Gatinhas & Gatões (Sixteen Candles, 1984)

gatinhas-e-gatoes-1984Por Francisco Bandeira.
John Hughes começaria aqui seu estilo único que marcou sua carreira, mesclando com perfeição comédia e romance, transformando os problemas adolescentes em comédias bobas e divertidas, como somente ele sabia fazer.

Molly Ringwald e Anthony Michael Hall

Molly Ringwald e Anthony Michael Hall

Gatinhas & Gatões é sim um filme repleto de clichês, mas que nunca deixa de prender a atenção do público, e que é capaz de causar um misto de sentimentos deliciosos, sejam eles lacrimosos ou sorridentes.

O filme tem a marca registrada de Hughes, da desconstrução dos estereótipos, onde os personagens do começo do filme vão mostrando quem realmente são e, ao final, são notórias suas mudanças. Mas não só deles, pois o público começa a ver melhor quem eles são de verdade. E talvez isso que torne Gatinhas & Gatões tão especial, pois é impossível não torcer por um final feliz para cada personagem de seu filme. Lindo, inocente, divertido e bobo, como todo bom filme desse cineasta que entendia os jovens dessa geração como poucos.

Gatinhas & Gatões (Sixteen Candles. 1984). Ficha Técnica: página no IMDb.

Digam o que Quiserem (Say Anything… 1989)

Por Francisco Bandeira.
Tudo o que de melhor os filmes adolescentes da década de 80 tem a oferecer: jovens ingênuos, verdadeiros, apaixonados, melancólicos e sem rumo na vida. Uma linda história de amor, que tem como plano de fundo histórias tristes inseridas num universo iluminado, porém com um ar depressivo e personagens fadados ao fracasso.

diga-o-que-quiserem_1989_01O filme ‘Diga o que Quiserem‘ é bastante honesto e inocente, onde Cameron Crowe tenta captar a essência dos jovens em seus momentos de total intimidade. Estão presentes ali alguns elementos chaves para filmes desse tipo: camaradagem masculina, um protagonista inocente e apaixonado (John Cusack, tornando-se ícone da “Geração X”), uma jovem bonita e carismática, conflitos pessoais, boa trilha sonora e momentos nostálgicos. No caso de Say Anything, ainda consegue ser atemporal, como na clássica cena da janela, onde o protagonista levanta seu rádio ao som de In Your Eyes, de Peter Gabriel. Apesar de o roteiro esbarrar um pouco em um melodrama sem graça, consegue se manter até o belo desfecho onde Cameron Crowe mostra que, juntos, podemos superar nossos maiores medos.

Digam o que Quiserem (Say Anything… 1989). Detalhes Técnicos: página no IMDb.

Ensinando a Viver (Martian Child. 2007)

ensinando-a-viver_2007Parece que certos adultos esquecem que já foram crianças um dia. Pelas atitudes que tomam. Ou pior, pelo que acabam fazendo. E aqui, nesse filme, uma dessas coisas estaria em impor um prazo. Prazo? Não. Não para uma dupla que se dispuseram a ver se seriam pai e filho!

A vontade em adotar uma criança partiu de um casal. Mas eis que a companheira se foi. Faleceu. Tudo parecia esquecido, ou sepultado, até que por delicadeza… Ou seria o destino? Bem, o lance foi que David (John Cusack) em vez de morrer com aquele assunto por telefone, vai pessoalmente explicar a Diretora do Orfanato (Sophie Okonedo). E por curiosidade pergunta porque ele fora lembrado, ainda mais sendo um viúvo. Pois deveria ter casais na lista de espera.

Abrindo um parêntese. Em “Juno” temos aqueles que querem adotar uma criança, mas ainda quando é bebê. Nesse, “Ensinando a Viver“, a adoção já atinge as crianças mais crescidas. Que já tem consciência do que fazem ali. Sentindo mais a rejeição, o medo, a perda de um carinho, de um lar. Enfim, é um quadro triste,  como também cruel com esses inocentes. Voltando ao filme.

David fora lembrado por ser um escritor de ficção científica. Pois o pequeno Dennis (Bobby Coleman) diz ter vindo de Marte. Daí o título original do filme. Embora uma luzinha se acende em David, ele recusa. Diz que não está preparado. Acontece que mais alguém quer isso. Gente! Momento lindo esse! Uma amiguinha de orfanato que faz essa ponte entre David e Dennis. Talvez numa de: “Ele tem menos chances que eu em ser adotado.” E consegue que David olhe para o pequeno marciano.

Ao conversar com a irmã (Joan Cusack), mais do que fazê-la acreditar que ele mesmo estando sem uma mulher do lado, ele e o menino serão uma família, fazendo-a lembrar a criança que ele fora, que não se adequava ao grupo, um solitário, reacendendo a sua própria infância, ele se sente, se vê como um pai para o Dennis.

Mas por considerarem Dennis uma criança problemática, David em vez de aliados, tem do Conselho Tutelar uma ducha fria. Eles não facilitam em nada. Então David os convencem ao dizer: “E uma das coisas que eu aprendi sobre fantasia, na minha vida, é que pode ser uma técnica de sobrevivência. Funciona como um mecanismo de fuga, uma maneira de lidar com os problemas que são maiores que você, maiores do que você é capaz de lidar.

Além dessa vigília em torno dessa adoção, de ter um tempo limite, de ter seu agente lhe dizendo que o prazo para entregar um novo livro está se esgotando, David tem o de chegar ao Dennis. Em estabelecer um contato. Em fazê-lo entender que eles agora serão pai e filho. E que não é nada fácil. Dai, numa cena onde ele recusa a mãozinha de Dennis, a voz do nosso coração pode até não acreditar, mas que a voz da razão entende o porque.

Enfim, temos nesse filme um homem e um menino num diálogo onde todos os sentidos entram. Numa troca onde tudo é válido. Quer seja assistindo uma partida de baseball, onde diz que mesmo errando muitas vezes, ainda assim terá chances de mostrar o seu valor, que não se deve é desistir. Quer seja usando a linguagem da dança. E mesmo com todas as imposições, eles seguem sem pressa.

Ah! Anjelica Huston faz uma participação para lá de especial. Embora curtinha, marcou presença!

A trilha sonora veio somar na história desses dois. Como nessa música de Cat Stevens, “Don’t Be Shy”: “Levante a cabeça e deixa que teus sentimentos saiam.“.

Gostei! Nota: 8,5.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Ensinando a Viver (Martian Child). EUA. 2007. Direção: Menno Meyjes. Com: John Cusack, Bobby Coleman, Amanda Peet , Joan Cusack , Oliver Platt , Sophie Okonedo, David Kaye. Gênero: Comédia dramática. Duração: 106 minutos.