Quase Famosos (Almost Famous, 2000).

quase-famosos_2000Por Francisco Bandeira.
Cameron Crowe entregou em “Quase Famosos” um dos retratos mais honestos e cativantes sobre as descobertas dos adolescentes sobre drogas, sexo e rock’n roll. Todo aquele deslumbramento acerca de seus ídolos, uma atmosfera de curtição quase inquebrável – mesmo com tantos conflitos – e, especialmente, a liberdade de um jovem, transformando aquela aventura juvenil em um belo road movie.

O primeiro contato com a música, fama, famosos, artistas, empresários, mulheres e o amor. O que torna tudo tão perfeito? As músicas que pontuam cada passagem especial do filme (a cena do ônibus ao som de Tiny Dancer, do Elton John, é espetacular). Penny Lane (Kate Hudson, perfeita) é aquele tipo de mulheres que procuramos a vida inteira, que não saem das cabeças, que ecoam em nossos pensamentos e sonhos, porém tão frágil e desolada, que a torna alcançável ou ainda mais apaixonante.

quase-famosos_2000_01Crowe inseriu suas experiências pessoais no filme, mostrando que nos deparamos com diversos tipos pela vida: a mãe protetora (Frances McDormand, divina), a irmã libertadora (Zooey Deschanel, ótima), a jovem e bela inocente que quer ser descolada (Anna Paquin, encantadora), ou o jovem preocupado que descobre que a vida pode ir de sonho a pesadelo em questão de segundos (Patrick Fugit, espetacular) ou aquele típico sacana que nos proporciona as melhores experiências de nossas vidas e, por mais imbecil que seja não conseguimos odiá-lo… Nem sequer por um minuto (Billy Crudup, impecável). São tantos sentimentos em cena, que fica difícil não se sentir atraído por personagens tão mágicos, em um universo de sonhos que é a vida, e desejamos vive-la cada vez mais.

Ser famoso é ótimo, ser anônimo tem suas vantagens, porém fazer parte do grupo dos QUASE FAMOSOS não é nada menos que perfeito.

Quase Famosos (Almost Famous. 2000). Ficha Técnica: página no IMDb.

Pronta para Amar (A Little Bit of Heaven. 2011)

Amei! Chorei baldes, mas com brilho nos olhos o tempo todo porque a estória é cativante. Também porque me identifiquei em alguns pontos com a protagonista. Principalmente pelo jeito irreverente dela. Espirituosa. Que ri da própria sombra. Tão alegre que escolhe para ser seu Deus, a atriz e comediante: Whoopi Goldberg. Só por essa escolha já seria motivo para ter amado “Pronta para Amar” (A Little Bit of Heaven. 2011), a ponto de querer rever outras vezes. Mas tem mais!

Começo então pela protagonista: Kate Hudson. Ela fez cada solo magistral. Antes do filme, me peguei a pensar se ela seria uma versão masculina de “Tudo por Amor” (Dying Young. 1991), mas nesse aqui, o “Acorda!” veio da sua personagem, Marley, alguém já em fase terminal. Claro que é uma estocada no peito alguém com tanta vontade de viver, ter de sair da vida ainda jovem. Mas a sua personagem nessa sua redenção final, leva aos que lhes são mais próximos repensarem em suas próprias vidas. Como estão levando. Como também em como ficar ao lado de alguém querido, mas com pouco tempo de vida. Como lidar com inevitável: sozinha ou com pessoas a volta? E outros questionamentos mais. Sem esquecer é claro que um filme também é para entreter. Nesse quesito, esse filme também é excelente!

Marley estava galgando postos mais altos em sua carreira de publicitária. Além de talentosa, tinha um olhar clínico para perceber dos demais. Seu lado pessoal era meio solitário, mas até então feliz com a companhia de seu cachorro, o Stanley. Se fechara ao amor, aos relacionamentos mais longo; ao longo do filme ficamos sabendo o porque. Parece que isso também vem agregado ao destino como num: aproveite a vida, irá sair dela cedo. Acontece que, se isso não estava bem resolvido, teria que passar a limpo. O que nos remete às suas conversas com o seu próprio Deus. Divertidíssimos esses papos: Kate e Whoopy estão ótimas! Que no fundo, não deixa de ser um tête-à-tête consigo mesma: se ela é uma pessoa divertida, seu “eu” mais íntimo também seria.

Como também nos leva aos títulos: o original – A Little Bit of Heaven -, e o dado aqui no Brasil: “Pronta para Amar“. Quando se chega na cena onde o título original aparece, é bem engraçada. Mas se ela estaria indo morar de vez no paraíso, porque não viver, sentir um pouquinho dele nesses seus últimos dias de vida. É quando Marley recebe outra ajuda, sendo de que essa, de alguém real. Ou seria um anjo da guarda no mesmo estilo do Deus escolhido!? Sendo ele agora alguém sacana, mas pela irreverência, e um cara do bem. Ele, o Vinnie (Peter Dinklage. Um Emmy em 2011), lhe mostra que ela está pronta para amar. Que deve buscar pelas circunstâncias. Mas também o título daqui sugere que ela está pronta para reconhecer que no fundo sempre amou a mãe, e que quer amar seu pai. O que demonstra ser aceitável o título nacional. Mas o original é de fato sensacional!

Quem se toca de que Marley está murchando literalmente para a vida, é sua amiga Sarah (Lucy Punch, de “Professora Sem Classe“). Intrigada, vai fazer exames. É onde conhece o tímido Doutor Julien (Gael García Bernal). Mais do que uma empatia entre os personagens em cena – deu química entre Gael e Kate -, seu ótimo desempenho me fez querer rever um outro com ele, o “Jogo de Sedução” (Dot the I. 2003). Julien tem também como fator a superar, o fato de não poder se envolver com uma paciente. Mexicano, vê como presente do céu, ter sido escolhido para a equipe de um renomado oncologista do Estados Unidos: Dr. Sanders (Alan Dale). E esse faz marcação cerrada. Assim como Marley, Julien também está em ascenção na profissão amada: e no caso dele, tem um futuro pela frente. E para deleite nosso, Marley e Julian irão se revezar entre “criador e criatura”.

Marley também teria que zerar as rusgas com seus pais: Beverly (Kathy Bates) e Jack (Treat Williams). Uma mãe presente demais, com um pai ausente demais. Para os três, uma tomada de decisão visceral. Até porque pela ordem natural da vida, não é com pais enterrando filhos. São cenas que me levaram do riso às lágrimas. Comoventes, mas na medida certa. Não deixa de cair dos céus um tempo para pendências como essa! Sou fã da Kathy Bates, para mim ela está sempre brilhante. E nesse, ela e a Kate deram um show! Treat Williams também não fez feio, como também vale muito a pena vê-lo em “O Primeiro da Classe” (Front of the Class. 2008).

Não era só com o Stanley, que Marley dividia suas horas de folgas até então: tinha os amigos e uma menininha filha de uma das amigas, a Renee (Rosemarie DeWitt), que está grávida. Mais que atestar que é o ciclo da vida seguindo em frente – um morre, outro nasce -, Renee viverá o empasse de não estar pronta para vivenciar isso ao mesmo tempo. Se dói nela, que dirá em Marley. Quanto à Sarah, estará em segurar a onda de que sem querer, levou Marley saber da doença. Mas que deu a Marley um tempinho para também aproveitar bem esse pouco tempo. E com o amigo Peter (Romany Malco), a dor pela perda será compensada por mesmo sem querer, levar Marley a conhecer um “pedacinho do paraíso”.

Pronta para Amar” tem como cenário a bela cidade de Nova Orleans. O que nos remete a uma Trilha Sonora maravilhosa. Ambos, Fotografia e Músicas, como coadjuvantes de gala nesse filme até o final. Final esse que me fez pensar: “Quero o meu assim!” E meus aplausos calorosos também para a Direção de Nicole Kassell! Um filme nota 10! Que me levou a desejar que não terminasse logo.

Minhas lágrimas desceram sim em profusão, mas de um jeito lívido. Por ser Marley também como eu, alguém super de bem com a vida, mesmo quando a vida nos atropela de um jeito irreversível. E o filme também é mais um a mostrar aqueles que levam a vida tão a-ferro-e-fogo, que ninguém sairá vivo dela. Sorria para a vida!

Ah! O filme também traz uma simulação de orgasmo que entrou para meu Top Ten. Não deixem de assistir esse filme!

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Pronta para Amar (A Little Bit of Heaven. 2011). Direção: Nicole Kassell. Roteiro: Gren Wells. +Elenco. Gênero: Comédia, Drama, Romance. Duração: 106 minutos.

Dois é Bom, Três é Demais (You, Me and Dupree. 2006)

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Às vezes penso que algum Produtor resolve fazer uma faxina com os roteiros. Mas que antes de jogar todos fora entrega a um Roteirista. Pedindo para que faça um mix daquilo e extraia mais um filme. Esse filme, “Dois é Bom, Três é Demais” me deixou essa impressão.

E o que ele traz de nenhuma novidade? Um casal recém-casado recebendo um hospéde um tanto quanto desastrado é o mote principal.

O tal hóspede (Owen Wilson) é amigo desde o tempo de colégio do marido (Matt Dillon). Esse por sua vez trabalha para o sogro, um mega empresário. Que não aceitou de todo o genro. E enquanto ele tenta provar seu lado profissional, vai deixando a vida pessoal de lado. Para piorar tem a bagunça catastrófica do amigo em sua casa. Mas mesmo com tudo isso o amigo vai ganhando mais e mais a amizade de sua mulher (Kate Hudson). Pois a princípio ela não gostou nada dessa invasão. Pois Dupree mostrou ser fogo de se conviver com ele.

Quem faz o sogro é Michael Douglas. Melhor abstrair que é ele. Fazer de conta que é um ator qualquer e que acabou de fazer um plástica com botóx.

Ah! A trilha sonora é ótima! Tem Marcos Valle, entre elas.

Enfim um sessãozinha-da-tarde. Nota: 05.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Dois é Bom, Três é Demais (You, Me and Dupree). 2006. EUA. Direção: Anthony Russo e Joe Russo. Elenco: Owen Wilson, Kate Hudson, Matt Dillon, Michael Douglas. Gênero: Comédia, Romance. Duração: 108 minutos.