Série de Tv: The Big Bang Theory

the-big-bang-theory_serie-de-tv_2007Algumas (muitas) pessoas costumam detonar um filme argumentando que têm clichês demais. Daí não deixo de ter uma curiosidade de se fariam então o mesmo com essa série já que em “The Big Bang Theory” há uma explosão deles. São mais que conceitos. É como a personificação e junção de cada um dos esteriótipos tão usados no Cinema. Basicamente em “The Big Bang Theory” temos um grupo de nerdsSheldon Cooper, Leonard Hofstadter, Howard Wolowitz e Rajesh Koothrappali – convivendo pacificamente com uma que seria a “loura” – Penny -, mas que no fundo tem inteligência bastante para lidar com eles. Onde a escolha dos atores assim como a caracterização de cada um foi mais que perfeita!

jim-parsons_como_sheldon-cooperComeço por aquele que deu vida a Sheldon, o ator Jim Parsons. Que o faz de um jeito que não dá para pensar em outro ator fazendo o Sheldon. Dizer que esse personagem é inteligente seria um eufemismo. Ele é um super dotado com uma mente brilhante no campo científico. Físico teórico com doutorado, trabalha na Universidade Caltech. Além disso possui outras particularidades. Manias bem sintomáticas que nele acaba unindo uma síndrome à outra. Como TOC (Transtorno obssessivo compulsivo) à Asperger, por exemplo. Uma outra mania é o pavor aos germes; de ser infectado. Também se ver inapto para dirigir automóveis. O que o leva a depender dos outros que possuem carros. Bem, dependência em termos! Já que Shelton no fundo vence porque assim se livrarão mais rapiamente dele. Como um meio de se sociabilizar usa o termo “Bazinga” para mostrar sua “emoção” a algo. Ficando para os demais interpretar o que de fato ele expressou com ela. Até porque para ele que interpreta tudo literalmente, e naturalmente, há diferenças significativas em seu comportamento. Outra de suas manias é ser totalmente avesso às mudanças. A performance de Jim Parsons é tão perfeita que nessa onda de dublarem tudo na televisão até bate um receio do dublador não captar também a mesma essência do Sheldon. Até o seu modo de bater à porta de sua vizinha: “Penny, Penny, Penny!

johnny-galecki_como_leonard-hofstadterCom Sheldon vai morar Leonard. Tão bem interpretado por Johnny Galecki. Esse é um nerd mais tranquilo e o mais sensato do grupo. O que até vem a calhar para aturar todos os tiques e manias de Sheldon. Do grupo, Leonard seria a ponte que levaria a todos para um mundo nada acadêmico. Mas é como ele ter um manual para uma vida bem social sem saber como colocar isso em prática. O que seria o seu lado sombra, já que profissionalmente sabe executar o que estava em teoria. Sua timidez não faz dele um líder. Para poder dividir o apartamento com Sheldon teve que passar por um extenso interrogatório. Mais que um acordo de uma agradável convivência, foi mesmo um contrato que teria que ser cumprido. Algo que levaria qualquer um a desistir. Denotando o quanto ele não se importa com bizarrices alheias. Alé de Penny, Leonard irá namorar a irmã de Raj, a Prya (Aarti Mann). Ele trabalha num dos Laboratórios da Caltech.

kunal-nayyar_como_raj-KoothrappaliNo prédio, mas em outro andar mora o indiano Raj. Uma ótima interpretação de Kunal Nayyar. Ele vive com o receio de ter que voltar à terra natal, e lá voltar a conviver novamente com os costumes locais. Ele não se ocidentalizou de todo, mas muito mais por ser extremamente tímido. Sem esquecer de aprendeu a amar Hambúrguer de carne de vaca. Mantém contato pela internet com os pais que moram na Índia, e que sonham ver os filhos Raj e Prya casados. Mas Raj só consegue dialogar com as mulheres quando bebe, e mesmo assim não sai muito bem nas conquistas. Aliás, foi por conta de um drinque criado por Penny que todos eles notaram que ele precisava desse “aditivo” para vencer a timidez. Raj também trabalha na Caltech.

raj_coquetel-grasshopperReceita do Coquetel Grasshopper,o favorito do Raj:
Ingredientes:
40 ml de vodka
20 ml de creme de menta
20 de creme de cacau branco.
Modo de preparo: Coloque todos os ingredientes em uma coqueteleira com gelo. Chacoalhe e depois verta o conteúdo em um copo de martini. Algumas pessoas acrescentam creme Chantilly à receita. (Fonte.)

simon-helberg_como_howardO quarto integrante desse grupo é Howard. Também fica difícil pensar em outro ator interpretando-o. Aplausos também para Simon Helberg. Dos quatro é o único que ainda mora com a mãe, e em outra parte de Pasadena. Não se sabe ao certo se ele foi agregado ao grugo por fazer parte do mesma universidade, a Caltech, ou pela paixão em comum aos quatro: historias em quadrinhos, star wars, jogos virtuais… Howard se acha um grande conquistador, mas fica mais na vontade. Dos quatro amigos é o único que não tem doutorado. Seu mestrado em engenharia vira piada para os outros três. Ele trabalha com Engenharia Espacial. Howard ainda é bem dominado pela mãe judia, fato esse que quem tentará cortar esse cordão umbilical será Bernadette (Melissa Rauch). Ela tem doutorado em Biologia, o que faz com que ele se sinta inferiorizado. Bernadette também terá um salário bem mais alto. Fato esse que deixará Howard em dúvida, pois seria como deixar de depender financeiramente da mãe e passar a depender da futura esposa. A questão maior é que ele não abre mão de gastar seu salário com seus hobbies e invenções. Aliás, as suas invenções são um show à parte. Howard também gosta de fazer mágicas.

