Lembranças (Remember Me. 2010)

Remember Me, Lembranças e Robert Pattinson

Para quem conhece o trabalho do ator Robert Pattinson somente das histórias vampirescas ou de aprendiz de feitiçaria, não imagina que o rapaz é um pouco mais que um rosto bonito; ele tem um talento singular e seu público cativo certamente não faz ideia, podendo se surpreender com outros trabalhos de sua filmografia. A Prova está em duas de suas últimas atuações: o drama “Remember Me” (Lembranças) e “Poucas Cinzas” – neste último ele protagoniza o pintor surrealista Salvador Dali quando jovem.

Em Remember Me, Robert Pattinson é Tyler, um rapaz rebelde, sofrido e traumatizado por ter perdido o irmão mais velho, difícil para ele, tão jovem, entender e aceitar a morte desse ente querido. Além disso, enfrenta outras questões de ordem familiar: desentendimento com o pai, assuntos particulares mal resolvidos e a mais delicada de todas é que ele se sente responsável pela irmã caçula o qual cumpre muito bem esse papel dedicado, zelando por ela que é vista pela sociedade como uma garota problemática ou “diferente”, os pré-conceitos da vida, e lhe dá apoio e carinho na medida certa. A tristeza parece ser sua companheira inseparável instigando-o a amar profundamente pessoas a seu redor, seus amigos e por fim sua namorada, sem aquela necessidade ou cobrança de declarações verbais exageradas como de praxe, e sempre que possível procura se afastar de estranhos, mantendo-se numa redoma invisível de proteção, não se importando muito com o que pensem a seu respeito. Isso faz lembrar um determinado personagem saído das páginas da literatura dando um tom bucólico encantador e quase que não permitindo acesso ao mundo arbitrário, cortando a comunicação entre o real e a fantasia.

O filme é comovente, porém, trágico do início ao fim, deixando sequelas e marcas na alma dos mais emotivos. A história é ambientada em Nova York de 1991, mostrando um violento assassinato de uma mãe bem diante da pequena filha e também diante do espectador. Dez anos depois Tyler (Pattinson) transformou-se num rapaz atormentado e triste. O filme é recheado de detalhes que envolvem fatalidades e semelhanças com o mundo real. Uma mera coincidência? Uma história por assim dizer, emblemática, impossível esquecer, ou simplesmente passar a borracha e apagar da memória; são fatos que se carregará como uma cruz para o resto da vida. Mesmo não sendo dono da história são lembranças que deixam cicatrizes profundas em nossas mentes. Era uma vez… o conto pega carona na tragédia de um povo, usando como pano de fundo para contar outra fatalidade.

Parece mesmo que o galã Robert Pattinson amadureceu…. E eu nem sou fã dele. “Lembranças” é um belo e singelo filme.

Tyler Roth (Robert Pattinson) sente-se frustrado por tentar se recuperar emocionalmente e enterrar de vez a tragédia que marcou sua vida, mas sua luta parece ser em vão. Durante muito tempo a dor continua intensa, difícil de superar.  Nesse meio tempo, ele conhece Ally (Emile de Ravin), a filha de um policial, que teve a mãe brutalmente assassinada. Percebendo que pode compartilhar seu pesar com ela, os dois acabam se apaixonando e o nobre sentimento começa a libertá-lo da angústia. Tyler descobre que a perda pode ser superada e a amargura que envenenava sua alma pode ser curada a partir desse envolvimento na companhia de Ally.

Não se trata de uma obra fácil e Robert Pattinson acaba carregando “Lembranças” nas costas. O desfecho inesperado pode decepcionar aos amantes de finais felizes, mas talvez concluam que o investimento foi válido porque o fato trágico lembrado aqui é suficientemente complexo para qualquer entendimento da razão humana. E finaliza unindo os laços afetivos que havia se perdido.

O filme basicamente usa a tristeza como alegoria. Talvez por nos remeter a fatos do mundo real ainda latente. Vale conferir porque a vida é feita de momentos.
Karenina Rostov

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Diretor: Allen Coulter

Elenco: Robert Pattinson, Emilie de Ravin, Chris Cooper, Lena Olin, Pierce Brosnan, Martha Plimpton, Peyton List, Ruby Jerins.
Produção: Carol Cuddy
Roteiro: Will Fetters, Jenny Lumet
Fotografia: Jonathan Freeman
Trilha Sonora: Marcelo Zarvos
Duração: 113 min.
Ano: 2010
País: EUA
Gênero: Drama

Harry Potter e o Cálice de Fogo (2005)

harry-potter-e-o-calice-de-fogo_2005Escolhi falar desse filme por alguns motivos que marcam uma passagem, tanto em estrutura, quanto em amadurecimento desenvolvimentista dos personagens.

1. Esse é o filme que dá entrada à sexualidade.
2. A competição, como requer o mundo capitalista, foi dada a largada sem retornos.
3. A morte comparece.
4. As crises, portanto, começam a fazer parte não apenas externo aos personagens, mais internamente também.

