nas primeiras produções de terror do início da história do cinema.

O sanguinário Conde Vlad Drácula foi um personagem real, conhecido como grande nacionalista e implacável com seus inimigos. Conhecido como “O Empalador”, Drácula teve sua figura livremente modificada por Bram Stoker em sua novela, e ganhou uma interessante introdução na produção de Francis Ford Coppola.

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A estória é conhecida: o nobre que luta pelo cristianismo em suas terras, e ao retornar da guerra, encontra sua esposa morta. Ela teria se matado, ao ser falsamente avisada da morte do marido na batalha contra os infiéis. Revoltado contra Deus, por quem havia lutado, o conde volta-se para Satã e torna-se um vampiro imortal, dono de presas que lhe permitem alimentar-se das vítimas, ao sugar-lhes o sangue do pescoço. Obcecado pela mulher perdida para os domínios de Deus, Drácula é dono de grande poder de persuasão e sedução, que utiliza para procurar a amada reencarnada pelos séculos afora.

Esse preâmbulo da estória por Coppola é o foco de nossa atenção, que acredito ser útil no entendimento desse fenômeno. A aura de mistério que cerca o vampiro gera até hoje grupos de admiradores. Há vários elementos que provocam tal identificação, e que justificam um aprofundamento no tema.

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A princípio, um personagem quase mítico é depositário de muitos desejos inconscientes. O que Freud diria sobre a estória do vampiro? Sem dúvida, a face sedutora de Drácula atrai tanto o homem que gostaria de possuir esse talento, quanto a mulher que sente-se desejada por essa figura. Essa busca pelo gozo imaginário esconde o lado trágico de Drácula, condenado à eternidade sem seu objeto de desejo.

O que vemos aqui, acredito, é uma antecipação pela literatura do triângulo edípiano proposto por Freud em sua teoria sobre o desenvolvimento da sexualidade. Drácula, sua esposa e Deus são os vértices desse Édipo estrutural. No caso, a mulher “morta”, objeto de amor de Drácula, perdida para sempre, e que ele busca de maneira obsessiva em outras relações, é a mãe da criança; a figura masculina de autoridade, que ele respeitava e admirava como divina, é o pai.

Assim, o vampiro é a metáfora aterradora da criança que não aceita a perda da mulher amada para o pai-rival, e torna-se fixada (“imortal”, na visão de Bram Stoker) em seu desenvolvimento libidinal nesse início de formação do sujeito desejante. Tal fixação no complexo edipiano acarretará demais falhas no desenvolvimento e nos processos psíquicos ligados às relações objetais.

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Porém, a visão freudiana não explica a escolha de Stoker pelos caninos de Drácula. O próprio Freud admitia a intuição dos escritores, ao anteciparem o que ele foi descobrindo ao longo de seu trabalho clínico e da elaboração teórica. Portanto, temos que recorrer a um complemento, se aceitarmos as idéias contidas no romance.

Freud situava a elaboração do complexo edipiano na criança por volta dos 5 a 6 anos. Nessa idade, a criança já teria passado pelo prazer essencialmente oral, e teria outros focos libidinais. É aqui que entra Melanie Klein: tendo trabalhado durante anos com crianças – coisa que Freud jamais fez – , ela percebeu traços do Édipo já aos 6 meses de idade. Nessa fase, o bebê descobre o prazer ao sugar o seio da mãe. Ao longo de seu trabalho, Klein identificou também uma enorme gama de fantasias violentas e sanguinárias na psique infantil precoces, e mesmo que a criança ainda não tenha dentes, tem a fantasia sádica de morder e destruir o seio. O ponto é que o bebê ainda não identifica o seio à mulher por trás dele, e ao descobrir que os dois objetos são um só, a sua mãe, surge um sentimento de culpa que ele procurará aliviar através de processos de reparação.

É provável que tal fantasia seja “realizada” com o surgimento dos primeiros dentes ainda na fase de amamentação. Não havendo um crescimento psíquico natural e o sujeito permanecer fixado em tal situação erótica, estará criado o vampiro na psique do bebê e que poderá perdurar em tal estado.

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Unindo essas duas teorias libidinais que se complementam, é possível uma (re)constituição da gênese de tal fascínio pela figura aterradora do vampiro. E entender o porquê de tanta atração pelas presas de Drácula, Nosferatu e tantos outros, em nossos próximos retornos à sala escura do cinema.

Por: Eduardo S. de Carvalho.