Uma Família Bem Diferente (Breakfast With Scot. 2007)

Não gostei desse título dado no Brasil: “Uma Família Bem Diferente“. Por acentuar, por enfatizar que há diferenças no tocante de uma relação casal com filhos formando de fato um Lar. Também porque assim continuam a propagar os preconceitos. Poderiam sim, terem traduzido literalmente o título original – Breakfast with Scot. Não apenas porque é parte do contexto da estória, e tem uma das cenas mais comoventes. Uma Família, no sentido de um Lar, primeiro não tem que vir de laços consanguíneos. Depois, não tem que ser como manda a tradição: um casal hetero com seus filhos de sangue.

Em “Uma Família Bem Diferente“, um menino, o Scot, perde a sua mãe de sangue. Como ela deixara como tutor seu namorado, Billy, que nem é o pai de Scot, ele é procurado. Enquanto o procuram, a juíza delega Sam, irmão de Billy, para cuidar do menino. A juíza merece aplausos por estar ciente da relação de Sam com Eric. Billy só se interessa pelo dinheiro deixado para Scot, por sua mãe.

Abro um parêntese para esse legado. É que, se a grana tem uma importância em quem ficará com Scot, ficou sem maiores detalhes. E o Sinistro (Seguro) pelo o que eu sei não é pago se quem o fez morreu de overdose. Enfim…

Eric é pego de surpresa com essa decisão. Embora sabendo que não tem escolha, tenta argumentar com Sam. Fazendo um drama em terem uma criança em casa. Ele que primazia em manter uma conduta super discreta, com a chegada de Scot na vida deles, se verá tendo que enfrentar velhos fantasmas. Temores desde a infância, por bullyings sofrido por outras crianças. Sam já é mais desencanado.

Por conta disso, a estória do filme coloca Sam como o pai mantenedor, e que só intervém numa impor uma autoridade em meio ao caos. Embora Eric também trabalhe fora – comentarista de hóquei para um canal de tv -, ficará aos seus cuidados, levar e buscar Scot para a escola; comprar roupas; alimentá-lo… Enfim, seguindo uma tradição: será uma mãezona para o menino.

Como citei antes, pela postura discreta, Eric acreditava que em seu trabalho, só quem sabia da sua homossexualidade era uma amiga. Por Scot, irá se confrontar com seu chefe preconceituoso.

Para surpresa de Eric, Scot é totalmente desencanado da sua sexualidade. Deixando aflorar seu lado feminino, no vestir, no cuidado com a pele, gostando de se maquiar… Se antes de vê-lo, Eric já sofria por um futuro gavião-no-pedaço… ao conhecê-lo, ficou apavorado. Mais. Com Scot ao lado, para ele era também contar ao mundo que era gay. A grande questão, era que Eric não digeria bem o preconceito das pessoas.

Scot acaba trazendo uma revolução na vida de todos. O que levará a essência de cada um deles, demarcar um caminho a seguir. Como com o menino briguento, da casa vizinha, que sem o Scot, seria um forte candidato à prática do bullying. Scot, de um único “t” veio como uma criança frágil, mas mostrará uma grande força interior…

Breakfast With Scot” não é um filme para descobrir o final, mas sim para acompanhar todo o crescimento, ou não tão amadurecimento assim, dos personagens. Para refletir que enquanto se olhar com preconceito para aquele que quer assumir a sua homossexualidade, ficará intimidado. Tendo até quem sofra por isso. Por vezes,  a pressão é tanta, que vestir uma armadura não basta, se fazendo ver o em torno com lentes cor de rosa. E não é fuga, é se dar esse privilégio.

Eric, Sam e Scot vieram nos mostrar que também podem ser uma família mais que perfeita. Não percam! O filme é ótimo, para ver e rever! Até por ser mais um a mostrar que um casal homo também serão excelentes pais/mães, como o “De repente, Califórnia“.

Por: Valéria Miguez (LELLA).