Reino Animal (Animal Kingdom. 2010)

Começo com um convite em especial. Para todos aqueles que torcem o nariz para filmes brasileiros. Com a desculpa que mostram: pobreza, violência urbana, favelas, corrupção… Enfim, na visão deles porque mostram as mazelas de um mundo atual, eles excluem os filmes brasileiros da lista. Assim, fica um convite para assistirem “Reino Animal” (Animal Kingdom), porque esse filme australiano tem todos esses itens, e em dose cavalar! Um outro convite, ficaria para os da área psico. Pois terão numa avó, um interessante perfil para estudos.

Melbourne está chamas!

Sigo, convidando aos que não ficam intimidados com cenas de um mundo cão. Onde a Lei é ditada por um jogo de interesses, numa teia tão invísivel que não se vê quem de fato é que manda. Talvez melhor seria em dizer, em o que, em vez de quem domina o sistema. E é em seguir essa trilha que temos o forte desse Roteiro. De se seguir atentos, quase sem respirar. Mais! Sendo baseado em fatos reais, a mim, deixou uma vontade de saber o que houve depois. Porque o final é impactante. Volto a ele mais adiante.

Não temos aqui um Capitão Nascimento tentando encontrar alguém que fique com o seu cargo, por querer sair do Sistema… Em “Reino Animal” temos sim um Detetive, Leckie (Guy Pearce) que antes de sair do Sistema, resolve tirar um jovem, recém chegado a cidade. Alguém que caiu meio de para-quedas dentro de um esquema com o qual os policiais se veriam livres de toda a sujeira de anos. Era um jogo de cartas marcadas: com sentenças de morte. A queima-de-arquivos era com os criminosos de rua; e não com os do departamento. O Sistema lá já estava tão deteriorado, que acharam melhor transferir o máximo de membros que pudessem. Deixando para os novos que chegassem começassem do zero.

A Família na linha do tiro!

O jovem “J”Cody (James Frecheville) se vê sozinho no mundo, de repente. Sua mãe morrera de overdose. Como ainda não tem a maioridade, decide ligar para a avó materna, Janine “Smurf” Cody (Jacki Weaver). Ela o leva para a sua casa. Ou melhor dizendo, para o seu covil. Lá ele conhece os seus tios: Pope Cody (Ben Mendelsohn), Craig (Sullivan Stapleto) e Darren (Luke Ford). Quando “J” chega, Pope já está jurado de morte. É quando ele se dá conta do antro onde veio parar, e que piora a cada dia. “J” então entende o porque de sua mãe o tê-lo afastado de sua própria família. Mesmo assim, ela falhou em se deixar levar pelo vício. Da avó, “J” viu que não ganharia afeto. Não se não entrasse para a carreira dos tios. E com uma avó como essa, teria sido melhor vagar pelas ruas.

Quem protegia quem, ou o que!

Leckie se compadece de “J”. O quer ver livre dali. Mas como o cerco se fecha oferece uma proteção – que não poderá dar de fato -, se “J” contar o que sabe no pouco tempo de convivência com os Cody. Se não fosse por algo que seu tio fizera, ele até conseguiria ir levando a vida até completar 18 anos de idade. Com 17 completos, restaria pouco tempo. Mas aquilo que fizeram não era fácil de aceitar.

O ser mais fraco buscando uma saída!

Se a proteção policial se mostrou ineficaz, se para a sua própria famíliia virara carta fora do baralho, só restava a “J” uma saída: também fazer uso do Sistema para sair vivo daquilo tudo. E teria sido preciso mesmo chegar até a fazer aquilo? Sendo baseado em fatos reais, fiquei curiosa em saber o desdobramento do seu ato.

O filme é excelente! E por um todo: sem pontos negativos. Até por ter saído logo em Dvd no Brasil, pois assim muito mais terão como assistir, do que quando fica restrito a algumas Salas de Cinema.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Reino Animal (Animal Kingdom. 2010). Austrália. Direção e Roteiro: David Michôd. +Elenco. Gênero: Crime, Drama, Thriller. Duração: 113 minutos. Baseado em Fatos Reais.

