No Limite do Amanhã (Edge of Tomorrow. 2014)

no-limite-do-amanha_2014Por Marcos Vieira.
Você já viu No Limite do Amanhã muitas vezes, mas graças a um roteiro relativamente inteligente, uma direção um tanto ousada e a típica dedicação de Tom Cruise, vale a pena ver de novo. Adicione a isso ótimas sequências de ação, um pouco de humor negro (ótimo filme pra quem quiser ver Tom Cruise sendo friamente executado repetidas vezes) e um ritmo bem acelerado, que nunca deixa o filme cair na mesmice.

emily-blunt_no-limite-do-amanhaEssa última característica é bem relevante dada a premissa básica da história: no momento decisivo de uma terrível guerra entre a humanidade e uma raça de alienígenas invasores de mundos (clichê, -1 ponto), um arrogante e covarde publicitário do exército é jogado no fronte desse conflito e passa a reviver o mesmo dia repetidas vezes (clichê, -1). Nesse dia decisivo, a humanidade é completamente derrotada. Essa poderia ser a história dele tentando convencer as pessoas ao seu redor do que vai acontecer, mas essa parte passa rapidamente (clichê evitado, +1) e logo ele entra em contato com uma poderosa aliada: a respeitada e famosa heroína de guerra interpretada por Emily Blunt, uma mulher forte, decidida e marcada pelo conflito (clichê evitado, +1). Até aqui, nada realmente novo, mas é na dinâmica da narrativa que temos as novidades. Ao invés de focar nas diferentes versões dos mesmos acontecimentos do dia, a narrativa mostra apenas as diferenças relevantes para o avanço da história e vai cuidadosamente mostrando momentos que não haviam sido mostrados no dia original (clichê evitado, +1). Isso ajuda a história a manter um bom ritmo e mantém o espectador interessado no que vai acontecer/ser mostrado a seguir. Em outras palavras, o recurso narrativo do “dia que se repete” é utilizado de uma maneira bem mais interessante do que se espera de um blockbuster, evitando insultar a inteligência do espectador (clichê evitado, +1). No mais, vale ressaltar o caos e a intensidade das cenas da batalha decisiva, que são claramente influenciadas pela Invasão da Normandia no Dia D da Segunda Guerra Mundial. Os combates entre os humanos, que usam poderosos exoesqueletos, e as velozes e aterrorizantes criaturas são responsáveis por algumas das melhores cenas de ação do filme.

Tom-Cruise_limite-do-amanhaQuando você já está acostumado com esse divertido ritmo e apenas espera que o protagonista descubra algum super ponto fraco das criaturas para encerrar o filme, alguns plot twists são bem utilizados para colocar a missão em uma nova rota e a coisa toda fica bem mais arriscada, interessante e imprevisível. Uma das surpresas é a utilização de alguns dos elementos secundários da trama no ato final, tornando-os vitais para o sucesso da missão e mudando completamente o estilo da narrativa, que fica mais honesta e desesperadora, levando todos os envolvidos aos seus limites. Levar sua personagem aos seus limites físicos e mentais é algo que Tom Cruise faz na maioria de seus filmes, o que acaba ficando cômico na maioria das vezes. Aqui, o grau de comprometimento de todas personagens faz com que realmente nos importemos com os sacrifícios que eles fazem e o sucesso da missão. Mesmo a típica transição do protagonista, que de um arrogante burocrata se torna um verdadeiro herói de guerra, é apresentada de forma convincente pelo ator (clichê bem gerenciado, neutro).

Por fim, se você ainda está traumatizado por Oblivion, pode assistir esse sem medo. É bom aproveitar, pois não é sempre que Tom Cruise faz um tão bom.

★★★★☆

AVATAR (2009) – Em Busca das Pernas Perdidas…

Sendo eu uma recém cadeirante, segui com esse olhar a saga desse herói paraplégico em Avatar. Será difícil não trazer spoilers, assim, se ainda não foi ver o filme, certifique-se se quer continuar a ler o texto. Adianto que eu amei o filme! Que não vi o tempo passar. É um filme que vale a pena pagar mais para assistir em 3D. Eu vi.

Coloquei como subtítulo o – em busca das pernas perdidas -, não no sentido de que a vida acabou para nós. A cadeira de rodas deu a mim uma nova vida. Só não aproveito mais porque a acessibilidade ainda é deficitária nos locais onde gosto de ir. No meu texto sobre o filme ‘Substitutos‘, eu disse que aquele com certeza eu não gostaria de ter. Porque eu quero sentir que faço parte da paisagem: sentir o vento, frio, calor… Experimentar por mim mesma todas as sensações que me sobraram. Se andar, correr, é sentada numa cadeira, que assim seja.

