Quase Famosos (Almost Famous, 2000).

quase-famosos_2000Por Francisco Bandeira.
Cameron Crowe entregou em “Quase Famosos” um dos retratos mais honestos e cativantes sobre as descobertas dos adolescentes sobre drogas, sexo e rock’n roll. Todo aquele deslumbramento acerca de seus ídolos, uma atmosfera de curtição quase inquebrável – mesmo com tantos conflitos – e, especialmente, a liberdade de um jovem, transformando aquela aventura juvenil em um belo road movie.

O primeiro contato com a música, fama, famosos, artistas, empresários, mulheres e o amor. O que torna tudo tão perfeito? As músicas que pontuam cada passagem especial do filme (a cena do ônibus ao som de Tiny Dancer, do Elton John, é espetacular). Penny Lane (Kate Hudson, perfeita) é aquele tipo de mulheres que procuramos a vida inteira, que não saem das cabeças, que ecoam em nossos pensamentos e sonhos, porém tão frágil e desolada, que a torna alcançável ou ainda mais apaixonante.

quase-famosos_2000_01Crowe inseriu suas experiências pessoais no filme, mostrando que nos deparamos com diversos tipos pela vida: a mãe protetora (Frances McDormand, divina), a irmã libertadora (Zooey Deschanel, ótima), a jovem e bela inocente que quer ser descolada (Anna Paquin, encantadora), ou o jovem preocupado que descobre que a vida pode ir de sonho a pesadelo em questão de segundos (Patrick Fugit, espetacular) ou aquele típico sacana que nos proporciona as melhores experiências de nossas vidas e, por mais imbecil que seja não conseguimos odiá-lo… Nem sequer por um minuto (Billy Crudup, impecável). São tantos sentimentos em cena, que fica difícil não se sentir atraído por personagens tão mágicos, em um universo de sonhos que é a vida, e desejamos vive-la cada vez mais.

Ser famoso é ótimo, ser anônimo tem suas vantagens, porém fazer parte do grupo dos QUASE FAMOSOS não é nada menos que perfeito.

Quase Famosos (Almost Famous. 2000). Ficha Técnica: página no IMDb.

O Tempo de Cada Um (Personal Velocity, 2002)

O Tempo de Cada Um_2002A simplicidade da lágrima que corre pelo rosto de uma mulher que, de repente, descobre que a vida que ela possui e muitos julgam perfeita, já não é mais o bastante. Greta Herskowitz (Parker Posey) parece sempre estranhar o mundo e as pessoas a sua volta com um olhar de curiosidade e por vezes indiferença, ela parece se descobrir cada vez mais e se surpreender com suas ações, o problema é que o resultado nem sempre é bom. Para ela, é irônico o fato de se descobrir humana e portanto, suscetível aos mesmos erros que seu pai cometeu no passado e que ela tanto detestava.

É sobre isso o filme de Rebecca Miller, sobre a auto-generosidade de nos descobrirmos humanos e sobre as eternas e cegas buscas por uma felicidade que outrora nos disseram que existe, mas que parece escapar sempre que chegamos mais perto.

Rebecca Miller possui um olhar atento, aguçado e honesto com suas personagens que pertencem ao livro de contos que ela mesma escreveu e que são levadas para as telas do cinema como extrema dedicação e competência de atrizes respeitadas como Kyra Sedgwick, Parker Posey e Fairuza Balk.

Assisti “O tempo de cada um” pela primeira vez em 2007 e desde então se tornou o filme que me abriu as portas ao cinema americano independente e francamente, desde então descobri pérolas tão valiosas quanto o filme de Rebecca Miller. Cassavetes estaria orgulhoso.

Por Kauan Amora.

A Outra História Americana (American History X. 1998)

a-outra-historia-americanaAs únicas pessoas que realmente mudaram a história foram as que mudaram o pensamento dos homens a respeito de si mesmos.” (Malcolm X)

Será que o meio pode realmente corromper uma pessoa? Ou é algo inato? As influências, pressões externas não seria apenas pretexto para trazer à tona o próprio caráter? Pois encontrar desculpas, ou mesmo culpar, jogar seus próprios fracassos no outro, é muito mais fácil.

Em ‘A Outra História Americana‘, temos um canalha mor. Alguém que alicia os jovens pegando no ponto fraco: se sentirem frustrados. Como não usam suas mentes para fazer algo que os tornem um ser humano apto a enfrentar as vicissitudes da vida, ele, Cameron (Stacy Keach) tem acesso livre nessas cabeças. E assim, doutriná-los com ideais nazistas.

Por outro lado há também um outro tipo de mentor. Um Diretor de Colégio que usa a sua autoridade para que os jovens raciocinem por si mesmos. Que avaliem a vida que estão levando. Ele é Sweeney (Avery Brocks). A porta de sua sala está sempre aberta a quem quer uma chance de mudar.

Enquanto Cameron aumenta cada vez mais as suas gangues, Sweeney é como o pastor que vai atrás de cada ovelha perdida. No filme o veremos em ação com dois irmãos: Derek (Edward Norton) e Danny (Edward Furlong). Indo de uma manhã a outra. Por Danny ter feito uma redação sobre Hittler, Sweeney lhe dá até a manhã seguinte para fazer uma outra: com a história de seu irmão, Derek, em sua vida. Assim, entre as situações atuais, em flashback vamos conhecendo toda a história dessa família. Com Derek preenchendo as lacunas que Danny até então desconhecia.

Nesse mesmo dia Derek está saindo da penitenciária. Após cumprir 6 anos por ter matado dois jovens que tentavam roubar o seu carro. Mas os anos passados na prisão, pelo o que vivenciou lá dentro, e pela ajuda de dois negros, o fez refletir. O fez querer mudar de vida. Tinha então dois desafios iminentes: se desligar de Cameron e tirar Danny de suas garras. Cameron estava fazendo dele, Danny, um novo líder de gangue.

Para mim ficou a ideia de que o ‘X’ no título original – American History X -, refere-se a Malcolm X.

O filme tem cenas chocantes. Uma delas ficará registrado por um longo tempo em nossa mente. Todos atuam muito bem. Mas Edward Norton está incrivelmente bem. Excelente filme! Não deixem de ver.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

A Outra História Americana (American History X). 1998. EUA. Direção: Tony Kaye. +Elenco. Gênero: Crime, Drama. Duração: 119 minutos.