Alice Através do Espelho (2016). O Tempo Salva a Continuação…

alice-atraves-do-espelho_2016_posterPor: Beathriz.
Alice Através do Espelho” é um filme fantasia inspirado na obra de Lewis Carroll, claro. Que não foi dirigido por Tim Burton, mas por James Bobin. Como sequencia do primeiro filme de Alice no Pais das Maravilhas.

alice-atraves-do-espelho_2016_04O filme se passa anos depois do desfecho do primeiro, com Alice (Mia Wasikowska) na carreira náutica. Sendo capitã do navio de seu pai. Ela é ótima no que faz, porém em meio a desavenças com sua mãe entre o que quer fazer e o que uma mulher tem de fazer. Ela está a beira de perder o Wonder, o navio. E é ai que ela vai para o Pais das Maravilhas, porque o Chapeleiro, interpretado por Johnny Depp, está com problemas.

Então é ai que está o problema. Eu sou uma fã de Alice, gostei do primeiro filme. Mas esse filme não consegui engolir. A historia é toda cheia de remendos, você não vê uma motivação real, algo realmente especial. São pequenas coisas que juntaram para tentar fazer um enredo de um filme grande. Não deu certo. Todos os pontos no enredo foram mal utilizadas, com exceção na volta ao tempo, que fez sentido e foi bem explicada. Colocaram um pouco de empoderamento feminino, relação de família, questões de manicômio, romance e independência na história fora dos pais das maravilhas. Mas tudo isso foi muito jogado, como forma de fazer uma média para o publico.

Ah, vocês gostam de Alice doidona? Toma uma cena dela no manicômio pra ficarem felizes!

alice-atraves-do-espelho_2016_02Faltou historia! As obras de Alice tem várias referencias, é tanta loucura e pequena referencia nos livros que você tem liberdade para seguir para qualquer lugar. Então eu não fico chateada quando não seguem a risca. Mas simplesmente eu vi uma tentativa de fazer dinheiro bem bonita, não vi um filme com história.

Existem algumas referencias aos livros: o espelho, o Humpy Dumpy, o tabuleiro de xadrez, o Tempo amalçoando a hora do chá. Mas poderiam ter colocado todos os personagens originais que ainda não ia conseguir salvar o enredo pobre que foi utilizado.

Alice cresceu, gostei mais da atuação de Mia nesse filme. No anterior ela parece bem perdida em como proceder. Aqui ela está mais familiarizada, porem continua sem muito tempero. A Rainha Vermelha, interpretada pela Helena Bonham Carter, está engraçada e eu gostei dela. Gostei da relação dela com a Mirana, Anne Hathaway, apesar de achar um pouco forçado demais. Mas enquanto Iracebeth está com média, Mirana está com notas vermelhas. Sua atuação assim como do Chapeleiro está extremamente forçada. Quase que caricata.

alice-atraves-do-espelho_2016_03Então temos o Chapeleiro e sua motivação mais sem pé nem cabeça. Ele está triste porque acha que sua família ta viva, e fica tão triste que quase morre. Sério mesmo? A atuação de Johnny Depp está muito robótica, chega a ser bem ridículo. A maquiagem que colocaram na cara dele foi tanta que você perde uns bons 5 segundo tentando encontrar uma pessoa por trás de tanta base. E quando vemos sua família, surpresa, parece que adotaram o pobre Tarrant (Que descobrimos ser o nome dele) de tão diferentes. São pessoas normais e comuns, o que foi muito decepcionante.

E é ai que poderiam ter buscado inspiração nas obras originais, nos livros, o chapeleiro só é louco em referencia aos chapeleiros da época de Lewis que usavam uma substancia que os deixavam doidos. Eu queria uma família toda de chapeleiros doidos.

alice-atraves-do-espelho_2016_05O destaque maior, foi o Tempo. Que sempre foi citado, porém nunca mostrado. Todos sabemos que Tempo sempre foi tratado quase que como uma pessoa nas obras. E aqui ele ganha forma e é interpretado por Sacha Baron Cohen. Ele tem personalidade, motivação e camadas de profundidade. Tem horas no filme que você gosta mais dele do que de Alice, que você torce para ele. Ele é misterioso, e você não sabe logo de cara se é do bem ou do mal. Mas sabe que ele é muito importante para o universo das maravilhas. Quase que um Deus.

alice-atraves-do-espelho_2016_01O filme esteticamente é lindo, você fica estasiado com cada cenário e animação. Com destaque para o castelo do Tempo, que é realmente deslumbrante e a casa da Rainha Vermelha. O 3D é realmente de fazer os olhos brilharem. Eu até vi referencia do jogo que tanto amo, Alice Madness Return.