O Efeito da Fúria (Winged Creatures. 2008)

o-efeito-da-furia_posterJá disseram que para morrer só basta estar vivo. O que não estaria certo é alguém se sentir no direito de levar outras vidas junto por não estar gostando da sua. Fato esse que até nos levaria a um debate sobre o porte de arma, já que nem todos têm condições psicológicas em ter armas. Mas o filme não foca esse lance. Muito embora a tragédia parte disso. E o que ele aborda?

Um cara entra numa lanchonete e começa a atirar. Quatro pessoas sobrevivem a essa fúria assassina. Três saem ilesos: um casal de adolescentes e uma garçonete. O outro, um dos fregueses, mesmo baleado se salva. Fora esses, vai ficar abalado também um médico.

Com isso o filme mostra como cada um reagiu após essa tragédia. Por estarem vivos, e se o cara entrou disposto a matar todos o porque de terem sobrevivido. Em comum entre os quatro o não querer contar o que viram naquela hora. E o que aconteceu por lá? Ao longo do filme vamos sabendo. Assim como também acompanhando o comportamento dessas pessoas mais atingidas pela tragédia, como também de seus familiares.

Anne (Dakota Fanning) se apega a religião. Encontrando nela uma tábua de salvação. Mais do que ter sobrevivido, quer encontrar um porque do seu pai ter sido morto daquele jeito. Ela idolatrava seu pai.

Jimmy (Josh Hutcherson), emudece. Talvez por recear dizer algo. Mas o que ele viu? Mais. Por que Anne lhe pede tanto para não contar nada. Enquanto sua mãe fica preocupada com essa sua reação, seu pai (Jackie Earle Haley) tem outras. Para quem viu ‘Sicko – $O$ Saúde‘, poderá entendê-lo melhor.

Se eles ainda bem jovens comportaram-se assim, como seria a reação dos outros mais adultos?

Carla (Kate Beckinsale), jovem ainda, mãe solteira… Fica indignada ao ver um prospecto de um grupo pronto para ajudar os sobreviventes de tragédias como essa. Tal como Anne o vê como uma ave agourenta. No fundo é uma crítica a uma cultura armamentista. Grupos como esse fazem parte do show. Carla pira um pouco trazendo consequências ao seu bebê.

Charlie (Forest Whitaker) se sente um cara de sorte. Parte então para os Cassinos. Tal qual uma droga, depois da euforia, vem… Paralelo a essa sua fuga, a polícia o procura. Mas como sua filha (Jennifer Hudson) desconhece o seu paradeiro, aumenta a sua apreensão por conta do que fica sabendo pelo tira.

E o médico, como entrou nessa história? Por que teria agido daquele jeito? Casualmente, ao sair da lanchonete o Dr. Bruce (Guy Pearce) dá passagem para o matador. Depois, já no Hospital, se ressente por não ter salvo uma das pessoas baleadas. A partir dai, resolve brincar de Deus. Ou, de cientista louco.

Cada um reage de um jeito a essas pancadas do destino. Mesmo que achemos que nossas reações seriam diferentes, é preciso vivenciar para se ter certeza. Agora, com ajudas ou por si mesmo é gratificante em ver que a pessoa está de volta à vida, seguindo em frente.

Um bom filme! E que eu voltaria a rever.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

O Efeito da Fúria (Winged Creatures). 2008. EUA. Direção: Rowan Woods. + Elenco. Gênero: Crime, Drama. Duração: 95 min.

Um Faz de Conta que Acontece (Bedtime Stories. 2008)

um-faz-de-conta-que-acontece_posterO ‘Um Faz de Conta Que Acontece‘ consegue entreter. O que já é um bom começo! Mas ele vai além, numa atualidade onde uma boa parcela dos pais, delegam a televisão como babá de seus filhos, o filme mostra o contentamento delas, quando os ouvem contar histórias antes de dormir.