apartamentos_the-big-bang-theorykaley-cuoco_como_pennyDesde a primeira Temporada temos a Penny, a “loura” da história. Outra grande interpretação dessa Série: Kaley Cuoco. Ela mora no apartamento frontal ao de Sheldon e Leonard. Penny veio morar na Califórnia para tentar uma carreira de atriz, mas enquanto não “acontece” é garçonete da lanchonete Cheesecake Factory, onde os quatros amigos vão lanchar num certo dia da semana. Consumidora, acaba deixando suas contas sempre no vermelho. Aliás esse seu orçamento acaba “enriquecendo” a trama. Além das compras, se endivida por emprestar dinheiro para seus namorados. Que aliás só namora caras fortes e nada inteligentes. O que dá um um tempero maior em sua vida, já que no lado profissional é decepcionante. Após ter um envolvimento com Leonard não vê mais graça nos de então. Ambos após terminarem o namoro volta e meia transam. No fundo ela é apaixonada por ele. Talvez por ele ser além de inteligente, é um cavalheiro. Algo tão diferente dos truculentos que cruzaram a sua vida amorosa. Sua cultura se baseia em saber tudo das celebridades. De todos é a única personagem sem sobrenome, o que deixa a ideia de que o motivo irá aparecer mais tarde. E Penny é então a ponte entre os nerds e a vida social.

mayim-bialik_como_amy-farrah-fowlerMas a Série não ficou só em “meninos” nerd, trouxeram uma “menina”. Que não é a Bernadette, já que essa faz a mulher moderna: inteligente, que trabalha fora, e desencanada até com o fato de deixar as tarefas domésticas para o marido. A entrada dessa jovem nerd veio para abalar outra estrutura. Pois é! Se Penny já fazia Sheldon estremecer até por sua casa está quase sempre bagunçada, suas discussões se tornam um drama menor com a entrada de Amy Farrah Fowler (Mayim Bialik) na vida dele. Sem o conhecimento desse, Howard e Raj o inscrevem em um programa de encontros pela internet na busca de um par perfeito para Sheldon e terminam encontrando a Amy. Ela é uma neurocientista. Levando todos a verem-na como uma versão feminina do Sheldon. Sheldon e Amy então começam uma amizade. Até porque namorar não está nos planos dele. Ele se dedica mesmo a carreira profissional, como também a uma premiação maior: o Nobel de Física. Amy acaba se apaixonando perdidamente por ele. Como também aceita ter um falso namoro porque a ajudaria a dar uma satisfação a pressão que sofre da própria família por sua solteirice. Para alguém que diz ser desprovido de sentimentos, o arrojo de Amy vira um grande pesadelo para Sheldon. Mas que até por sua curiosidade científica ele aos poucos acaba deixando-a avançar nesse terreno. A convivência com Penny e Bernadette levará Amy a se preocupar mais com a aparência. Ficar mais feminina.

sheldon-socorre-pennyAgora, o grande contraponto de Sheldon é mesmo Penny. Quando juntos, Sheldon e Penny, roubam a cena. Desde ele batendo incessantemente na porta do apartamento dela, até em situações onde ele a leva a um hospital, por exemplo. É o 8º Episódio da 3ª Temporada. Se reprisarem, assistam. É hilário! Deixo aqui parte do diálogo já na sala de espera do hospital:
_ De acordo com a enfermeira inexplicavelmente irritada, será atendida após o homem alegando ataque cardíaco. Mas bem o suficiente para jogar doodle jump no iphone. Temos que preencher isso. Descreva a doença ou ferimento.
_ Desloquei meu ombro.
_ Certo. E como o acidente ocorreu?
_ Já sabe como foi.
_ Causa do acidente? Ausência de adesivos de patos. Histórico médico. Já foi diagnosticada com diabetes?
_ Não.
_ Doenças renais?
_ Não.
_ Enxaqueca?
_ Começando a ter.
_ Está grávida?
_ Não.
_ Tem certeza? Está meio gordinha.
_ Mude enxaqueca para sim.
_ Quando foi sua última menstruação?
_ Próxima pergunta.
_ Vou colocar “em andamento”. Passando para transtornos psicológicos. Liste os sintomas recorrentes, ex: depressão, ansiedade, etc…
_ O que isso tudo tem a ver com meu ombro, estúpido?
_ Ocorrência de raiva psicótica.
_ Idiota.
_ Possível síndrome de Tourette. Verrugas, lesões, ou outras doenças de pele? Tatuagem de sopa na nádega direita.”

kevin-sussman-como-stuartAinda há mais um outro personagem nerd ligado aos demais justamente por trabalhar no local onde os quatro amigos vão muitos: a loja de revistas em quadrinhos. Ele é Stuart (Kevin Sussman). Também é do time dos tímidos como os dos enamorados por Penny. O que deixa Leonard com ciúmes. Por ser ele “um igual”. Stuart é outro aficcionado pelas HQ. Promovendo sempre eventos onde os clientes podem ir com fantasias de seus super heróis preferidos.

