Depois de Horas (After Hours, 1985)

depois-de-horas_1985Por Francisco Bandeira.
Isso é tudo o que existe? Um escritório, suas máquinas, trabalho desgastante, lidar com pessoas enfadonhas, ver sempre os mesmos rostos e objetos, ouvir sempre os mesmos sons, sucumbir àquela rotina diária tão costumeira. Aquela vida monótona, sem novidades, com preocupações normais de qualquer ser humano. Qual o sentido da vida se não vivê-la? Em um filme, aparentemente despretensioso, Martin Scorsese comprova sua genialidade (e versatilidade) nesta comédia de humor negro – Depois de Horas -, que mais parece um filme de terror com toques surrealistas, tentando responder a seguinte pergunta: o quão ruim seria pra alguém – acostumado a fazer sempre as mesmas coisas – mudar um pouco sua rotina por um dia?

Scorsese e o roteirista Joseph Minion tentam responder isso em apenas uma noite, através de Paul Hackett (Griffin Dunne), um editor de livros apegado a rotina, que buscar colocar um pouco de emoção em seu dia-a-dia. O que aparentemente seria um dia normal vai aos poucos se transformando numa grande aventura pela noite da cidade de Nova York, onde Paul se ver cercado de confusão e tenta, de forma desesperada, apenas chegar a sua casa.

Minion cria, de forma genial, uma atmosfera extremamente sufocante, gerando situações bizarras e momentos extremamente cômicos (todo mundo gostar do personagem e depois odiá-lo, é simplesmente genial), onde tudo isso – juntamente com o drama que o personagem principal vive – tratado de maneira quase sádica pelo roteirista – funcionam perfeitamente bem. Aliados a fotografia caprichada de Michael Ballhaus, que dá um tom sombrio ao filme, a trilha sonora pontuada de forma certeira por Howard Shore, o filme ainda conta com um dos melhores trabalhos de Martin Scorsese na direção.

Desde seus famosos travelings funcionando de forma brilhante, impondo um ritmo frenético (ajudado pela montagem sempre genial de Thelma Schoonmaker), o diretor ainda mostra um enorme talento para comédia, tirando risadas de situações improváveis, implantando ainda uma dúvida se tudo aquilo é apenas um pesadelo ou a realidade assustadora que seu protagonista vive, onde isso tudo é banhado por um toque surrealista dado a obra (quando Dunne invade o apartamento de uma determinada personagem, onde o mesmo ver a cama da mulher cercada por ratoeiras, inexplicavelmente iluminadas com pontos vermelhos, como a cama estivesse no centro de um palco de atrocidades de um cabaré).

depois-de-horas_griffin-dunneUm dos responsáveis pelo sucesso do longa-metragem é Griffin Dune, que vive o protagonista de forma impecável. Mostrando um humor físico brilhante, ao mesmo tempo em que passa a sensação de pânico em um over pra lá de bem-vindo, com um olhar devastado pela situação sufocante na escura cidade de Nova York. O jeito de “homem comum” do ator contrasta de forma brilhante com os habitantes bem ecléticos de uma Nova York bem diferente, mas sempre fascinante apresentada por Scorsese.

Ao final do filme, sorrimos juntamente do protagonista, aliviados por aquela noite finalmente ter chegado ao fim. E quando a ópera toma conta, o maestro Scorsese passeia pelo escritório com sua câmera, nos mostrando que existem pessoas que funcionam melhor dentro de sua rotina, com seus costumes diários e que se sentem em casa mesmo estando no meio de um escritório entediante, pois lá sabem que estão seguros, mantendo a sanidade, estando bem distante daquele mundo repleto de loucos a que Paul Hackett certamente não pertence.

Por Francisco Bandeira.

Ilha do Medo (Shutter Island. 2009)

por Mario Braga

Ambientado em 1954 e sendo uma adaptação do romance de Dennis Lehane. O filme conta à história de um detetive que faz uma investigação sobre o sumiço de uma assassina em Shutter Island, local da trama.

Mais uma vez o diretor Martin Scorsese é capaz de nos surpreender nesta narrativa, a princípio complexa, porém recheada de trauma, neuroses e paranoia. Como um perfeito condutor, Scorsese mostra ainda que tem bastante fôlego de um veterano e que pelo jeito não pensa em se aposentar (ainda bem). Outro detalhe primoroso do filme é à sua fotografia.

Martin Scorsese é capaz de pescar a essência dos filmes de Alfred Hitchchock quando fez o remake como “Cabo do Medo”, e de fazer um excelente drama como “Táxi Driver” (quando começou a se destacar como diretor na época).

Hugo (2011) + Scorsese + Uso Inteligente do 3D = Obra-Prima!