Agora, me pondo no lugar do herói do filme, eu também faria a mesma opção que fez no final. Aliás, a minha torcida foi para isso, desde a hora que Jake (Sam Worthington) saiu correndo com o seu Avatar. Parecia uma criança, correndo feliz. Mas ainda ai, durante o filme, tal como em ‘Substitutos’, ele, o Jake paraplégico, estava no comando desse avatar, deitado, fechado, dentro de uma câmara.

Alguns detonam logo o filme por ter um final previsível. À esses, que vão ver outro filme. A história em Avatar nos é contada de modo diferente. Mas todos os pontos chaves estão lá, quer seja de um Romance, de um Drama, de um Épico, de um filme de Guerra… Assim, o Herói termina por ganhar uma torcida para que vá ser feliz em outra galáxia. O que me fez lembrar de ‘Contatos Imediatos do 3° Grau‘, de ‘Cocoon‘…

Em ‘Avatar‘, também tem o sonho acalentado de alguns, em descobrir novos recursos minerais fora da Terra. Como se não bastasse destruir a natureza do nosso Planeta, aqui queriam destruir um local lindo demais. E nele, uma imensa árvore venerada pelos na’vis. Conto o que de fato queriam desse solo, bem embaixo dessa árvore, mais adiante.

Quem seria o herói dessa história?

Ele é Jake, um ex-marina, que além de ter ficado paraplégico, perde seu irmão gêmeo. Sem mais ninguém na Terra… aceita ir até Pandora dar prosseguimento a um trabalho científico do qual o seu irmão fazia parte. O Projeto Avatar. Sendo convidado por militares, era como estar de volta a ativa. Mas só chegando lá, foi que tomou conhecimento do que terá que fazer. Dar “vida” a um ser gerado em laboratório. Um nativo de Pandora com DNA de terraquéos. No caso, do seu irmão.

Querem com esse novo ser, voltar a estabelecer contato com os Na’vis. Habitantes de um local cobiçado nesse outro Planeta. Aliás, por ter ficado curiosa, foi saber um pouco sobre Pandora. É uma Lua. Onde seus habitantes veneram, e vivem em total harmonia com a natureza. A Gaia deles é ainda preservada em toda a sua essência. Além dos na’vis possuírem formas primitivas, inclusive com caudas, os animais têm aparência jurássicas… Essa parte do filme é em Animação. O cenário é lindo demais. De uma riqueza nos detalhes sem igual. De se ver encantada.

Quem estariam de olho em Pandora?

De um lado, temos os cientistas, biólogos de formação. À frente, a Dr. Grace Augustine (Sigourney Weaver). Que não gostou nada de ter um Fuzileiro – o Jake – como um membro de sua equipe. Mesmo sendo irmão de um ex-membro tão importante. Como toda pesquisa científica, há de se ter quem banque. Dai, tendo que ficarem um tanto quanto subserviente. Mas Grace além de ousada, é atrevida o bastante para não se deixar dominar por completo. E terá um grande papel na defesa de Pandora. Pausa para falar da atriz, Sigourney Weaver. No filme anterior que vi, o ‘Ponto de Vista’, ela não atuou bem. Assim, foi prazeiroso vê-la atuando bem. Mesmo que filmes com extraterrestres já façam parte da sua filmografia, a sua Dra. Augustine ficará na lembrança.

Ainda dentro de sua equipe, eu gostei de ver um com um perfil de um indiano. Dando um caráter menos frio ao Projeto Avatar. Ele é o Dr. Max Patel (Dileep Rao). Um outro personagem, tal como a Dra. Grace, fica de pé atrás com a contratação de Jake. É o Spelman (Joel Moore). Mas Jake termina por conquistá-los. Até porque, tendo ficado perdido em Pandora, sozinho, e sobrevivido, passa a ser assediado por mais pessoas… No final, esse será o lado que fará a grande diferença.

Do outro lado, mas de quem banca a pesquisa, temos à frente, o jovem meio yuppie Selfridge (Giovanni Ribisi). Que querendo mostrar serviço, aos acionistas, não terá nenhuma consideração, nem com os humanos, nem com Pandora por completo: povo, cultura e lugar. Para ele o que interessa são as jazidas de Unobtanium. Um minério supercondutor. Pesquisando sobre a importância desse tipo de pedra: “A utilização crescente de magnetos supercondutores nos diversos setores, desde a medicina, transporte, energia, extração mineral e até fusão nuclear, demonstra a importância deste mineral, assim como da tecnologia que fará uso dele no presente e no futuro“. Pausa para falar do Ribisi. Que para mim, sempre deixa a sua marca nos personagens que interpreta.