Esse é o mote principal: incentivar os pais de hoje a contarem histórias para as crianças. Em meio a tantas atribuições, podem até no princípio, acharem que estarão perdendo um tempo, mas além de se sentirem acariciadas, no mínimo, incentivarão o gostar de livros.

Por outro lado, o filme traz também algo mais forte na cultura estadunidense. Que talvez, o recado maior seja para eles mesmo. Numa tentativa de ir tirando isso nas novas gerações. A ideia de ser o winner sempre, e num topo sozinho, não condiz mais com o presente. Muito menos, se nessa escalada esquecer até da família. Como naquela frase: ‘Ninguém é uma ilha…’

Ainda dentro do universo adulto, o filme também mostra que muitos, ficam a espera de uma solução mágica para concretizar um desejo. Que chegam a investir, em acreditar nisso. Nem questionando que aquele algo fantástico, tem uma explicação plausível. A cena da chuva de chicletes, pincelou com cores mais fortes, mas foi mesmo para chamar a atenção. Como depois, veio um com o lance com Abraham Lincoln, numa de: ‘Oh! Acorda! Se dê conta de que é você que resolveu sair da mesmice. E por isso está tendo mudança na sua vida. Não há mágica ilusória nisso. É você fazendo a sua história. Sendo protagonista dela!’

Gostei do filme! Dei boas risadas. Uma gargalhada ao colocarem o Botafogo, time, numa cena. Houve química entre Sandler e as crianças. O filme é bom! E eu voltaria a revê-lo. Ah! A trilha sonora é ótima! Um aperitivo dela:

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Um Faz de Conta que Acontece (Bedtime Stories). 2008. EUA. Direção: Adam Shankman. Elenco: Adam Sandler (Skeeter Bronson), Keri Russell (Jill), Guy Pearce (Kendall), Russell Brand (Mickey), Richard Griffiths (Barry Nottingham), Teresa Palmer (Violet Nottingham), Lucy Lawless (Aspen), Courteney Cox (Wendy), Jonathan Morgan Heit (Patrick), Laura Ann Kesling (Bobbi). Gênero: Comédia, Família, Fantasia. Duração: 104 minutos.

Amnésia (Memento. 2000)

memento_2000Trata-se de um filme com uma dinâmica psicológica, exigindo, portanto, que seja prestado bastante atenção nas falas e ações do personagem principal.

Eu sou apenas alguém que quer fazer as coisas certas.
Eu posso simplesmente me deixar esquecer as coisas que você disse?
“Don’t Believe His Lies!”

Quem mente? Essa é uma pergunta que deve ser feita antes mesmo de começar a ver o filme, pois a memória não é de confiança! Embora ela seja extremamente confiável… Paradoxo!

Freud foi assertivo, mais uma vez, quando disse que “Lembramos apenas do que é importante, em contrapartida, nos esquecemos apenas do que é importante“. A memória é a causa de maior sofrimento do ser humano: “Padecemos de reminiscências“, as lembranças do passado traz a saudade daquilo que não pode ser apreendido daquela maneira mais. De que maneira? A maneira em que a memória gravou. Naturalmente seletiva, prioriza o que é importante, descarta o que é importante descartar… e mais, traduz a percepção a seu modo.

Todos nós precisamos de memória para nos lembrarmos de quem somos.
Eu não sou diferente.

amnesia_2000Quem é diferente de você, Lenny?

Talvez nos diferenciamos do modo que tratamos nossas melhores e maiores lembranças e do que fazemos com isso, mas a grosso modo, todo ser humano precisa ter uma história para se constituir como tal.

Eu minto pra mim mesmo pra ser feliz?
(…)

Por: Deusa Circe.

Amnésia – Memento

Direção: Christopher Nolan

Gênero: Suspense

EUA – 2000