Mesmo já tão decantado em versos e prosa – e com todo mérito -, mesmo com um certo atraso, eu não poderia deixar de registrar a minha impressão desse filme. Até por conta das referências de eu ir assistir numa Sala em 3D. Então fui conferir, e…

Depois do sucesso de bilheteria de “Avatar“, de James Cameron, vulgarizaram tanto o 3D atrás de rendas grandiosas, que talvez seja esse o motivo que tal feito no filme de Martin Scorsese não tenha se repetido. Pelo menos em relação ao Oscar 2012 lhe fizeram justiça. Mas faltou o de Melhor Diretor. Pela grandiosidade do uso da tecnologia do 3D. Como também por nos manter atentos por duas horas de filme. É uma pena que o grande público não pode absorver a belíssima história contada por Martin Scorsese. E quem assistiu “A Invenção de Hugo Cabret” numa Sala em 3D, com certeza ficou com vontade de aplaudir ao final do filme.

Já ciente de que o filme seria longo, mas também de que era muito bom, arrisquei e levei, junto comigo para assistir, três “termômetros”: um adulto que gosta muito mais do Gênero Comédia, um adolescente o qual desconheço o gosto, e uma criança que iria ver seu primeiro 3D. Minha dúvida recaiu-se nesse, até pela duração do filme. De início ele ficou encantado com essa tecnologia; naquela de até querer tocar na imagem. Mas lá pela metade do filme resolveu explorar a Sala de Cinema. Como fez isso em silêncio, como também não tinham nem umas vinte pessoas, relaxei e voltei de todo minha atenção ao filme, mas ainda a tempo de ver três mulheres saindo da Sala. Cheguei a pensar se teria sido por algo que comeram antes da sessão. Mas enfim, voltei ao filme.

O talento para algo pode ser genético. Faltando a um adulto mais próximo mostrar a chave para que o jovem a descubra, por vezes ainda na infância. Mas a vida traçou uma linha torta para Hugo Cabret (Asa Butterfield). Lhe tirando seu bem mais precioso: seu pai. Uma pequena grande participação de Jude Law. Viviam felizes os dois entre responsabilidades, estudos de forma prazeirosa, e muita diversão. Fora o seu pai que despertou nele a paixão por Cinema. Mas um incêndio leva o seu pai. Então seu tio Claude (Ray Winstone) se torna o responsável levando-o para morar com ele. E Hugo leva algo que ele e o pai vinham consertando nas horas vagas: um autômato encontrado num museu. Assim, era como ter o pai junto a si. Aplausos para Asa Butterfield!

Sem o coração, não pode haver entendimento entre a mão e o cérebro”.

Claude morava numa Estação de Trem, em Paris. Era ele quem fazia a manutenção dos relógios. Ensinando o seu ofício ao menino. Beberrão, a vinda do menino lhe daria mais folga não apenas para beber, mas também para sair daquelas cercanias. Para Hugo, todo aquele mundo que via através dos grandes relógios ajudou a amenizar a dor pela perda do pai. E aprendendo a consertar relógio, lhe deu um caminho para a tal engenhoca. Mantendo os relógios pontuais, ambos se tornavam invisíveis aos olhos de todos.

O vai e vem diário dos passageiros, assim como dos trabalhadores e frequentadores das lojas na Estação de Trem, era para Hugo como a tela de um filme. Dos seus pontos de observação, ele já conhecia os hábitos de todos. Por caminhos internos, de desconhecimento geral, Hugo ia de um ponto a outro. Sempre a observar. Sonhando em voltar a sentir o calor e carinho de uma família. Até esse dia chegar, ia vivendo uma aventura solitária. Mas com o relapso tio, para não passar fome, se via obrigado a roubar pães, frutas, leite… Sendo que para isso teria que se fazer de fato invisível aos olhos do Inspetor da Estação. Personagem de Sacha Baron Cohen. Que está formidável!

Se você já se perguntou de onde vem os seus sonhos, olhe ao seu redor. É aqui que eles são feitos.”

Hugo também tentava se tornar invisível para o dono da loja de brinquedo. É que Hugo precisava de pecinhas dos brinquedos de corda, para a tal engenhoca. Mas um dia, o dono da loja, Georges Méliès (Ben Kingsley), lhe dá um flagrante. Dando início a uma nova aventura. Sendo que dessa vez Hugo não mais estará observando, ele fará parte desse roteiro de vida. Tudo porque George lhe toma o livro de anotações do seu pai. O que leva Hugo a conhecer e ficar amigo da sobrinha de George, a jovem Isabelle (Chloë Grace Moretz). Essa, sedenta por vivenciar uma aventura real, como dos livros que lia. Ela levará Hugo para conhecer o seu mundo dentro da Estação de Trens: a loja de livros do Monsieur Labisse. Outra grande participação nesse filme, pois quem interpreta é Christopher Lee. Aplausos também para Ben Kingsley e Chloë Grace Moretz!

Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.” (Chaplin)

A história de “A Invenção de Hugo Cabret” é fascinante: em colocar paixão naquilo que fizer. Mesmo o filme estando bem redondinho, fiquei com vontade de ler o livro homônimo de Brian Selznick, no qual o filme foi inspirado. O Roteiro de John Logan conseguiu contar e bem toda a aventura e desventura de Hugo. E Martin Scorsese conseguiu sim fazer um excelente uso do 3D. O que até me leva a ser repetitiva, mas é por uma torcida de que os demais Diretores só usem esse recurso de modo inteligente. Como também que as crianças que assistirem esse filme, além de ser tornar um cinéfilo, que também passem a gostar de lerem livros. O filme também tem isso de bom: incentivo à leitura. Great!

Um vídeo muito bom para quem não viu, ou viu e queira rever, de um Making Of dos Efeitos Visuais em “A Invenção de Hugo Cabret“: Vídeos do VodPod não estão mais disponíveis.

Então é isso! Uma Obra-Prima que vale o ingresso para assistir em 3D. Um filme onde não se resiste em aplaudir no final.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, 2011)

É o filme mais-que-perfeito que vi nos últimos cem anos. Parece que todos os deuses da sétima arte resolveram colaborar com o mestre Scorsese a superar seu próprio recorde de genialidade. Uau! Nessas horas até podemos nos dar ao luxo de esquecer por alguns minutos da eterna pergunta “Quem surgiu primeiro: o ovo ou a galinha?” Ou quem foi que inventou o cinema: Thomas Edison ou irmãos Lumière? Em Hugo, os dois eis que contracenam.

O importante é lembrar que também somos feitos da mesma matéria do cinema e a história resume-se na re-união de todos os elementos desde sua criação.

“A chegada do trem na estação” pode-se dizer que esse veículo sai dos trilhos pegando de surpresa os passageiros na poltrona: um 3D para ninguém reclamar de susto. E um presente com um pouco dos 80 filmes de Georges Méliès foi “A viagem à Lua”,… e as mais acertadas escolhas para nos brindar são as presenças de Christopher Lee, Ben Kingsley, Chloë Grace Moretz, Sacha Baron Cohen, grande elenco, grandes nomes, filme fantástico.

Bravo, bravíssimo!
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A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, 2011)

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Scorsese faz um ode de amor ao cinema clássico no seu novo filme “Hugo”- um conto de fantasia com uma pequena dose de comédia. Filmado notavelmente em 3-D, e expandido por imagens computadorizadas, “Hugo” é baseado na novela grafica de Brian Selznick, “A Invenção de Hugo Cabret”, com roteiro de John Logan, que roteirizou o chatissimo “The Aviator” (2004).

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O filme se passa nos anos 30, em uma estação de trem em Paris, onde um jovem órfão chamado Hugo Cabret (o extraordinario Asa Butterfield), vive secretamente dentro da máquina que mantém os relógios da estação em execução. Nenhum outro filme envocou em tal complexidade as rodas, manivelas, alavancas, catracas e engrenagens, tudo acoplado a um conto de perda, saudade, mistérios revelados e felicidade reconquistada.

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O cineasta abraça as imagens de efeito digital, e Paris nunca pareceu tão bela, e tão falsa em movimentos de câmera 3D. Falo assim pois ainda não cai de amores a esse tipo de linguagem em 3D, mas tudo bem, o filme tem muito mais qualidades do que defeitos. Scorsese teve uma irresistível oportunidade, não só para fazer um filme para crianças e adultos, mas para compartilhar sua paixão pela história do cinema. Isto porque a história de “Hugo” leva ao pioneiro do cinema Georges Méliès ( Ben Kingsley)-  que é também o proprietário da loja de brinquedo, o qual coloca Hugo em apuros. Também, Hugo tem que enfrentar o inspetor da estação interpretado por Sacha Baron Cohen, que quase rouba todas as cenas que aparece. Mas a aventura acontece mesmo quando Hugo se torna amigo de Isabelle (Chloe Moretz). Ambos desfrutem a paixão pelo cinema, e pelos descobrimentos que os levam até Georges Méliès.

A potência temática e o virtuosismo cinematográfico da produção de arte de Dante Ferretti e da bela fotografia de Robert Richardson, são um show a parte, embora Paris tenha aquela aparência brilhantemente falsa. E, Howard Shore escreveu uma trilha muito agradavel!.