Mas como forma de desfecho de tudo isso que poderia ser bom mas não foi, o final é tão clichê que você sabia. Se pausassem o filme no cinema e perguntassem, “Então Beatriz o que você acha que acontece?” Eu narraria o fim do filme sem saber.

Então entramos na questão, filmes infantis não precisam ser retardados para atraírem sue público! Eu pensei que nesse século a gente já tinha combinado que é muito ruim subestimar a capacidade de nossas crianças. E de nós mesmos, pois todo mundo sabe que não é só criança que assiste Alice. (Inclusive, não vi uma criança na sessão que eu fui.)

criancasVivemos num mundo de Divertida Mente, ToyStory e Shrek. Eu sinto ódio quando para explicar um filme fantasia rum dizem “é para crianças”. Gente, mas isso não pode, eu sou uma eterna criança e estou aqui pra dizer que isso não é desculpa. As crianças gostam de coisinhas meio bestas sim, mas isso não segura nenhum filme. A gente precisa de história, e existem sim ótimos roteiristas prontos para dar uma historia fantástica para adultos e crianças com leveza e carga critica.

No fim eu aconselho você a assistir depois, sem gastar muito. No final de tudo senti que aconteceu um amaldiçoamento dos roteiristas para o filme. O que é um pecado, poderiam ter feito isso com qualquer filme mais superficial, que não tem o que explorar. Mas não com Alice.

Alice Através do Espelho (Alice Through the Looking Glass. 2016)
Ficha Técnica: na página no IMDb.

Os Miseráveis (Les Misérables. 2012)

os-miseraveis_posterPara aqueles que amam a obra de Victor Hugo, e as versões da Broadway de Les Misérables, por favor não comparem com o filme de Tom Hooper!. Eu particularmente gosto de musicais, mas quem não curte– pela caridade!!–,, nem tente ver “isso.”

Gostaria de dizer que Les Misérables é um bom filme, mas não posso!. Não recordo da última vez que me senti tão entediado na sala de cinema. Eu não tive nenhum problema com as vozes ao vivo e a tentativa dos atores em sentir e  acrescentar uma intimidade natural através das canções– não existe diálogo real no filme. Tudo é cantado,  até mesmo as conversas–, porém, me senti miseravelmente cansado com eles (os atores), encantados com o drama e sofrimento dos seus personagens.

Achei a direção confusa e em constante mudança entre intermináveis ​closeups que a maioria do elenco não pode preencher com emoções genuínas. Ok, o desempenho de Anne Hathaway é o ponto algo do filme, porque ela canta a única canção que realmente é digna de ser escutada, a emocionante I dreamed a dream, pois o restante da trilha sonora do musical da Broadway, é preenchido com canções fracas e, que nunca cativaram meus ouvidos!

Hugh Jackman é credível em seu papel, e embora seja um bom cantor, em muitas cenas, ele me pareceu sofrer para conseguir interpretar as canções, inclusive “Suddenly” , originalmente escrita para o filme, que tem uma melodia linda, mas uma letra totalmente deslocada, talvez, por causa da interpretação sem alma, de Jackman!.

Russel Crowe não é um cantor ruim – gostei da voz dele!-, o problema é que a voz dele não ‘casa’ com as canções que ele foi forçado a cantar!.

Sasha B. Cohen chega a roubar a cena, ao lado de Helena B. Carter, mas  não o suficiente para salvar o filme, porque o seu personagem, me pareceu sem sentido ao contexto da narrativa em si.

O filme é, em minha análise decepcionante, porque não é divertido, nem angustiante e nem mesmo instigante em relação ao drama dos seus personagens. Melhor nem falar mais, pois prefiro esquecer!

Nota: 4/10

O Ditador (The Dictator. 2012)

Sacha Baron Cohen! Esse nome trouxe algo um tanto inédito nos últimos tempos: o de “Ame-o ou deixe-o!”. Por causa dos seus filmes. Para um público internacional o peso disso surgiu com o seu “Borat“. Continuando em “Bruno“. Personagens e tramas marcantes e controversos. Agora, não sei se para conquistar um novo público, e quiça uma nova legião de fãs, que temos em “O Ditador” um filme mais comerciável. Diria mais: mais mastigado. O que pode não agradar seus fãs mais puristas. O que seria uma pena! Até por mostrar que mesmo gostando muito de seus personagens não precisa ser tão radical. Os personagens de Sacha mesclam entre um ar patético dos de Jerry Lewis com o humor displicentemente ferino dos do grupo Monty Python. Só que exagerando na dose.