Os quatro amigos – Sheldon Cooper, Leonard Hofstadter, Howard Wolowitz e Rajesh Koothrappali -, se dão o direito de zoarem entre si. Até como um jeito de vencerem as barreiras dos preconceitos que sofrem. Ante a um olhar reprovador pelo ângulo politicamente correto, é bom lembrar de um outro grupo bem heterodoxo que também zoavam entre si, no filme “Quinteto Irreverente“. Só para citar um exemplo fora do mundo dos nerds. E é válido também como um “tratamento de choque” para enfrentarem seus piores pesadelos. Como também a história deles mostra que o bullying também se de na própria casa. Onde o trauma perdura com mais força.

the-big-bang-theory_jogos-e-fantasiasEu compro o que a infância sonhou!

Pois é! Todos eles seguem essa máxima. Com o salário na fase adullta eles compram tudo o que desejaram em criança. O que de certa forma não pode ser visto como “síndrome de Peter Pan”. No caso deles pesa o fato que dentro dessa fantasia, se sentem fortes. Se veem como super heróis. Mas sendo eu leiga no campo psico, deixo como sugestão de estudos aos profissionais dessa área. E mais! Excentuando a Penny, que pouco se sabe do seu passado, os quatros amigos tiveram, ou melhor, não receberam carinho e respeito de suas mães. Onde ainda ficam intimidados diante elas.

the-big-bang-theory_a-sexuaidadeMesmo com tanta bagagem cultural excetuando a Penny, todos os demais estão engatinhando na vida sexual. Como também na descoberta da própria sexualidade. Com isso a Série vai deixando no ar até a dúvida de alguns personagens acerca de suas preferências sexuais. Como Raj, por exemplo, que tende às vezes para a homossexualidade. No caso de Amy, ela parece ser bissexual: está apaixonada por Sheldon ao mesmo tempo que sente uma grande atração por Penny. Tesão mesmo. A Série não explicita esses lances, talvez para não bater de frente com os Censores Oficiais. Por outro lado, não mostrando tudo de vez dá vida longa a “The Big Bang Theory”.

The Big Bang Theory” uma criação de Chuck Lorre e Bill Prady teve início em 2007. Com seis Temporadas completas, entrando já na sétima. O que tem deixado a nós, fãs da Série, alegres e na torcida por uma vida bem mais longa. No Brasil é exibida pelo canal Warner.

Então é isso! Uma Série muito engraçada! De se ver e rever. Nota 10!

jargao-do-sheldonPor: Valéria Miguez (LELLA).

COMER REZAR AMAR (2010). Um Mergulho no Universo Feminino.

_Sabe quando reformou a cozinha, comprou um livro de receitas, e disse que iria aprender a cozinhar? Pois bem! Isso é o mesmo que ir meditar na Índia. Só que em cultura diferente.” (*)

Deixo um convite a Todos, não importando o sexo, e quase para todas as faixas etárias – para os adolescentes também. Que vão assistir esse filme – “Comer, Rezar, Amar“. Para que conheçam, entendam, sintam o que é ser mulher. Porque nele não é mostrado apenas a cabeça da personagem principal, mas de muitas. Desde a cabeça de uma menina aos quatro anos de idade, até de mais idosas. Aos homens, fica um convite especial. Verão qual é o limite que leva a uma mulher a dar um basta numa relação. Mesmo ainda sentindo amor por ele.

Assim, após assistirem, o convite é para uma troca de impressões. O porque disso? É que a partir daqui, o texto terá spoiler. Hesitei um pouco se traria ou não, mas senti uma vontade intensa em destacar vários trechos desse filme. O que ficaria complicado sem contar os detalhes.

Não li o livro, mas fiquei com vontade de ler. Como também, de ter o dvd. Até porque nele há várias falas que eu gostei. Clichês ou não, elas traduzem uma cabeça comum: livre de um certo pedantismo advindos de muitos estudos. Mas também sempre gostei de colecionar Citações, que para mim segue junto na composição de um texto. Gosto tanto, que até abri uma comunidade no Orkut de Frases de Filmes. Em “Comer, Rezar, Amar“, essas frases, a maioria delas, são como peças de um quebra-cabeça para se chegar a mente feminina. São várias reflexões que na montagem final temos o universo singular e particular de cada uma delas. E porque não, de cada uma de nós.

A fala com que iniciei o artigo, a escolhi, primeiro por mostrar um dos propósitos da protagonista, depois pela sapiência contida nela. Pela Liz (Julia Roberts), surgiu nela uma busca espiritual. Pela frase como um todo, em mostrar que essa busca não depende muito do lugar, mas sim da ferramenta usada. Mais até, em desligar a mente da questão maior fazendo outra coisa até fora da rotina diária. O que me lembrou de uma frase que ouvi num filme (Layer Cake): “Meditar é concentrar parte da mente numa tarefa mundana para que o restante encontre a paz.“ Também por mostrar que cada pessoa agirá de um jeito próprio, quando se dispõe a se conhecer por inteiro. Alguns levarão anos, outros, o farão num tempo menor. Outros nem terão esse desejo, e nem por isso serão infelizes. O que a estória mostrará, é um encontro com a religiosidade.

Ter um filho é como fazer uma tatuagem na cara. Você precisa realmente ter certeza de que é isso que você quer antes de se comprometer.”

A Liz encontra-se às vésperas de completar trinta anos de idade. Que seria uma data marcada para uma mudança radical em sua vida. Algo decidido num passado recente, por ela e o então marido, Stephen (Billy Crudup). Talvez uma promessa feita no calor da paixão. Haviam decidido que ela sossegaria, teriam filhos, que se dedicaria mais ao lar. Tudo já planejado. Num processo depressivo, em vez de remédios, decide rezar. Pedir a Deus que lhe mostre um caminho. E é quando se houve: se sua mente estava conturbada, seu corpo, cansado fisicamente, clamava por uma boa noite de sono.

