O Último Elvis (El Último Elvis. 2012)

o-ultimo-elvis_2012_posterArmando Bo estreia na direção num filme de qualidade veterana. Trafega num clima de melancolia e reflexão através do personagem Carlos Gutiérrez (John McInerny) que passa sua vida a limpo após um acidente com a mulher e filha Lisa Marie (Margarita Lopez). Sua obsessão extrema é o mito Elvis Presley, de onde extrai sua razão de existência e sustento, pois trabalha como cover do cantor em clubes e bares de pouca categoria.

o-ultimo-elvis_2012_01Curiosíssimo, o paralelo político que o filme sugere com o desencanto, a desesperança e a confusão social e individual provocados pelo panorama atual da Argentina devastada pelo governo de Cristina Kirchner. O resultado da crise aparece nos clones decadentes de Barbra Streisand, John Lennon, Kiss, Madonna e claro, o próprio Elvis representado pelo excelente ator John Mclnerny, numa composição acertada e emocionante, sobretudo quando interpreta com paixão, vários dos sucessos do lendário cantor como “Suspicious Mind” e “You’re Always on my Mind”.

A obra alcança o grau de genialidade em seu epílogo na mansão onde viveu o verdadeiro Elvis em Graceland – Memphis, Tenessee. É lá que Carlos procura um sentido derradeiro para sua triste trajetória baseada num ícone.

Por Carlos Henry.

O Último Elvis (El Último Elvis. 2012). Argentina. Diretor: Armando Bo. Elenco: John McInerny, Griselda Siciliani, Margarita Lopez, Rocío Rodríguez Presedo, Corina Romero. Gênero: Drama. Duração: 91 minutos. Classificação: 10 anos.

O Último e o Primeiro ou Faça-me Feliz! (Fais-moi plaisir!) e Dzi Croquettes

O último filme que vi em 2011 foi “Faça-me Feliz” (Fais-moi plaisir!) do diretor Emmanuel Mouret, que também atua e, muitíssimo bem por sinal! Filme leve divertido, ri muita coisa e pelos trailers apresentados nesta sessão, percebi que o cinema Francês está com tudo e que a gente anda muito atrasado, pois “Fais-moi plaisir!” esteve na 33ª Mostra Internacional de Cinema – São Paulo International Film Festival (20 out – 05 nov 2009)… Quase 2 anos depois, finalmente fizeram-nos felizes e rimos bastante, isso é o que importa…

Depois da sessão parada no Odorico completamente lotado e como estávamos felizes, até mesmo o que aborreceria foi motivo de risadas, afinal era dia 29, a última quinta-feira do ano! Odorico é um barzinho bem legal com tempero de restaurante e tem a garçonete mais delicada do mundo!!! Viva a amizade que fazemos nas condições mais improváveis! Bons amigos, boa comida, bom filme, o que mais poderíamos querer???

O primeiro filme que vi em 2012, foi um documentário e não fui ao cinema para ver. “Dzi Croquettes“, em DVD, assitido em casa porque dia 31 não teve sessão de cinema e no dia primeiro nem procurei saber. Comprei o DVD no lojinha do Artplex, há meses quando ainda era Unibanco… (Cá entre nós, muito melhor o cinema mudar de nome do que mudar de ramo…)

Filme maravilhoso, documentário sensível para fazer rir, chorar, pensar… Tathiana Issa me colocou dentro do documento, em contato com as personagens (todas reais), me colocou na fita para viver aquilo que eu só tinha ouvido falar. Toda a trajetória fascinante dos Dzi está ali e trazendo uma reflexão de um tempo em que se criava. Um tempo que tinha-se o trabalho, o amor a arte à frente do dinheiro, dos apoios, patrocínios, “projetos”…

Postado por Rozzi Brasil

O Mágico (L’illusionniste. 2010)

Sylvain Chomet já havia feito uma homenagem sutil e emocionante ao célebre cineasta de “Mon Oncle” com o excelente trabalho anterior: “Bicicletas de Belleville”. Desta vez, o diretor foi mais longe e baseou-se num roteiro original inédito do próprio Tati para criar o extraordinário “O Mágico” (L’illusionniste).

