Confiar (Trust. 2010)

Uau! Um filme que retrata uma realidade tão atual, e sem mascarar, com tanta verdade que me fez querer aplaudir a todos empenhados nessa produção. Também me leva a desejar que seja exibido e debatido em Sala de Aula. Mas não apenas com o Professor e os Alunos. Que estejam presentes profissionais da área psico, como também os da área de crime pela internet que envolva pedofilia e bullying.

Confiar” mostra um dos lados negativo da Internet, em primeiro plano. E no aprofundar nesse tema, abre-se um leque. Onde veremos que educar, criar filhos não há uma fórmula única a ser seguida. Mesmo se cercando de amor, respeito… é a  confiança mútua que deve prevalecer sempre. No filme “Pecados Íntimos” um pedófilo foi mostrado como alguém com distúrbio psíquico. Claro que foi válido traçar esse perfil. Acontece que também é uma Tara que pode vir de um cidadão acima de qualquer suspeita. Alguém que se cerca de todos os cuidados para não ser pego. Porque assim ele poderá continuar estuprando outras jovens.

Em “Confiar” também há o em confiar demais no des-conhecido que está do outro lado. Astuto, sabe como ir quebrando a desconfiança. Num jogo de palavras, faz o que quer da vítima. Contando ainda em fazê-la acreditar que são duas almas gêmeas que se encontraram. Foi o que fez, o de nick Charlie (Chris Henry Coffey) com a jovem de 14 anos, Annie (Liana Liberato). Ao longo de alguns meses, com bate-papos diários, Charlie foi se fazendo enamorar. Da parte dele, em segredar mentiras, como também em mentir a idade. Primeiro, diz ter 16, depois 20, 25… E Annie só foi ver sua idade real, no primeiro e único encontro com ele. Encontro esse que irá marcá-la para sempre.

Nem com o sumiço dele, nem com o agente do FBI a lhe mostrar que isso é muito comum, Annie deixa de acreditar que ele não a amou. Que só queria sexo. Ser o primeiro a transar com ela e outras mais. Então, se vira contra a amiga que notificou à direção da escola que Annie fora vítima de um pedófilo. Como também com seu próprio pai, Will (Clive Owen), que ficou transtornado.

Outro ponto a se destacar no filme vem do trabalho de Will. Trabalhando com Publicidade, e com uma Marca para um público bem jovem, ele, e todos nós que assistimos, nos deparamos com o tanto de apelo sexual na venda de um produto. Em até que ponto é abusivo. Até que idade se quer alcançar. É a erotização atingindo aos muito jovens ainda. Annie virou mercadoria, e pior, um produto descartável logo depois de se doar na internet.

Eu preferi não me alongar muito até por ser um Thriller, mas motivá-los para que vejam esse retrato 3×4 do que pode sim ocorrer onde a jovens com acesso livre a Internet. Um alerta que não nos deixa indiferentes. Nos mais, elogiar as performances de Clive Ower e Liana Liberato, estão perfeitos. Ela, em um momento me fez querer exclamar um “Acorda, Menina! Cai na real!“. Ele, me levou às lágrimas no final. Os demais atores também estão muito bem. E um aplauso em especial ao Ross, de “Friends”…rsrs Sério, agora! É que a Direção de “Confiar” é de David Schwimmer.

Um filme nota 10. Até pelo final, cruelmente real!

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Confiar (Trust. 2010). EUA. Direção: David Schwimmer. +Elenco. Gênero: Drama, Thriller. Duração: 106 minutos. Censura: 14 anos.

Mandando Bala (Shoot ‘Em Up. 2007)

shoot-em-up-carrotA primeira vez que assisti Clive Owen foi atuando foi no sensivel filme “As rosas sao vermelhas, as violetas são azuis” que apesar de ser catalogado como comédia, ele aborda muito mais o lado humano que comedia.. Me apaixonei pelo cara.
Tempos depois, ele aparece um comercial, de uma marca X de carro como motorista da Madona.
Apresentação curtissima, porem marcante.
Aos poucos ele foi crescendo no cinema, despontando em filmes, e atualmente desaba num monte de produções.

O problema é que a imagem dele como ator esta se tornando um perfil de justiceiro, vingador, heroico, imbativel. Nao tem mudado. A cada filme novo, parece que é sempre a mesma coisa.Isso é pessimo. Ele tem potencial para todo tipo de papel. Nao justifica ficar so nestes.

No filme Mandando Bala nao é diferente. Alem de ser louco por cenouras – passa o filme inteiro consumindo duzias delas, poderia escrever 15, 20, 30 linhas so repetindo: bang, bang, bang, pow, soc, ratatatatatat e mais bang bang bang bang bang bang bang bang bang bang bang bang bang bang, bang bang bang bang bang bang bang bang.