Acontece que Liz não se via como mãe. Não ainda. Diferente de sua grande amiga Delia (Viola Davis). É Delia quem tenta convencê-la a não partir, a não abandonar a casa que ela, Liz, participou ativamente da reforma à decoração, e principalmente a não se separar de Stephen. Delia sempre quis ser mãe, dai não entendia muito o fato da amiga não querer. O que me fez lembrar de um fórum recente. São escolhas que em nenhum momento denigre uma mulher. Aliás, um dos pontos positivos que esse filme trouxe, é o fato da mulher se libertar daquilo já imposto pela sociedade. Uma liberdade que ainda pesa quando parte da mulher. Um largar tudo e botar o pé na estrada ainda é um território masculino. Assim, quando uma jornada dessa é feito por uma mulher: recebe a minha benção.

As pessoas acham que a alma gêmea é o encaixe perfeito, e é isso que todo mundo quer. Mas a verdadeira alma gêmea é um espelho: a pessoa que mostra tudo que está prendendo você, a pessoa que chama a sua atenção para você mesmo, para que você possa mudar a sua vida. Uma verdadeira alma gêmea é provavelmente a pessoa mais importante que você vai conhecer, porque elas derrubam as suas paredes e te acordam com um tapa. Mas viver com uma alma gêmea para sempre? Não! Dói demais. As almas gêmeas só entram na sua vida para revelar a você uma outra camada de você mesma, e depois vão embora.

Liz não entendia ainda o porque do desconforto sentido em seu relacionamento com Stephen. O amava, mas seu interior estava sufocado. Ao se separar, apesar do litígio, se sentia culpada pelo rompimento. Só se libertaria desse peso, em sua passagem pela Índia. Uma cena emocionante, que me levou às lágrimas. É que meus olhos já estavam marejados pela anterior a essa. Quando a vida apresenta que não podemos nem esperar muito de alguém, nem que esse alguém, também espere muito de nós, vem como uma libertação. Para alguém com o pé no mundo, cada dia era de fato um novo dia.

Liz após esse rompimento, conhece David (James Franco). Um jovem ator. Com esse romance, era mais uma tentativa de se encaixar nas tradições. Mas por ser alguém muito Zen, David leva Liz a conhecer um lado religioso. Por ele, indiretamente, lhe vem a vontade de ir a Índia. Conhecer de perto o Templo, e a comunidade da Guru. Mas isso só se concretizou, quando viu que com David também levaria um casamento tradicional. O acorda veio com uma observação de um amigo. Com David, o rompimento em definitivo, vem num email.

Aprenda a lidar com a solidão. Aprenda a conhecer a solidão. Acostume-se a ela, pela primeira vez na sua vida. Bem-vinda à experiência humana. Mas nunca mais use o corpo ou as emoções de outra pessoa como um modo de satisfazer seus próprios anseios não realizados.

Liz se dá conta de que passou grande parte da vida sem um tempo só pra si. Tão logo saia de um relacionamento, entrava em outro. Então resolve fazer a sua jornada. Como era alguém que queria sempre ter controle da sua vida, mesmo querendo fugir de tudo planejado, traçou uma rota. Ficaria um ano longe de família, amigos, carreira, NY… Passaria quatro meses em cada um desses países: Itália, Índia, Indonésia. Ela vê uma curiosidade na escolha dos três: começam com “I”, que em sua língua, é “Eu”. Faria um encontro com ela mesma; com o seu self. Algo que eu adorei nessa sua peregrinação foi o fato de não fazer um caminho solitário. Mesmo indo sozinha, não se isolou do mundo, das pessoas.

Seu período na Itália veio como puro prazer. Quase como o alimentar o corpo. Transgredindo o pecado da gula. Primeiro, ou melhor, a escolha por esse país partiu porque sempre quis aprender a língua italiana. Mas chegando lá, descobriu também o prazer em comer. Ela tinha fome! De comer sem culpa. Comer sem se preocupar em engordar. De comer até se fartar. Afina o seu paladar entre sabores, aromas e saberes.

A cena da Julia Roberts saboreando um espaguete – e do jeito que eu amo: com muito molho de tomates -, ficará na memória. Sabe aquele prato que te leva a esquecer do mundo? Que lhe vem à mente – Não quero que nem Deus me ajude!? A cena em si, nos leva a pensar nisso. E regada ao som de: Der Hölle Rache Kocht In Meinem Herzen.

Mas esse período não ficou só em comilanças, e conhecendo a cultura e o jeito de levar a vida dos italianos. Liz faz uma descoberta de si mesma. A de que há partes da sua personalidade que ficarão para sempre. Que se adaptarão a cada nova realidade que a vida lhe trouxer. O que me levou a pensar nessa frase da Clarice Lispector: “Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.” Liz aprenderá a canalizar essas forças dentro de si, nos períodos passados nos outros dois países.

Ainda na Itália, lhe vem o desejo de encontrar a sua palavra: aquela que a definirá. Que será o seu norte. E a palavra vem na Itália, mas só terá consciência dela em Bali. Voltarei a ela mais para o final.