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“Hugo” é um filme que depois de vê-lo uma vez eu não preciso vê-lo novamente. Eu aprecio a paixão de Scorsese, sou fã dele, e creio que se o Oscar não fosse uma premiação tão politica, ele deveria ganhar o premio de melhor diretor do ano!. Bem,  “Hugo” traça esse paixão pelo cinema, mas no final senti que a história geral deu lugar a essa paixão e um pouco da magia se perdeu. Não porque o filme não seja maravilhoso, pois é muito bom, mas seria melhor se não fosse tão longo!.

Nota 8,5

ILHA DO MEDO: A Volta do Melhor Scorsese

Por: Roberto Souza.
Após uma série de obras decepcionantes ou insatisfatórias para um realizador do seu nível, Martin Scorsese salda uma dívida com seus admiradores no extraordinário thriller psicológico ILHA DO MEDO (Shutter Island), realizado em 2010.

Quarta associação do diretor com o astro Leonardo DiCaprio, a dupla acerta em cheio após os medianos GANGS DE NOVA YORK (2002), O AVIADOR (2004) e OS INFILTRADOS (2006), exemplos adequados de filmes de qualidade “onde falta alguma coisa”.

Não tive a oportunidade de assistir ao filme na telona, mas o recebi há dois dias em Blu-ray e, sem maiores expectativas prévias, senti o prazer de perceber um cineasta de volta à melhor forma, manipulando a expressão visual e os elementos autenticamente cinematográficos no seu caldeirão de poções mágicas, em doses precisas.

O roteiro exemplar de Laeta Kalogridis adapta o magistral romance Paciente 67, de Dennis Lehane (autor, entre outros, de Sobre Meninos e Lobos). No enredo, sem dar maiores detalhes para não estragar as reviravoltas da narrativa, DiCaprio é Teddy Daniels, um agente federal que se dirige a uma afastada ilha, utilizada como clínica-presídio para criminosos com problemas mentais de gravidades diversas.

Sua missão, ao lado de outro investigador (Mark Ruffalo), é desvendar o paradeiro de uma paciente que parece ter se “evaporado” de sua cela, apesar de trancada a sete chaves. Porém logo surgem dificuldades com os diretores do estabelecimento (os veteranos Ben Kingsley e Max von Sydow), que não parecem muito dispostos a colaborar na investigação, parecendo querer controlá-la qual uma sessão terapêutica.

Por outro lado, a maior barreira à solução do enigma reside no próprio Teddy, que carrega consigo traumas emocionais oriundos de sua experiência na Segunda Guerra, além da repentina perda da esposa num recente incêndio doméstico. Em contrapartida, a atmosfera lúgubre da ilha é propícia para exacerbar seus problemas, trazendo-lhe dolorosas lembranças, agudas dores de cabeça e pesadelos recorrentes.

Não foi casualmente que Lehane situou seu romance no ano de 1954. Os EUA viviam ao máximo a insegurança da Guerra Fria com a União Soviética, do Macartismo que caçava comunistas por todos os lados ou do temor de um conflito nuclear devastador.

Assim, a paranóia individual do atormentado investigador anda de mãos dadas com a paranóia coletiva, moldada pelas injunções políticas e ideológicas do período. Ao revirar sua mente em busca de respostas, Teddy realiza uma descida ao inferno interior, percebendo o risco e a temeridade que assolam aqueles que buscam uma verdade, seja de qual tipo possa ser.

Nesse sentido, a direção de Scorsese é absolutamente perfeita, tornando o décor parte integrante do processo, quase um personagem vivo, como já ocorrera na maioria de seus melhores trabalhos (TAXI DRIVER, TOURO INDOMÁVEL, OS BONS COMPANHEIROS e A ÉPOCA DA INOCÊNCIA). Ao transformar o concreto dos muros inexpugnáveis em carne e a atmosfera pesada dos sombrios corredores em sangue, o público é induzido a enveredar numa espiral onde, na melhor tradição do gênero, nada parece ser o que aparenta.

Contudo, ao invés do esperado recurso da surpresa ou de espantosas revelações finais, Scorsese distribui na força de suas imagens a resposta dos mistérios propostos, a chave que abriria todos os cadeados, a ponto de mais tarde o espectador se perguntar: como eu não percebi isso na hora?

Acrescente ao caldeirão ecos da obra-prima literária O Som e a Fúria, de William Faulkner, ou do clássico filme B Vampiros de Almas, de Don Siegel, retratos díspares da incomunicabilidade e dos pavores coletivos, e você se verá diante de uma pura, obra de arte. Uma experiência que o fará enveredar por labirintos e becos sem saída, que lhe negará a luz do sol, numa estilização que conjuga o universo pessimista de Schopenhauer e o conceito fugaz de realidade de Edgar Allan Poe, constituindo um assustador buraco negro ao qual se é atraído indelevelmente.

Imperdível.

Por: Roberto Souza.
– Blog Cal&idoscópio.
– Blog Lanterna Mágica.