Tão logo eu soube do filme, e reforçado depois nas primeiras sinopses divulgadas de “Contágio“, me veio a ideia de que seria como uma releitura de “Epidemia“. Em trazer para a atualidade a temática da propagação de um tipo de vírus mortal. Afinal, de 1995 para cá até o Cinema mudou. Ficção e Realidade ganharam novas tecnologias. Logo, não teria porque não atualizarem também em contar uma estória com essa temática. E enquanto aguardava, surgiram outras reflexões que foram desvendadas assistindo o filme.
Se o “bicho-papão” disseminador do de 95 fora um país africano, ficava uma curiosidade de porque nesse de 2011 escolherem Hong Kong. Um tipo de retaliação de cunho financeiro-político? Para ficarem mais no campo da ficção, do frango qual seria o animal da vez? Também vale lembrar de que mesmo que o “mal” tenha saído de um Laboratório dentro do próprio território – vide Antrax -, ou eles abafam o caso, ou novamente o Tio Sam posa de salvador do planeta. De mais a mais, algo letal e altamente transmissível é a galinha dos ovos de ouro de dois grande poderio: indústria farmacêutica e indústria bélica. Que vai desde espalhar um vírus num país de 3º Mundo para venderem vacinas aos milhões, até as armas biológicas.
Morre-se aos milhares de pessoas por dia, são estatísticas que só irá parar na grande mídia, se houver um interesse político, quer seja de um governo, ou de um gerenciamento de empresas. Mesmo assim, fica a interrogação de quando e porque ganha um interesse da parte deles? Segurança Pública é engolida pela Segurança de Estado. O proteger a nação como um todo vem em primeiro lugar. Mas mais parecendo acordos desencontrados. Algo como: a pesquisa em andamento no laboratório X não chega no andar de cima. As verbas sem justificativas não passam pelas burocracias das demais. Fica sempre a dúvida até onde vão as pesquisas a título de: encontrar uma cura depois. E sempre fica a interrogação também para saber como a OMS (Organização Mundial da Saúde) lida com uma estória como essa.
E nessa de atualizar, não podemos esquecer de um poder que já está amedrontando os governos atuais: a internet. Em como seria usado no roteiro desse filme. Para nós Blogueiros, diferente do filme “Intrigas de Estado” onde uma blogueira pensou mais no fato, em “Contágio” fez foi mostrar que também nessa mídia há uma imprensa marrom. Uma fala do filme já mostrava que seria por ai: “Blogging não é escrever, é pichação com pontuação“. O blogueiro em questão vai além ao resolver monetizar o fato. Farejou uma mina de ouro. Ele é Alan Krumwiede, personagem de Jude Law. Atuou tão bem que deu um pouquinho de raiva em vê-lo recebendo 2 milhões de acesso em busca de um milagre.
“Contágio” começa no “segundo dia”. É quando a personagem de Gwyneth Paltrow, Beth Emhoff. Vinda de Hong Kong, adoece, vindo a falecer. Ela e mais três pessoas são as primeiras vítimas. Beth transmite a doença ao filho, mas o marido, Mitch (Personagem de Matt Damon), por alguma carga genética fica imune. Ele, e cada três pessoas de um total de quatro, não são contaminados. O tal vírus faz um tipo de seleção natural.
Se há vilões, o mocinho dessa estória fica a cargo de três personagens: Dr. Ellis Cheever (Laurence Fishburne), Dra. Erin Mears (Kate Winslet) e Dra. Leonora Orantes (Marion Cotillard). Ellis nos leva a ter esperança de que há abnegados entre os que se prestam mais a política. Sua ética profissional será pressionada também pelo seu lado pessoal. Já Erin será a voz e presença dele em meio ao campo de batalha. É a burocracia que não pode atrapalhar, mas sim funcionar diante de um quadro dantesco como esse: milhares de mortes. E Leonora irá montar as peças lá em Hong Kong. Tentar apurar o “primeiro dia”.
“Contágio” conseguiu se sair bem nessa atualização do fato. Um roteiro enxuto que prende a atenção mais pela maneira de contar do que o suspense em si. Sem cair no drama, mostra de forma impessoal o que uma tsunami-viral afeta no dia-a-dia de cada um do planeta. Não dá aulas de higiene pessoal, até porque após o pânico, até esse tipo de cuidados vão aos poucos sendo deixados de lado. Basta lembrar o que ocorre com a Dengue no Brasil, a cada chegada de Verão, as Prefeituras se vêem as voltas com novas conscientização a população local.
A morte de muitos claro que entristece, ainda mais vendo que um simples gesto foi o propagador de tudo. Por outro lado, ao ver como Mitch realizou um desejo da filha, Jory (Anna Jacoby-Heron), também me comoveu. É! Vida que segue! É bom filme! Gostei! E pelo conjunto da obra dou Nota: 08.
Por: Valéria Miguez (LELLA).
Contágio (Contagion. 2011). EUA. Direção: Steven Soderbergh. Roteiro: Scott Z. Burns (O Ultimato Bourne). +Elenco. Gênero: Drama, Sci-Fi, Thriller. Duração: 106 minutos.