O filme praticamente vai ficar nisso.
Envolver um bebe que deve ser assassinado, de ter a belissima Monica Bellucci e uma transa entre eles de deixarem homens e mulheres suspirando entre desejo e bizarrice, o resto é tudo igual.
A forma como o ele defende o Bebe dos assassinos, Matriz torna – se fichinha de tantos absurdos.
Enfim o bom é que o bebe sai ileso, sem uma assadura (apesar de usar jornal como fraldas) e todos ficam felizes no final.

Direção e Roteiro: Michel Davis
Genero: Ação, cenas de sexo, tortura, muita violencia
Duração: 88 min, EUA, colorido
Elenco: Com Clive Owen, Paul Giamatti, Monica Bellucci, outros

Trama Internacional (The International. 2009)

trama-internacional_posterNão é um filme de ação, e sim de investigação. Se gostas, terá em ‘Trama Internacional‘ uma surpreendente. Fora outras nformações trazidas com essa grande investigação que nos leva a mais reflexões.

Há nele algo bem comum: um agente tentando se redimir de um passo errado no passado. O diferencial estaria na forte pressão que o fará ficar balançado. Numa de: se não pode ir contra o sistema, junte-se a ele. Ou como numa fala do filme: ‘Quem sabe se o seu caminho está num que tanto evitas?‘ É o que o destino colocou para o personagem de Clive Owen, o agente da Interpol Louis Salinger.

Se há atualmente, e já de conhecimento geral, o poderio de duas grandes indústrias – a bélica e a farmacêutica -, com ‘Trama Internacional‘ ficamos conhecendo uma terceira, tão forte quanto: a dos bancos.

Mas antes que pensem na que causou uma recessão há pouco tempo – a do mercado imobiliário -, o banco aqui é outro. Ele aproveita-se tanto da bélica, como da farmacêutica para continuar no comando. Pois para se livrar sem deixar pistas de quem se põe no caminho utiliza-se do que há de mais novo na bio-química. Até porque não há pé-de-chinelo: são todos da fina flor do jet set internacional.

Seus interesses não estão numa ‘revenda’ de armas. Seu interesse é outro… “Armas pequenas são as únicas usadas em 99% dos conflitos mundiais.” E quem compram? Ou! Por que fomentam as guerrilhas sem cessar?

Trama Internacional‘ nos leva a pensar até onde vai a ficção ao nos mostrar semelhanças com fatos reais. Se haveria algo dessa trama no FMI… Se antes existia apenas uma certeza de que pessoas físicas e jurídicas que usavam certos bancos para lavarem seus dinheiros, aqui verão as nações também fazendo isso. Assim, seria muito ingenuidade da personagem da Naomi Watts, a Promotora americana Eleanor Whitman, achar que colocará a todos no banco dos réus? A teia é mundialmente gigantesca…

Como citei no início, o filme é válido por todas as informações trazidas nessa monumental investigação. Prestem atenção a todas. Até nas ‘grandes’ informações passadas em pequenas notinhas de jornais. É a globalização a serviço da especulação financeira.

O que teria em comum a maioria das nações com conflitos internos? Pertencentes ao 3º Mundo. Se estivessem se preocupando mais com seu povo, tratariam de não gastar tanto em armas. Num desarme-se mundial. Veríamos mais falências de banqueiros. Mas por conta da paz, o povo aplaudiria. E o pior, que há quem culpe os grandes donativos no campo social aos países do 3º Mundo como sendo um vilão que impede o crescimento interno. Santa ingenuidade!

Desliguem celular, esqueçam dos compromissos posteriores… e foquem nesse excelente filme. Que também tem cenas de ação sim: um eletrizante tiroteito dentro do Museu Guggenheim, de Nova Iorque. Não deixem de ver ‘Trama Internacional‘!

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Trama Internacional (The International). 2009. EUA. Direção: Tom Tykwer. Elenco. Gênero: Crime, Drama, Suspense. Duração: 118 minutos.

Duplicidade (Duplicity)

Duplicidade_posterPara um casal, o fato de exercerem a mesma profissão colabora ou traz incômodos? Sendo que para essa profissão eles são treinados para mentir, e muito bem. Assim, numa situação conflitante, as desconfianças serão maiores que num outro relacionamento? Pois aqui em ‘Duplicidade‘ o casal protagonista – Claire (Julia Roberts) e Ray (Clive Owen) -, são Espiões. Ela da CIA, e ele do MI6.