Se Chaplin nos emociona até hoje com seu discurso de o seu “O Grande Ditador” (1940), creiam, “O Ditador” de Sacha, o General Aladeen, nos leva a chorar com o seu discurso na ONU, mas chorar de rir. Só essa cena – texto + performance -, já vale ter visto o filme. E mais! Deixando até uma vontade de rever. Sem tirar a surpresa de todo: o General Aladeen mostra a “diferença” entre uma Ditadura do Oriente Médio e uma Democracia como a dos Estados Unidos. A cara que ele faz dá um peso maior ao que discursa. Diria que é cruelmente hilário!

Sem as cenas escatológicas dos seus dois filmes anteriores citados, e que também foram dirigidos por Larry Charles, “O Ditador” mete o dedão na ferida do jogo político que há entre países ricos: a disputa não pelo poder maior, mas sim em se manter nele. Porque é um poço sem fim de lucros advindos das comissões em grandes transações. Muitas tendo até como fachada: fins humanitários.

Para o público “virgem” se ao assistir o filme focar nesse tipo de mensagem já terá percorrido meio caminho para se tornar fã desse ator. Do tipo de humor do Sacha. Como também para curtir esse filme por um todo. Se divertir com o seu General Aladeen. E quem seria ele? Aladeen não passa de um meninão riquíssimo, mimado, que leva uma vida nabanesca, se achando o maioral em ser um ditador sanguinário da República de Wadiya. Mas que acima de tudo: tem muita sorte em sair ileso dos inúmeros atentados. Tem como braço-direito Tamir; personagem do também sempre ótimo, Ben Kingsley.

Tudo seguia seu rumo em Wadiya, quando Aladeen é persuadido a comparecer na ONU para dizer que não está fazendo armas nucleares com fins militares. É quando descobre que morto será o tesouro dos “Quarenta Ladrões”. Assim, escapando de mais um atentado, numa engraçada cena com a participação do também ótimo John C. Reilly, Aladeen se vê perdido numa terra inóspita. Para ele, é claro! Já que se encontra em plena Nova Iorque.

“O Rei está nu!” Despido até do seu poder, Aladeen chama a atenção de uma jovem com jeitinho moleque. Ela é a dona de um Empório de produtos naturais, sem agrotóxicos. Vegan convicta. Uma Pacifista meia ferrenha. Mas uma empresária que não sabe bem gerenciar os empregados da loja. Pois até à frente de uma loja há de se ter um respeito a hierarquia. Ela é Zoey, personagem de Anna Faris. Aladeen que até então pagava, e muito bem, para prazeres carnais momentâneos, desconhece a atração que começa a sentir por essa mulher com aparência de um menino. Como também fará novas descobertas, até em saber que a arte em comandar não precisa passar por distribuir tesouros.

O filme traz a grosso modo uma radiografia do capitalismo versus o socialismo, mas mais pelo radicalismo dos e nos posicionamentos. Agora, sem esquecer de que essa reflexão mais séria vem com a cara/marca do Sacha. O que me leva a continuar fã desse ator, sem ser xiita.

Então é isso! Um filme para os já fãs e os que ainda não são. Pois terão também em “O Ditador” um humor escrachado. Com quase liberdade total. Onde o “quase” vem pelo fato de que em vez de ter a religião que estaria mais de acordo com a região, Sacha, até para continuar livre e vivo para novos filmes, prefere cutucar os judeus. Safo, não!? No mais, há participações especiais que complementam a trama de um ótimo filme!

Por: Valéria Miguez (LELLA).

O Ditador (The Dictator. 2012). EUA. Diretor: Larry Charles. Roteiro: Sacha Baron Cohen, Alec Berg, David Mandel, Jeff Schaffer. +Elenco. Gênero: Comédia. Duração: 94 minutos. Classificação: 14 anos.

Hugo (2011) + Scorsese + Uso Inteligente do 3D = Obra-Prima!

Mesmo já tão decantado em versos e prosa – e com todo mérito -, mesmo com um certo atraso, eu não poderia deixar de registrar a minha impressão desse filme. Até por conta das referências de eu ir assistir numa Sala em 3D. Então fui conferir, e…

Depois do sucesso de bilheteria de “Avatar“, de James Cameron, vulgarizaram tanto o 3D atrás de rendas grandiosas, que talvez seja esse o motivo que tal feito no filme de Martin Scorsese não tenha se repetido. Pelo menos em relação ao Oscar 2012 lhe fizeram justiça. Mas faltou o de Melhor Diretor. Pela grandiosidade do uso da tecnologia do 3D. Como também por nos manter atentos por duas horas de filme. É uma pena que o grande público não pode absorver a belíssima história contada por Martin Scorsese. E quem assistiu “A Invenção de Hugo Cabret” numa Sala em 3D, com certeza ficou com vontade de aplaudir ao final do filme.

