Armando Bo estreia na direção num filme de qualidade veterana. Trafega num clima de melancolia e reflexão através do personagem Carlos Gutiérrez (John McInerny) que passa sua vida a limpo após um acidente com a mulher e filha Lisa Marie (Margarita Lopez). Sua obsessão extrema é o mito Elvis Presley, de onde extrai sua razão de existência e sustento, pois trabalha como cover do cantor em clubes e bares de pouca categoria.
Curiosíssimo, o paralelo político que o filme sugere com o desencanto, a desesperança e a confusão social e individual provocados pelo panorama atual da Argentina devastada pelo governo de Cristina Kirchner. O resultado da crise aparece nos clones decadentes de Barbra Streisand, John Lennon, Kiss, Madonna e claro, o próprio Elvis representado pelo excelente ator John Mclnerny, numa composição acertada e emocionante, sobretudo quando interpreta com paixão, vários dos sucessos do lendário cantor como “Suspicious Mind” e “You’re Always on my Mind”.
A obra alcança o grau de genialidade em seu epílogo na mansão onde viveu o verdadeiro Elvis em Graceland – Memphis, Tenessee. É lá que Carlos procura um sentido derradeiro para sua triste trajetória baseada num ícone.
Por Carlos Henry.
O Último Elvis (El Último Elvis. 2012). Argentina. Diretor: Armando Bo. Elenco: John McInerny, Griselda Siciliani, Margarita Lopez, Rocío Rodríguez Presedo, Corina Romero. Gênero: Drama. Duração: 91 minutos. Classificação: 10 anos.