Tão Forte e Tão Perto (Extremenly Loud and Incredibly Close, 2011)

ImagemEm junho passado, uma amiga minha do Brasil, veio me visitar, e ela muito me falou do escritor Jonathan Safran Foer, em especial do livro, “Extremely Loud, Incredibly Close.” Logo dei uma pesquisa, e fiquei a saber que o director de “The Hours (2002) Stephen Daldry estava dirigindo a versão do livro para o cinema.

Ela me encorajou a ler o livro, e até cheguei a ler algumas paginas, mas não me envolvi pela leitura, e resolvi esperar para ver o filme. O enredo é sobre um menino que busca por uma fechadura por toda cidade de Nova York. Ao achar uma chave nos pertences do pai, ele acredita que seu pai – que morreu nos ataques de 11 de setembro de 2001 – propositadamente lhe deixou o objeto. O enredo muito me fez lembrar de “Hugo” de Martin Scorsese, pois temos em “Extremely Loud, Incredibly Close”,  um menino inteligente e bonitinho, um pai falecido e um mistério.

ImagemUm ano depois dos ataques de 11 de setembro, Oskar Schell (Thomas Horn) ainda sofre com morte de seu pai, Thomas (Tom Hanks). Oskar e sua mãe, Linda (Sandra Bullock), ainda vivem em Nova York, em frente ao prédio onde vive a avó do menino.

ImagemPara quem perdeu um ente querido, sabe como é dificil largar os pertences do morto – é uma das coisas mais difíceis de fazer.  E por tal, é facil sofrer e sentir a dor de Oskar, principalmente quando ele fica escutando a voz do pai. Nada de errado em ser um filme emocionalmente devastador – drama tem que ser emocionante  e achei que Daldry sabesse conduzir isso, mas..-

Entre um choro aqui e ali, Oskar decide resolver o mistério deixado por seu pai, envolvendo a chave, os nova-iorquinos com sobrenomes Black (todos os 472 que vivem na cidade!), a voz do pai deixada na secretária eletrônica e um  pandeiro. Assim começa as aventuras de Oskar.

Três coisas que achei problematicas no filme:

1- Mesmo que Hanks tenha um tempo limitado no filme, ele desempenha um personagem tão idealizado como “o melhor pai que já viveu no mundo”, que me pareceu falso, enquanto a mãe de Bullock parece tão negligente que, quando a explicação plausível para a sua longa ausência é justificado, eu me perguntei: que tipo de mãe deixaria o seu filho de 11 anos sozinho numa cidade grande como Nova York, e ser também acompanhado por um idoso estranho?. Quando o filme me deu a resposta para a tal atitude da mãe, desejei que tivesse um pandeiro para jogar na cara dela!.

2- Apesar de Oskar achar que a chave vai trazê-lo para mais perto de seu falecido pai, nunca que se pode acreditar por um momento que a essência da trama fosse para uma aventura no estilo “ o que vale é jornada, e não o destino” que terá o menino. A estrutura do filme não me prendeu – a busca de Oskar por respostas- suas idas de um endereço para outro.

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3- Nem quero criticar o ator Thomas Horn, pois esse é seu primeiro filme, e ele mostra ter potencial para ser um bom ator, mas o seu personagem, me fez lembrar da Mattie (Hailee Steinfeld) de “True Grit” (2010). Horn decorou muito bem os dialogos que tinha que decorar. O menino é o narrador do filme, e se sabe dos seus pensamentos e decisões privadas antes de ocorrer ação, por examplo: ele mente muito! Mas o roteirista  Eric Roth e Daldry exagera ao fazer uso de voice- over, pois todas as vezes que Oskar mente, vem aquela  justificativa como se os outros personagens acreditassem na mentira deleCompreendo que Oskar é um menino assustado, chocado pela morte do pai, mas o seu comportamento, e atitudes de  superioridade chega a irritar. Que prazer alguem poderia ter em ter a companhia de um menino tão arrogante?. Quando ele é acompanhado pelo velho (Max von Sydow), ficamos a saber que o misterioso senhor é incapaz de falar – isso significa que o garoto vai falar ainda mais. Fala tanto que me deu vontade de gritar : “Shut the F* up” !.  Desde “True Grit” – com aquela menina falante e irritante, vivida pela gracinha da Steinfeld-, que eu não tinha visto um personagem tão chato quanto Oskar.