Decidem então largar a espionagem para os governos, e partirem para a industrial. Se são muito bons no que fazem, onde o risco é muito maior, acreditam que será fácil adentrar nesse novo, para eles, mercado. Onde poderiam ganhar muito mais grana. Como num jogo, meio inconsciente, ou inconsequente, além da grana, provar a si próprio que são o top de linha da espionagem. Agora, quando é o ego que dar as cartas… todo cuidado é pouco. E para apimentar… vão cada um trabalhar para dois grandes rivais da indústria de cosméticos. De um lado, Tully (Tom Wilkinson), e do outro, Garsik (Paul Giamatti).

E nesse jogo de cartas marcadas… quem estaria enganando quem?

julia-roberts_e_clive-owen_duplicidadeEm relação a dupla – Roberts e Owen… Confesso que no início do filme cheguei a pensar que seria uma “continuação” do ‘Sr. & Sra. Smith’. Mas ela se desfez depois. Porque em ‘Duplicidade’ o casal nem vivem juntos…  Eles meio que se esbarram entre uma espionagem e outra. Depois, meu pensamento voou… se eles estariam “homenageando” a ‘Morticia e Gomez Adams’. Ficou faltando só emplastar mais os cabelos da Julia e um bigodinho no Clive. Fico a me perguntar o porque de todo aquele laquê nos cabelos… Não sei porque o Owen contracenando com a Julia tende a ficar meio panacão. Como em ‘Closer – Perto Demais‘… Enfim… ficaram acima de uma atuação mediana como dupla.

O filme começa em 2003, em seguida pula para 2008, e ao longo do filme vai voltando no tempo mostrando os encontros dos dois… Num deles, ela o faz lembrar uma das regras deles, o de não confiar no que diz, ou faz. Como citei, todos estão jogando. Mas quem sairá vencedor?

Peguem bastante pipoca, pois o filme é longo. Mas é um bom filme.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Duplicidade (Duplicity). 2009. EUA. Direção e Roteiro: Tony Gilroy. Elenco: Julia Roberts, Clive Owen, Paul Giamatti, Tom Wilkinson. Gênero: Crime, Suspense, Romance. Duração: 125 minutos.

Visões de Realidade e Fantasia em ‘Closer’

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Por: Eduardo Sergio de Carvalho.
Um filme pode conter, de maneira proposital, diversas camadas de temas que se sobrepõem, permitindo várias leituras sobre a obra. Através desse artifício, o autor do filme – o roteirista ou o diretor – estrutura o tema ou personagens, de modo que determinados conteúdos psíquicos apareçam em uma camada interpretativa secundária, fazendo com que o espectador identifique-se com ele, atraindo-o inconscientemente para dentro da tela. Por tal ponto de vista, o filme pode ser visto sob um prisma onírico, onde seu conteúdo manifesto  – imagens por vezes sem sentido, situações irreais – esconde seu verdadeiro significado no chamado conteúdo latente, escondido. Podemos notar tal artifício desde Um Cão Andaluz de Buñuel,  na obra de Fellini, até o cinema comercial americano, mesmo em alguns trabalhos de Spielberg.

Em um segundo aspecto, os temas relativos à psique são apresentados sem a intenção consciente por parte do autor. Aqui, torna-se mais difícil identificá-los, e apenas o olho do indivíduo preparado, ou identificado subjetivamente com o tema latente, poderá apontar e levantar questões pertinentes a ele. Alguns cineastas podem ser considerados autores, justamente por apresentarem variações sobre um mesmo tema, seja consciente ou não, ao longo de suas carreiras – vide Clint Eastwood e sua visão sobre a culpa em sua fase madura, revelando-se essencialmente católica em Menina de Ouro – , e proporcionarem essa identificação junto ao público. Podemos correr o risco de dizer que um filme não existe para o público se não houver essa identificação psíquica.

Tal identificação pode mesmo levar a interpretações profundamente pessoais sobre filmes com intenções muito claras. Parece ser este o caso de Closer – Perto Demais, um filme franco e aberto que discute as relações homem-mulher na sociedade contemporânea. Adaptado pelo dramaturgo Patrick Marber de sua própria peça teatral, o filme de Mike Nichols é um grande e elaborado discurso sobre o tema, questionando de modo ácido que lugares ocupam a mentira e a sinceridade nos relacionamentos, e até que ponto conseguimos discernir onde a verdade sai e dá lugar ao embuste, à fraude. Falando francamente de fraquezas humanas, o texto tem todas as chances de causar impacto no público. E é o que faz.

Em uma das várias discussões acerca de Closer, fui alertado para um aspecto que não notara. Uma pessoa que assistiu ao filme, identificada com Dan (vivido por Jude Law), viu a fita como uma criação literária do personagem: aquilo que vemos na tela em Closer seria O Aquário, o livro de Dan que não deu certo. Para este espectador, o filme todo não passa da realização fantasiosa de um escritor frustrado, que trabalha fazendo obituários em um jornal londrino. É uma leitura plausível: o título do livro – um grande tanque d´água, onde seres vivem expostos aos olhos do público – pode remeter a emoções expostas, porém limitadas às paredes do tanque; à psique aprisionada que quer manifestar-se (a água é um símbolo onírico associado em geral ao inconsciente, bem como às emoções e fantasias). Em suma: Closer é a fantasia de Dan – um alter ego de Patrick Marber ? – exposta na tela, tal qual um aquário.