Galopamos pela vida como artistas de circo, equilibrados em dois cavalos que correm lado a lado a toda velocidade – com um pé sobre o cavalo chamado ‘destino’, e o outro sobre o cavalo chamado ‘livre arbítrio’. E a pergunta que você precisa fazer todos os dias é: qual dos cavalos é qual? Com qual cavalo devo parar de me preocupar, porque ele não esta sob meu controle, e qual deles preciso guiar com esforço concentrado.”

Na Índia, antes de chegar ao Templo da Guru, fica assustada com o trânsito local. Numa de se perguntar em como do caos chegam ao equilíbrio zen. Já no Templo, constata que tal como o de NY, não há a presença física da Guru, mas sim um retrato. Depois entenderá que a busca é para dentro de si.

Essa sua passagem pela Índia, nos leva do riso às lágrimas. A diferença cultural, mais que deixá-la em choque, a levará a se por em xeque. Ela quis aprender a se devotar a algo maior. A encontrar a espiritualidade em si.

Duas forças amigas serão o peso em sua balança. De um lado, uma jovem indiana, Tulsi (Rushita Singh) que sonha seguir carreira como Psicóloga. Que gostaria de se rebelar com o seu destino: um casamento arranjado. Tradição familiar e cultural. Liz vai a cerimônia de casamento, e dá um belo presente a jovem. Algo não material. E que também fez com que Liz descobrisse mais de si. Que fazemos parte de uma engrenagem, não somos, não devemos nos ver como peça isolada o tempo todo. Há vários momentos que estaremos em contato com alguém. Então, é saber a arte de uma boa convivência. Mais! Que há vivências que não teremos como escapar. Assim, o melhor a se feito é tirar um proveito da situação.

Do outro lado, estava Richard (Richard Jenkins), o seu James Taylor. Richard ficava levando-a a conhecer seus limites, para então ultrapassá-los. Além do ex-marido, do jovem ator, ele foi mais um personagem masculino a mostrar que não basta só um querer manter a relação a dois. No caso dele, o desrespeito chegou aos extremos: bebidas, drogas, relações extra-conjugais… Ao contar a sua estória, dá um aperto no coração. Principalmente quando pessoas como ele, fazem parte do nosso ciclo, ou familiar, ou de amizade. Certa vez, eu perguntei a uma pessoa se fora preciso mesmo abraçar uma religião, para então dá valor a linda família que possuía, e ele disse que sim.

Liz, Richard e Tulsi foram parar ali por motivos diferentes, mas igual no que buscavam: depurar o passado, se adequarem ao presente, para então seguirem mais confiantes para o futuro. Inconscientemente, um ajudou o outro nessa busca. Dos três, o fardo maior trazido do passado, era o de Richard. Perdera um tempo enorme de não ver o filho crescer, por não o ter colocado antes em sua vida. Voltando ao tema do início. De que maternidade e paternidade tem que querer de fato. Até pela responsabilidade que terá com a criança. E quando Liz consegue perdoar a si própria… minhas lágrimas desceram. Leve. Por me levarem a pensar num momento meu.
Eu quero vê-la dançar novamente“… Livre, era chegada a hora de seguir em frente. Próxima parada: Bali.

Imagine que o universo é uma imensa máquina giratória. Você quer ficar perto do centro da máquina – bem no eixo da roda -, e não nas extremidades, onde os giros são mais violentos, onde você pode se assustar e enlouquecer. O eixo da calma fica no seu coração. É aí que Deus reside dentro de você. Então, pare de procurar respostas no mundo. Simplesmente retorne sempre ao centro, e sempre vai encontrar a paz.”

Da vez anterior, que estivera a trabalho em Bali, Liz conhecera um Xamã: Ketut. Uma figuraça! Então, o procura. Gostei muito mais de Ketut – até pelo seu jeito irreverente de ser -, do que da Guru da Índia. Ketut, mesmo com todo o peso de ser um Xamã, é alguém mais objetivo. Ligado com o que há por vir. Por conta disso, propõe uma troca a Liz: ela transcreveria seus manuscritos – que com a ação do tempo estavam se esfarelando – e ele a ajudaria nesse seu vôo em sua alma. Ah! A companheira de Ketut mostra-se uma mulher de grande sapiência.

Se na Índia, Liz se livrou de bagagens inúteis para seguir em frente, em sua passagem por Bali iria aprender de fato a adequar sua personalidade com tudo mais a sua volta. A ter um equilíbrio, até quando a vida lhe tirasse dele.

Em Bali, Liz conhece uma Doutora da Floresta: alguém que cura pelas plantas. Ela é Wayan (Christine Hakim). Tem uma filha, Tutti (Anakia Lapae). Uma menina que aos 4 anos de idade, dá um sábio conselho à mãe. Que mesmo sendo penoso, até por conta da cultura local, Wayan aceita. As três ficam amigas. E por elas, Liz entende que há mais religiosidade num ato, do que passar horas num templo. Seu ato, faz um resgate a uma vida condigna a essas duas amigas. Mãe e filha não precisariam mais ficarem peregrinando. Ganham de Liz, e de seus amigos, um porto seguro. O mundo carece de atitudes como essa.

Ao longo dessa sua peregrinação, Liz convive com várias mulheres. De culturas diferentes. Algumas, como ela, nadando contra a correnteza, ou pelo menos, tentando. Mas mesmo as que seguem como reza a tradição, não estão infelizes. Esse é um dos pontos altos desse filme. É um verdadeiro ode a alma feminina.