Menos ruim, mas não perfeito :

ImagemMax Von Sydow até poderia ter roubado o show para si, se a sua personagem tivesse sido bem desenvolvida e bem conduzida, pois as cenas mais interessantes do filme, são as que ele aparece. A química entre ele e Horn é bastante vaga, e quando Von Sydow sai de cena, a alma do filme vai junto!. Sou um grande admirador desse veterano ator, especialmente por causa de sua grande expressividade, e esforço, e fico triste que ele ganhe uma indicação ao Oscar por um papel tão superficial.

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Faz um tempinho que venho escutano a trilha que Alexandre Desplat escreveu para o filme. Particularmente achei esse o seu melhor trabalho entre as trilhas que ele escreveu para 5 filmes diferentes em 2011. Mas quando ouvi as suas musicas emoldurando a fotografia de Chris Mendes (com uso de edge blur em algumas cenas) senti que Nova York nunca pareceu um lugar tão monótono e nada maravilhoso. A trilha sonora  é linda, mas não achei que case com o filme!.

No geral, “Tão Forte e Tão Perto ” é decente tecnicamente, mas esperava algo mais emocionalmente envolvente e um pouco menos manipulador. Eu certamente não queria sair do cinema como sai depois de “United 93” (2006), totalmente devastado pelo ocorrido em 11 de setembro, mas pelo menos os produtores deveriam ter  – extremamente -,  se preocupado mais com o mundo de Oskar do que ter investido – incrivelmente-, em tudo, pensando no Oscar!.

Nota 5,0

P.S.: Para minha surpresa, “Tão Forte e Tão Perto ” foi indicado para melhor filme, e melhor coadjuvante para Von Sydow. Indigna consideração!.

A Proposta (The Proposal. 2009)

a-proposta_filmeAntes, um aviso para quem já detona um filme por conta de clichês: ‘Vão assistir outro filme!’ Pois esse, ‘A Proposta‘ trouxe de volta a delícia de ver uma ótima comédia romântica. Todos os ingredientes estão ali, e com a química perfeita entre os dois protagonistas.

Sandra Bullock é Margaret Tate. Uma alta executiva de uma grande Editora de Livros. Perfeccionista no que faz, exige o mesmo de seus subordinados. Por levar uma vida solitária, fica quase integralmente voltada para o seu trabalho. Com isso, quem mais sofre é o seu secretário, o Andrew Paxton (Ryan Reynolds).

Margaret, por achar que só o zé povinho que é atingido pela Imigração, vai relegando os avisos. Até que o prazo está perto de expirar. Ou encontra uma saída legal (= legalizada) para permanecer nos Estados Unidos, ou será deportada.

Numa cena, que me fez lembrar de uma no filme ‘O Otário’ (The Patsy), ela tem a idéia de casar com Andrew. Agora, a cena que só ela me leva a rever o filme, é com o jeito do Andrew com o agente da Imigração, Sr. Gilberstson (Denis O’Hare), ao ser notificado do que pode vir a acontecer com ele, caso esteja mentindo.

Por conta disso, o ‘preço’ aumenta ao aceitar a proposta de Margaret. Com isso, somos brindados com cenas engraçadas. E eles terão um final de semana para se conhecerem melhor, mas fora da vida profissional. Justamente na festa de 90 anos da avó de Andrew. Ela ainda mantém um jeito moleque de ser.

Destaco também, o terem incorporado situações atuais. Como o usar as mensagens instantâneas pelo computador. Como também em ‘ameaçar’ filmar algo e jogar no Youtube. Ficou muito bom!