Já ciente de que o filme seria longo, mas também de que era muito bom, arrisquei e levei, junto comigo para assistir, três “termômetros”: um adulto que gosta muito mais do Gênero Comédia, um adolescente o qual desconheço o gosto, e uma criança que iria ver seu primeiro 3D. Minha dúvida recaiu-se nesse, até pela duração do filme. De início ele ficou encantado com essa tecnologia; naquela de até querer tocar na imagem. Mas lá pela metade do filme resolveu explorar a Sala de Cinema. Como fez isso em silêncio, como também não tinham nem umas vinte pessoas, relaxei e voltei de todo minha atenção ao filme, mas ainda a tempo de ver três mulheres saindo da Sala. Cheguei a pensar se teria sido por algo que comeram antes da sessão. Mas enfim, voltei ao filme.

O talento para algo pode ser genético. Faltando a um adulto mais próximo mostrar a chave para que o jovem a descubra, por vezes ainda na infância. Mas a vida traçou uma linha torta para Hugo Cabret (Asa Butterfield). Lhe tirando seu bem mais precioso: seu pai. Uma pequena grande participação de Jude Law. Viviam felizes os dois entre responsabilidades, estudos de forma prazeirosa, e muita diversão. Fora o seu pai que despertou nele a paixão por Cinema. Mas um incêndio leva o seu pai. Então seu tio Claude (Ray Winstone) se torna o responsável levando-o para morar com ele. E Hugo leva algo que ele e o pai vinham consertando nas horas vagas: um autômato encontrado num museu. Assim, era como ter o pai junto a si. Aplausos para Asa Butterfield!

Sem o coração, não pode haver entendimento entre a mão e o cérebro”.

Claude morava numa Estação de Trem, em Paris. Era ele quem fazia a manutenção dos relógios. Ensinando o seu ofício ao menino. Beberrão, a vinda do menino lhe daria mais folga não apenas para beber, mas também para sair daquelas cercanias. Para Hugo, todo aquele mundo que via através dos grandes relógios ajudou a amenizar a dor pela perda do pai. E aprendendo a consertar relógio, lhe deu um caminho para a tal engenhoca. Mantendo os relógios pontuais, ambos se tornavam invisíveis aos olhos de todos.

O vai e vem diário dos passageiros, assim como dos trabalhadores e frequentadores das lojas na Estação de Trem, era para Hugo como a tela de um filme. Dos seus pontos de observação, ele já conhecia os hábitos de todos. Por caminhos internos, de desconhecimento geral, Hugo ia de um ponto a outro. Sempre a observar. Sonhando em voltar a sentir o calor e carinho de uma família. Até esse dia chegar, ia vivendo uma aventura solitária. Mas com o relapso tio, para não passar fome, se via obrigado a roubar pães, frutas, leite… Sendo que para isso teria que se fazer de fato invisível aos olhos do Inspetor da Estação. Personagem de Sacha Baron Cohen. Que está formidável!

Se você já se perguntou de onde vem os seus sonhos, olhe ao seu redor. É aqui que eles são feitos.”

Hugo também tentava se tornar invisível para o dono da loja de brinquedo. É que Hugo precisava de pecinhas dos brinquedos de corda, para a tal engenhoca. Mas um dia, o dono da loja, Georges Méliès (Ben Kingsley), lhe dá um flagrante. Dando início a uma nova aventura. Sendo que dessa vez Hugo não mais estará observando, ele fará parte desse roteiro de vida. Tudo porque George lhe toma o livro de anotações do seu pai. O que leva Hugo a conhecer e ficar amigo da sobrinha de George, a jovem Isabelle (Chloë Grace Moretz). Essa, sedenta por vivenciar uma aventura real, como dos livros que lia. Ela levará Hugo para conhecer o seu mundo dentro da Estação de Trens: a loja de livros do Monsieur Labisse. Outra grande participação nesse filme, pois quem interpreta é Christopher Lee. Aplausos também para Ben Kingsley e Chloë Grace Moretz!

Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.” (Chaplin)

A história de “A Invenção de Hugo Cabret” é fascinante: em colocar paixão naquilo que fizer. Mesmo o filme estando bem redondinho, fiquei com vontade de ler o livro homônimo de Brian Selznick, no qual o filme foi inspirado. O Roteiro de John Logan conseguiu contar e bem toda a aventura e desventura de Hugo. E Martin Scorsese conseguiu sim fazer um excelente uso do 3D. O que até me leva a ser repetitiva, mas é por uma torcida de que os demais Diretores só usem esse recurso de modo inteligente. Como também que as crianças que assistirem esse filme, além de ser tornar um cinéfilo, que também passem a gostar de lerem livros. O filme também tem isso de bom: incentivo à leitura. Great!