Quando tudo parecia seguir por um caminho certo, Liz se vê literalmente jogada para fora da estrada. Bagunçando o seu equilíbrio novamente. Seria o destino testando-a? O autor dessa proeza seria o homem que Ketut viu nas linhas de sua mão? Aquele com quem teria um longo relacionamento? O que sustentaria essa ligação por anos? É quando entra em cena o personagem de Javier Bardem: Felipe. Alguém que trazia também um peso do passado.

Pausa para falar do ator, ou melhor, do homem: Javier Bardem. Ele está um tesão nesse filme. A maturidade o deixou mais sedutor. Lindo demais! Mesmo eclipsado pela performance da Julia Roberts, eu gostei dos dois juntos. Deu química.

Seu personagem é um brasileiro que adotou Bali como Lar. Tal como Liz, é alguém que ama viajar. O prazer nisso, até por força da profissão. No momento da estória, ele é um Guia Turístico em Bali. Leva Liz a conhecer aromas e sabores da cultura local.

Fazendo ele um brasileiro, fica difícil não comentar duas coisas:
– o filme passa a ideia de que pais brasileiros beijam seus próprios filhos na boca. De que isso é algo cultural. Como eu não li o livro, não sei de onde tiraram isso. Não há esse costume aqui.
– o lance dele dizer muito “Darling!”. Se é como “Querido(a)!”, também o costumeiro por aqui, ganha a conotação de algo superficial. Mas o seu personagem passa a ideia de um tratamento afetuoso, de intimidade com a pessoa.
É o único ponto negativo em todo o filme. Nem a longa duração do filme, me fez perder o brilho nos olhos. Até porque, sendo bem contada, eu gosto de uma longa estória.

Como citei anteriormente, “Comer, Rezar, Amar” traz várias falas reflexivas, e uma delas vem com a palavra que Liz então escolhe para si. Que para mim, é a que melhor traduziria como deveria ser uma relação a dois: attraversiarmo. É, ela a escolheu na língua italiana. Ela faz a ponte para a união de dois seres distintos. Donos de suas particularidades, um não anulará isso no outro. Saberão encontrar o ponto em comum, e respeitando as diferenças. Mas principalmente, respeitando o parceiro, a união, o porto seguro que farão com essa relação.

E é Ketut que leva-a a descobrir que estava pondo tudo a perder, ao voltar aos velhos hábitos. Deveria se entregar de corpo e alma a esse universo que chegara à sua porta. Isso, se colocava fé nessa relação. Até porque, os relacionamentos certinhos demais, de outrora, nunca a deixara satisfeita. Também, algo como o jovem Ian (David Lyons) propunha não era o que queria. Então, por que não vivenciar o que Felipe lhe propôs? Uma ponte entre NY e Bali… Em sua despedida ao Ketut, minhas lágrimas desceram…

A estória, ou as estórias, a Fotografia, a Trilha Sonora, as atuações… tudo em harmonia para um filme nota 10. E que entrou para a minha lista de que vale a pena rever. Não deixem de ver.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Comer, Rezar, Amar (Eat, Pray, Love). 2010. EUA. Direção: Ryan Murphy. +Elenco. Gênero: Drama, Romance. Duração: 133 minutos. Baseado no livro homônimo e autobiográfico de Elizabeth Gilbert.

(*) Foram tantas as Citações, que essa logo no início, me fugiu um pouco a lembrança palavra por palavra. Quando eu encontrar a transcrição literal, eu trarei para cá. Por hora, fica o sentido da fala.

Quem Quer Ser um Milionário?

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“Quem quer ser um milionário?”

Você certamente ouviu muito isso quando Silvio Santos apresentava seu famigerado “Show do Milhão”. Claro, como todos sabem, os enlatados comerciais que nos fazem engolir, nada mais são que adaptações dos programas de sucesso do exterior. Sua influência é tamanha que atrai mais e mais telespectadores. Mas o que dizer de um cara, de 18 anos, de origem pobre (melhor, paupérrima), sem a mínima perspectiva de um dia crescer na vida.

Um rapaz sem estudo, sem futuro, sem nada. Ele vem, responde uma série de perguntas, é subestimado pela sua origem, e leva o grande prêmio, fica rico e surpreende o mundo. Essa é a história de Slumdog Millionaire, prefiro chamar assim, odiei a tradução em português “Quem quer ser um Milionário”. O título em inglês, se traduzido ao pé da letra seria algo como “Favelado milionário”, título que em minha opinião é o mais convincente.

Essa é a nova história contada por Danny Boyle, um dos meus diretores inglês preferido. Aqui ele conta a história do jovem Jamal, uma criança que desde cedo aprendeu a se virar. Junto com o irmão, vive no lugar mais pobre da pobre Índia, catam lixo para comer, correndo atrás de viver no céu, no meio do inferno. Após a perseguição religiosa, que é constante em muitos países da Ásia, ele perde a mãe, e fica a mercê da sorte, junto com o irmão mais velho, e uma coleguinha que ele decide ajudar (na boa, pobre tem coração, isso é fato!).E aos poucos a câmera nervosa de Boyle trilha a história de Jamal, até ele chegar à TV e conquistar seu prêmio.

O filme vai intercalando passado e presente, não de maneira clichê, do tipo que vemos em filmes que usam disso para atenuar ação. Aqui é diferente. Mostra 3 Jamal, um pequeno, um maiorzinho e o jovem. A cada pergunta do programa ele revive a infância, relembrando tudo. Ele mais grandinho é como se privilegiasse mais a história de seu irmão, Salim, e da menina, Latika. Ele jovem une tudo isso e cria o clímax do final.