Já era tempo dos americanos virem com uma comédia romântica gostosa de ver, e de rever. Me diverti bastante. Como também, lágrimas rolaram na cena do celeiro… Amei ‘A Proposta‘.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

A Proposta (The Proposal). 2009. EUA. Direção: Anne Fletcher. Elenco. Gênero: Comédia, Romance. Duração: 108 minutos.

Crash – No Limite (2004). Você acha que se conhece?

Por: Eliude A. Santos.
Recentemente ganhei o DVD do filme Crash – No Limite. Esse filme se encaixa numa categoria especial para mim. Eu fui ver Crash no cinema sem grandes expectativas e o filme me surpreendeu… Fiquei impressionado com as histórias e os dilemas dos personagens e com a sensibilidade com que foram abordadas… Fiquei impressionado com o talento de Paul Haggis, roteirista e diretor, em encaixar temas tão nobres num roteiro tão bem amarrado: uma dona de casa e seu marido procurador de Justiça, uma família Persa dona de uma loja, dois detetives, um diretor de televisão e sua mulher, um chaveiro, dois ladrões de automóveis, dois policiais e um casal coreano, todos vivem em Los Angeles e durante um dia e meio entram em colisão uns com os outros das maneiras mais surpreendentes e reais.

O modo sensível como são contadas essas colisões pessoais já fica evidente na primeira frase que se ouve no filme: “É o sentido do tato… Numa cidade de verdade você anda, esbarra nas pessoas, elas topam com você. Em Los Angeles, ninguém toca em você. Estamos sempre atrás de metal e vidro. Acho que sentimos tanta falta desse toque que damos esbarrões uns nos outros só para sentirmos alguma coisa“, fala um personagem referindo-se a um acidente de carro que acaba de acontecer.

O tema central de Crash é o preconceito e a maneira como ele se manifesta das mais diferentes formas, mas não é um filme de denúncia. O preconceito é pano de fundo para o filme falar sobre relacionamentos e a teia de relações que existe entre pessoas. E, pelo modo como as histórias são contadas, você começa a desenvolver empatia pelas personagens que supostamente menos mereciam tal sentimento se víssemos somente parte de sua história. Isso nos ajuda a perceber que dificilmente conseguimos enxergar todas as ramificações de uma situação ou de uma personalidade para que nos coloquemos como juízes diante de qualquer fato, mesmo que a pessoa na tribuna esteja sendo julgada por si mesma, afinal o argumento do filme é “Você acha que se conhece? Você não tem a menor idéia!

O filme tem um argumento poético e utiliza-se dessa licença poética para conduzir a narrativa. O efeito da neve em Los Angeles (a exemplo da chuva de sapos em “Magnólia“, de Paul Thomas Anderson) não foi um erro. O filme é direcionado para americanos que sabem que não neva na Califórnia. Ele fala da frieza (gelo) de relações entre essa massa de americanos (de tantas partes do mundo) e de todo o preconceito que gira por trás dessas relações. Mostrando nos relacionamentos desses poucos personagens que todos estamos de certo modo conectados. Mas que a percepção dessa conexão é tão rara quanto seria nevar naquela cidade. Que normalmente sentimos essa ligação somente naquilo que reconhecemos, mas dificilmente o reconhecemos quando não  vemos essas ligações.

Com uma trilha sonora encantadora e um elenco talentosíssimo, Crash é um filme que nos faz parar e pensar, uma lição de vida que nos surpreende.

Por: Eliude A. Santos  Blog: Ode ao Ego.

Crash – No Limite (Crash). 2004. EUA. Direção e Roteiro: Paul Haggis. Elenco: Don Cheadle, Jennifer Esposito, Alexis Rhee, Shaun Toub, Marina Sirtis, Ludacris, Larenz Tate, Sandra Bullock, Brendan Fraser, Art Chudabala, Matt Dillon, Loretta Devine, Michael Peña, Ryan Phillippe, Terrence Howard, Thandie Newton, Ashlyn Sanchez, Beverly Todd, William Fichtner. Gênero: Crime, Drama. Duração: 113 minutos.