O personagem principal é muito parecido com Monsieur Hulot, o famoso personagem de Tati, desta vez encarnado num simpático mágico cuja atividade parece fadada à extinção devido às modernas e novas formas de diversão que surgem nos anos 50. Em meio à decadência de sua profissão, o mágico conhece uma jovem camareira que se torna sua fã e o acompanha pela Escócia.

Com uma sensibilidade rara e um traço artesanal impecável lindo de doer, o desenho animado desfila com maestria tipos curiosos que formam o séquito do personagem principal: Um ventríloquo, um palhaço e três acrobatas. Todos acabam sucumbindo aos novos entretenimentos que surgem através de raros diálogos e um humor singelo e algo melancólico. No final, até mesmo a última admiradora do mágico ganha novos interesses, deixando claro que a arte pura e bela está aos poucos perdendo sua plateia mais seleta.

O Mágico (L’illusionniste). 2010. França. Direção e Roteiro (Adaptado): Sylvain Chomet. Gênero: Animação. Duração: 80 minitos. Baseado num Roteiro de Jacques Tati.

Carlos Henry.

FRIDA (2002)

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Começo a falar desse filme, Frida, lembrando de uma fala de Platão em Timeu: “Nas mulheres, o que chamamos matriz ou útero é um animal dentro delas que tem o apetite de gerar filhos, e, quando fica muito tempo sem frutos, esse animal se impacienta e suporta esse estado com dificuldade; erra pelo corpo inteiro, obstrui as passagens do fôlego, impede a respiração, lança em angústias extremas e provoca outras enfermidades de toda sorte”.

Frida Kahlo, fazendo um trocadilho com o sobrenome, ‘Kahlo”, calo, não no sentido do verbo, pois Frida não se cala, mas sim do substantivo “calo”, um calo no pé, que incomoda, mas que faz produzir, que ainda faz caminhar.

Nasceu no México, em 6 de julho de 1907, e desde então sua vida fora marcada por dores, sofrimentos e doenças. Filha de um fotógrafo que trabalhava pro Governo, Guilhermo Kahlo, e de uma mãe que considerava fria e cruel, Madilde Calderón.

Aos seis anos de idade, Frida contraiu Poliomielite, e, em consequência, teve uma convulsão e ficou capengando de uma perna. Sofreu um acidente ao sair da adolescência, em uma “tranvía” (mistura de bonde com ônibus), onde além das fraturas generalizadas, fôra perfurada por uma barra de ferro que entrou pela bacia e saiu pela vagina. Sofrera dezenas de cirurgia (ao todo foram 35) devido a isso e a sua saúde sempre foi considerada frágil.

Depois desse acidente, Frida recebera de sua mãe material de pintura. Como não podia levantar-se, olhava pra si mesma, na cama, através de um espelho pendurado no teto. Assim começou a pintar. Pintava a realidade de sua vida.

Casou-se com Diego Riviera, um artista mexicano, que lhe despendeu imenso amor e devoção. Por um tempo moraram juntos, por outro tempo se separaram, mas nunca se afastaram de fato.

O encontro com Riviera, de acordo com Frida, “foi o segundo acidente mais trágico de sua vida”.

O marido tinha amantes, Frida também, dos dois sexos. Riviera permitia seus casos homossexuais, mas não os heterossexuais. Frida adoecia mais sempre que o marido a traia. Brigavam muito por isso repetidas vezes e Frida pagava com uma traição homossexual sempre que acontecia uma infidelidade por parte de seu marido. Algo como pra provar que ela era melhor amante que ele, até mesmo com as mulheres.

A arte dela, pra mim, retrata a sua dor, seu sofrimento e frustração de não poder gerar filhos. Conseguia engravidar por diversas vezes, mas o aborto chegava irremediavelmente.

O filme retrata tudo isso acima de uma maneira sublime e com uma música marcada por Lila Downs que é maravilhosa.

Recomendo!

Por: Deusa Circe.

Frida

Direção: Julie Taymor

Gênero: Drama, Romance

EUA – 2002