A direção segura do competente Boyle dá um ritmo incessante ao filme. No começo, uma caçada nas entranhas da Índia, onde ficamos chocados com o descaso daquele pobre país, fica evidente a preocupação em mostrar a índia que realmente existe, não a índia que a novela das Oito idealizava. Ele nos conduz, no meio da podridão, a uma esperança que ainda existe no personagem, mesmo com ele comendo o pão que o diabo amassou com gosto.

O mais legal, é quando vai mostrando ele respondendo as perguntas, e entra um flash, e o que é mostrado no flash tem ligação direta com as respostas que ele tem que dar. Só que coitado, acaba vítima da suspeita, e é torturado por dois policiais que querem obrigar ele a confessar que está trapaceando. E vamos acompanhando tudo, ao longo do filme torcendo cada vez mais por Jamal. A emoção que Boyle cria é incrível, e mostra porque ele é tão cultuado mundo afora.

A parte técnica do filme é quase perfeita. A fotografia é linda, feia, borrada, suja, linda. Ela entrega uma veracidade desgraçada ao filme, em alguns momentos lembra Cidade de Deus. A trilha é incrível, ela lateja em nossa cabeça, ela cria o clima do filme, ela é parte do sucesso. Estou sem palavras, é só ouvindo pra entender.

A edição primorosa é um atrativo que vale a pena ser citado, cortes rápidos, idas e vindas, tudo aliado ao bom gosto das cenas, criando imagens que chocam (a morte da mãe…) e que encantam (eles ainda criança, na chuva…), que nos deixam fascinados (todos os enquadramentos possíveis de uma Índia bonita…), que nos deixam com pena (as crianças do Manoon…). Um estudo sobre os enormes problemas da Índia, mostrada de maneira verdadeira, sem esconder.

O elenco é espetacular. Sem muitas caras conhecidas, a galera arrasa. Primeiramente os que interpretam o trio principal (Jamal, Salim, Latika). Aquelas crianças estão incrivelmente ótimas. Suas atuações soam naturais, convencem e valem à pena. Os jovens roubam a cena. O que interpreta Jamal é o melhor deles, cara de sonso, mas muito esperto, de coração nobre, mesmo sendo tão pobre.

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Seu irmão, Salim, também convence bem, ele acaba lembrando os personagens de filmes brasileiros sobre a favela. Sua interpretação é tão verdadeira, tão convincente que arrepia. A que faz Latika, a mais fraquinha, porém ainda assim tão boa quanto, não é daquelas personagens que só tão ali pra preencher lingüiça, é como se sem ela não haveria aquela irmandade, ela é o 3° mosqueteiro, como sugere Jamal na linda cena da chuva.

Mas o grande ponto forte do filme, fica com a bela homenagem à Bollywood. Enredo bem redondo e enxuto, com seus clássicos usuais clichês (menino pobre ficando rico, amor da sua vida, conflitos com o irmão malvado e por aí vai) e sem contar a dança logo no final do filme, que é uma das marcas mais famosas desse cinema. Há ainda espaço para recortes e citações ao cinema e aos atores famosos por lá.

Juntando a isso todos os outros que ao longo da história aparecem, Slumdog Millionaire é um filme que vai além do entretenimento. Aliado a tudo de ruim mostrado na tela, ainda abre espaço para a reflexão sobre o 3° mundo que ainda existe, sobre a infância roubada nos países pobres, sobre a escravidão da TV e de seus Realities Shows que conquistam mais e mais adeptos. Os bastidores, a inveja, o submundo, tudo retratado sem subestimação de nossa inteligência, tudo mostrado como realmente é.
Indicado a 10 OSCAR e vencedor de 8, Slumdog Milionaire é uma mais que deliciosa surpresa. Um filmaço!

Nota: 10 (mais que merecido!)

Slumdog Millionaire, EUA/Reino Unido (2008)

Direção: Danny Boyle.
Atores: Dev Patel, Freida Pinto, Anil Kapoor, Rajedranath Zutshi.
Duração: 120 min.

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Quem Quer Ser Um Milionário? (Slumdog Millionaire)

quem-quer-ser-milionario_filmeFilmaço… Pesado… Bom mesmo… Não assistirei novamente, igual fiz com Cidade de Deus, mas é (repito) um filmaço!!!!

Questionaram num fórum (Orkut) porque ele não confessou sob tortura e depois contou tudo livremente. Acho entendível isso. Se ele contasse sob tortura a mesma história que ele narra livremente, ela seria inverossímil. Depois de solto, ambos policiais estão ‘quase’ convencidos que ele não era um farsante. Logo, estão abertos a escutá-lo.

Achei pesadas as cenas deles derramando óleo fervendo nos olhos do menino.
Achei triste (no sentido de pesado) eles encontrarem esse mesmo menino cego cantando tempos depois.
Achei pesado eles dando choques no rapaz, já no início do filme (um pesado diferente do pesado Johnny vai à guerra, por exemplo, mas neste eu esperava isso)
Achei triste (no mesmo sentido) o irmão ‘comer’ a garota dos sonhos o garoto.
Achei cruel esse irmão ter soltado a mão da menina, quando eles estão no trem.
Achei pesado a re-constatação da pobreza na Índia (alguns diriam equivalente a qualquer favela brasileira).
Achei pesada a forma como as mulheres são tratadas lá.
Achei triste ele ter sido torturado por ter acertado as perguntas.
Achei nojento (mas adorei) a cena da privada.
Essas coisas. Não é um filme alegre, como eu esperava. Pesado nesse sentido. Entendem?