Uma interpretação absurda, você dirá, mas perfeitamente possível para a pessoa que relatou-a a mim. O indivíduo em questão possui conhecimento da área psicanalítica, é extremamente ligado às artes, em especial à escrita. Li textos belíssimos de sua autoria, nunca editados e apreciados por um público mais amplo. Seu desejo de talvez seguir uma carreira literária fez com que se identificasse com Dan, e seu trânsito entre mundos subjetivo e objetivo levou-o a tal interpretação, unindo real e imaginário sem fronteiras bem determinadas. Não cabe dizer se é certa ou errada; é apenas uma visão pessoal, que poderá variar conforme características e conteúdos inconscientes de cada indivíduo. Uma stripper ou garota de programa, ou quem possua tal fantasia, poderá identificar-se com Alice (Natalie Portman), e enxergar o mesmo filme sob outro ângulo; alguém viciado em chats de sexo poderá ver-se como Larry (Clive Owen); casais em diversas fases no relacionamento, indivíduos manipuladores ou que se deixem manipular facilmente verão outras facetas na mesma obra.

Assim como o inconsciente, o filme jamais se esgota, proporcionando múltiplas visões sobre o mesmo e sobre quem é tocado por ele. Levando essas questões para o ambiente da clínica, um filme como Closer transforma-se em um instrumento notável para a compreensão das relações do sujeito com o outro e consigo próprio.

O Plano Perfeito (Inside Man. 2006)

Para mim, o filme não foi perfeito por se alongar demais. Quem já conhece meus textos sabem que não me importo com a duração do filme. Desde claro que tenha razão para isso. Que o seja por conteúdo. Ou até que não nos tire a atenção. Nesse, teve uns 20 minutos entediantes, onde até lixei um pouco as unhas. Fiquei com a impressão de que para o Spike Lee filme bom tem que ser longo. Tal qual o pensamento do Jô Soares que livro bom tem que ficar em pé (Para quem tem Orkut, conto essa história aqui com mais detalhe.). Sem esses 20 minutos, a história ficaria mais amarrada.

Outro ponto que não gostei foi com a escolha da atriz. Ou o Diretor não soube tirar todo o potencial de Jodie Foster. Talvez uma outra atriz teria roubado a cena, quiçá o filme. Pelo personagem, por aquilo que tinha que fazer: em ficar entre o banqueiro, o bandido e o mocinho. Mas ficou a desejar. Ela fora incumbida pelo banqueiro de que algo guardado num dos cofres que ficasse em segredo. Sendo assim teria que passar pelos tiras para chegar aos assaltantes.

Em relação a história do tal segredo do banqueiro (Christopher Plummer) não é original. Também não vejo demérito nisso. Mas digo porque tantos bateram nessa tese. A história me fez lembrar de outra num livro que li há muito tempo atrás. Pena que não lembro o nome (Foi num período onde algumas Editoras fizeram tiragens de livros em papel jornal. Eram vendidos em Bancas de Jornais a preços bem populares. Eu li muitos nessa época.). Fiquei pensando que o Spike Lee também leu tal livro. E inspirou-se naquele segredo para fazer esse.

O segredo do banqueiro, sem estragar a surpresa de quem ainda não viu esse filme, vem de encontro em aproveitar-se de uma situação para dela extrair dividendos. Algo anti-ético? Amoral? Sim. Mas que alguns governantes fazem passar tranqüilamente pelos olhos da lei. Por terem a máquina a seu favor.

Caça ao rato? Bandido versus Mocinhos? Metendo o dedo na ferida? Tudo isso é exposto nessas horas onde um assalto a um banco fora descoberto. Teria sido mesmo? Os policiais não teriam sido parte do plano? Entre bandidos e os tiras, haviam também os reféns. Restaria saber quem era quem.

Mas o filme é bom. Amei a música Chaiyya, Chaiyya! E a carequinha do Denzel me fez ficar com saudades do Kojak. Ah! Aquele final me fez pensar que deixaram um gancho para uma continuação. Eu espero que não, pois seria mais um ponto negativo.

Por: Valéria Miguez.

O Plano Perfeito (Inside Man). 2006. EUA. Direção: Spike Lee. Elenco: Clive Owen, Denzel Washington, Christopher Plummer, Willem Dafoe, Jodie Foster, Chiwetel Ejiofor. Gênero: Drama, Policial, Suspense. Duração: 129 minutos.