No comando, mas dos militares, temos Coronel Quaritch (Stephen Lang). O vilão dessa história. Mas que não entrou para o rol dos Grandes Vilões da História do Cinema. Talvez pela histeria… ou pela amargura de ter sido uma mera cobaia nos primeiros testes do Projeto Avatar. A mim, causou um sentimento de pesar. Não sei qual seria a intenção do Diretor para esse personagem. Cheguei a pensar se um outro ator teria feito melhor. Quaritch tenta um acordo com Jake: trazer informações vitais para os militares, lá de Pandora. Em troca, lhe daria novas pernas. Mecânicas. Que mesmo que durem muito, terminam por desgastar a parte do corpo onde ficarão ligadas. Com o avatar, ou melhor, encarnando, de corpo e alma, o seu na’vi, ai sim daria a Jake uma nova vida. Lá, em Pandora, com seus novos companheiros. Uma reencarnação em vida.

Em seu comando, a jovem Trudy (Michelle Rodriguez). Pilota helicóptero, e bem. Uma militar com ideais em xeque. Se obedece cegamente, ou não. Termina por ajudar o lado da Dra. Augustine. A cena onde adentra nas brumas, é de pensar em Avalon. E dela ser mais uma guerreira a salvar Pandora. Trudy até em enfrenta o Quarich durante um ataque.

Dos habitantes de Pandora…

O destaque vai para Zoe Saldanha, a jovem herdeira do trono, Neytiri. Ciente de sua missão futura, entrará em conflito ao se apaixonar por Jake. Mas também por acreditar nas mensagens advindas da mãe natureza, poupa-lhe a vida. Pois Jake é tido como um enviado. Neyrtiri então é designada para ensinar a Jake toda a cultura dos na’vis. E é durante esses ensinamentos, que ficamos conhecendo todo o esplendor de Pandora.

E Jake fará de tudo para salvar Pandora da invasão. Mas ciente de que terá que escolher um dos lados. Agora, ‘Avatar’ não traz um ‘Salve a Natureza!’, mas sim uma busca por uma qualidade de vida melhor. Da que vivia até então. E mais de acordo com a sua natureza.

Um ótimo filme. Que eu o veria outras vezes mais. Pena que o ingresso para 3D é caro. Mesmo pagando meia, a grana está curta, e tenho muitos filmes para ver. Ah! A trilha sonora é linda! A começar pela música, tema central:

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Jogos do Poder (Charlie Wilson’s War. 2007)

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Três destinos que se uniram para ajudar um povo. Um Congressista (Tom Hanks), cuja fama não era das melhores. Uma ricaça (Julia Roberts) do Texas, com muitas influências/amigos em diversos segmentos mundiais. E um agente da CIA (Seymour Hoffman), que fora preterido para uma missão o qual se empenhara tanto por – oficialmente por não ter uma postura diplomática -, mas na verdade por ser filho de imigrantes.

Aos três parece que o destino conspirou a favor nessa missão. Pois mesmo estando numa hidro com strippers, reconhecendo um jornalista numa reportagem pela tv – ele lá no Afeganistão -, acende algo nele. Eis que ao chegar no Congresso fica ciente que fora designado para o comitê que responde por uma grana “invisível” para o “tio-sam-protetor-do-mundo“. Ele é o Deputado Republicano Charlie Wilson. Alguém que não dorme no ponto.

Outra que também tem olhos e ouvidos atentos é a Joanne Herring. Já ciente da nova “invisibilidade” nas mãos do Congressista faz contato com ele. E já com uma entrevista marcada para ele com o presidente do Paquistão.

Após ver o que viu numa fronteira do Paquistão com o Afeganistão, Charlie decide comprar aquela guerra. E nesse engajamento é “presenteado” com Gust Avrakotos. Gust é outro que também tem muita presença de espírito.

Aqueles que leram o livro “O Caçador de Pipas” tiveram um refresco na memória por mostrar um pouco da invasão russa no Afeganistão. Em “Jogos do Poder” temos como os russos foram expulsos de lá. Agora, lembrando que cada um conta a história do seu jeito.

Seymour, dá um show! Hanks, também está bem no papel! Mas a Julia, a sua personagem não fluiu naturalmente.

A trilha sonora é ótima! Já iniciando com o vozeirão, que eu adoro, do Barry White.

Estas coisas aconteceram; foram gloriosas; mudaram o mundo… e nós fuck eles no final do jogo.

Gostei!

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Jogos do Poder (Charlie Wilson’s War. 2007). EUA. Direção: Mike Nichols. Com: Tom Hanks, Philip Seymour Hoffman, Julia Roberts, Amy Adams. Gênero: Comédia; Drama; Guerra. Duração: 97 minutos. Classificação: 14 anos.