Quando o irmão solta a mão da menina, causa em Jamal um furo que ele passa toda a sua vida em busca da mulher idealizada para suturá-lo.

Mas, o que será da relação deles quando eles passarem a morar juntos? (depois do fim do filme?). Será que eles serão felizes ad eternum ou logo nos primeiros meses aparecerão as diferenças irreconciliáveis e eles se separarão, ficando ele com o furo, agora, irreparável, sem esperanças, já que antes, pelo menos, ele tinha o que buscar: ela!

E isso causado pelo seu irmão, um perverso, que precisou se suicidar em uma banheira cheia de dinheiro (que cena, metaforicamente falando, fantástica!)

O cara tinha apenas esse irmão que o salvou (em uma cena do filme angustiante) mas abandonou a garota – causa de sua melancolia, ainda maior que a melancolia de quando ele perdeu a mãe – e, que quando a reencontra, toma-a dele.

A vida desse Jamal é uma tragédia.

Então, esse filme, para mim, é pesado no sentido humano, que me faz pensar muito mais do que qualquer tripa explodindo, ou que um lutador (Rourke) que tinha tudo e optou pela morte. Jamal não tinha escolha. O lutador tinha. Esse, para mim, é desprezível. Tudo aquilo que aflige um humano e que está além de sua condição de lide, está dentro do conceito de ‘pesado’.

Bem, enfim, acho esse ‘conto de fadas’ muito mais pesado que filmes ditos pesados.

Por: Junior Oliveira.

Quem Quer Ser Um Milionário? (Slumdog Millionaire. 2008)

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Quem quer ser um Milionário? Ou por que quer ser esse milionário? Pois foi com o final do filme, algo que pensei. O personagem principal nos mostrou que não traiu seus princípios trazidos desde a infância. Os quais eu assino embaixo.

Outro pensamento meu sendo que esse veio no desenrolar da história é em como ele ficou ciente da história. Num fórum (Orkut) onde valorizaram o ter bastante conhecimento ser muito importante eu disse que se isso não tiver uma aplicação prática na vida da pessoa, entre outros fatores, corre-se o risco de virar um chato-rádio-relógio. O jovem do filme mostrou que não lhe foi necessário não ter lido o Barsa, Larousse… É sensacional como sabia as respostas certas! O que me fez lembrar também de um capítulo de um livro do Leonardo Boff…

slumdog-millionaire_childrenEntrando na história… como pano de fundo, e de grande importância, temos a história de dois irmãos. Ambos com valores distintos diante da vida. Mesmo vivendo na pobreza, numa imensa favela na Índia, um deles, o Jamal (Dev Patel), apreciava os reais prazeres da vida, e a materialidade que lhe trazia felicidade, por exemplo, seria o ter conseguido um autógrafo de seu ídolo no Cinema. Já para seu irmão Salim o dinheiro lhe traria o poder de ser alguém; em sair do anonimato. Embora com esse pensar diferente, o amor fraterno lhes sustentaram por ter perdido a mãe num massacre por conta de fanáticos religiosos. E ai ao fugirem a jovem Latika (Freida Pinto) entra na vida de ambos.

No tempo presente do filme temos o Jamal tentando mostrar na Polícia que é inocente. Que não trapaceou no programa de tv ‘Quem quer ser um milionário?‘. A um passo da resposta final, o Apresentador, e dono do programa, na calada da noite, fez com que fosse ‘interrogado’. Para ele era impossível que um ex menino de rua, um atual jovem entregador de chá num Telemarking, chegasse até aquele ponto do programa sem trapacear.  Já que muitos, até com formação universitária, não foram tão longe.

Nossa! Eu acompanhei toda a história do filme quase sem respirar! Encantada! Revoltada em alguns trechos! Atenta para saber a nova história para cada resposta dada no programa! É que o Policial exibe numa tv suas participações desde o início. A história que ele conta, por exemplo, em como sabe qual é o presidente na nota de 100 dólares, me levou às lágrimas, e com um sorriso no rosto. Bravo Jamal! Foste um Herói!

O filme nos mostra outras realidades da, e na Índia. Uma delas seria os Call-Center para os países do Primeiro Mundo. Outra, seria locais onde os Turistas nem vão. É, tem muito mais para se ver nele. Que eu até falaria revendo o filme. Por hora, por ter ficado encantada com a história do Jamal melhor parar para não lhes estragar a surpresa do filme. Dou nota máxima com louvor!! Para ver e rever sempre!

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Curiosidades:
– O filme levou 8 Oscar (2009), em: Filme, Diretor, Fotografia, Canção, Trilha Sonora, Edição, Mixagem de Som, Roteiro Adaptado.
– O significado da palavra Slumdog: Slumdog é a junção das palavras slum (favela) com underdog (que pode ser traduzido para o português como azarão, aquele que não é favorito para ganhar algo). O termo foi cunhado para identificar o personagem principal do filme, o órfão Jamal (Dev Patel). (By: Danny Boyle)

Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire). 2008. Inglaterra. Direção: Danny Boyle e Loveleen Tandan. Elenco: Dev Patel (Jamal), Anil Kapoor (Kumar), Freida Pinto (Latika), Irfan Khan (Chefe de Polícia), Madhur Mittal (Salim); Cast completo. Gênero: Crime, Drama, Romance. Duração: 120 minutos.