Por: Valéria Miguez (LELLA).
Ele é um âncora que acredita que mesmo um programa sem ter um cunho jornalístico possa se manter íntegro e ter audiência sem ter que apelar para o sensacionalismo ou mesmo inverdades. Avesso a fama advinda de polêmicas… Ele se vê saindo de uma hibernação ao ser contratado justamente para trazer a audiência de volta a um telejornal no horário nobre de um canal a cabo. Ele é Will McAvoy, personagem muito bem interpretado por Jeff Daniels! Afastado das mídias também por problemas pessoais… Mas mais por uma participação num programa onde McAvoy juntamente com outros convidados foram entrevistados por jovens estudantes. Esses, cientes até deu seu posicionamento político – o tinham como alguém em cima do muro… focam nele as perguntas… Bem, McAvoy até tentou se segurar… Mas num certo ponto, ele “explodiu”… Mas como um professor tentando colocar ordem na classe! Não para se calarem, mas sim para que raciocinassem até com o que estavam falando. Assim, e se valendo de uma das perguntas – “Por que a América é o melhor país do mundo?” – McAvoy então deixa a sua marca! Antológica, por sinal! Que até me fez lembrar de uma cena do filme “Obrigado por Fumar“, de 2006. Se nesse outro a lição fora para o filho… Neste, McAvoy sem querer acabou dando até para o mundo…
Como McAvoy passou a dominar a tudo e a todos no tal programa, de certa forma mostrou o paradoxo em sua personalidade. O saber falar em público, pensamentos próprios ou não, há de se ter que ponderar até por princípios éticos. Se carisma e até eloquência pode levar alguém a uma certa notoriedade, também pode levá-la a um domínio manipulador. Algo que McAvoy abominava! Algo que também não gostava, de até irritasse, era em não ver outra pessoa fazendo uso da própria inteligência. Que dirá então diante de uma platéia de jovens mais afeitos às celebridades! Um prato feito para ele! Como numa onde devolve uma pergunta com outra já emplacando um questionamento: “Privatizar? Eu não gostaria de que o Corpo de Bombeiros só fosse apagar as chamas na minha casa se eu estivesse com as mensalidades em dia!” E por ai segue… Mesmo mantendo a atenção para si, ele queria levá-los a se questionarem sempre, que não se mantivessem fechados a uma só “ideologia”, menos ainda a do “individualismo”, que se mantivessem abertos ao “socialismo”… O que acaba lhe uma nova legião de fãs. Pois mesmo que a princípio ele tenha ferido a exagerada xenofobia dos americanos: eles “se acham”… Agradando a muitos ou não… Mesmo não gostando, ele polemizou sim no tal programa. Até por já se mostrar contrário a tal pergunta no início desse texto. Aproveitando de tudo que fora falado até então, ele dá uma verdadeira aula para aqueles jovens! Englobando Geo-Política, Humanismo, História, Economia… McAvoy os conduziu ao seus próprios cérebros… Que estudassem mais antes de fecharem uma questão… Que questionassem sem aceitar de imediato uma informação dada vinda de quem vier… Porque o mundo não é só bem e mau, feio e bonito… Enfim, atônitos e êxtases… McAvoy deu uma grande aula para aqueles jovens!
Aula essa que também ficou memorável para uma outra pessoa. Que mesmo contrariando a CEO de próprio canal (ACN), a Leona Lansing (Jane Fonda), fora mais do que por estar atrás de audiência, fora por um olhar romântico dos bastidores de uma redação, que o presidente da divisão de notícias desse mesmo canal, Charlie Skinner (Sam Waterston, numa ótima atuação) que levara McAvoy para estar ser o âncora e o editor-chefe dando uma cara nova ao “News Night“. E para comandar toda a estrutura a dar base para ele, é contratada a produtora Mackenzie MacHale (Emily Mortimer, numa ótima atuação e que deu química com Daniels). Ambos também traziam na bagagem uma história pessoal e mal resolvida… Que acaba dando um tempero a mais na então nova relação profissional de ambos. Do qual Skinner não abria mão em tê-los no “News Night“. MacHale ciente do desafio, aceita! Ciente também da batalha diária, sabe que precisará de uma equipe bem compromissada também.
Assim, ao contabilizar quem estará junto com ela, MacHale se vê com algumas baixas levadas mais por conflitos com o McAvoy. Ele também não facilita nada nessa “seleção”. Entre os aceitos temos: Neal Sampat (Dev Patel) – escritor do blog de McAvoy e que vasculha a internet procurando por notícias; Jim Harper (John Gallagher Jr.) – o produtor sênior do “News Night” e que se verá entre dois chefes para lá de exigentes; Maggie Jordan (Alison Pill) – uma estagiária em busca de se tornar também uma produtora; Sloan Sabbith (Olivia Munn) – a analista financeira do “News Night“. Também no elenco fixo, entre outros tem: Don Keefer (Thomas Sadoski) – o antigo produtor executivo do tal telejornal saindo então para trabalhar em um outro programa na emissora.
Com a velocidade das informações dadas atualmente por conta da internet, a Série “The Newsroom” também vem como um remember com fatos ocorridos e há bem pouco tempo. Já que ela também levava no contexto da trama, acontecimentos reais. À contar de quando começou a produção, em 2011, até o cancelamento dela, em 2014. Mesmo eu que amo o Gênero Comédia, me levo a questionar do porque um Série com conteúdo sério é cancelada! Custo a crer que não dê audiência por lá, nos Estados Unidos. Tem tantas e sem relevância que duram tanto tempo… Enfim, mesmo ciente que esta teve vida curta… Para quem não tem os canais da HBO, mas tem o sinal aberto do Cinemax, aproveitem! A série está sendo exibida por ele, nas noites de sexta-feiras. Ainda no início da 1ª Temporada.
E mesmo dando para notar meu entusiasmo em mostrar o perfil do protagonista, o McAvoy… Vale ressaltar o quanto estou gostando de “The Newsroom“! Com acontecimentos reais como pano de fundo para os bastidores de um telejornal, intercalados com a história dos personagens. Com pinceladas de um humor bem inteligente! Uma pena mesmo que não teve vida longa! Enfim… Fica a sugestão dessa Série Nota 10!
The Newsroom (2012 – 2014)
Ficha Técnica: na página no IMDb.
Curiosidades:
– O cenário de “The Newsroom” estava localizado no Sunset Gower Studios, em Hollywood. Mas o fictício prédio da Atlantis World Media, na realidade, foi a torre do Bank of America no cruzamento da 6ª Avenida com a Rua 42 em Manhattan, com efeitos visuais utilizados para alterar o nome do prédio acima da entrada.
– Âncora – O termo âncora (anchorma) surgiu em 1948 nos Estados Unidos para definir o profissional que centralizava todas as informações de uma cobertura jornalística. Tudo isso aconteceu em uma Convenção realizada na cidade de Philadelphia nos Estados Unidos, transmitida pela CBS.
A partir dessa definição de âncora, o termo foi se difundindo e se consolidando como o principal mediador dos telejornais, através dos quais as notícias seriam difundidas. Existem muitos mitos sobre a profissão, entre eles está o mito de que o âncora só trabalha na hora em que está gravando na bancada, que é muito diferente da realidade destes profissionais da televisão, que são antes de qualquer coisa jornalistas que fazem de tudo para transmitir a informação para os telespectadores.
– E um vídeo com a tal aula que McAvoy dá: