RoboCop (2014). Uma Análise Retrô

robocop-2014_cartazRobocopsPor Ivan Anderson.
Lançado em 2014 para se tornar um grande blockbuster do cinema, RoboCop 2014 se tornou um filme controverso e gerou grandes discussões a respeito das comparações com o filme cult de 1987. Com direção do brasileiro José Padilha, a releitura do policial do futuro, apesar de ser um bom filme, decepcionou os maiores fãs da série principalmente pela leveza com a qual o policial biônico Alex Murphy passou a encarar os criminosos no século 21.

RoboCop em sua versão original era uma verdadeira máquina de aniquilar vagabundos, segundo a linguagem oitentista: aquele tira que atira primeiro e faz as perguntas depois, o que tornava muito divertidas e únicas cada uma das suas empreitadas contra o crime. O bandido não pensava duas vezes em tentar ceifar a vida do policial, então o robô atuava conforme a demanda, se posso assim dizer.

robocop-2014_02Em sua versão moderna, além de ser mais polido e atender a atual visão global de que o bandido (mesmo com toda a crueldade) é ser humano também, o novo policial do futuro começou torcendo o nariz dos fãs quando sua principal arma, antes uma beretta modificada, tornou-se um teaser para eletrocutar os foras da lei. O que também assustou os fãs foi o novo design de seu corpo, agora negro, o que gerou muitas comparações com Batman e até com o vilão McGaren, do seriado japonês Jaspion. (A blindagem prata também utilizada no filme ficou fantástica.)

robocop-2014_03Mas o longa tem também seus pontos positivos: a inovação tecnológica pela qual o protagonista passa, e explanações sobre a forma como a parte humana é alimentada, e fundida à máquina deixam um ar de satisfação grande aos expectadores mais curiosos e também aos mais críticos. A forma como a armadura é trocada, fazendo de Murphy uma espécie refil, ficou muito interessante e obviamente atuações como as de Michael keaton, Abbie Cornish, Gary Oldman e Samuel L. Jackson sempre brilham muito. Não deixando de lado, é claro, Joel Kinnaman, que encarnou muito bem o papel do primeiro ciborgue do mundo.

No fim das contas e apesar dos percalços RoboCop 2014 ainda vale o ingresso, principalmente por abordar de forma mais intensa o drama de um homem preso dentro de uma máquina, e pelas já citadas impecáveis atuações do glorioso elenco.

RoboCop (2014)
Ficha Técnica: na página no IMDb.

Os Mercenários 2 (The Expendables 2. 2012)

_Acho (o avião) que pertence a um museu.
_Todos nós pertencemos.”

Confesso que pouco me lembro do primeiro que até já reprisam na tv, mas que não me deu vontade de rever. Já com essa continuação eu já me vi motivada desde que eu vi um dos primeiros teasers. Que me fez pensar em “Red – Aposentados e Perigosos“, o qual eu adorei. O que “Os Mercenários 2” tem como principal ponto em comum é o fato de continuar mostrando que essa turma da velha guarda ainda dá um excelente caldo. Tem carinhas jovens, e de jovens atores, mas perto do demais devem sentir como em uma aula prática.

Os Mercenários 2” é ação o tempo todo, com uma pitada de suspense, temperado e regado com muito humor. Há tiradas de antigos personagens de cada um deles como um presente a nossa memória cinéfila. Se eles pertencem a um museu, é justamente dela. Heróis e Mocinhos, por vezes Vilões, que marcaram o Cinema de algumas décadas passadas. Que merecem respeito e aplausos. Reuní-los num só filme seria um projeto arriscado. Mas o Diretor Simon West conduziu tão bem que no final me deixou um: “Que venha um terceiro!”

Na trama temos Bruce Willis (Church) como um big-boss. Já o personagem de Sylvester Stallone (Barney) está de olho numa aposentadoria, mas terá que quitar com uma missão meio no escuro, além de ter que levar junto uma protegida do chefão, Maggie (Nan Yu). Antes disso, ao resgatar um cara, sem querer salva um antigo companheiro. Um que não gostou nada dessa ajuda. Mas mais como um “Droga! Esse papel não é adequado para um ator de peso como eu!” Mas essa ranzinzice faz parte do show. Só não digo quem é para não estragar a surpresa. Até porque como eu já disse, esse remember de antigos personagens é a tônica do filme. Como um quiz divertidíssimo!

esquadrilha-abutre_desenho-tvNum avião quase uma sucata voadora que até me fez lembrar da “Esquadrilha Abutre do Dick Vigarista“,  Barney e sua fiel escuderia pulam de missão em missão. Como co-piloto, há o Lee Christmas (Jason Statham), que vive o dilema de assumir de vez uma grande paixão. Mas vai adiando, e tendo como desculpa estar sempre ocupado. Deixa ótima para as brincadeiras de Barney e em cima da profissão da namorada de Lee. Ainda na equipe há: Gunnar Jensen (Dolph Lundgren), Hale Caesar (Terry Crews), Toll Road (Randy Couture), Bill The Kid (Liam Hemsworth). Gunnar tenta jogar charme para Maggie, mas ela fica atraída por Bill. Até por curiosidade em ver um cara novinho entre aqueles já veteranos de guerras. E Bill conta. Num resumo seria: O que difere mesmo os mercenários de uma tropa militar é que para os segundos quem fica com a grana é o governo.

Por que aqueles de nós que mais querem viver, que mais merecem viver, morrem, e os que merecem morrer continuam vivendo? Qual é a mensagem nisso?

Claro que para o filme prosseguir, há baixas significativas, como nem tudo sai como previsto. Até porque há a entrada dos verdadeiros vilões. Tendo como chefão Vilain, personagem de Jean-Claude Van Damme. Com os comparsas Yin Yang (Jet Li) e Hector (Scott Adkins). Acontece que esses vilões dificultam ainda mais a saída de cena de Barney e sua turma. A ponto de vir socorre-los uma outra lenda desse tipo de filme. Como uma aparição digna do tema musical desse momento. O que leva Barney a reavaliar o sentido da missão.

Se são as viradas do destino que tiram muitos de uma rotina meio letárgica, aqui fará com que aceitem um novo tipo de recrutamento antes inadmissível. Mas não como buchas de canhão. Como uma nova estratégia. Que no final vira uma hora do recreio para esses heróis. Pois é diversão para eles e para quem assiste. Tanto que me deixou querendo um terceiro filme, mas nos moldes desse, “Os Mercenários 2“.
Nota 10.

Por: Valéria Miguez (LELLA).

Os Mercenários 2 (The Expendables 2. 2012). EUA.
Diretor: Simon West.
Gênero: Ação, Aventura, Thriller.
Duração: 102 minutos. Classificação: 16 anos.

Protegendo o Inimigo (Safe House. 2012)

Uau! Nem deu tempo de saborear a pipoca. Aliás, é melhor deixar a pipoca para depois. Pois “Protegendo o Inimigo” é acima de tudo um entretenimento muito bom. Confesso que não esperava tanto. Eu adoro quando um filme me surpreende! E nesse não veio por reviravoltas mirabolantes. Nem em descobrir quem são os inimigos. Um deles já se detecta pelo olhar de desconfiança de um dos personagens. A adrenalina ficou mesmo em cima dos dois personagens principais. Pela química entre eles. Pelo crescimento de um dos atores. Pela generosidade do outro em dividir esse palco, como um mestre sentindo orgulho de um pupilo. Por eu nem sentir o tempo passar. Por eu nem querer que terminasse.

Ter Denzel Washington nos créditos já me leva a ver um filme. Mas confesso que em “Protegendo o Inimigo” o motivo maior foi em ver como se sairia o Ryan Reynolds num personagem como esse: um aspirante a agente da CIA. Em Comédia, ele saiu-se muito bem, pelo menos nas duas mais recentes que assisti – “Eu Queria Ter a Sua Vida” (2011) e “A Proposta” (2009), posso atestar. Agora, já não gostei dele no “X-Men Origem: Wolverine (2009)”, que entre outros Gêneros também é um de Ação. Muito embora nesse outro ele foi um coadjuvante. Por conta disso estava por demais curiosa em ver a sua performance neste aqui. E não é que Ryan Reynolds se saiu muito bem em “Protegendo o Inimigo“! Aplausos para os dois pelas excelentes performances!

Faça a Coisa Certa!”  “Não sou seu único inimigo.”

Apesar de não se ter surpresas, eu recomendo que não leiam muito sobre “Protegendo o Inimigo” antes de vê-lo. Tanto que farei quase um pequeno resumo da história, evitando assim em trazer spoiler. Para mim – os dois atores + o tema + a trama -, já bastara. As perguntas, seriam respondidas conferindo o filme. Onde a primeira delas, seria o porque de um deles estar nesse tipo de safe house. Mais! E o porque desse abrigo não ser tão seguro assim. Isso veio com a lida numa simples sinopse. Nela continha que o Agente Matt Weston (Ryan Reynolds), mantendo guarda num dos abrigos da CIA, em plena zona urbana na Cidade do Cabo (África do Sul), receberia como mais um a ser protegido um dos lendários da CIA, o ex-agente Tobin Frost (Tobin Washington).

Frost conseguira sair do mapa por uma década. Acharam até que já tivesse morrido. Pelo seu lado sociopata – de um excelente matador -, quando mudou de vez de lado, ou melhor, quando ele passou a escolher os “seus patrões”, se tornou o mais perigoso dos renegados. Agora, se tornou perigoso para quem? CIA, Mossad, Interpol, MI6…? E por que pediu proteção logo aos Estados Unidos? Cacife, ele tinha. Mas era uma faca de dois gumes. Na era dos chips, pode-se transportar grandes arquivos, e muito bem escondidos. E com a internet pelo celular, saber o que estariam nesses arquivos. Muito ladino, acabou conquistando Weston.

Já Weston se encontrava entendiado em manter guarda entre quatro paredes. Querendo logo entrar em ação. E seu desejo, meio que por linhas tortas, se realiza. Nem tanto com a chegada de Frost ao abrigo, mas sim por ele ter sido invadido, obrigando Weston a fugir com ele dali, enquanto aguardava uma nova ordem. Que para ele seria um novo local até tirarem Frost daquele continente. Mas além de uns imprevistos, ele descobre que terá que se proteger também. O que leva manter Frost vivo era também importante para si mesmo. Ou Frost, ou o que tanto queriam dele.

Meus aplausos também vão para o Diretor Daniel Espinosa! Porque foi brilhante! Não é fácil levar um filme de Ação com quase duas horas do início ao fim. (Final esse que me fez pensar no Wikileaks.) Em nenhum momento o filme perde o ritmo. Como citei antes, mesmo já sabendo quem são os verdadeiros inimigos, a tônica do filme recai mesmo no duelo entre os dois personagens principais. Parte disso também se deve ao Roteiro. Quem assina, e sozinho, é David Guggenheim. Ele conseguiu ser realmente original com um tema tão recorrente: corrupção na CIA. Assim, vida longa na carreira para esses dois: o Diretor Daniel Espinosa e o Roteirista David Guggenheim!

Em “Protegendo o Inimigo” também podemos destacar as atuações dos coadjuvantes. Alguns de peso, como: Vera Farmiga, Brendan Gleeson, Robert Patrick, Sam Shepard e Liam Cunningham. Também as cenas de perseguições. Além claro, da Cidade do Cabo. O que me fez pensar se seria porque o Agente Weston passaria por incríveis tormentas. Gracinhas à parte! Para mim o único porém do filme foi por não ter Hits conhecidos, e adequados a um filme de Ação. Deveria ter na Trilha Sonora um repertório com Rocks Clássicos. Não que Ramin Djawadi fez feio. Mas as músicas estavam mais para um filme mais lento.

Enfim, é isso! Esqueçam a pipoca. Porque o filme por si só já é muito bom! De querer rever!
Nota 9,5.

Por:Valéria Miguez (LELLA).

Protegendo o Inimigo (Safe House. 2012). EUA / África do Sul.
Gênero: Ação, Crime, Thriller.
Duração: 115 minutos.