Vamos começar do início.

harry-potter-e-o-calice-de-fogo_2005_01O ano em Hogwarts é de competição, provas pesadas. Torneio Tribruxo que reúne alunos de várias escolas de magia é sediado pela escola comandada por Dumbledore. Tribruxo já deixa a entender que são três competidores, um de cada escola, mas por uma armação vinda sabemos de quem Harry Potter entra na jogada.

São os competidores: *Harry Potter, *Cedrico, *Victor Krum, *Fleur.

Com essa simples sinopse, podemos falar dos conteúdos apresentados no filme.

O Cálice de Fogo começa com a família de Ron, unidos a Harry Potter e Hermione, indo ao campeonato mundial de Quadribol, no caminho, encontram com Cedrico e seu pai.

Importante notar essa cena. Assim que Gina (irmã caçula de Ron, também bruxa) e Hermione batem os olhos em Cedrico a platéia da obra já percebe que finalmente os nossos bruxinhos favoritos estão no caminho do amadurecimento corporal-sexual. São adolescentes. Sairam do mundo infantil onde a sexualidade é latente, não-manifesta.

E esses indícios não param por aí. Já na escola, Minerva reúne seus alunos para ensiná-los a dançar no baile de confraternização. A dança do acasalamento rsrsrs. Ser humano é tão bonito de vez em quando… Hoje temos grandes boates com gente que dança de maneira mais esquisita do que antigamente, antes, dançávamos agarrados, hoje, cada um na sua em nome da esquisitice chamada individualismo. Mas bem da verdade, os bailes de outrora e as boates de hoje fazem parte do jogo de sedução de nós, Homo sapiens. Resumidamente, as danças de acasalamento. Não deixa de ser lindo… Contemplo de maneira cosmopolita e distante essas atitudes humanas descritas por muitos como “muito loucas” sendo que no fundo o objetivo é o mesmo: se unir sexualmente a alguém e evitar assim, a solidão tão temida por muitos.

O ser humano é um bichinho demasiadamente frágil… essa é uma das partes que acho mais bela no ser humano: sua fragilidade constante disfarçada entre a força dos grupinhos e panelinhas rsrsrs. Aqueles que não tem medo da solidão, ou ao menos convive bem com ela, consegue entender melhor essa observação.

Mas voltemos ao filme…

harry-potter-e-o-calice-de-fogo_2005_03A escolha do par! Oh my god!!! rsrsrs Esse é sempre um ponto confuso, mas os adolescentes conseguem confundir mais ainda, tudo em nome da inexperiência. É bonita essa fase: Será que ele vai me convidar pra festa? Será que se eu chamá-la, levarei um não? rsrsrs
E aí acontece de tudo, a menina admirada por X também é por Y e já foi convidada por Z, enquanto algumas ainda nem foram cogitadas a serem convidadas. Aqueles mais tímidos, os mais atrevidos, os pares vão se formando ou não. Mas, por fim, “Deus” não abandona ninguém rsrsrs: todos se divertem, de uma maneira ou outra, mesmo que seja só-depois quando lembrar das festinhas da escola. rsrsrs

Victor Krum, esportista e admirado por Ron, convida Hermione pro baile. Motivo de ciúmes. Engraçado também notar mais esse elemento nesse filme: o ciúmes como “sinônimo” de amor e proteção… rsrsrs. À distância, todo ciúmes saudável é interessante de ser notado rsrsrs. Cedrico convidou a menina que Harry gosta e por aí vai…

Já no baile, aqueles olhares que dizem tudo fazem parte da festa, tanto dos personagens quanto de nós do outro lado da telona. Beijos, danças, promessas não-ditas…

Enquanto isso, na Sala de Justiça, o campeonato pesadíssimo, com provas estranhas, acontece. Os nossos heróis são posto sob o crivo da morte e da vida.

harry-potter-e-o-calice-de-fogo_2005_02Freud dizia que sexo e morte caminham juntos… Tem uma longa e vasta explicação pra isso, coisa que não esgotarei aqui essa proposta, mesmo porque é inesgotável. E de maneira interessante, justo no filme do Harry em que a sexualidade vem à tona de maneira não disfarçada, com ela vem também a morte.

“Volde-morte” fez sua vítima, não a que ele tanto deseja, mas alguém especial tanto quanto. Os alunos não são poupados, recebem a notícia por Dumbledore como ela é. Já cresceram, já até dançaram e namoraram, não há mais motivos de disfarçar o indisfarçável e dizer que o amiguinho foi pro céu pra se unir a Deus…

Esse filme não se esgota em detalhes, se procurar é certo que acha, mas paro por aqui, resta a vocês assistirem a esse filme e/ou comentarem abaixo.

Por: Deusa Circe.

Harry Potter e o Cálice de Fogo – Harry Potter and the Goblet of Fire

Direção: Mike Newell

Gênero: Aventura, Fantasia

EUA – Reino Unido – 2005