Um vídeo muito bom para quem não viu, ou viu e queira rever, de um Making Of dos Efeitos Visuais em “A Invenção de Hugo Cabret“: Vídeos do VodPod não estão mais disponíveis.

Então é isso! Uma Obra-Prima que vale o ingresso para assistir em 3D. Um filme onde não se resiste em aplaudir no final.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, 2011)

É o filme mais-que-perfeito que vi nos últimos cem anos. Parece que todos os deuses da sétima arte resolveram colaborar com o mestre Scorsese a superar seu próprio recorde de genialidade. Uau! Nessas horas até podemos nos dar ao luxo de esquecer por alguns minutos da eterna pergunta “Quem surgiu primeiro: o ovo ou a galinha?” Ou quem foi que inventou o cinema: Thomas Edison ou irmãos Lumière? Em Hugo, os dois eis que contracenam.

O importante é lembrar que também somos feitos da mesma matéria do cinema e a história resume-se na re-união de todos os elementos desde sua criação.

“A chegada do trem na estação” pode-se dizer que esse veículo sai dos trilhos pegando de surpresa os passageiros na poltrona: um 3D para ninguém reclamar de susto. E um presente com um pouco dos 80 filmes de Georges Méliès foi “A viagem à Lua”,… e as mais acertadas escolhas para nos brindar são as presenças de Christopher Lee, Ben Kingsley, Chloë Grace Moretz, Sacha Baron Cohen, grande elenco, grandes nomes, filme fantástico.

Bravo, bravíssimo!
*

A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, 2011)

Imagem

Scorsese faz um ode de amor ao cinema clássico no seu novo filme “Hugo”- um conto de fantasia com uma pequena dose de comédia. Filmado notavelmente em 3-D, e expandido por imagens computadorizadas, “Hugo” é baseado na novela grafica de Brian Selznick, “A Invenção de Hugo Cabret”, com roteiro de John Logan, que roteirizou o chatissimo “The Aviator” (2004).

Imagem

O filme se passa nos anos 30, em uma estação de trem em Paris, onde um jovem órfão chamado Hugo Cabret (o extraordinario Asa Butterfield), vive secretamente dentro da máquina que mantém os relógios da estação em execução. Nenhum outro filme envocou em tal complexidade as rodas, manivelas, alavancas, catracas e engrenagens, tudo acoplado a um conto de perda, saudade, mistérios revelados e felicidade reconquistada.

Imagem

O cineasta abraça as imagens de efeito digital, e Paris nunca pareceu tão bela, e tão falsa em movimentos de câmera 3D. Falo assim pois ainda não cai de amores a esse tipo de linguagem em 3D, mas tudo bem, o filme tem muito mais qualidades do que defeitos. Scorsese teve uma irresistível oportunidade, não só para fazer um filme para crianças e adultos, mas para compartilhar sua paixão pela história do cinema. Isto porque a história de “Hugo” leva ao pioneiro do cinema Georges Méliès ( Ben Kingsley)-  que é também o proprietário da loja de brinquedo, o qual coloca Hugo em apuros. Também, Hugo tem que enfrentar o inspetor da estação interpretado por Sacha Baron Cohen, que quase rouba todas as cenas que aparece. Mas a aventura acontece mesmo quando Hugo se torna amigo de Isabelle (Chloe Moretz). Ambos desfrutem a paixão pelo cinema, e pelos descobrimentos que os levam até Georges Méliès.

A potência temática e o virtuosismo cinematográfico da produção de arte de Dante Ferretti e da bela fotografia de Robert Richardson, são um show a parte, embora Paris tenha aquela aparência brilhantemente falsa. E, Howard Shore escreveu uma trilha muito agradavel!.

Imagem

“Hugo” é um filme que depois de vê-lo uma vez eu não preciso vê-lo novamente. Eu aprecio a paixão de Scorsese, sou fã dele, e creio que se o Oscar não fosse uma premiação tão politica, ele deveria ganhar o premio de melhor diretor do ano!. Bem,  “Hugo” traça esse paixão pelo cinema, mas no final senti que a história geral deu lugar a essa paixão e um pouco da magia se perdeu. Não porque o filme não seja maravilhoso, pois é muito bom, mas seria melhor se não fosse tão longo!.

Nota 8,5